Review Pinheiro (2015): M. Quijada Sagredo & M. Carmen Encinas Reguero (eds.), Retórica y Discurso en el Teatro Griego, Madrid, Ediciones Clásicas, 2013, 339 pp. ISBN 84-7882-778-1. in EVPHROSYNE

June 14, 2017 | Autor: Joaquim Pinheiro | Categoría: Rhetoric, Classical philology, Ancient Greek and Roman Theatre
Share Embed


Descripción

EVPHROSYNE R E V I S TA D E F I L O L O G I A C L Á S S I C A

N O VA S É R I E VOLUME XLIII

CENTRO DE ESTUDOS CLÁSSICOS FAC U L DA DE DE L E T R A S DE L I SB OA

M M XV

EVPHROSYNE R E V IS TA DE F I L OL O GI A C L Á S SIC A * C E N T RO DE E S T U D O S C L Á S SIC O S FAC U L DA DE DE L E T R A S DE L I SB OA PT – 1600-214 LISBOA PORTUGAL e-mail: [email protected] sítio electrónico: http://www.letras.ulisboa.pt/cec/ Directora Maria Cristina Castro-Maia de Sousa Pimentel Comissão de Redacção Abel do Nascimento Pena, Ana María Sanchez Tarrío, Arnaldo Monteiro do Espírito Santo, José Pedro Silva Santos Serra, Manuel José de Sousa Barbosa, Paulo Farmhouse Alberto, Vanda Maria Coutinho Garrido Anastácio Conselho Científico Aires Augusto do Nascimento (U. Lisboa), Carlos Santini (U. Perugia), Carmen Codoñer (U. Salamanca), Emilio Suárez de la Torre (U. Pompeu Fabra), Joël Thomas (U. Perpignan), José Manuel Díaz de Bustamante (U. de Santiago de Compostela), Manuel Alexandre Júnior (U. Lisboa), Marc Mayer y Olivé (U. Barcelona), Paolo Fedeli (U. Bari), Thomas Earle (U. Oxford) Conselho de Arbitragem Científica Ángel Úrban (U. Córdoba), Anna Bellettini (CSIC), Barry Taylor (The British Library), Carlos Lévy (U. Sorbonne), Carmen Morenilla (U. Valencia), Cristina Pinheiro (U. Madeira), Daniel Ogden (U. Exeter), David Konstan (New York U.), David Paniagua (U. Salamanca), David Westberg (U. Uppsala), Delfim Leão (U. Coimbra), Estrella Pérez Rodríguez (U. Valladolid), Eustáquio S. Salor (U. Extremadura), Fabio Stok (U. Roma II – Tor Vergata), Federica Bessone (U. Turim), Francesco De Martino (U. Foggia), Ida Toth (U. Oxford), Inmaculada Perez (CSIC-Madrid), Iñigo Ruiz Arzalluz (U. País Vasco), Jane L. Lightfoot (U. Oxford), João Torrão (U. Aveiro), José Antonio Sánchez Marín (U. Granada), José Maria Silva Rosa (U. Beira Interior), Juan Estévez Sola (U. Huelva), Juan Gil (Real Academia Española), Luigi Pirovano (U. Milano), Malcolm Heath (U. Leads), Mireille Armisen-Marchetti (U. Toulouse II – Le Mirail), Nuno Simões Rodrigues (U. Lisboa), Onofrio Vox (U. del Salento, Lecce), Paula Barata Dias (U. Coimbra), Roberto Cristofoli (U. Perugia), Rogério Sousa (U. Coimbra), Rosalba Dimundo (U. Bari), Sandra Ramos Maldonado (U. Cádiz), Sarah Pearce (U. Southampton), Victoria Emma Pagán (U. Florida), William J. Dominik (U. Otago)

Tiragem 500 exemplares | Depósito legal 178089/02 | ISSN 0870-0133 PUBLICAÇÃO ANUAL SUJEITA A ARBITRAGEM CIENTÍFICA Referenciada em L’Année Philologique | Arts and Humanities Citation Index Bibliographie internationale de l’Humanisme et de la Remanissance CSA Linguistics and Language Behavior Abstracts | Dialnet | EBSCO | ERIH Plus Latindex | Medioevo Latino | SCOPUS

382

LIBRI RECENSITI

Goeken atinge o objectivo de persuadir o leitor de que o poema deve ser encarado como um documento valioso para o estudo da retórica e da sua recepção no século III a.C. (p. 219). “Réfraction de l’«autre» et réflexion sur soi: regards croisés à l’époque impériale” (pp. 259397), é o título da secção mais extensa, a última: abrange ensaios sobre o Tratado do Sublime, o Diálogo sobre os Oradores, Calpúrnio Sículo, Marcial, Quintiliano, Frontão, Élio Aristides e Apuleio. Saliento os estudos sobre os epigramas de Marcial e a Institutio Oratoria de Quintiliano, que incidem sobre fenómenos contemporâneos e oferecem perspectivas complementares. C. Notter estuda a sátira dos oradores em Marcial (“La figure de l’orateur dans les épigrammes satiriques de Martial”, pp. 305-318). A A. começa por situar aquele tópico satírico na tradição epigramática grega, isolando um caso, a (amplamente reconhecida) dívida de Marcial 6.19 para com AP 11.141, da autoria de Lucílio; faz um levantamento de epigramas sobre retores e advogados, realçando as críticas específicas que neles são veiculadas. Notter compara o perfil dos advogados, que gozam de reconhecimento social e são capazes de gerar riqueza, com o dos poetas, que pouco lucram com a sua actividade e vivem à mercê de mecenas e protectores (pp. 310-311). Mais do que propor ideias novas, a A. faz uma resenha de epigramas relevantes sobre o tema e uma síntese dos aspectos que consolidam certa imagem dos oradores em Marcial. Já A. Estèves examina o famoso comentário de Quintiliano sobre o poeta Lucano, segundo o qual o épico constitui melhor modelo para oradores do que para poetas (“Lucain vu par Quintilian [Institution oratoire, X.1.90]: style épique ou style oratoire?”, pp. 321-334). A A. oferece um útil enquadramento, referindo-se ao projecto de Quintiliano no livro 10 da Institutio Oratoria (pp. 321-324). Analisa, posteriormente, os termos técnicos com que Quintiliano caracteriza a poesia de Lucano, nos contextos em que ocorrem (pp. 324-332). Conclui que não se pode depreender, do passo em análise, ter Quintiliano entendido que o estilo de Lucano não era poético (p. 332). Surpreende que a A. não tenha trazido à colação o poema de Marcial sobre Lucano, dada a proximidade cronológica e a semelhança temática: em Apophoreta 184, com efeito, Marcial oferece ao épico a honra de pronunciar-se na primeira pessoa, oportunidade que “aquele” aproveita para contrapor à crítica (de que não é poeta) o seu inegável sucesso de vendas. O volume inclui uma extensa bibliografia (dividida em edições de textos antigos e estudos, pp. 399-436), um índice de nomes e uma breve biobibliografia dos autores dos estudos. Por último surgem os resumos de todos os capítulos, seguidos de palavras-chave; teria sido útil que, tal como as palavras-chave, também os resumos tivessem sido apresentados em francês e em inglês, ou apenas em inglês, dado que as linhas mestras de cada artigo são apresentadas no capítulo introdutório (pp. 9-17). Ana Maria Lóio Centro de Estudos Clássicos – U. Lisboa [email protected]

M. Quijada Sagredo, M. Carmen Encinas Reguero (eds.), Retórica y Discurso en el Teatro Griego, Madrid, Ediciones Clásicas, 2013. 339 pp. ISBN 84-7882-778-1 Este volume reúne uma parte dos resultados do projecto de investigação sobre retórica e teatro grego, financiando pelo Ministério da Ciência e Inovação de Espanha (agora designado por Ministério da Educação, Cultura e Desporto), de 2010 a 2012. Os treze estudos (oito sobre tragédia, se incluirmos o contributo de Oliver Taplin, que consta do “Prólogo”; três sobre comédia; e um dedicado ao drama satírico), da autoria de investigadores de várias universidades (País Basco, Salamanca, Coimbra, Peloponeso, Oxford, Foggia, Munique e Cornell), abordam temas diversificados do teatro grego, em particular nota-se a intenção de valorizar a ligação

LIBRI RECENSITI

383

entre teatro e palavra ou linguagem. Nesse sentido, procura-se aprofundar as formas do logos poético e a arte do discurso que os poetas gregos desenvolveram nos dramas. No Prólogo, Oliver Taplin (“On How Tragedy Makes Cries Pain Articulate”, pp. 29-27), com base na sua experiência de tradução, em verso, de Sófocles e no seu conhecimento da teoria e estética do género, demonstra como é um desafio traduzir a dimensão trágica dos caracteres e do coro, sobretudo a dificuldade de manter a medida, o ritmo e a musicalidade do verso grego. Num género literário perpassado pela reflexão da condição humana, mas também pela emoção e tensão, como se nota nas inúmeras interjeições, o poder da palavra, a expressão e o movimento são elementos fundamentais que qualquer exercício de tradução não pode negligenciar. Para o exemplificar, o A. recorre aos versos 394 a 440 da tragédia Ájax, de Sófocles, na sua opinião, “one of the passages of fiercest mental anguish in all of Sophocles, perhaps all tragedy” (p. 21). Milagros Quijada Sagredo (“La retórica de la súplica: los discursos de Adrasto y de Etra (Eurípides, Supp. 162-92 y 297-331)”, pp. 31-60) baseia a sua análise n’ As Suplicantes, de Eurípides, uma tragédia de grande alcance político. São objecto de análise o motivo da súplica e a sua dramatização, quer a retórica que envolve a acção das personagens (Teseu, Coro das Argivas, Adrasto), quer os elementos cénicos dos agones Teseu-Adrasto e Teseu-Etra. No caso do segundo agon, salienta a A. os temas das visões distintas do mundo e do papel que representa Atenas como polis com capacidade para intervir em outras poleis de forma a garantir o cumprimento de leis importantes para todos. No caso da rhesis suplicante de Etra, com um tom racional que se detém em vários temas, faz-se um apelo às leis divinas e às tradições da Hélade, mas, sobretudo, percebe-se que, após algumas hesitações, Etra se convence do poder da palavra. Estamos perante a  poética, teorizada por Aristóteles, que oscila entre    . Por fim, realce-se o facto de a A. ter em conta o efeito que a proximidade familiar entre as personagens tem na retórica e na acção. Georgia Xanthaki-Karamanou (“Fragmentary Plays of Euripides with Similar Rhetorical Motifs and Story-Pattern: the Aeolus and Melanippe the Wise”, pp. 61-90) analisa os elementos retóricos, em especial, o efeito dramático do     (“discurso artificial”; cf. [D.H.] Rh. 9) na acção de duas tragédias fragmentárias de Eurípides, Éolo e Melanipe, a Sábia. Interpreta, com bastante pormenor filológico e intertextual, vários fragmentos das duas tragédias, de forma a perceber as dinâmicas do agon e as características do estilo retórico de Eurípides. Enfatiza a A. a forma como Eurípides, na tragédia Éolo, consegue harmonizar o artificialismo retórico e os diversos motivos temáticos (confronto, paixão, descoberta ou castigo, entre outros) com o contexto social e político da polis. No caso da tragédia Melanipe, a Sábia, o efeito retórico concentra-se na oposição entre a baixa moralidade do homem e o discurso de defesa, de elevada capacidade retórica e argumentativa, de Melanipe, fazendo lembrar a oposição entre Admeto e Alceste. Por isso, a A. considera: “In the surrounding male fifth-century society, this tragic poet treated for the first time the myth and the character of Melanippe as an intelligent and rhetorically articulate women providing a literary landmark for classical, post-classical and roman age” (p. 86). Na conclusão, sintetizam-se os três padrões temáticos que se repetem nas duas tragédias: as mães (Cânace e Melanipe) que procuram defender os seus filhos; os agones pai-filho e pai-filha, e a descoberta da ilegítima descendência; a punição da filha pela maternidade ilícita. José Antonio Fernández Delgado (“Anaskeue y kataskeue del Heracles euripideo (HF 140235)”, pp. 91-112) detém a sua análise no agon de súplica entre Lico e Anfitrião, que ocorre entre os versos 140-235 da tragédia Héracles (em apêndice o artigo contém o texto grego e respectiva tradução). O A. faz um enquadramento teórico do uso do agon e relaciona-o com elementos do debate judicial e da argumentação sofística. Além disso, realça-se o papel que o agon desempenha na dramaturgia e caracterização das personagens. No caso do agon entre Lico e Anfitrião, sobressai a dinâmica retórica da anaskeue/kataskeue (cf. Ps. Hermógenes 11-12) ou refutatio/

384

LIBRI RECENSITI

confutatio do valor de Héracles, ligada ao paradoxon. Depois de uma análise pormenorizada da anaskeue/kataskeue euripidiana, o A. coloca as duas hipóteses: ela é uma influência de uma prática pré-progymnasmata ou se considera que segue o modelo educacional sofístico que se irá generalizar no período imperial greco-romano. Na verdade, o agon euripidiano, em análise, é um paradigma de como a retórica está ao serviço da dramaturgia e parece encaixar, em larga medida, nos progymnasmata que nos chegaram, a partir do século II d. C., do ensino pré-retórico. O aspecto que mais difere é, segundo o A., o da extensão, pois o discurso de confutatio é o dobro do de refutatio, prevalecendo os aspectos positivos da figura de Héracles (p. 107). Maria do Céu Fialho (“The failure of rhetoric in Sophocles, Oedipus at Colonus”, pp. 113126) concentra a sua análise na tragédia Édipo em Colono, salientando, no diálogo entre Édipo e Antígona, o contraste entre a degradação e o sofrimento físicos e a fecundidade e frescura da natureza, o que remete para uma retórica da fragilidade da natureza humana, tão presente na tragédia grega. O efeito retórico é conseguido de diversas maneiras, sendo de salientar o papel que é desenvolvido pelo espaço e pela polis, em particular. Tal como sucede no Filoctetes, Sófocles enfatiza o pathos por meio da linguagem visual, pela forma como descreve os espaços e o próprio aspecto físico das personagens. Por conseguinte, a poética dramática projecta-se no espectador, sobretudo, pela imagem de uma cidade em ruínas, aliada a uma retórica persuasiva ou, nas palavras da A., “the language of life” (p. 124). Francisca Pordomingo (“Discursos y monólogos del drama en antologías de época helenística en papiro”, pp. 127-155) dedica o seu estudo às antologias em papiro da Época Helenística até ao fim da Antiguidade Tardia que nos transmitiram um considerável número de textos dramáticos. Segundo a A., as antologias não têm apenas valor pela transmissão indirecta de textos, mas também pela directa. Essas antologias provam, por exemplo, a diminuição da produção de textos dramáticos a partir do século IV a. C.. Refira-se, ainda, que os dois autores melhor representados nas antologias são Eurípides e Menandro. Os seis excerpta analisados são rheseis, discursos ou monólogos, certamente conhecidos de uma certa classe social, até pela sua presença em manuais escolares, como base para a formação retórica: 1.1. Melanippe desmotis (TrGF 5.1, 494); 1.2. excerptum do Hipólito de Eurípides, vv. 403-23; 2. P. Didot (Mertens – Pack3 1319+401+31+1320+1435; LDAB 1048); 2.1. Mulieris oratio (PCG VIII, Adesp. 1000); Soliloquium adulescentis (PCG VIII, Adesp. 1001); P. Giss. 152 (Mertens – Pack3 1580; LDAB 2730). A partir desta selecção de textos, a A. identifica, com muita clareza, os “marcadores de consciência retórica”, ou seja, a estrutura dos discursos, a argumentação, a caracterização das personagens, o estilo, a fraseologia e o léxico usado. Máximo Brioso Sánchez (“De nuevo sobre los mensajeros trágicos: un debate metodológico”, pp. 157-192) reflecte sobre a função do mensageiro e da mensagem, criticando a metodologia seguida pelos estudos de Barrett (2002) e de De Jong (1991). Da análise das cenas e rheseis do mensageiro, nota-se uma evolução na forma e conteúdo e, por isso, acredita a A., não haveria normas rígidas para a intervenção do mensageiro, seja por causa da liberdade criativa do poeta, seja pelo facto de essa intervenção ter a sua própria história, num género literário que sofreu diversas alterações. Na verdade, o mensageiro é sobretudo uma personagem funcional, com o objectivo de informar e é precisamente essa função que o define. Como refere a A., o mensageiro pode usar diversos recursos: mensagem, carta e rumor. Daí que a cena protagonizada pelo mensageiro não seja hermética em relação ao exterior. Francesco De Martino (“Ekphrasis e teatro tragico”, pp. 193-224) enquadra, em termos teóricos, o uso da ekphrasis, segundo os principais tratados de retórica, antes de analisar a arte figurativa no drama trágico, pois à comédia dedica apenas uma breve parte no final do estudo. A ekphrasis é, de um modo geral, uma estrutura autónoma e tem uma natureza metavisual. O A. não só identifica várias ekphraseis nos dramas de Ésquilo, Sófocles e Eurípides, como tem o cuidado de as classificar, segundo os princípios da retórica, e demonstrar a sua dinâmica no

LIBRI RECENSITI

385

conjunto da obra. Saliente-se o facto de haver muitas ekphraseis topográficas ou relacionadas com espaços. Além disso, é muitas vezes explorada a ligação entre ekphrasis e ‘ver’, o que reforça a ideia da descrição como uma arte visual. A parte dedicada à Comédia incia-se com o estudo de Martin Hose (“Die Rhetoric der altatischen Komödie: Wie konstruiert sich eine Wahrscheinlichkeit der Phantastik?”, pp. 227248). Tomando para análise duas comédias de Aristófanes, As Aves e Os Cavaleiros, este estudo procura analisar como a Comédia Antiga transcende muitas vezes a realidade, recorrendo ao fantástico. Nesse sentido, o recurso à retórica serve para reflectir sobre a complexa situação política da polis, por meio de uma linguagem metafórica e com elementos próprios do fantástico, mas que não deixa de ser plausível para o espectador. Jeffrey Rusten (“Political discourse and the assembly in four plays of Aristophanes”, pp. 249-260) indaga o significado do discurso político na comédia aristofânica, mas usando um “corpus-wide” (p. 249). Com esta metodologia, procurará demonstrar que os dramas cómicos constituem uma fonte muito importante para o conhecimento dos discursos políticos, em público, no século V a. C. Resultará, assim, da análise de quatro peças de Aristófanes, Os Acarnenses, A Assembleia de Mulheres, As Tesmoforiantes e Lisístrata, representadas em contextos políticos diferentes, a constatação de que usam um léxico e temas apropriados a esses contextos e, sobretudo, que as peças Os Acarnenses e A Assembleia de Mulheres apresentam um modelo de assembleia disfuncional, enquanto As Tesmoforiantes e Lisístrata são exemplo de uma assembleia não tradicional, mas que constituem bons modelos. Pelo facto destas duas últimas peças serem do ano 411 a. C., estabelece-se uma relação e também um contraponto com a acção mais oligárquica do que democrática da Constituição dos 400. Maria de Fátima Silva (“The rhetorical agon as dramatic condiment in the Epitrepontes of Menander”, pp. 261-278) baseia a sua análise nos elementos retóricos da peça cómica Os Árbitros de Menandro. Além de explicar o sentido do título desta comédia e de identificar as influências euripidianas, a A. aborda, com pormenor, o episódio do árbitro, num contexto rústico e privado, e de toda a sua envolvente judicial. Aponta as dissimetrias do agon entre os litigantes e os principais argumentos que são usados, com a identificação do vocabulário mais relevante para a análise retórica do diálogo. Neste volume, o contributo de M. Carmen Encinas Reguero (“Ichneutai de Sófocles. Una lectura en clave retórica”, pp. 281-312) é o único dedicado ao drama satírico. Embora esteja incompleto, os cerca de 450 versos do drama Os Rastejadores (Ichneutai), de Sófocles, fruto da descoberta, em 1907, de um rolo de papiro (P. Oxy. 1174), juntamente com outros fragmentos (P. Oxy. 2081a), contribuíram bastante para um melhor conhecimento do género literário. Tendo em conta os vários elementos retóricos deste drama satírico (a estrutura e as provas, como testemunhos, os indícios físicos e os argumentos de probabilidade), sustenta a A. que a importância da retórica no género dramático, em geral, não se terá iniciado nas obras tardias de Sófocles e na produção de Eurípides a partir da tragédia Medeia, mas antes, pelos meados do século V a. C., pois o drama satírico em análise é, provavelmente, anterior a 440 a. C. Por fim, saliente-se a utilidade do index locorum, até pela natureza filológica dos estudos. Beneficiaria também este volume um index nominum e, sobretudo, um index específico de matérias retóricas. Estamos, sem dúvida, na presença de um conjunto de trabalhos científicos muito especializados, bem apoiados em bibliografia de referência e actualizada, e que fazem uma abordagem que muito valoriza o género dramático. Joaquim Pinheiro U. Madeira [email protected]

I COMMENTATIONES A satyric lullaby in Aeschylus’ Net-Haulers (fr. 47a Radt)? – Vasiliki Kousoulini

9

La Dira du livre XII de l’Énéide et l’influence de la mantique romaine sur le mythe des Furies (Virgile, En., XII, 842-870) – Isabelle Jouteur . . . . . . . . . . . . . . .

23

El honor y la vergüenza como valores culturales decisivos en la díada mujer-marido de la Epístola a los Colosenses – Virginia Alfaro Bech . . . . . . . . . . . . . . . . .

47

Plinio y Calpurnia, un matrimonio elegíaco – Eulogio Baeza-Angulo . . . . . . . .

69

Cellarium memoriae: el cristianismo frente a Lucrecio y Virgilio – Rubén Florio

83

Toponimia Hispano-Latina Medieval (Crónicas y Documentos) – Ricardo Martínez Ortega. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

97

The Power and Spectacle of Rivers in the Mosella of Ausonius and Garcilaso de la Vega’s Eclogues – Paul Carranza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

113

Desengaño y denuncia en los Comentarios a los XXXI primeros salmos de Benito Arias Montano – Bartolomé Pozuelo Calero . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

127

II STUDIA BREVIORA Sacrés liens ou non-liens sacrés? Hécate, les mortels et les lieux de passage en Grèce ancienne – Nicola Serafini . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

147

Le Traité du Sublime, une œuvre de poète, entre Ovide et Sénèque – Hélène Vial

157

La coppia tempestas – vetustas da Cicerone a Seneca e le sue metamorfosi nella poesia augustea – Nunzia Ciano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

171

La représentation de l’espace dans l’Énéide VI: introduction à l’étude sur la poétique de l’espace dans l’écriture virgilienne – José Mambwini Kivuila-Kiaku. . . .

183

Il tradimento di Troia in Ditti Cretese e Darete Frigio – Giovanni Garbugino. . .

197

El sagrado codo nilótico en las iglesias alejandrinas del siglo IV – José Ramón Aja Sánchez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

211

Sanación de un pasaje problemático en el Herbario de París (Herb. par. 45, 4) – Arsenio Ferraces Rodríguez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

223

Approches implicites de critique textuelle par Vicente Mariner sur le texte des Lettres de Philostrate – Rafael J. Gallé Cejudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

231

EVPHROSYNE, 43, 2015

424

RERVM INDEX

III VARIA NOSCENDA L’epitaffio di Sidonio Apollinare in un nuovo testimone manoscritto – Luciana Furbetta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

243

Solvi devitum (naturae). Inscripción métrica de Évora – Javier del Hoyo . . . . . . .

255

Los Annales Dertusenses anni 1210 (olim Chronicon Dertusense II) (Díaz 1188): edición, traducción, análisis lingüístico y estudio histórico – Salvador Iranzo Abellán & Jose Carlos Martín-Iglesias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

265

Per lo studio dei modelli epigrammatici greco-latini dell’Antologia di Spoon River col supporto delle ICT – Paola Tempone . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

295

IV DISPUTATIONES Lucrécio, Da Natureza das Coisas. Tradução (do latim), introdução e notas de Luís Manuel Gaspar Cerqueira – Paulo Alexandre Lima . . . . . . . . . . . . . . .

307

Antony Augoustakis, Flavian Poetry and Its Greek Past. Mnemosyne Supplements Volume 366. Monographs on Greek and Roman Language and Literature – William J. Dominik . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

313

Observaciones en torno al texto de La Ciudad de Dios: notas a propósito de una nueva edición de los libros VI-VIII – Álvaro Cancela Cilleruelo . . . . . .

321

Jesús Hernández Lobato, El Humanismo que no fue Sidonio Apolinar en el Renacimiento – Luciana Furbetta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

337

La edición de los escritos exegéticos-bíblicos y teológicos del humanista Pedro de Valencia (Zafra 1555 – Madrid 1620) – Ángel Urbán . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

347

V LIBRI RECENSITI

a) Edições de texto. Comentários. Traduções. Estudos Linguísticos Francisco R. Adrados, Líricos Griegos: Elegíacos y Yambógrafos Arcaicos (Siglos VII-V a.C.) – Rui Carlos Fonseca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

365

Robert L. Fowler, Early Greek Mythography – Nereida Villagra . . . . . . . . . . . .

367

RERVM INDEX

425

The Annals of Tacitus. Book 11. Edited with a commentary by S. J. V. Malloch – Maria Cristina de Castro-Maia de Sousa Pimentel. . . . . . . . . . . . . . . . .

370

Jesús M.ª Nieto Ibáñez (ed.), San Cosme y san Damián. Vida y milagros. Introducción, traducción y notas de Jesús M.ª Nieto Ibáñez – Ivan Figueiras . . . . . . . . . . .

371

Monique Goullet (coord.) (avec la collaboration de Sandra Isetta), Le légendier de Turin: MS. D.V.3 de la Bibliothèque Nationale Universitaire – Jose Carlos Martín-Iglesias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

373

Giulia Camerani Marri (a cura di), Le carte dell’abbazia vallombrosana di S. Cassiano a Montescalari (1031-1110), nota alla riedizione, cartografia e indici a cura di Igor Santos Salazar – Marcello Moscone. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

375

Antonio Beccadelli, el Panormita, Dichos y hechos de Alfonso, rey de Aragón. Discurso de Alfonso com motivo de la expedición contra los Turcos. El triunfo Alfonsino – Manuel José de Sousa Barbosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

376

Pierio Valeriano, Jeroglíficos. Prólogo General y Libros I-V. Introducción, edición crítica, traducción anotada e índices a cargo de Francisco José Talavera Esteso. Prólogo de Sagrario López Poza – Manuel José de Sousa Barbosa. . . . . . .

378

b) Literatura. Cultura. História Poètes et Orateurs dans l’Antiquité. Mises en scène réciproques. Études réunies et présentées par Hélène Vial – Ana Maria Lóio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

381

M. Quijada Sagredo, M. Carmen Encinas Reguero (eds.), Retórica y Discurso en el Teatro Griego – Joaquim Pinheiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

382

Anton Powell (ed.), Hindsight in Greek and Roman History – Nuno Simões Rodrigues . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

386

Eric Csapo, Hans Rupprecht Goette, J. Richard Green, Peter Wilson (ed.), Greek Theatre in the Fourth Century B.C. – Sofia Frade . . . . . . . . . . . . . . . . .

387

Rogério Sousa, Maria do Céu Fialho, Mona Haggag, Nuno Simões Rodrigues (eds.), Alexandrea ad Aegyptum. The legacy of Multiculturalism in Antiquity – Catarina Gaspar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

389

Antoine Foucher, Lecture ad metrum, lecture ad sensum: études de métrique stylistique – Ana Maria Lóio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

390

José Remesal Rodríguez, La Bética en el concierto del Imperio Romano: discurso leído el día 13 de marzo de 2011 en el acto de recepción pública por el Excmo. Sr. D. José Remesal Rodríguez, y contestación por el Excmo. Sr. D. José María Blázquez Martínez – Maria João Toscano Rico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

391

Aaron M. Seider, Memory in Vergil’s Aeneid: Creating the Past – Gabriel Silva

394

426

RERVM INDEX

Dan Curley, Tragedy in Ovid: theater, metatheater, and the transformation of a genre – Gabriel Silva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

395

Henry J. M. Day, Lucan and the Sublime. Power, Representation and Aesthetic Experience – Luís M. G. Cerqueira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

396

Mihai Gramatopol, Imperial Art in the Age of Trajan. Trans. Ioana Zirra. Additions to the English Version Magda Teodorescu – Nuno Simões Rodrigues . . . . .

397

Helene Ménard, Pierre Sauzeau, Jean-François Thomas (orgs.), La Pomme d’Éris. Le Conflit et sa représentation dans l’Antiquité – Maria Luísa Resende. . . . .

399

Alberto Maffi, Lorenzo Gagliardi (eds.), I diritti degli altri in Grecia e a Roma – Nuno Simões Rodrigues . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

400

K. Spanoudakis (ed.), Nonnus of Panopolis in Context. Poetry and Cultural Milieu in Late Antiquity with a Section on Nonnus and the Modern World – Fotini Hadjittofi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

401

Ryan C. Fowler (ed.). Plato in the Third Sophistic – Fotini Hadjittofi . . . . . . . .

403

Françoise Fery-Hue (coord.), Traduire de vernaculaire en latin au Moyen Âge et à la Renaissance – Manuel José de Sousa Barbosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

407

Thomas F. Earle, Escritores portugueses e leitores ingleses: livros de escritores portugueses, impressos antes de 1640, nas bibliotecas de Oxford e Cambridge – Catarina Fouto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

410

Helen King, The One-sex Body on Trial: The Classical and Early Modern Evidence – Cristina Santos Pinheiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

411

Franscesco de Martino, Carmen Morenilla (eds.), A la sombra de los héroes – Sofia Frade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

414

Germán Santana Henríquez (ed.), Y las letras encontraron su asiento: mujer y literatura – Maria Luísa Resende . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

415

Ivanvs Dionigi (cur.), Latinitas, in Ciuitate Vaticana, Pontificia Academia Latinitatis – Arnaldo do Espírito Santo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

416

c) Instrumenta Monique Goullet (ed.), Hagiographies VI: Histoire internationale de la littérature hagiographique latine et vernaculaire en Occident des origines à 1550 = International History of the Latin and Vernacular Hagiographical Literature in the West from its Origins to 1550 – André Simões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

418

EVPHROSYNE R EV I STA D E F I L O L O G IA C L Á S SIC A Centro de Estudos Clássicos – Faculdade de Letras PT – 1600-214 LISBOA [email protected]

ARTICLE SUBMISSION GUIDELINES 1. Euphrosyne — Revista de Filologia Clássica, the peer journal of the Centre for Classical Studies, publishes papers on classical philology and its disciplines (including classical reception and tradition). 2. Paper can be sent to [email protected] or to the Centre for Classical Studies’ post mail. 3. Papers submitted: must be original; cannot be yield to other entity; must be sent in their definite version; have to be presented according to these guidelines; will not be returned to the author. Papers will be submitted to peer reviews. 4. Papers will be accepted until 31st of December in the year previous to publication; an acceptance notification will be sent to the author until 30th of April in the year of publication. 5. Originals must always be submitted in double electronic format (Word /.doc(x) and PDF). 6. Papers must have: a) title (short and clear); b) author’s name and surname; c) author’s academic or scientific institution; d) author’s email; e) abstract (10 lines) in English; f) three key-words in English. 7. Recommended size is 10 pages and never more than 20 A4 pages (font size 12, double spaced). 8. Notes: endnotes, with sequential numeration. When published, these will be converted to footnotes. 9. References: a) Remissions to pages within the paper are not allowed. b) Note references: Books: J. de Romilly, La crainte et l’angoisse dans le théâtre d’Eschyle, Paris, Les Belles Letres, 1959, pp. 120-130; 2nd reference: J. de Romilly, op. cit., p. 78. Journals: R. S. Caldwell, “The Misogyny of Eteocles”, Arethusa, 6, 1973, 193-231 (vol., year, pp.). 2nd reference: R. S. Caldwell, loc. cit. Multi-author volumes: G. Cavallo, “La circolazione dei testi greci nell’Europa dell’Alto Medioevo” in J. Hamesse (ed.), Rencontres de cultures dans la Philosophie Médiévale — Traductions et traducteurs de l’Antiquité tardive au XIVe siècle, Paris, Les Belles Letres, 1971, pp. 47-64. c) Abbreviations: to Latin authors will be followed ThLL conventions; Liddel-Scott-Jones will be used to Greek authors; Année Philologique to abbreviate journal titles; common abbreviations: p. / pp.; ed. / edd.; cf.; s.u.; supra; op. cit.; loc. cit.; uid.; a.C. / d.C. (roman). d) Quotations: Must be marked by quotes “…” (but not in Greek); italic is used to highlight words or short sentences; quotations in Latin or Greek must be brief. 10. Images must have quality (preferably in TIF format, minimum resolution 200 p.p.), provided in electronic format, with the precise indication of where they must be placed in the text, and who is their author. The author is responsible for obtaining any copyright needed. 11. The author will not be provided with more than one set for review, which has to be returned within a week period. Originals cannot be modified. 12. Authors will receive a physical copy of the volume and the electronic version of their paper.

Lihat lebih banyak...

Comentarios

Copyright © 2017 DATOSPDF Inc.