Roteiro Antropologia, Trabalho de Campo

August 31, 2017 | Autor: Tito Stepanenko | Categoría: Antropología cultural
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Descripción

Descrição do grupo de taxistas:
O grupo de taxistas é composto majoritariamente por homens. Taxistas tem um jornada de trabalho que pode variar dependendo de sua autonomia, alguns dividem carros com colegas ou familiares, outros utilizam seu próprio carro adquirido, ou alugam um automóvel para trabalhar, podendo trabalhar em cooperativas ou independentemente, alguns possuem com horários fixos, outros estabelecem metas diárias, pra assim que as atingirem terminar o expediente, outros simplesmente trabalham quando e quanto desejam. Todos eles estabelecem algum tipo de relação com o transito, sendo esse um dos principais fatores de influencia no rendimento do seu trabalho, optam por se manterem informados o máximo o possível sobre as condições, ouvem noticias no radio, ou inclusive criam mecanismo de comunicação social entre os indivíduos do grupo para troca de informações importantes sobre melhores rotas e direções. Apesar disso, não é um grupo unido formalmente, o sindicato é fraco e inoperante.
O taxista está envolvido diretamente com as dinâmicas da cidade e os problemas enfrentados por ela. Problemas como o da violência, falta de policiamento e perigo das ruas, tornam frequente um sentimento de medo na relação com os clientes, e na relação com certas regiões da cidade, principalmente quando de noite.
O perfil a ser descrito de um taxista é extremamente heterogêneo, podendo encontrar diferenças simbólicas e práticas em todos os casos. No entanto, pode ser notado valores divididos por entre muitos deles, como precisar trabalhar a mais para manter as contas da família em casa, principal motivo para a inserção de jovens motorista nessa modalidade é por conta desse tipo de responsabilidade assumida, atrelada a necessidade de se fazer um extra, e a falta espaço no mercado de trabalho competitivo ou sem formação que possibilite um emprego de maior remuneração. Esse ponto em comum, o de precisar manter através de seu trabalho um padrão de vida a si e aos familiares, quando análogo ao medo de trabalhar nas ruas, torna o taxista muitas vezes um elemento muito individual (por reflexo de defesa pessoal de sua condição) numa sociedade a qual ele faz parte, apesar de lidar com clientes a todo momentos eles acabam por vezes se isolando psicologicamente, e se identificando até certo ponto com um conservadorismo quanto aos seus ideais. Obviamente isso não vale para todos os taxista, e é preciso entender e relativizar também a bagagem cultural desses indivíduos que determina certas condutas.

Hipóteses que guiaram a pesquisa:
Pensávamos que encontraríamos um tipo bem interessante nessa pesquisa para entender e explicitar as interações desse trabalho especifico com aspectos gerais do cotidiano cultural não só dos próprios taxistas, mas também num contexto mais abrangente, como o da vida urbana no Rio de Janeiro, as consequências psicológicas e fisiológicas do transito, o lidar com um desconhecido num mesmo pequeno espaço, as boas experiências e trocas com clientes, em contrapartida o medo de pessoas suspeitas, convergências e divergências de valores culturais em situações de contato com clientes de outras classes sociais, também o medo da cidade e de certas "áreas de risco", e a própria interpretação dos taxistas quanto a essas problemáticas urbanas, são aspectos que pressupomos serem presentemente vividos na sua profissão que é circular sozinho ou acompanhado pela cidade. Por estarem nesse contato constante e aleatório com diversos membros sociedade, intuímos que os taxistas devem se encontrar com constância em situações de algum tipo de fenômeno social , ou conflito ideológico que interessa o estudo.
O objetivo do trabalho:
Objetivo é através de uma pesquisa de campo etnológico, da elaboração de perguntas, das ideias debatidas em grupo, teorias estudas ao longo curso, métodos aprendidos em aula, realizar uma entrevista e obter dela conteúdos, informações e conhecimentos sobre um determinado grupo, e assim saber um pouco como se dá a logica e ação de sua cultura. Criar pontes entre o desconhecido, superar as distancias sociais e culturais, relativizar questões, por se no lugar do outro, compreender o que há de comum numa aparente heterogeneidade, e apontar as pequenas diferenças pessoais que passam despercebidas aos olhos nus e leigos, esses foram nossos objetivos. Principalmente, visamos sempre atingir o objetivo de fazer um bom trabalho, que possa ser apresentado para os colegas como um aprendizado.
O métodos utilizados:
Todos no grupo optaram pelo método da entrevista em campo, usando o recurso de gravação áudio.
Perguntas:
De onde você é?
Pq você escolheu essa profissao
Fizemos todos entrevistas com gravações de áudio.
Voce sofre preconceito de alguma forma?
Qual outro profissão escolheria?
Aonde mora?
As pessoas te tratam com respeito?
Qual a sua meta de vida?
Algo no trabalho ja aconteceu que mudou sua vida?
Quantas corridas faz por dia em média?
Como se sente sobre seu horário de trabalho?
Como lida com o stress do trabalho?
Qual a sua rotina?
Tem uma relação boa com sua família?
Como o senhor se chama?
Aonde o senhor mora?
É casado, tem filhas filhos?
Seus pais, eles sao daqui do rio, ou vem de algum lugar?2
Como é a jornada de trabalho? E quando voce decide acabar expediente?
Se está chegando de acabar o expediente e um cliente te leva pra muito longe, tem que aceitar todas corridas?
E quando voce chega em casa, gosta de fazer o que?
Pratica ou gosta algum esporte?
Se gosta de um filme, programa de tv?
Musica, gosta de ouvir alguma radio, cd?
O que gosta de fazer quando tem tempo livre?
Ja se imaginou fazendo algum outro tipo de trabalho?
Voce ja estudou, se pretende fazer algum tipo de curso?
Como é onde você mora, conhece os vizinhos, tem ambiente saudavel?
Em quem o senhor votou?
Gostou do resultado?
Tem algum tipo de representação política dos taxistas no rio?
Como é a relação com os clientes, se já houve alguma vez que você ouviu alguma coisa de um cliente que te irrita, por exemplo, você se contem ou responde também?
O transito estressa, isso é sabido, voce fica faz alguma coisa pra se manter calmo?
Tem alguma superticao?
Desde o surgimento dos aplicativos de taxi, se mudou alguma coisa?
Voce ja sentiu medo de algum cliente?
Se pedirem pra levar a algum lugar suspeito, o que você faz?
Taxista que passam drogas, ou usam drogas pra se manter acordado?
Como é a relação no transito com os motoristas de ônibus, tem alguma reclamação?
Usa sites de relacionamento, tinder, facebook?
Ja serviu o exercito ou teve alguma carreira militar?
Algum ritual antes do trabalho?

Tempo na praca?
Tem autonomia? Qual sua situacao? Rwgularizado?trabalha sozinho? Cooperativa? Aluga o taxi?
Participa do sindicato?
Como e por que comecou ? Vale a pena? Transito? Dificuldades hj?
O q mais chama atencao
Trabalhando nas ruas?
Relacao com os clientes? Historias marcantes?
E sua relacao com a cidade, com as ruas, enfim com a cidade em geral?
Territorios existem? Como se da essa
Relacao entre taxistas, cooperativas, pontos turisticos...?
Disputas por pontos lucrativos da cidade?
Existem regras basicas de convivencia entre taxistas e tbm entre clientes?
Quais sao as suas percepcoes perante a cidade e suas dinamicas etc? Mudou mt?
Como esta a situacao hj pra trabalhar em taxi? + ou - facil? tramites, burocracia, regularizacao?

Impressões gerais e processo:
Nossas impressões gerais foram bastante positivas. Como já esperávamos, encontramos uma dificuldade inicial no direcionamento da pesquisa por conta da variedade de perfis dos taxistas, o que é de se esperar num grupo tão grande e diversificado, numa metrópole tão grande e diversificada, ainda mais tratando de uma matéria cujo a ênfase no lado humano é característica, os diferentes resultados que obtivemos não chegaram a se tornar um problema, pois entendemos que isso faz parte processo no objeto de trabalho escolhido por esta ciência, interpretamos então a complexidade e a heterogeneidade, não como um complicador para o exercício etnológico, mas sim um fator que demonstra a riqueza dessas diferenças e abre ainda mais leques de ação para o entrevistador.
O processo do trabalho decorreu sem maiores problemas. Quanto a primeira parte teórica intelectual, desenvolvemos perguntas que achávamos que obteríamos respostas significativas desses grupo. Fomos a campo e entrevistamos diversos taxistas. A parte pratica decorreu sem maiores problemas também, apenas alguns taxistas não prestaram atenção durante a entrevista. Basicamente o trabalho exercido na pratica, o de olhar de quem observa com atenção sinais e reações dos indivíduos durante a entrevistas, o ouvir sempre atento a possíveis linhas imprevistas tomadas pelo entrevistado, como complementa-las, e o que questionar para se obter maior resultado. Por ultimo o lado pessoal do processo, o chegar em casa e repensar no que foi obtido, ouvir e reouvir, anotar observações sensíveis que conseguir extrair da subjetividade do contato com o outro, traçar analogias com conceitos teóricos da matéria, e depois finalmente discutir em grupo e preparar a apresentação.

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