Racismo no futebol - Trabalho de Análise

July 11, 2017 | Autor: Manú Pereira | Categoría: Comunicação, Jornalismo, Análise De Conteúdo, Investigação
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Monografia Final O Racismo no Futebol Análise do tratamento da imprensa desportiva portuguesa ao caso Daniel Alves

(fonte:

Revista Veja dia 27/4/14 http://veja.abril.com.br/noticia/esporte/alvo-de-racismo-na-espanha-daniel-alves-comebanana-jogada-por-torcedor)

Mestrado em Comunicação e Jornalismo – Ano lectivo 2014/2015 Seminário de Questões Críticas da Comunicação e dos Media Docente responsável: Dra. Rita Basílio Simões Discentes: André Martinho Moura Pereira aluno nº2007003711 Emanuel Jorge Sebastião Pereira aluno nº2011157749

O Racismo no Futebol Tratamento da imprensa desportiva portuguesa ao caso Daniel Alves

Índice Introdução – 3 1.Racismo – 4 2. Futebol e Racismo – 6 3. Jornalismo Desportivo e Racismo – 10 4.Racismo no Futebol - Caso Daniel Alves 4.1.Contexto – 12 4.2.Quem é Daniel Alves? História do jogador – 13 4.3. Antecedentes do Caso – 14 4.4.Interpretação do caso de racismo que envolveu Daniel Alves Tratamento nos diários desportivos A Bola e Record – 15 Conclusão – 18 Bibliografia – 19 Anexos

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Introdução O racismo enquanto modo de discriminar pessoas, sustentado em motivos raciais, na cor da pele ou outras caraterísticas físicas é um problema social que está presente nos “quatro cantos” do Planeta Terra. Os casos racistas no Ocidente acabam por receber muito mais atenção por parte dos meios de comunicação social, sobretudo quando acontecem em eventos públicos, nomeadamente em acontecimentos desportivos. Este tipo de atitudes envergonham a Humanidade e insultam princípios que devem estar subjacentes ao Ser Humano, como são a igualdade e o respeito. Esta temática está enquadrada no oitavo tema do programa de estudos do seminário de Questões Críticas da Comunicação e dos Media – comunicação e direitos humanos – e é nesse âmbito que surge este trabalho teórico-empírico, que mobiliza não apenas teorias e conceitos na esteira dos quais o objeto de estudo possa ser compreendido, mas também metodologias de análise devidamente adaptadas. Vamos descrever e analisar um caso recente de racismo, que aconteceu num jogo do campeonato espanhol, no dia 27/4/14, domingo. A nossa pergunta de partida para esta monografia foi: “Qual o tratamento dado pelos jornais desportivos Record e A Bola ao caso de racismo que envolveu Daniel Alves em Abril de 2014?” Para a análise, reduzimos o nosso corpus a artigos dos dois jornais desportivos supracitados, entre os dias 28/4/14, segunda-feira, e 10/5/14, sábado. Começamos esta monografia com uma noção base dos conceitos mais importantes para a análise. Definimos racismo, distinguindo alguns conceitos semelhantes e fazemos um destaque sobre a sua origem. Em seguida discorremos sobre a ligação entre racismo e futebol. Para depois abordarmos algumas especificidades sobre jornalismo desportivo, a sua história e presente, bem como a sua ligação com o racismo. Iremos, por fim, analisar o caso que sucedeu em Espanha, a 27/4/14, que é o principal objetivo desta monografia. Neste estudo dos diversos textos que compõe o corpus, a metodologia seguida foi uma análise de conteúdo, fizemos uma pesquisa mista (quantitativa e qualitativa) de todos os artigos que integram o corpus, interpretando aqueles em que se falava do ataque racista, que ocorreu num jogo do campeonato espanhol de futebol. A vítima foi Daniel Alves, jogador do Futbol Club Barcelona. Tivemos especial atenção com o espaço do jornal que é dedicado ao caso, bem como a linguagem envolvida e os

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elementos gráficos presentes. Não descurámos, todavia, uma análise do discurso para identificar e classificar o tratamento dado pelos dois órgãos de imprensa analisados, através da linguagem utilizada, “esta é uma metodologia complicada que tem uma abordagem muito específica dos dados1” (Silverman.2009:20). 1-Racismo Se olharmos para a história, vemos que o racismo está na origem de uma série de genocídios e diversas formas de dominação das pessoas e de certos povos por outros. Exemplos disto são a escravatura, o colonialismo e o imperialismo, que originaram afrontas à dignidade humana de diversas populações ao longo do tempo. Mais recentemente, no século XX, formas de racismo como o Nazismo e o Apartheid2 marcaram a história, sobretudo pela violência e barbárie de muitas das suas ações. Quando a política de um país se vê intimamente envolvida com ideias racistas, os perigos que daí poderão fluir podem ser catastróficos. Um dos maiores exemplos acorreu na Alemanha Nacional-socialista, que perseguiu e exterminou judeus, ciganos, eslavos, bem como todos aqueles que não cumpriam os pré-requisitos da raça ariana. O extermínio destes povos baseava-se em argumentos sobre a superioridade de uma raça em relação a outras. Podemos encontrar uma definição de racismo nas ideias do sociólogo francês Alain Touraine, onde também é explicitado o pensamento que está subjacente às ideias de uma pessoa que toma este tipo de atitude. “O racismo é a representação de um povo como inferior por razões naturais, independentes da sua acção e da sua vontade. Esta inferioridade é vivida como uma ameaça pelo racista, que se identifica a si próprio com valores universais ou com uma cultura superior e que tenta proteger a sua sociedade daquela ameaça através de medidas de exclusão.3” (Touraine, A. 1995:25).

Segundo Tucci Carneiro, uma investigadora brasileira que centra a sua pesquisa na questão dos direitos humanos e na intolerância ao nível étnico e político, o Ser Humano não nasce com este tipo de atitude, “a origem do racismo não é científica, e o 1

Silverman, David. Interpretação de dados qualitativos: métodos para análise de entrevistas, textos e interações. Artmed editora S.A. São Paulo 2009 2

O apartheid instaurado na África do Sul em 1913 significa “segregação sistemática das populações não brancas”. Definição retirada do dicionário online : http://www.priberam.pt/dlpo/apartheid [consultado a 15 de janeiro de 2015] 3 Touraine, A. (1995). O racismo hoje. Org. Wieviorka, M. Racismo e modernidade: actas do colóquio: “Três dias sobre o racismo”. Edt. Bertrand. Venda Nova. Tradução Luís de Barros.

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homem não nasce com preconceito4” (Tucci Carneiro.2005:9). Há opiniões que diferem, que entendem o racismo como um fenómeno tipicamente ocidental e que remonta à altura dos descobrimentos europeus5, aos já longínquos séculos XV e XVI. Uma outra noção que está adjacente ao racismo e que acaba até por lhe dar fundamento é a ideia de preconceito. Um juízo formado em relação a outra pessoa, sem sequer a conhecer, “esta ideia pré-concebida [preconceito] é baseada em características que sobressaem em relação aos outros. O preconceito subjaz na criação de um conjunto de estereótipos de natureza étnica ou racial6” (Almeida.2013:26). Parece-nos também pertinente introduzir aqui a noção de discriminação racial, que se baseia na diferenciação de qualquer sujeito em função das suas caraterísticas físicas, psicológicas ou sociais. “Entende-se por discriminação racial qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência em função da raça, cor, ascendência, origem nacional ou étnica, que tenha por objetivo ou produza como resultado a anulação ou restrição do reconhecimento, fruição ou exercício, em condições de igualdade, de direitos, liberdades e garantias ou de direitos económicos, sociais e culturais 7” (Alto Comissariado Para a Imigração e Diálogo Intercultural)

Um ato baseado nos fundamentos de discriminação racial é punido por Lei e pode mesmo constituir crime. Por exemplo em Portugal, na Constituição da República Portuguesa, no seu artigo 13.º, é estabelecido o princípio da igualdade. Ao nível das punições, podemos encontrar no artigo 240.º do Código Penal, que refere que a pena de prisão pode ir até 8 anos por este tipo de crimes. No âmbito de procedimentos contraordenacionais, existem 3 importantes diplomas legais: a Lei n.º 134/99 de 28 de agosto, a Lei n.º 18/2004, de 11 de maio (que transpõe a diretiva Raça) e o Código do Trabalho8. No que ao desporto diz respeito, a lei nº39/2009 aprovada pela Assembleia da República a 30 de julho estabelece “o regime jurídico do combate à violência, ao 4

Tucci Carneiro, M. L. (2005) “Preconceito Racial em Portugal e Brasil Colônia – os Cristãos- Novos e o Mito da Pureza de Sangue”. 3ª Edição. São Paulo editora: Perspectiva. Coleção Estudos. 5 Podemos encontrar um exemplo desta opinião em Davies, M. e Sardar, Z. e Nandy, A. (1996) Bárbaros são os Outros- Manifesto sobre o Racismo Ocidental. Edt. Dinossauro. Lisboa. Tradução de Ana Barradas. 6 Almeida, Sara. (2013). Os bastidores dos crimes de ódio: dimensões sociais e identitárias - Universidade do Minho disponível in http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/29294/1/TESE.pdf [consultado a 18 de janeiro de 2015] 7 Alto Comissariado Para a Imigração e Diálogo Intercultural. Meios Jurídicos de Combate ao Racismo e à Xenofobia- Guia de informação útil – disponível in http://www.acidi.gov.pt/_cf/155801 [consultado a 19 de janeiro de 2015] 8 Informações retiradas do site supracitado.

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racismo, à xenofobia e à intolerância nos espectáculos desportivos, de forma a possibilitar a realização dos mesmos com segurança9”. Antes de finalizar este primeiro espaço de reflexão na monografia, achamos pertinente salientar mais um documento que está na base do combate ao racismo, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, adoptada pela ONU em 1948. Logo no primeiro artigo é referido que, “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade10”. Também o segundo artigo faz alusão à igualdade entre povos: “todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua (…)11”. Estes dois exemplos são bem elucidativos daquilo que deve ser o pensamento de qualquer pessoa, contudo a realidade é outra. Muitos esforços foram feitos para erradicar esta “doença”, mas a verdade é que ela continua a subsistir nas sociedades contemporâneas. Um racismo que se alastra a diversas áreas, como é caso do futebol. Apesar das duras sanções que são impostas aos clubes por parte dor organismos que “gerem” a modalidade, os ditos “adeptos” continuam a utilizar este tipo de descriminação, algo que abordamos em seguida.

2. Futebol e Racismo Convém perceber, primeiro, que o futebol é o desporto coletivo com maior sucesso a todos os níveis, “por possuir uma característica mimética que propícia ao seu público situações de elevada tensão na expectativa do desenrolar das ações dos jogadores e da equipa12” (Reis, H.H.B., 2006:9). Essa tensão desencadeia no espectador uma ansiedade quanto ao resultado final, algo que o “prende” até ao último lance e lhe dá uma vontade de ver um desafio de início ao fim. Durante o séc. XIX, o futebol popularizou-se e chegou a mais públicos. Nos finais desse mesmo século começou a ganhar uma espetacularização, com início em Inglaterra. Aliado a este crescimento dos 9

Decreto de Lei nº 73/2009 de julho de 2009 aprovado pelo Presidente da República Português. Disponível no Diário da República, 1ª série-nº146, disponível em https://dre.pt/application/dir/pdf1sdip/2009/07/14600/0487604886.pdf [consultado a 18 de janeiro de 2015] 10 Centro de Informação das Nações Unidas em Portugal - Declaração Universal dos Direitos do Homem. Disponível in: http://www.fpce.up.pt/sae/pdfs/Decl_Univ_Direitos_Homem.pdf [consultado a 19 de janeiro de 2015] 11 idem 12 Reis, H.H.B. (2006) Futebol e Violência. Editora Autores Associados LTDA, São Paulo. Disponível em https://books.google.pt/books?id=LmakVHMLMF8C&pg=PA9&dq=futebol+s%C3%A9culo+XX&hl=pt-

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amantes pelo futebol, está o começo da venda de bilhetes para os jogos (cf. Reis, H.H.B.2006:9). O futebol foi crescendo em dimensões financeiras, envolve agora muito dinheiro e interesses13. Ao nível de atração de pessoas à sua volta, cada vez mais indivíduos vão aos estádios, excetuando o caso nacional14, nos dias de hoje, homens, mulheres e crianças de todas as idades e proveniências assistem “in loco” a um jogo. Estes são conhecimentos importantes para perceber a evolução que a modalidade teve, “para todos aqueles que buscam uma compreensão do futebol «para além das quatro linhas», como fenómeno social abrangente, como «facto social total»15“ (Melo, V.A. e Alvito, M., 2006:133). Um dos movimentos racistas, suportado na violência, que cresceu com o apoio de uma plataforma como é um estádio de futebol foi o hooliganismo16. Esta tendência ganhou visibilidade através dos media, sendo considerada um problema social em Inglaterra, os seus antecedentes remontam ao final do séc. XIX: “Em 1890 (…) a expressão ‘hooliganismo’ surge impressa num jornal para descrever comportamentos violentos na cidade. O jornal era o célebre The Times17” (Pereira.2013). A questão do racismo no contexto do futebol teve as suas primeiras investigações na década de 1980, fundadas, em larga escala, pela presença cada vez maior do número de jogadores oriundos de antigas colónias nos campeonatos do Velho Continente. Desde essa altura até à atualidade, o racismo tem sido atribuído a conjuntos particulares de apoiantes que, de uma forma geralmente organizada, percecionam os PT&sa=X&ei=jbVNrlLoHlUtz2AQ&ved=0CE4Q6AEwCQ#v=onepage&q=futebol%20s%C3%A9culo%20XX&f=f alse [consultada em 20 de janeiro de 2015] 13 Informação recolhida através da noticia do Diário de Noticias apud Agência Lusa, 02 de julho de 2009, em http://www.dn.pt/desporto/interior.aspx?content_id=1287311 [consultada em 20 de janeiro de 2015] 14 Informação recolhida através da noticia da RTP, de Marcos Celso, em 22 de maio de 2012, em http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=556003&tm=45&layout=158&visual=49 [consultada em 20 de janeiro de 2015] 15 Melo, V.A. e Alvito, M. (2006) Futebol por todo o mundo. Diálogos com o cinema. Editora: FGV. Rio de Janeiro, disponível em https://books.google.pt/books?id=oTvvGh1j_E4C&pg=PA137&dq=futebol+s%C3%A9culo+XX&hl=ptPT&sa=X&ei=jb_VNrlLoHlUtz2AQ&ved=0CCwQ6AEwAg#v=onepage&q=futebol%20s%C3%A9culo%20XX&f=true [consultado a 20 de janeiro de 2015] 16 O termo hooliganismo tem origem na figura de Edward Hooligan, um irlandês, que no final do século XIX era conhecido por provocar incidentes nas ruas de Londres. Artigo da revista Futebol Magazine, intitulado: “ Edward Hooligan, o pai do hooliganismo” da autoria de Miguel Pereira, disponível in http://www.futebolmagazine.com/edward-hooligan-o-pai-do-hooliganismo [consultado a 20 de janeiro de 2015] 17 Idem

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estádios como uma arena de dimensões ideais para poderem expressar as suas ideologias racistas18 (cf. Almeida, P. 2012A:5). Nos anos 80 há também o reaparecimento do movimento hooligan, o que coincidiu com um severo aumento de casos racistas nos estádios. Os hooligans, adeptos de futebol, que combinam a cultura do futebol com uma ideologia racista, tornaram-se “um princípio organizador para conhecer ou aprender sobre as hierarquias e configurações de poder, identidade e autonomia da cultura de fã e um arquétipo de um racista19” (Back, L. e Crabble, T. e Salomos, J.2002:72). Se no início os apoiantes deste tipo de manifestações circunscreviam os seus atos a zonas mais pequenas, em 1985 isso mudou. No jogo da final da Liga dos Campeões desse ano, disputado em Bruxelas, no Estádio Heysel, os adeptos do Liverpool FC e da Juventus FC envolveram-se em violentos confrontos, o resultado: 39 mortos e 600 feridos20. O futebol vivia uma fase conturbada da sua história, o hooliganismo baseado no racismo e violência atingia o seu auge. Nesse mesmo ano, em Portugal, uma obra constatava a triste realidade que os hooligans traziam inerente, cuja revolta era contra “tudo e todos”. “Mas estes atos destruidores, vingativos, estendem-se muito para além do campo de futebol. Membros de grupos minoritários (em especial negros e indianos), os bens públicos e privados (…) constituem o centro das manifestações agressivas desta multidão essencialmente composta por jovens (na 21

maioria homens) frustrados da classe operária ” (Carvalho.1985.p27-28)

Outro episódio de racismo aconteceu no Campeonato da Europa de 1996, em terras de Sua Majestade, com os adeptos ingleses a insultaram os escoceses, com 18

Almeida, P. (2012) Futebol, racismo e eurocentrismo. Os media portugueses e o mundial de futebol na África do Sul, disponível em http://www.aps.pt/vii_congresso/papers/finais/PAP0694_ed.pdf [consultado a 21 de janeiro de 2015] 19 Tradução nossa. Back, Les e Crabble, Tim e Salomos, John (2002) in Racism in Football – Patterns of continuity and change. Editado por Brown, Adam (2002) in Fanatics! Power, identity and fandom in Football. Taylor & Francis e-Library 2002 [material disponibilizado pela docente no dia 18 de Novembro de 2014] 20 Informação recolhida através do site maisfutebol.iol.pt, notícia intitulada: “Uma tragédia inesquecível de um futebol que já é outro”, da autoria do jornalista Pedro Calhau. Disponível através do link: http://www.maisfutebol.iol.pt/heysel-1985-juventus-liverpool-tragedia-heysel-tragedia-deheysel/53866b3a0cf20b73a5658c81.html [consultado a 20 de janeiro de 2015] 21 Carvalho, A.M. (1985). Violência no Desporto. Lisboa. editor: Livros Horizonte. Coleção: Horizonte de Cultura Física.

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músicas ofensivas. Também neste Europeu foram ecoados sons que imitavam macacos22. (cf. Beck et all.2002). O racismo no futebol não é exclusivo dos hooligans. Outro movimento que surgiu nos anos 70 do séc. XX, em Itália, denominado movimento ultra, também trouxe consigo pensamentos de discriminação racial e violência. Os ultras predominam na Europa Central e do Sul, um exemplo: a claque mais radical do Real Madrid CF tem o nome de Ultra Sur23. Os hooligans são mais comuns na Europa do Norte e no ReinoUnido. Estes grupos contudo têm diferenças, que vão desde a forma de vestir até à organização. “Enquanto os últimos tendem a agir em gangs pouco estruturados, em que a liderança se exerce na premeditação de actos de violência dirigidos à confrontação com grupos rivais e nas façanhas aí conseguidas, os ultras encontram-se associados em organizações que são dirigidas por uma direcção representada por um líder máximo ou presidente 24” (Marivoet, 2009:5)

Salientamos que o preconceito não é exclusivo destes grupos, no caso em estudo foi uma pessoa, que era um adepto normal, sem qualquer ligação a claques que atirou uma banana para dentro de campo. A mentalidade das pessoas é que cria os pensamentos racistas. Face a um crescimento do número de episódios racistas em estádios de futebol, as organizações responsáveis pelos diversos campeonatos e competições têm reagido das mais distintas maneiras. O atual presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, defende que as pessoas ou grupos que cometerem atos racistas devem ser punidos, com o intuito de evitar que voltem a repetir acções do mesmo género nos estádios de futebol. “Por isso defendemos sanções severas – interrupção, suspensão ou término de um jogo; jogadores ou dirigentes culpados de conduta racista devem ser suspensos; em caso de comportamentos 22

Back, Les e Crabble, Tim e Salomos, John (2002) in Racism in Football – Patterns of continuity and change. Informação recolhida através do Jornal Record do dia 3 de maio de 2002. Intitulada: “Florentino Pérez avisa «Ultra Sur»”. Disponível em: http://www.record.xl.pt/Futebol/Internacional/interior.aspx?content_id=122207 [consultado a 20 de janeiro de 2015] 24 Mariovet, S. (2009). Subculturas dos adeptos de futebol e hostilidades violentas- o caso português no contexto europeu. Revista Configurações, colocado online em 5/2/12, disponível através do link: http://configuracoes.revues.org/502 [consultado a 20 de janeiro de 2015] 23

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O Racismo no Futebol Tratamento da imprensa desportiva portuguesa ao caso Daniel Alves racistas de adeptos, estes devem ser impedidos, no futuro, de assistir a jogos nos estádios 25” (Fernando Gomes, presidente da FPF.2014)

Também a associação responsável pelo futebol europeu, a UEFA, fortaleceu o seu espírito antirracismo. Desde 2001 em união com a FARE (Futebol Contra o Racismo na Europa) promove campanhas e eventos, com o objetivo de enfrentar todas as formas de discriminação no futebol. O objetivo é claro: acabar com todos os comportamentos que revelem ser de ideologias racistas26. O slogan de sensibilização é dizer: “Não ao Racismo27”. Para que esta mensagem seja melhor percebida, a UEFA procedeu a alterações no seu regulamento disciplinar, de maneira a endurecer as penalizações e sanções contra qualquer tipo de comportamento racista, em linha com uma política de tolerância zero28. Também a FIFA, o organismo máximo do futebol mundial, está envolvida diretamente neste “combate”, com campanhas nas suas competições. O exemplo mais recente aconteceu no Mundial 2014 que decorreu no Brasil. Um dos valores promovidos é a unidade entre os povos. “Acreditamos que é da responsabilidade da FIFA fomentar a unidade dentro do mundo do futebol e ao mesmo tempo utilizar o futebol para promover a solidariedade, independentemente do género, origem étnica, fé ou cultura29” (site oficial da FIFA)

Posteriormente examinar-se-á a preponderância do papel da imprensa especializada na área do desporto, na luta contra o racismo. 3. O Jornalismo desportivo e o racismo Os meios de comunicação social são recursos essenciais para fazer passar uma mensagem na sociedade. Foi descoberta e explorada a sua importância no século XX, que a par de um avanço científico e tecnológico potencializou o fenómeno da sociedade de massas30. Foi um período recheado de episódios e acontecimentos importantes para a 25

Citação retirada das declarações de Fernando Gomes, presidente da FPF, na 10ª Edição da Semana Contra o Racismo e a Violência no Desporto, que decorreu entre 25 de fevereiro e 5 de março de 2014. Disponível em http://sjpf.pt//?pt=Mensagens_racismo [consultada a 20 de janeiro de 2015] 26 Página online da rede FARE: http://www.farenet.org/about-fare/ [consultada em 20 de janeiro de 2015] 27 Ideia extraída na consulta da página online da UEFA: http://pt.uefa.org/social-responsibility/respect/no-toracism/index.html [consultada em 20 de janeiro de 2015] 28 idem 29 Tradução nossa. Para além da unidade, a FIFA tem mais três pilares: autenticidade, performance e integridade. O seu slogan é: “ Desenvolver o jogo. Tocar o Mundo. Construir um futuro melhor”. Informações retiradas do site oficial da FIFA. Disponível em: http://www.fifa.com/aboutfifa/organisation/mission.html [consultado a 20 de janeiro de 2015] 30 Gentilli, Victor. (2005) Democracia de massas: jornalismo e cidadania: estudo sobre as sociedades contemporâneas e o direito dos cidadãos à informação. Editora: Suliani Editora. Porto Alegre. Coleção:

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história humana, um momento em que a imprensa passou a dirigir-se para as massas, aumentando a denominada esfera pública, que se insere com relevância na esfera mediática,

logo

“aqueles

que

são

excluídos

pelos

media

massificados,

consequentemente, não participam no espaço público.” (Sousa.s/d:176)31. Nos anos 30 do século XX, o jornalismo desportivo era visto como uma especialização do jornalismo mais pobre. Particularmente, subespecializado no futebol, que não exigia um grande uso do intelecto nem do jornalista, nem do leitor, uma visão, sobretudo, mais comum nos meios académicos da altura32. O jornalismo desportivo foi ganhando um interesse maior das pessoas porque o “desporto desempenha um papel cultural e social nos media.”33(Brookes. 2002:319). Meio século volvido, muito mudou na composição dos jornais desportivos. A redação está mais académica, os jornalistas, na sua maioria já possuem “um canudo”, mas o tema preferencial continua a ser o futebol. “No séc. XXI, com uma geração jovem [que tem] uma literacia muito superior às gerações precedentes impressiona (…) o ‘tratamento’ que é dado ao ‘futebol-espetáculo’ ” (Begonha.2014). O jornalismo desportivo é, ainda, conhecido pelo seu trabalho na construção de significados discursivos sobre raças, etnias e géneros, que vão servir de representações mentais dos mesmos, criando estereótipos, para a opinião pública (cf. Sterkenburg, J. e Knoppers, A.2004A:302)34. Os meios de comunicação social, inconscientemente, têm permitido uma adaptação do racismo aos novos tempos, tornando-o cada vez mais mediatizado. “A perpetuação e consolidação do racismo tem encontrado nos media um veículo Comunicação. Disponível in https://books.google.pt/books?id=kQFhFU18fLgC&printsec=frontcover&hl=ptPT#v=onepage&q&f=false [consultado a 20 de janeiro de 2015] 31 Sousa, J.P. (s/d) Uma história breve do jornalismo no ocidente. Disponível em http://www.bocc.ubi.pt/pag/sousajorge-pedro-uma-historia-breve-do-jornalismo-no-ocidente.pdf [consultado em 20 de janeiro de 2015] 32 Ideia retirada de um artigo de opinião de Mário Bacelar Begonha, intitulado Jornalismo desportivo, para o Diário de Noticias no dia 02 de abril de 2014, em http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=3790824&seccao=Convidados&page=-1 [consultado em 20 de janeiro de 2015] 33 Tradução nossa. Brookes. R (2002). Representing Sport in Critical Essays and Reviews. London. Editora: Arnold Hodder Headline Group [material fornecido pela docente em 19 de novembro de 2014] 34 Knoppers, A. e Sterkenburg, J. e (2004) Dominant discourses about race/ethnicity and gender in sport practice and performance. SAGE publications [material fornecido pela docente em 19 de novembro de 2014]

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privilegiado.” (Almeida, P. 2012B:8)35. O racismo hoje está mais implícito e vai atuando de uma forma neutra, trilhando um caminho “legal” para transmitir a sua ideologia36 (cf. Sterkenburg, J. e Knoppers, A.2004B:302). Contudo, o jornalismo tem mecanismos éticos e deontológicos que o regulam e defendem na realização do seu trabalho, nomeadamente, o Código Deontológico do Jornalista Português, que no seu oitavo artigo, prevê que estes recusem qualquer tratamento que entendam ser discriminatório. “O jornalista deve rejeitar o tratamento discriminatório das pessoas em função da cor, raça, credos, nacionalidade ou sexo37”. No caso que analisamos em seguida, o jornalismo desportivo ajudou no combate ao racismo. 4.Racismo no Futebol - Caso Daniel Alves38 – 4.1Contexto A situação em análise neste trabalho está relacionada com um caso de racismo que ocorreu em Espanha, num domingo, dia 27 de Abril de 2014. Num jogo entre o Villareal Club de Futbol (Villareal CF) e o Futbol Club Barcelona (FC Barcelona), disputado no Estádio El Madrigal, o estádio sede do Villareal CF, a contar para a 35ª Jornada da 1ª Divisão do Campeonato Espanhol, época 2013/2014, também conhecido como La Liga ou Liga BBVA, aconteceu o inesperado. Decorria o minuto 76, o lateraldireito do FC Barcelona, Daniel Alves, preparava-se para bater um pontapé de canto a favor da sua equipa, quando da bancada foi arremessada uma banana, como que a sugerir que o jogador seria “um macaco”, devido ao facto de ser mestiço. O jogador respondeu da melhor forma, não se importou com a banana e até aproveitou para a descascar e comer um bocado. O gesto gerou uma onda de apoio à volta do atleta e um 35

Almeida, Pedro (2012) Futebol, racismo e eurocentrismo. Os media portugueses na cobertura do Campeonato Mundial de Futebol na África do Sul, disponível em http://rccs.revues.org/5064#authors [consultado em 19 de janeiro de 2015] 36 Idem [consultado em 19 de janeiro de 2015] 37 Código Deontológico do Jornalista Português,8º artigo, disponível in http://www.bocc.ubi.pt/pag/CodigoDeontologico.pdf [consultado a 20 de janeiro de 2015] 38

O vídeo com a reacção do jogador pode ser consultado através do portal youtube, um dos links, intitulado: “ Daniel Alves come banana jogada nele. Villareal vs Barcelona” está disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=sQOYyviANak [consultado dia 10 de janeiro de 2015]

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movimento contra o racismo, criado por outro colega de equipa e companheiro de seleção, Neymar, que se encarregou de criar nas redes sociais o #somostodosmacacos. Um pouco por toda a parte foram muitas as pessoas que aderiram à onda de apoio, desde políticos, a futebolistas, passando por treinadores e adeptos, jornalistas e sujeitos comuns, sem qualquer apoio clubístico, inclusive sem serem apreciadores de futebol. Salientamos as consequências do caso: o adepto responsável foi banido pelo Villareal e o clube foi multado pela Real Federação Espanhola de Futebol. 4.2.Quem é Daniel Alves? História do jogador39 Daniel Alves da Silva, conhecido no mundo do futebol por Daniel Alves ou Dani Alves, tem 31 anos e nasceu no dia 6 de maio de 1983 em Juazeiro, no Estado da Bahia no Brasil. O futebol surgiu na sua vida através do modesto Palmeiras de Salitre, uma equipa de Januzeiro, cujo treinador era o próprio pai, Domingos Alves da Silva. Tinha apenas 10 anos quando começou a jogar. Começou como extremo-direito, mas aos 15 anos, devido à falta de golos, acabou por recuar para lateral-direito (pesou o facto de ser destro). As portas do mundo profissional surgiram por parte do Esportes Clube da Bahia, com 15 anos, o “jovem” Daniel Alves nem acreditava que estava a caminho de um clube da 1ª Divisão Brasileira: “Não acreditou na notícia até que foi confirmado por outro emissário do clube40”. A estreia como profissional aconteceu em 2001 num jogo contra o Paraná, a contar para o Campeonato Brasileiro de 2001, o Bahia ganhou por 3-0 e Daniel Alves marcou um golo e ganhou um penálti. No Bahia apenas uma época como sénior, chegou para ser campeão brasileiro na temporada 2001/2002, despertando assim o interesse de diversos clubes europeus. Foi o Sevilla FC que pagou nesse verão aproximadamente 550 mil euros41 para contar com o jogador no seu plantel. Na capital da Andaluzia, apenas com 18 anos, Daniel Alves começou a somar títulos. Foi campeão sul-americano ainda como sub-20 com a selecção brasileira e no Ramón Sanchez Pijuan (estádio o Sevilla FC) esteve 6 anos até 39

Informações biográficas recolhidas através do site oficial do atleta: http://www.danialves.com/index.php?option=com_content&view=article&id=23&Itemid=8&lang=br e da ficha do jogador no site: http://www.zerozero.pt/jogador.php?id=1051&epoca_id=144 [consultados a 20 de janeiro de 2015] 40 Retirado da página oficial do jogador na Internet, disponível através do endereço: http://www.danialves.com/index.php?option=com_content&view=article&id=23&Itemid=8&lang=br [consultado a 20 de janeiro de 2015] 41 Valor retirado do site : http://www.futebol365.pt/jogador/7385/transfers/

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O Racismo no Futebol Tratamento da imprensa desportiva portuguesa ao caso Daniel Alves

à época 2007/2008. Entre muitos títulos conquistados destacamos duas taças UEFA, uma Taça do Rei e uma Supertaça Europeia. Já com 25 anos e com créditos firmados, depois de alguns desentendimentos com José Maria del Nido, presidente do Sevilla, acabou por sair para o Barcelona FC, por uma verba astronómica a rondar os 43 milhões de euros em 2008. Naquele que ainda é o seu atual clube, ganhou tudo o que havia para ganhar, salientamos 2 Ligas dos Campeões, 4 Ligas Espanholas, 2 Campeonatos do Mundo de Clubes, 2 Taças do Rei e ainda 2 Supertaças Europeias. Fez parte de uma das eras mais recheadas do clube catalão e do futebol mundial em si. Na selecção brasileira, equipa sénior, ganhou a Copa América em 2007 e duas Taças das Confederações em 2009 e 2013. Foi até ao momento internacional em 79 jogos e marcou 6 golos pela “canarinha”. A nível individual, foi considerado o melhor lateral direito da Liga Espanhola em 2009, foi eleito para o melhor onze do ano da FIFA e da UEFA em 4 ocasiões. No continente europeu já disputou mais de 500 jogos42. Como podemos ver pelo longo currículo do atleta, estamos a falar de um dos desportistas mais reconhecidos a nível mundial na atualidade, daí este caso ter ganho ainda mais mediatismo na imprensa, televisão e claro nas redes sociais.

4.3- Antecedentes do Caso Chamamos a atenção para dois acontecimentos que são anteriores a este e que envolveram, segundo a imprensa, Daniel Alves. O primeiro aconteceu a 31 de janeiro de 2013, aquando do clássico do futebol espanhol, que opôs o Real Madrid CF ao Barcelona FC. Numa partida que terminou empatada a um golo, a contar para a 1ª mão das meias – finais da Taça do Rei, Daniel Alves desabafou no twitter: “Grande trabalho da minha equipe. Lamento o resultado e lamento ainda mais os racistas que existem em alguns lugares, mas sou feliz como sou. Obrigado43”. Outro caso que envolveu o lateral-direito do clube catalão, teve lugar no dia 29 de março de 201444. Num dérbi de equipas de Barcelona, o RCD Espanyol recebeu o FC Barcelona, no Estádio Cornellà-El Prat, em jogo a contar para o campeonato espanhol. 42

Dados também retirados do website: http://www.transfermarkt.pt/danialves/leistungsdaten/spieler/15951/saison/ges/plus/1#gesamt [consultado no dia 20 de janeiro de 2015] 43 Retirado do site da Globo Desporto, disponível através do site: http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/futebol-espanhol/noticia/2013/01/danielalves-reclama-de-atos-racistas-da-torcida-do-real-madrid.html [ acesso dia 20 de janeiro de 2015] 44 Informações recolhidas através da edição online do jornal Folha de São Paulo, disponível em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/158878-neymar-sofre-atos-racistas-em-vitoria-dobarcelona.shtml [acesso dia 20 de janeiro de 2015]

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O Racismo no Futebol Tratamento da imprensa desportiva portuguesa ao caso Daniel Alves

Os adeptos do RCD Espanyol passaram o tempo a imitar macacos e atiraram uma banana para o relvado. Segundo a imprensa os visados eram Daniel Alves e Neymar. Estes dois exemplos revelam que Daniel Alves já é uma vítima “habitual” deste tipo de preconceito racial. 4.4.Interpretação do caso de racismo que envolveu Daniel Alves – Tratamento nos diários desportivos A Bola e no Record45 Jornal A Bola Tabela número 146/47 Data

Local onde aparece o

(dia/mês/ano)

caso

28/4/14

Aparece na última página do jornal, na secção últimas.

29/4/14

Aparece por duas vezes no jornal. A primeira na página 27, com as imagens a referirem a onda de apoio. A segunda através do caso Nélson Évora, com uma referência ao movimento criado na luta contra o racismo e de apoio à atitude de Daniel Alves. Aparece 2 vezes no jornal. A primeira na página 25, na secção dedicada à parte do futebol internacional, toda a página é dedicada ao caso. A segunda na página 39, num artigo de opinião do jornalista Nuno Perestrelo

30/4/14

1/5/14

Aparece na última página do jornal, numa notícia intitulada: “Atirador da banana a Daniel Alves já tem cara e condenação”, ocupa mais de meia página.

Linguagem

Com imagem (s)

Sem Imagem

Explicação muito breve, com referência às palavras de Gary Lineker que apelidou de “brilhante” a resposta de Daniel Alves. 1º- Imagens com legenda num primeiro momento. 2º -Explicação do caso que envolveu Nélson Évora e ligação à situação de Daniel Alves.

1º-Declarações de Daniel Alves: “Nalgumas coisas os espanhóis estão muito atrasados”. Apresentação de outros casos de racismo no futebol europeu. 2º - Artigo de opinião intitulado: “ Burrice e falta de inteligência”. Citações: “Quando Daniel Alves, jogador do Barcelona, pegou na banana que um imbecil lhe atirou da bancada do estádio e comeu, comeu também grande parte do preconceito”; “Um burro atirou uma banana a Daniel Alves? Milhares de outros abriram os olhos para a burrice que o preconceito apadrinha”. A notícia aborda a detenção do responsável pela atitude de atirar a banana. David Campayo Leo, que era colaborador do Villareal CF. Para além da detenção é transmitida a pena aplicada pelo tribunal. É salientado ainda o facto de existir uma manifestação de apoio a David Leo, sendo referido

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1º -Imagens de jogadores que apoiaram o movimento #somostodosmacacos, na luta contra o racismo. 2º- Imagem dos atletas Nélson Évora Bruno Costa com uma banana na mão, num gesto de apoio ao movimento.

Apenas a página 25 traz fotografias e imagens sobre o caso. Alusão a diversas personalidades que se juntaram ao movimento #somostodosmacacos, através da publicação de fotos na rede social Instagram. Caso do 1º ministro italiano, Matteo Renzi e do seleccionador do mesmo país, Cesare Prandelli, da cantora Ivete Sangalo e de jogadores como Júlio Baptista ou Lucas Moura.

Uma fotografia de Daniel Alves, supomos que seja do arquivo do jornal e uma fotografia muito pequena com a imagem do responsável pela atitude.

45

As notícias e os artigos interpretados foram disponibilizados pelo arquivo da Biblioteca Municipal de Coimbra. As tabelas de análise são da nossa autoria 47 Nos anexos a este trabalho consta o corpus analisado 46

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O Racismo no Futebol Tratamento da imprensa desportiva portuguesa ao caso Daniel Alves que o responsável pediu desculpa e assumiu o erro.

De 2/5/14 a

Não apareceu no jornal

7/5/14 8/5/14

9/5/14 10/5/14

O caso aparece na última página, uma notícia intitulada: “Banana de Dani Alves vale multa de 12 mil euros” e está localizada a meio da página. Não apareceu no jornal

A notícia aborda a penalização imposta pela Real Federação Espanhola de Futebol ao clube Villareal FC. 12 mil euros foi o castigo.

Fotografia pequena com a imagem de Daniel Alves a comer a banana que lhe foi atirada durante o jogo.

O caso aparece na última página. A notícia é intitulada: “ Alves pede readmissão de adepto” e ocupa um espaço no fundo da página.

Na notícia é referido que Daniel Alves quer que o David Campayo recupere o emprego, depois de ter sido despedido na sequência da atitude de atirar a banana. “A minha única preocupação é que ele perdeu o emprego e eu não queria isso (…) peço que lhe devolvam o seu trabalho”, são as declarações do jogador reproduzidas.

Há uma fotografia de Daniel Alves, contudo parece ser de arquivo, utilizada em nosso entender, para o leitor ter uma imagem do jogador em questão.

Jornal Record - Tabela número 2 Dias

Local onde aparece o

(dia/mês/ano)

caso

28/4/14

Há uma referência ao caso na notícia sobre o jogo, na página 30, que é dedicada aos campeonatos internacionais. 4 Referências ao caso no jornal. A 1ª – na capa, canto superior esquerdo. A 2ª – Na página 31, na crónica semanal do jornalista Nuno Santos intitulada: “ Ângulo Inverso”. A 3ª – Na página 39, penúltima página do jornal, (mais de metade da página é dedicada ao tema) A 4ª- na última página do jornal – no espaço “Medalhas”, do lado esquerdo da página.

29/4/14

Linguagem

Com imagem (s)

Sem Imagem

É uma breve caixa, intitulada: “Racismo”, onde é explicado sucintamente o que aconteceu. Linguagem muito direta e sintética.

A primeira referência, na capa, é uma mensagem para o leitor intitulada: “ NÃO ao Racismo”. A segunda referência acontece na crónica de Nuno Santos, num espaço de opinião pessoal do jornalista, intitulado: “A força de um gesto”. Algumas expressões que salientamos: “Dani Alves ganhou o respeito e a admiração dos adeptos de todos os clubes”; “ (…) despertou consciências para o fenómeno do racismo”; “vídeos de dezenas de figuras conhecidas que circularam nas redes sociais comendo elas próprias uma banana fizeram mais contra o racismo do que muitos discursos políticos”. A terceira referência é uma notícia intitulada: “Bananas antirracismo”. São analisadas as consequências do caso, nomeadamente a onda de solidariedade que se gerou. É também transmitida a posição da UEFA sobre o caso, referindo que os dirigentes “estão muito desiludidos” A quarta referência é uma medalha de ouro simbólica atribuída pelo jornal, que a justifica da seguinte forma: “O gesto do jogador do

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Na capa há uma banana a ilustrar o caso. Na página 31 não há nenhuma imagem sobre o sucedido Na página 39 há diversas imagens da onda de solidariedade que se gerou em torno do acontecimento. Diversas figuras públicas, desde jogadores internacionais a políticos e até jogadores de outras áreas que não o futebol. Na última página há apenas uma fotografia “miniatura” de Daniel Alves na “medalha de ouro”

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O Racismo no Futebol Tratamento da imprensa desportiva portuguesa ao caso Daniel Alves Barcelona lançou uma campanha antirracismo que chegou a todo o Mundo. Um exemplo”.

30/4/14

Não aparece o caso Daniel Alves, mas aparece o caso Nélson Évora, na página 33 do jornal.

1/5/14

3 Referências ao caso Daniel Alves. A 1ª no artigo de opinião do jornalista Pedro Guerreiro, na página 13. A 2ª na página 31, na crónica semanal do jornalista Bruno Prata. A 3ª na penúltima página do jornal, numa notícia intitulada: “ Sob Alçada Disciplinar”.

2/5/14

Há uma referência ao caso no jornal. Está localizada na página 21, na rubrica semanal “Verde na Bola” com um artigo de opinião do analista político, Daniel Oliveira.

3/5/14

Não apareceu no jornal

4/5/14

Aparece uma referência ao caso no cartoon publicado na última página do jornal

De 5/5/14 a

Não há uma referência direta ao caso Daniel Alves, mas sim uma explicação do acontecimento que envolveu Nélson Évora e outros atletas negros, que foram barrados à entrada da discoteca “Urban Beach” em Lisboa, alegadamente por “serem muitos pretos”. A primeira vez que o caso aparece na edição é no artigo de opinião intitulado: “Bananas” de Pedro Guerreiro. A penas o primeiro parágrafo fala do caso. Destacam-se expressões como: “A resposta de Daniel Alves foi preparada para se defender mas quem atirou a banana para o relvado atirou-a para ofender”; “ ‘ Somos todos macacos’ não por apenas por solideriedade. Mas por genética. Primatas sim, primário não”. A segunda vez que aparece no jornal é na página de opinião intitulada: “Ludopédio, do jornalista Bruno Prata, que dedica um ponto ao caso, denominado: “Banana tem efeito boomerang”. Uma expressão que se salienta: “ É assim que se contraria o racismo, a xenofobia e a violência no futebol”. A terceira vez que é feita uma referência tem lugar penúltima página, onde são transmitidas as consequências do caso para o adepto que atirou a banana. São também explicitadas as declarações dos responsáveis do Villareal CF que referem que “ apurámos responsabilidades d colocámos o autor nas mãos da Polícia e da Justiça, além de o termos expulsado de sócio e dos jogos da equipa”. A referência é feita num artigo de opinião, localizado à direita da página 21, da autoria de Daniel Oliveira, intitulado: “Todos Macacos”. Algumas expressões que salientamos são: “Um débil mental, daqueles que pulam pelos estádios de futebol, atirou uma banana para o campo”; “A atitude rápida de Daniel Alves foi o pequeno gesto que faltava para destapar a tampa”; “Haverá sempre racistas no estádio. Apenas se quer que guardem o racismo para si. Cabe-nos a nós, todos macacos, mandá-los calar”.

A fotografia mostra os atletas Nélson Évora e Bruno Costa a segurar uma banana, aqui sim há uma alusão ao caso Daniel Alves. A única imagem que aparece está localizada na penúltima página, onde podemos ver uma fotografia de Daniel Alves num jogo, supomos que seja uma foto de arquivo do jornal.

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Há uma pequena imagem de Daniel Alves no momento do jogo em que come a banana

No cartoon colocado no topo da página a referência humorística à situação é feita através do “Menu” que diz que o prato do dia é: “ À Dani Alves – Filetes de Espada Preto Com Banana”

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Não apareceu no jornal

10/5/14

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O Racismo no Futebol Tratamento da imprensa desportiva portuguesa ao caso Daniel Alves

Conclusão O jornal A Bola e Record tiveram, em relação ao caso de Daniel Alves, uma abordagem distinta. O primeiro fez mais referências ao longo do período analisado, privilegiando artigos do tipo informativo, localizados maioritariamente na última página. Só por uma ocasião foi abordado num artigo de opinião. Salientamos o facto de, no dia 30 de abril, ter sido dedicada uma página inteira a essa matéria. O mesmo órgão de comunicação recorreu a imagens para ajudar o leitor a perceber a onda de apoio que se formou à volta do atleta e, sobretudo, do movimento de luta contra o racismo #somostodosmacacos. Nos dias 29 e 30 de abril, A Bola recorreu a fotografias de figuras públicas para demonstrar a dimensão que a “onda” de apoio ganhou, especialmente nas redes sociais. De igual modo, no Record, a 29 de abril, verificámos a divulgação de elementos visuais sobre o episódio racista que envolveu o atleta do Barcelona. O assunto mereceu mais destaque logo nos primeiros dias após o sucedido. Nos dias 29 de abril e 1 de maio, há múltiplas referências ao acontecimento, inclusive mereceu ênfase com uma chamada de capa no dia 29. Houve também diversas observações em crónicas semanais regulares do diário desportivo, bem como em artigos de opinião. A grande diferença nas duas abordagens esteve na duração temporal que o tema teve. Enquanto o diário A Bola aprofundou as consequências do sucedido até ao último dia examinado, o Record apenas o tratou até ao dia 4 de maio, embora tenha feito um maior número de alusões em relação ao acontecimento. Em suma, o racismo, apesar do que tem sido feito para a sua erradicação na sociedade, continua a persistir nos nossos dias. Pensamento similarmente defendido por Robert Stam, que alude a uma “sociedade sistemicamente racista, em que o racismo é uma doença "normal", a partir da qual praticamente ninguém é completamente isento”. (Stam.s/d:6)”48. Terminamos com as palavras do analista político, Daniel Oliveira, que, no nosso entender, resumem a principal conclusão a que chegámos: “Haverá sempre racistas no estádio. Apenas se quer que guardem o racismo para si. Cabe-nos a nós, todos macacos, mandá-los calar49”.

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Stam, Robert (s/d) Cultural Studies and race. [material facultado pela docente a 22 de setembro de 2014] Palavras de Daniel Oliveira, na rubrica semanal intitulada:“ Verde na Bola”, num artigo de opinião “Todos Macacos”. Jornal Record, dia 2 de Maio de 2014.[disponível em anexo à monografia] 49

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O Racismo no Futebol Tratamento da imprensa desportiva portuguesa ao caso Daniel Alves

Bibliografia Almeida, P. (2012) Futebol, racismo e eurocentrismo. Os media portugueses e o mundial de futebol na África do Sul. VII Congresso Português de Sociologia. Universidade do Porto- Faculdade de Letras e Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação disponível em http://www.aps.pt/vii_congresso/papers/finais/PAP0694_ed.pdf [consultada em 21 de janeiro de 2015] Alto Comissariado Para a Imigração e Diálogo Intercultural. Meios Jurídicos de Combate ao Racismo e à Xenofobia- Guia de informação útil – disponível in http://www.acidi.gov.pt/_cf/155801 [consultado a 19 de janeiro de 2015] Almeida, Sara. (2013). Os bastidores dos crimes de ódio: dimensões sociais e identitárias - Universidade do Minho disponível in http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/29294/1/TESE.pdf [consultado a 18 de janeiro de 2015] Back, L. e Crabble, T. e Salomos, J. (2002) in Racism in Football – Patterns of continuity and change. Editado por Brown, A. (2002) in Fanatics! Power, identity and fandom in Football. Taylor & Francis eLibrary 2002 [material disponibilizado pela docente no dia 18 de Novembro de 2014] Begonha, M.B. artigo de opinião Jornalismo desportivo, para o Diário de Noticias no dia 02 de abril de 2014, em http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=3790824&seccao=Convidados&page=-1 [consultado em 20 de janeiro de 2015] Brookes. R (2002). Representing Sport in Critical Essays and Reviews. London. Editora: Arnold Hodder Headline Group [material fornecido pela docente em 19 de novembro de 2014] Carvalho, A.M. (1985). Violência no Desporto. Lisboa. Editor: Livros Horizonte. Coleção: Horizonte de Cultura Física Centro de Informação das Nações Unidas em Portugal - Declaração Universal dos Direitos do Homem. Disponível in: http://www.fpce.up.pt/sae/pdfs/Decl_Univ_Direitos_Homem.pdf [consultado a 19 de janeiro de 2015] Davies, M. e Sardar, Z. e Nandy, A. (1996) Bárbaros são os Outros- Manifesto sobre o Racismo Ocidental. Edt. Dinossauro. Lisboa. tradução de Ana Barradas Declaração Universal dos Direitos do Homem. Centro de Informação das Nações Unidas em Portugal - Disponível in: http://www.fpce.up.pt/sae/pdfs/Decl_Univ_Direitos_Homem.pdf [consultado a 19 de janeiro de 2015] Diário da República - Decreto de Lei nº 73/2009 de julho de 2009. Disponível em https://dre.pt/application/dir/pdf1sdip/2009/07/14600/0487604886.pdf [consultado a 18 de janeiro de 2015] Sindicato Dos Jogadores Profissionais de Futebol 10ª Edição da Semana Contra o Racismo e a Violência no Desporto. Disponível em http://sjpf.pt//?pt=Mensagens_racismo. [consultada a 20 de janeiro de 2015] FIFA. Disponível em: http://www.fifa.com/aboutfifa/organisation/mission.html[consultado a 20 de janeiro de 2015]

Gentilli, Victor. (2005) Democracia de massas: jornalismo e cidadania: estudo sobre as sociedades contemporâneas e o direito dos cidadãos à informação. Editora: Suliani Editora. Porto Alegre. Coleção Comunicação. Disponível in https://books.google.pt/books?id=kQFhFU18fLgC&printsec=frontcover&hl=ptPT#v=onepage&q&f=false [consultado a 20 de janeiro de 2015]

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O Racismo no Futebol Tratamento da imprensa desportiva portuguesa ao caso Daniel Alves Knoppers, A. e Sterkenburg, J. e (2004) Dominant discourses about race/ethnicity and gender in sport practice and performance. SAGE publications [material fornecido pela docente em 19 de novembro de 2014] Mariovet, S. (2009). Subculturas dos adeptos de futebol e hostilidades violentas - o caso português no contexto europeu. Revista Configurações, colocado online em 5/2/12, disponível através do link: http://configuracoes.revues.org/502 [consultado a 20 de janeiro de 2015] Melo, V.A. e Alvito, M. (2006) Futebol por todo o mundo. Diálogos com o cinema. Editora FGV. Rio de janeiro disponível em: https://books.google.pt/books?id=oTvvGh1j_E4C&pg=PA137&dq=futebol+s%C3%A9culo+XX&hl=ptPT&sa=X&ei=jb_VNrlLoHlUtz2AQ&ved=0CCwQ6AEwAg#v=onepage&q=futebol%20s%C3%A9culo%20XX&f=true [consultado a 20 de janeiro de 2015] Reis, H.H.B. (2006) Futebol e Violência. Editora Autores Associados LTDA, São Paulo disponível em https://books.google.pt/books?id=LmakVHMLMF8C&pg=PA9&dq=futebol+s%C3%A9culo+XX&hl=pt PT&sa=X&ei=jbVNrlLoHlUtz2AQ&ved=0CE4Q6AEwCQ#v=onepage&q=futebol%20s%C3%A9culo %20XX&f=false [consultado a 20 de janeiro de 2015] Revista Futebol Magazine, artigo intitulado: “ Edward Hooligan, o pai do hooliganismo” da autoria de Miguel Pereira, disponível in http://www.futebolmagazine.com/edward-hooligan-o-pai-dohooliganismo[consultado a 20 de janeiro de 2015] Silverman, David. Interpretação de dados qualitativos: métodos para análise de entrevistas, textos e interações. Artmed editora S.A. São Paulo 2009 Sousa, J.P. (s/d) Uma história breve do jornalismo no ocidente. Disponível http://www.bocc.ubi.pt/pag/sousa-jorge-pedro-uma-historia-breve-do-jornalismo-no-ocidente.pdf [consultado em 20 de janeiro de 2015]

em

Stam, Robert (s/d) Cultural Studies and race. [material facultado pela docente a 22 de setembro de 2014] Touraine, A. (1995) O racismo hoje. Org. Wieviorka, M. Racismo e modernidade: actas do colóquio: “Três dias sobre o racismo”. Edt. Bertrand. Venda Nova. Tradução Luís de Barros Tucci Carneiro, M. L. (2005). Preconceito Racial em Portugal e Brasil Colônia – os Cristãos- Novos e o Mito da Pureza de Sangue”. 3ª edição. São Paulo editora: Perspectiva. Coleção: Estudos UEFA: http://pt.uefa.org/social-responsibility/respect/no-to-racism/index.html [consultada em 20 de janeiro de 2015]

Biografia do Jogador Página online de Daniel Alves http://www.danialves.com/index.php?option=com_content&view=article&id=23&Itemid=8&lang=br [consultado a 20 de janeiro de 2015]

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Anexos – Corpus de Análise 1. Jornal A Bola dia 28 de abril de 2014 (segunda-feira) – última página.

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2.Jornal A Bola dia 29 de abril de 2014 (terça-feira) -1ª referência- página 27.

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3. Jornal A Bola dia 29 de abril de 2014 (terça-feira) - 2ª Referência – última página.

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4. Jornal A Bola dia 30 de abril de 2014 (quarta-feira) – 1 ª Referência página completa na zona dedicada ao desporto internacional.

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5. Jornal A Bola dia 30 de abril (quarta-feira) – 2ª Referência- artigo de opinião de Nuno Perestrelo.

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6. Jornal A Bola dia 1 de maio (quinta-feira) – última página.

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7. Jornal A Bola dia 8 de maio de 2014 (quinta-feira) – última página.

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8. Jornal A Bola dia 10 de maio de 2014 (sábado) – última página.

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9. Jornal Record dia 28 de abril (segunda-feira)- referência na crónica sobre o jogo.

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10. Jornal Record dia 29 de abril de 2014 (terça-feira) – 1ª referência localizada na capa.

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11. Jornal Record dia 29 de abril de 2014 (terça-feira) – 2ª referência localizada na crónica semanal de Nuno Santos “Ângulo Inverso”, num artigo de opinião intitulado: “A força de um gesto”.

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12. Jornal Record dia 29 de abril de 2014 (terça-feira) – 3ª referência localizada na penúltima página.

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13. Jornal Record dia 29 de abril (terça-feira) – 4ª referência localizada na última página no espaço “Medalhas”.

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14. Jornal Record dia 30 de abril de 2014 (quarta-feira) – apenas há alusão ao caso que envolveu Nélson Évora, contudo podemos ver os atletas a segurar bananas, uma referência ao movimento de apoio a Daniel Alves e à luta contra o racismo.

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15. Jornal Record dia 1 de maio de 2014 (quinta-feira ) – 1ª referência no início do artigo de opinião, intitulado: “ Bananas” do jornalista Pedro Guerreiro na página 13.

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16. Jornal Record dia 1 de maio de 2014 (quinta-feira) – 2ª referência na crónica semanal “Ludopédio” do jornalista Bruno Prata, num artigo de opinião, intitulado: “ Banana tem efeito boomerang”, localizado na pág.31, no canto inferior direito.

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17. Jornal Record dia 1 de maio de 2014 (quinta-feira) – 3ª referência na última página, numa notícia.

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18. Jornal Record dia 2 de maio de 2014 (sexta-feira) – referência no artigo de opinião, intitulado: “Todos Macacos” do analista político, Daniel Oliveira. Ocupa uma faixa do lado direito da página 21.

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19. Jornal Record dia 4 de maio de 2014 (domingo) – referência na penúltima página do jornal, no cartoon humorístico: “Roda Livre”.

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