Valor Econômico

July 23, 2017 | Autor: Jorge Felix | Categoría: Gerontologia, Gerontologia Social, Economia Da Longevidade
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_>>> Jornal Valor Econômico - CAD D - EU - 22/3/2011 (19:55) - Página 16- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW Enxerto

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Terça-feira, 22 de março 2011

EU&LIVROS SOCIEDADE

O futuro de um mundo cada vez mais maduro Obra sobre economia da longevidade alerta para questões do envelhecimento. Por Márcio Sampaio de Castro , para o Valor, de São Paulo IMAGE SOURCE/CHARLES GULLUNG/ FOLHAPRESS

“Viver Muito — Outras Ideias Sobre Envelhecer Bem no Século XXI” De Jorge Félix. Leya Brasil, 184 págs.., R$ 32,90 Dezembro de 2007. Milhares de pessoas ocupam as ruas de Atenas, na Grécia, para protestar contra a revisão do sistema público de aposentadorias, dando início a um movimento ainda hoje em curso no país. Na França, pelas mesmas razões, ao longo de outubro de 2010, ondas de manifestantes encheram as ruas de Paris, enquanto os sindicatos organizavam paralisações gigantescas. Em Wisconsin, nos Estados Unidos, neste mês, o governo estadual aprovou uma legislação de teor semelhante, provocando a ira de outros tantos cidadãos. Uma preocupação a unir todas essas pessoas é a aposentadoria. Já há algumas décadas os países ricos enfrentam taxas de envelhecimento populacional nada desprezíveis, o que, para muitos analistas, implica impactos consideráveis nas contas públicas, sendo o corte de benefícios e o aumento da idade para se aposentar a receita mais difundida. A novidade nesse panorama é que alguns países emergentes, a exemplo do Brasil, estão se juntando a esse clube, com diminuição das taxas de natalidade e o aumento da expectativa de vida. Foi a partir da leitura conjuntural desses e de outros fenômenos correlatos que o jornalista Jorge Félix resolveu pesquisar e defender uma dissertação de mestrado em economia política, cujo mote ele mesmo define como um estudo sobre a “economia da longevidade”. O resultado do trabalho acadêmico se transformou no livro “Viver Muito — Outras Ideias Sobre Envelhecer Bem no Século XXI”, publicado pela editora Leya. Félix mostra em seu livro que, salvo poucas exceções, as sociedades globais não têm se preparado para lidar com o envelhecimento de suas populações e com as consequências desse fenômeno. Para ele, o Brasil se encaixa

O Brasil envelhece rápido, com taxas de fecundidade de 1,8 filho por família em uma ponta e o aumento da expectativa de vida na outra: quadro exige adoção de políticas públicas adequadas, diz Jorge Félix

perfeitamente como um exemplo dessa maioria. “O país está envelhecendo muito mais rápido do que deveria, com taxas de fecundidade de 1,8 filho por família em uma ponta e o aumento da expectativa de vida na outra. O enfrentamento desse quadro se faz com a adoção de políticas públicas adequadas”, observa. Ao analisar especificamente o caso brasileiro, o autor de “Viver Muito” assinala as diversas situações do cotidiano que indicam o quão pouco tem sido feito para se pensar e projetar a velhice de milhões de pessoas nas próximas décadas. “Ao caminhar pelas ruas das grandes cidades, podemos

observar que tudo leva ao isolamento do idoso. O transporte público, por exemplo, não oferece a menor condição para que uma pessoa mais velha possa usar esse serviço no horário de rush.” A tendência é que, com o tempo, as pessoas permaneçam mais anos no mercado de trabalho, o que aumentará a incidência desse perfil de usuários no sistema, afirma Félix. A melhora dos serviços públicos de saúde seria outra demanda a ser pensada de maneira estratégica. Atualmente, 71% dos idosos brasileiros dependem do SUS (Sistema Unificado de Saúde). É natural imaginar que uma signi-

ficativa parcela desse grupo, que aumentará nos próximos anos, não consiga arcar com planos de previdência privada ou com os custos de medicamentos sofisticados, mesmo que o país mantenha seu PIB evoluindo a taxas francamente positivas durante um longo período. Um fator também bastante preocupante é o cultural. Diferentemente de países como o Japão e a Alemanha, a maioria das sociedades contemporâneas ao redor do planeta cultua a juventude, lidando muito mal com os desafios da velhice. O preconceito não se voltaria somente contra outros indivíduos, mas tam-

bém contra a própria aceitação do processo pessoal de envelhecimento. Questões como a preparação de uma residência aparelhada para um idoso ou o incentivo à disseminação de profissionais qualificados para cuidar dessas pessoas passam bem distante dos debates públicos. Como no famoso hit da banda alemã Alphaville, todos parecem acreditar que serão jovens para sempre. Mas o principal paradoxo apontado por Félix em seu trabalho remete ao ponto de partida deste texto. Enquanto diversos governos, por meio de seus bancos centrais, não veem muitos in-

convenientes em liberar bilhões de dólares para massas falidas de instituições financeiras, a avaliação predominante não hesita em culpar os gastos com os aposentados como uma das principais fontes dos enormes déficits públicos nacionais. Em sua avaliação, essa economia extremamente financeirizada precisa abrir espaço para outros valores que atendam mais aos interesses comuns, como a economia da longevidade. O vaticínio de Félix é inequívoco. “A permanecer as condições atuais, o envelhecimento populacional em escala planetária significará apenas uma coisa: mais pobreza.”

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CARREIRA

“Ser mãe é como atuar em 17 profissões diferentes” “Liderança Começa em Casa” De Ann Crittenden. Verus Editora, 272 páginas, R$ 29,90 Edson Pinto de Almeida Para o Valor, de São Paulo A cena: dois bebês, cada um em seu carrinho, ambos sendo empurrados por babás uniformizadas. Na legenda, um diz ao outro: “Nossos pais são iguaizinhos”. O cartoon publicado em uma edição recente da revista “New Yorker” é revelador do dilema ainda não superado no século XXI de conciliar carreira e família. Não é fácil. A jornalista americana Ann Crittenden, ex-repórter de economia do “New York Times”, coloca a questão em outros termos no campo da administração em seu livro “Liderança Começa em Casa”. A autora pretende derrubar o estereótipo que persegue mães e pais dedicados. Para ela, criar filhos de forma competente é mais do que compatível com a vida profissional. Desenvolve qualidades indispensáveis para exercer funções de liderança. “As responsabilidades das mães incluem componentes de 17 profissões diferentes”, diz ela. Embora dirija o foco para a questão da maternidade, a autora não deixa de reconhecer que também os homens são discrimina-

dos se ficarem fora do mercado de trabalho por um tempo, para cuidar dos filhos — o que, naturalmente, é uma exceção à regra. De fato, o problema começa ganhar uma dimensão maior, à medida que as mulheres não só ampliam seu espaço no mercado de trabalho, como muitas vezes são as reais provedoras da família. É uma mudança e tanto a ser feita uma vez que poucos homens aceitam assumir as responsabilidades do lar. Como Ann observa, essa mudança do padrão masculino é outra barreira cultural a ser vencida. A autora pretende quebrar os preconceitos dos dois lados. Fiel à prática jornalística, Ann foi a campo e realizou entrevistas com mais de cem mães e pais de sucesso, responsáveis por sustentar suas casas. O perfil é bem variado, vai do mundo dos negócios, ao show business, terceiro setor, política e meio acadêmico, entre outros. Alguns dos relatos são saborosos e contam a favor do livro. O da produtora de Hollywood, Lucy Fischer, que criou três filhos enquanto comandou a filmagem de vários filmes de sucesso, é um deles. Seu caso revela bem o drama vivido pelas mulheres, as contradições do problema e a forma pela qual os preconceitos se manifestam. Em uma das vezes, havia uma coincidência de datas: na mesma

noite em que partiria a excursão do acampamento de seu filho, na pré-escola, haveria o lançamento de “O Fugitivo”. Lucy precisou ligar para o astro do filme, Harrison Ford, e pedir que ele alegasse uma desculpa para não comparecer naquela data. Deu certo. Em outra situação, precisou mudar a nomenclatura de seu cargo — um degrau abaixo — para que pudesse reduzir sua semana para quatro dias de trabalho e assim ficar mais em casa. Isso porque seu chefe trabalhava cinco dias e “pegaria mal” ela como codiretora do estúdio não cumprir a mesma jornada de trabalho. Como vice-diretora, tudo se resolveu. O outro lado da moeda: foi graças ao argumento de não trabalhar na sexta-feira que ela convenceu Jack Nicholson a participar do premiado filme “Melhor é Impossível”. O livro peca, de certa forma, em abusar de alguns chavões de administração para confirmar sua tese. Isso acontece porque a autora decidiu abordar em cada um dos 15 capítulos temas que frequentam a agenda dos profissionais de RH — além de liderança, negociação, feedback e outros. O deslize não compromete o conteúdo e tampouco as ideias que a autora defende — que, por sinal, não refletem apenas a realidade americana. As constatações de Ann em nada dife-

Lucy Fischer, produtora de Hollywood, com Jake Gyllenhaal: executiva criou três filhos enquanto comandou várias filmagens

rem do que já havia identificado, por exemplo, a revista “Valor Lideranças”, publicada em dezembro, com o perfil das melhores gestoras de empresas do Brasil. De acordo com uma pesquisa feita para aquela edição, apenas 20% das executivas de primeiro escalão são casadas ou possuem um relacionamento estável. E a principal barreira para a ascensão feminina é o estereótipo negativo que recai sobre mães dedicadas à família. Um dos pontos centrais do livro — sobre a habilidade materna de dar conta de múltiplas tarefas — também é apontada por “Valor Lideranças”. Pelo visto, falta só mudar a cabeça de alguns chefes homens que acreditam, como diz a autora, que o cérebro das mulheres entra em férias quando cuidam dos filhos.

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