Resenha do filme La grand bouffe

June 19, 2017 | Autor: Debora Fragata | Categoría: História e Cultura da Alimentação
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Descripción

Universidade Federal da Integração Latino-Americana – UNILA Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar – DRUSA Disciplina: Alimentação e Cultura Professora Drª Silvia A. Zimmermann Aluna Débora Fragata dos Santos

Resenha do fillme: "La grand bouffe" Nos alimentamos, seja por necessidade biológicas e culturais, seja por pura busca de prazer. O diretor Marco Ferreri, com filmografia longa e um tanto quanto excêntrica, nos submete em "La grand bouffe" (1973 com tradução literária A grande farra) a meros espectadores "salivadores" diante da exuberância dos pratos e o cuidado por parte dos personagens, nas escolhas de ferramentas e ingredientes para a grande ocasião, nos demonstrando no longa metragem a sociedade consumista e egoísta na busca do prazer individual até seu repouso eterno. Marcello (Mercello Mastroianni), Michel (Michel Piccoli) e Ugo (Ugo Tognazzi) são amigos do juiz Philippe (Philippe Noiret), dono de mansão herdada que usaram de palco para o espetáculo, decidem se reunir para comerem até a morte. Tal feito não seria possível sem a ajuda da simpática professora Andrea (Andrea Ferréol), que no decorrer do filme se torna noiva de Philippe, porém em um relacionamento aberto, o qual mantém relações sexuais com os demais residentes da casa. Nas sociedades humanas os alimentos variam de acordo com a seleção das possibilidades alimentares que seu meio oferece e que estão a seu alcance, seja por falta ou posse de ferramentas, seja por condições econômicas. A sobrevivência da comunidade determina que o regime alimentar satisfaça as necessidades nutritivas exigidas para a continuação das tarefas. Além do aspecto biológico, as necessidades culturais expressadas pelas inúmeras sociedades compõem as característica que diferenciam umas das outras, diferença essa que implica diretamente na construção do "gosto", (se algo é comível, se é gostoso, se tem a idade adequada para determinado alimento, se possui cargo importante para merece-lo, as regras em torno do ato de comer, etc;) desde o nascimento a morte do indivíduo. No filme podemos observar a evidente sexualidade expressa do início ao fim, com cenas eróticas e a presença predominante da comida na maioria delas. Buscando na psicanálise, podemos ter outra visão do banquete mortal, pois Sigmund Freud explica que a sexualidade não se restringe aos órgãos genitais, mas também toda e qualquer busca por satisfação e prazer. Descreve o princípio do prazer como almejar algo satisfatório e querê-lo cada vez mais, perdendo o interesse até mesmo na sobrevivência do próprio sujeito, se o desejo for a busca do repouso e/ou a fuga do conflito, somente a morte (Thanatos) satisfará sua vontade. Para uma melhor compreensão da analogia, a definição de Thanatos como um princípio profundo de aniquilação das tensões, o equilíbrio, e paz absoluta somente possíveis pela chegada da morte. Eros é o oposto, ligado às pulsões da vida, a convivência social, a embates

e ao contato, sendo a vida regada de tensões permanentes e afetos conflitantes, não havendo a realização do princípio do prazer. Podemos notar também que algumas regras sociais não são seguidas pelos personagens do filme, destaque para os tamanhos dos pratos e formas, os locais de refeição não se restringem a cozinha e sala de jantar, os talheres não estão presentes em algumas refeições, entre outros. Destaque especial para a cena que os personagens, após um majestoso banquete oferecido à Andrea e à três prostitutas, revelam o curioso modo de suicídio. Ugo é o primeiro a sentir seu corpo, descobre grande tendência a flatulências e cai na cama, com isso achamos que não teria espaço para mais comida, é quando o cheff Michel aparece com uma grandiosa montanha de purê de batatas, voltam todos a comer, exceto uma das prostitutas que enojada de tanta comida vomita na frente de todos. Reação que muitos teriam ao presenciar a cena, podemos comparar com outras situações, com atos mais brutais porém com significados que se relacionam. Explico, numa tentativa de suicídio "comum", rotineira do cinema e da vida real, o indivíduo "costuma" tirar a própria vida de forma rápida, sem dor, no caso do filme a morte se torna uma forma de fuga, como qualquer suicida, porém com um "quê" a mais de sofrimento, um processo mais lento e doloroso como notamos com as mortes dos personagens.

Referências Bibliográficas GARINE, Igor de. Alimentación, cultura y sociedade. El Correio Unesco, Paris, Ano XL, pp. 4-7, mayo de 1987. Disponível em:http://unesdoc.unesco.org/images/0007/000731/073178so.pdf (Data 08/10/2015) SANTOS, Laerte M. Tópicos da teoria psicanalítica freudiana. Disponível em: http://www.cefetsp.br/edu/eso/filosofia/topicosfreud.html (Data 08/10/2015)

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