Que es la filosofía?

July 15, 2017 | Autor: Ruby Mayorga B. | Categoría: Filosofia
Share Embed


Descripción

¿Qué es l

ANAGRAMA Colección Argument

¿Qué es la filosofía?

Gilíes Deleuze y Félix Guattari

¿Qué es la filosofía? Traducción de T h o m a s Kauf

EDITORIAL ANAGRAMA

Título de la edición original: Q u ' c s t - c e q u e la p h i l o s o p h i c ? © Les É d i t i o n s de Minuit París, 1991

Publicado con la ayuda y la Comunicación

del Ministerio

francés de la

Portada: J u l i o Vivas I l u s t r a c i ó n de Julio Acórete

Primera edición: marzo 1993 Segunda edición: marzo 1994 Tercera edición: octubre 1995 Cuarta edición: octubre 1997

© EDITORIAL ANAGRAMA, S.A., 1993 P e d r o dé la Creu, 58 08034 Barcelona ISBN: 84-339-1364-6 D e p ó s i t o Legal: B. 39911-1997 P r i n t e d in Spain L i b c r d u p l e x , S.L., Conslilució, 19, 08014 Barcelona

Cultura

INTRODUCCIÓN

ASÍ P U E S L A

PREGUNTA..

Tal vez 1 n o se p u e d a plantear la p r e g u n t a ¿Qué es la filosofía?' hasta tarde, c u a n d o llegan la veje* y la hora de h a b l a r c o n c r e t a m e n t e . D e h e c h o , la bibliografía es m u y escasa. Se trata d e u n a pregunta que nos planteamos con moderada inquietud, a med i a n o c h e , c u a n d o ya no queda nada p o r p r e g u n t a r . A n t e s la p l a n t e á b a m o s , n o dejábamos d e plantearla, p e r o d e u n m o d o d e m a s i a d o i n d i r e c t o u oblicuo, d e m a s i a d o artificial, d e m a s i a d o abstracto, y, m á s q u e absorbidos p o r ella, la e x p o n í a m o s , la d o m i n á b a m o s sobrevolándola. N o estábamos s u f i c i e n t e m e n t e sobrios. T e n í a m o s demasiadas ganas d é p o n e r n o s a filosofar y, salvo c o m o ejercicio d e estilo, n o nos p l a n t e á b a m o s q u é era la filosofía; n o h a b í a m o s alcanzado ese g r a d o d e n o estilo e n el q u e p o r fin se p u e d e decir: ¿pero q u é era eso, lo q u e h e e s t a d o h a c i e n d o d u r a n t e toda mi vida? A veces ocurre q u e Ja vejez otorga, n o u n a j u v e n t u d e t e r n a , . s i n o u n a libertad soberana-, u n a necesidad p u r a e n la q u e se goza d e u n m o m e n t o d e gracia e n t r e la vida y la m u e r t e , y en el q u e todas las piezas d e la m á q u i n a encajan para enviar un mensaje hacia el f u t u r o q u e atraviesa las épocas: Tiziano, T u r n e r , M o n e t . ' T u r n e r e n la vejez adquirió o c o n q u i s t ó el d e r e c h o d e llevar la p i n t u r a p o r u n o s d e r r o t e r o s desiertos y sin r e t o r n o q u e ya n o se d i f e r e n c i a n d e u n a última p r e g u n t a . Tal vez La Vie de Raneé s e ñ a l e a la v e z la senectud d e C h a t e a u b r i a n d y el inicio d e la literatura m o d e r -

1. Cf. L'Oiuvre ultime, cio de J e a n - L o u i s P r a t .

de Cczanne a Dubuffct, Fundación Macght, prefa-

7

na. 1 T a m b i é n el cine nos c o n c e d e a veces estos d o n e s d e la tercera e d a d , e n los q u e I v e n s por e j e m p l o mezcla su risa con la d e la bruja e n el v i e n t o desatado. D e l m i s m o m o d o e n filosofía, la Crítica del juicio d e K a n t es una o b r a d e s e n e c t u d , una o b r a des e n f r e n a d a d e t r á s d e la cual sus d e s c e n d i e n t e s n o dejarán d e correr: todas las facultades d e la m e n t e s u p e r a n sus límites, esos m i s m o s l í m i t e s q u e el p r o p i o K a n t h a b í a fijado con tanta m e t i c u losidad e n sus o b r a s d e m a d u r e z . N o p o d e m o s aspirar a s e m e j a n t e estatuto. S e n c i l l a m e n t e , nos h a l l e g a d o la h o r a d e p l a n t e a r n o s q u é es la filosofía, cosa q u e jam á s h a b í a m o s d e j a d o d e h a c e r a n t e r i o r m e n t e , y cuya respuesta, q u e n o h a v a r i a d o , ya t e n í a m o s : la filosofía es el a r t e d e f o r m a r , d e i n v e n t a r , d e fabricar c o n c e p t o s . P e r o n o bastaba con q u e la r e s p u e s t a c o n t u v i e r a el p l a n t e a m i e n t o , sino q u e t a m b i é n tenía que determinar un m o m e n t o , una ocasión, unas circunstancias, u n o s paisajes y u n a s p e r s o n a l i d a d e s , u n a s c o n d i c i o n e s y u n a s i n c ó g n i t a s d e l p l a n t e a m i e n t o . Se t r a t a b a d e p o d e r p l a n t e a r la c u e s t i ó n « e n t r e amigos», c o m o u n a c o n f i d e n c i a o e n c o n f i a n z a , o b i e n f r e n t e al e n e m i g o c o m o u n d e s a f í o , y al m i s m o t i e m p o llegar a esc m o m e n t o , c u a n d o t o d o s los gatos s o n p a r d o s , e n el q u e se d e s c o n f í a hasta del amigo. E s c u a n d o d e c i m o s : « E r a eso, p e r o n o sé si lo h e d i c h o b i e n , ni si h e sido b a s t a n t e c o n v i n cente.» Y c o n s t a t a m o s q u e p o c o i m p o r t a si lo h e m o s d i c h o b i e n o h e m o s sido c o n v i n c e n t e s , p u e s t o q u e d e t o d o s m o d o s d e eso se trata a h o r a . L o s c o n c e p t o s , ya lo v e r e m o s , n e c e s i t a n p e r s o n a j e s c o n c e p tuales q u e c o n t r i b u y a n a definirlos. Amigo es u n personaje d e esta í n d o l e , del q u e se dice i n c l u s o q u e a b o g a p o r u n o s o r í g e n e s griegos d e la filo-sofía: las d e m á s civilizaciones t e n í a n Sabios, p e r o los griegos p r e s e n t a n a esos «amigos», q u e n o s o n m e r a m e n t e sabios m á s m o d e s t o s . Son los griegos, al parecer, q u i e n e s ratificar o n la m u e r t e del Sabio y lo s u s t i t u y e r o n p o r los filósofos, los a m i g o s d e la Sabiduría, los q u e b u s c a n la s a b i d u r í a , p e r o n o la

1. Barbcris, Chateaubriand, ÉH. Laroussc: «Raneé, libro sobre la vejez c o m o valor imposible, es un libro escrito e n contra de la vejez en el poder: se trata de un libro de ruinas universales en el q u e se afirma vínicamente el poder de la escritura.»

8

poseen formalmente. 1 Pero n o se trataría sencillamente d e u n a diferencia de nivel, c o m o en u n a gradación, entre el filósofo y el sabio: el antiguo sabio procedente ele O r i e n t e piensa tal vez p o r Figura, mientras q u e el filósofo inventa y piensa el Concepto. La sabiduría ha cambiado mucho. P o r ello resulta t a n t o más difícil averiguar q u e significa «amigo», en especial y sobre t o d o e n t r e los propios griegos. ¿Significaría acaso amigo una cierta intimidad competente, una especie d e inclinación material y u n a potencialidad, c o m o la del carpintero hacia la madera: es acaso el buen carpintero p o t e n c i a l m e n t e madera, amigo d e la madera? Se trata de un p r o b l e m a importante, puesto q u e el amigo tal c o m o aparece en la filosofía ya no designa a un personaje extrínseco, un ejemplo o una circunstancia empírica, sino una presencia intrínseca al p e n s a m i e n t o , una condición d e posibilidad del pensamiento mismo, una categoría viva, una vivencia trascendente. Con la filosofía, los griegos someten a un c a m b i o radical al amigo, que ya n o está vinculado con otro, sino relacionado con una E n t i d a d , u n a Objetividad, una Esencia. A m i g o d e Platón, pero más aún amigo de la sabiduría, d e lo v e r d a d e r o o del c o n cepto, Filaleto y Teófilo... El filósofo es u n especialista e n c o n ceptos, y, a falta d e conceptos, sabe cuáles son inviablcs, arbitrarios o inconsistentes, cuáles n o resisten ni un m o m e n t o , y cuáles por el contrario están bien concebidos y p o n e n d e m a n i f i e s t o una creación incluso perturbadora o peligrosa. ¿Qué quiere decir amigo, c u a n d o se convierte en personaje conceptual, o e n condición para el ejercicio del p e n s a m i e n t o ? ¿ O bien a m a n t e , n o será acaso más bien amante? ¿Y acaso el a m i g o no va a introducir d e n u e v o hasta en el p e n s a m i e n t o u n a relación vital con el O t r o al q u e se pensaba haber excluido del p e n samiento puro? ¿ O n o se trata acaso, también, d e alguien diferente del amigo o del amante? ¿Pues si el filósofo es el a m i g o o el a m a n t e d e la sabiduría, n o es acaso p o r q u e la p r e t e n d e , e m p e ñándose potencial m e n t e en ello más q u e poseyéndola d e h e c h o ? ¿Así pues el a m i g o será también el p r e t e n d i e n t e , y aquel d e quien dice ser a m i g o será el Objeto sobre el cual se ejercerá la 1. Kojéve, «Tyrannie ct sagesse», pág. 235 (en J x o Strauss, De ¡o Gallimartl).

tyrannie,

9

p r e t e n s i ó n , p e r o n o el t e r c e r o , q u e se c o n v e r t i r á , p o r el c o n t r a r i o , e n u n rival? L a a m i s t a d c o m p o r t a r á tanta d e s c o n f i a n z a e m u l a d o r a hacia el rival c o m o t e n s i ó n a m o r o s a hacia el objeto del d e s e o . C u a n d o la a m i s t a d se v u e l v a hacia la e s e n c i a , a m b o s amig o s s e r á n c o m o el p r e t e n d i e n t e y el rival (¿pero q u i é n los difer e n c i a r á ? ) . E n e s t e p r i m e r a s p e c t o la filosofía p a r e c e algo griego y c o i n c i d e c o n la a p o r t a c i ó n d e las ciudades: h a b e r f o r m a d o soc i e d a d e s d e a m i g o s o d e iguales, p e r o t a m b i é n h a b e r i n s t a u r a d o e n t r e ellas y e n c a d a u n a d e ellas u n a s r e l a c i o n e s d e rivalidad, o p o n i e n d o a u n o s p r e t e n d i e n t e s e n t o d o s los á m b i t o s , e n el a m o r , los juegos, los t r i b u n a l e s , las m a g i s t r a t u r a s , la política, y h a s t a e n el p e n s a m i e n t o , q u e n o sólo e n c o n t r a r á su c o n d i c i ó n én e l a m i g o , s i n o e n el p r e t e n d i e n t e y e n el rival (la dialéctica q u e P l a t ó n d e f i n e c o m o amfisbetesis). La r i v a l i d a d d e los h o m b r e s lib r e s , u n a t l e t i s m o g e n e r a l i z a d o : el agón.. 1 C o r r e s p o n d e a la amist a d c o n c i l i a r la i n t e g r i d a d d e la esencia y la r i v a l i d a d d e los pret e n d i e n t e s . ¿ N o se trata a c a s o d e u n a tarea excesiva? E l a m i g o , el a m a n t e , el p r e t e n d i e n t e , el rival s o n d e t e r m i n a c i o n e s t r a s c e n d e n t a l e s q u e n o p o r ello p i e r d e n su e x i s t e n c i a intensa y a n i m a d a en un m i s m o personaje o en varios. Y cuando h o y e n d í a M a u r i c e B l a n c h o t , q u e f o r m a p a r t e d e los escasos p e n s a d o r e s q u e c o n s i d e r a n el s e n t i d o d e Ja palabra « a m i g o » e n fil o s o f í a , r e t o m a e s t a c u e s t i ó n i n t e r n a d e las c o n d i c i o n e s d e l p e n s a m i e n t o c o m o tal, ¿ n o i n t r o d u c e acaso n u e v o s p e r s o n a j e s c o n c e p t u a l e s e n e l s e n o d e l P e n s a m i e n t o m á s p u r o , u n o s personajes p o c o griegps esta vez, p r o c e d e n t e s d e o t r o lugar, c o m o si h u b i e r a n p a s a d o p o r u n a c a t á s t r o f e q u e les a r r a s t r a h a c i a n u e v a s relac i o n e s v i v a s e l e v a d a s al e s t a d o d e caracteres a p r i o r i : u n a desviación, u n cierto cansancio, u n cierto desamparo e n t r e amigos que c o n v i e r t e a la p r o p i a a m i s t a d e n el p e n s a m i e n t o d e l c o n c e p t o c o m o d e s c o n f i a n z a y p a c i e n c i a infinitas? 2 L a lista d e los p e r s o n a jes c o n c e p t u a l e s rio se c i e r r a jamás, y c o n ello d e s e m p e ñ a u n pa-

1. I'or ejemplo, Jenofonte, La república de los lacedemonios, IV, 5. Detienne y Vernant han estudiado muy particularmente estos aspectos de la ciudad. 2. Respecto a la relación de la amistad con la posibilidad de pensar en el m u n d o moderno, cf. Blanchot, L'amilié, v L'entretien Infini (el diálogo de los dos cansados), Gallimard. Y Mascolo, Autour d'un ejfort de mémoire, Éd. Nadcau.

10

pcJ i m p o r t a n t e e n la e v o l u c i ó n o e n las m u t a c i o n e s d e la filosofía; hay q u e c o m p r e n d e r su d i v e r s i d a d s i n reducirla a la u n i d a d ya compleja d e l f i l ó s o f o griego. E l filósofo es el a m i g o del c o n c e p t o , está en p o d e r del c o n c e p t o . L o q u e e q u i v a l e a d e c i r q u e la filosofía n o es u n m e r o arte d e f o r m a r , i n v e n t a r o fabricar c o n c e p t o s , pues los c o n c e p t o s n o s o n n e c e s a r i a m e n t e f o r m a s , i n v e n t o s o p r o d u c t o s . L a filosofía, c o n m a y o r rigor, es la disciplina q u e consiste e n crear c o n c e p t o s . ¿ A c a s o será el a m i g o , a m i g o d e sus p r o p i a s creaciones? ¿ O bien es el a c t o del c o n c e p t o lo q u e r e m i t e al p o d e r d e l a m i g o ¿ e n la u n i d a d del c r e a d o r y d e su doble? C r e a r c o n c e p t o s s i e m p r e n u e vos, tal es el o b j e t o d e la filosofía. E l c o n c e p t o r e m i t e al filósofo c o m o aquel q u e l o t i e n e e n p o t e n c i a , o q u e t i e n e su . p o d e r o su c o m p e t e n c i a , p o r q u e t i e n e q u e ser c r e a d o . N o cabe objetar q u e la c r e a c i ó n suele adscribirse m á s b i e n al á m b i t o d e lo sensible y d e las artes, d e b i d o a lo m u c h o q u e el a r t e c o n t r i b u y e a q u e existan e n t i d a d e s espirituales, y a l o m u c h o q u e los c o n c e p t o s filosóficos son t a m b i é n senñbilia. A d e c i r v e r d a d , las ciencias, las artes, las filosofías s o n i g u a l m e n t e creadoras, a u n q u e c o r r e s p o n d a ú n i c a m e n t e a la filosofía la c r e a c i ó n d e c o n c e p t o s e n s e n t i d o es? tricto. Los c o n c e p t o s n o n o s e s t á n e s p e r a n d o h e c h o s y acabados, c o m o c u e r p o s celestes. N o hay firmamento para los c o n c e p t o s . H a y q u e i n v e n t a r l o s , fabricarlos o m á s bien crearlos, y n a d a serían sin la firma d e q u i e n e s los crean. N i e t z s c h e d e t e r m i n ó la ta^ rea d e la filosofía c u a n d o escribió: «Los filósofos ya n o d e b e n d a r s e - p o r satisfechos c o n aceptar los c o n c e p t o s q u e se les dan p a r a limitarse a l i m p i a r l o s y a darles lustre, sino q u e t i e n e n q u e e m p e z a r p o r fabricarlos, crearlos, p l a n t e a r l o s y c o n v e n c e r a los h o m b r e s d e q u e r e c u r r a n a ellos. H a s t a a h o r a , e n r e s u m i d a s c u e n t a s , cada cual c o n f i a b a en sus c o n c e p t o s c o m o en u n a d o t e •milagrosa p r o c e d e n t e d e algún m u n d o igual d e milagroso», p e r o h a y q u e sustituir la c o n f i a n z a p o r la d e s c o n f i a n z a , y d e lo q u e m á s tiene q u e d e s c o n f i a r el filósofo es d e los c o n c e p t o s m i e n t r a s n o los haya c r e a d o él m i s m o ( P l a t ó n lo sabía p e r f e c t a m e n t e , a u n q u e e n s e ñ a r a lo contrario...).' P l a t ó n decía q u e había q u e c o n -

1. Nictzschc, P o s t u m o s 1884-1885, CEuvres philosophiques, págs. 215-216 (sobre «et arte d e la desconfianza»).

XI, Gallimard,

11

templar las Ideas, pero t u v o antes q u e crear el c o n c e p t o d e Idea. ¿ Q u é valor tendría un filósofo del q u e se pudiera decir: no ha c r e a d o conceptos, no ha creado sus conceptos? V e m o s p o r lo menos lo q u e la filosofía no es: n o es c o n t e m plación, ni reflexión, ni comunicación, incluso a pesar d e que haya p o d i d o creer tanto u n a cosa c o m o otra, en razón d e la capacidad q u e t i e n e cualquier disciplina d e engendrar sus propias ilusiones y d e ocultarse detrás d e u n a bruma q u e d e s p r e n d e con este fin. N o es contemplación, pues las contemplaciones son las propias cosas en tanto q u e consideradas en la creación d e sus propios conceptos. N o es reflexión p o r q u e nadie necesita filosofía alguna para reflexionar sobre cualquier cosa: g e n e r a l m e n t e se cree q u e se h a c e u n gran regalo a la filosofía considerándola el arte d e la reflexión, p e r o se la despoja d e todo, pues los m a t e m á ticos c o m o tales nunca han esperado a los filósofos para reflexionar sobre las matemáticas, n i los artistas sobre la pintura o la música; dccir q u e se vuelven entonces filósofos constituye una b r o m a d e mal gusto, debido a lo m u c h o q u e su reflexión pertenece al á m b i t o d e su creación respectiva. Y la filosofía n o encuentra a m p a r o último de ningún tipo en la c o m u n i c a c i ó n , q u e en potencia sólo versa sobre opiniones, para crear «consenso» y n o concepto. La idea d e una conversación democrática occidental e n t r e amigos jamás ha producido concepto alguno; tal vez proceda de los griegos, pero éstos desconfiaban t a n t o d e ella, y la sometían a u n trato tan d u r o y severo, q u e el c o n c e p t o se convertía más bien en el pájaro soliloquio irónico q u e sobrevolaba el c a m p o d e batalla de las opiniones rivales aniquiladas (los convidados ebrios del banquete). La filosofía n o c o n t e m p l a , n o reflexiona, n o c o m u n i c a , a u n q u e tenga q u e crear conceptos para estas acciones o pasiones. La contemplación, la reflexión, la c o m u n i cación n o son disciplinas, sino máquinas para constituir U n i v e r sales e n todas las disciplinas. Los Universales d e c o n t e m p l a c i ó n , y después d e reflexión, son c o m o las dos ilusiones q u e la filosofía ya ha recorrido en su s u e ñ o d e dominación d e las d e m á s disciplinas (idealismo objetivo e idealismo subjetivo), del m i s m o m o d o c o m o la filosofía t a m p o c o sale mejor parada p r e s e n t á n d o s e c o m o una n u e v a Atenas y volcándose sobre los Universales d e la c o m u n i c a c i ó n q u e proporcionarían las reglas d e u n a d o m i n a c i ó n

12

imaginaria de los mercados y d e los media (idealismo intersubjetivo). Toda creación es singular, y el c o n c e p t o c o m o creación p r o p i a m e n t e filosófica siempre constituye u n a singularidad. E l p r i m e r principio de la filosofía consiste en q u e los Universales n o explican nada, tienen q u e ser explicados a su vez. Conocerse a sí mismo - a p r e n d e r a pensar — hacer c o m o si n a d a se diese por descontado - asombrarse, «asombrarse de q u e el e n t e sea»..., estas determinaciones d e la filosofía y m u c h a s m á s c o m p o n e n actitudes interesantes, a u n q u e resulten fatigosas a la larga, pero n o constituyen una ocupación bien d e f i n i d a , una actividad precisa, ni siquiera desde u n a perspectiva pedagógica. C a b e considerar decisiva, por el contrario, esta definición de la filosofía: conocimiento m e d i a n t e conceptos puros. P e r o o p o n e r el conocimiento mediante conceptos, y m e d i a n t e construcción d e conceptos en la experiencia posible o e n la intuición, está f u e r a de lugar. Pues, de a c u e r d o con el v e r e d i c t o nietzscheano, n o se puede conocer nada m e d i a n t e c o n c e p t o s a m e n o s q u e se los haya creado anteriormente, es decir c o n s t r u i d o e n u n a intuición q u e les es propia: un ámbito, un plano, u n suelo, q u e n o se c o n f u n d e con ellos, pero q u e alberga sus g é r m e n e s y los personajes q u e los cultivan. El constructivismo exige q u e cualquier creación sea una construcción sobre u n plano q u e le d é u n a existencia autónoma. Crear conceptos, al menos, es hacer algo. 1-a cuestión del empleo o de la utilidad de la filosofía, e incluso la de su nocividad (¿para quién es nociva?), resulta modificada. Multitud de problemas se agolpan ante la mirada alucinada d e u n anciano que verá c ó m o se e n f r e n t a n conceptos filosóficos y personajes conceptuales d e t o d o tipo. Y para empezar, los c o n ceptos tienen y seguirán t e n i e n d o su propia firma, sustancia d e Aristóteles, cogito de Descartes, mónada de Leibniz, condición d e Kant, potencia de Schelling, t i e m p o de Bergson... Pero, además, algunos reclaman con insistencia una palabra extraordinaria, a veces bárbara o chocante, q u e tiene q u e designarlos, m i e n tras a otros les basta con una palabra corriente a b s o l u t a m e n t e c o m ú n que se infla con unas resonancias tan remotas q u e c o r r e n el riesgo de pasar desapercibidas para los oídos n o filosóficos. Alg u n o s requieren arcaísmos, otros neologismos, tributarios d e ejercicios etimológicos casi disparatados: la etimología c o m o gimna-

13

sia p r o p i a m e n t e filosófica. T i e n e q u e p r o d u c i r s e e n c a d a caso u n a s i n g u l a r n e c e s i d a d d e estas palabras y d e su elección, c o m o e l e m e n t o d e estilo. E l b a u t i s m o d e l c o n c e p t o r e c l a m a u n gusto p r o p i a m e n t e filosófico q u e - p r o c e d e v i o l e n t a o t a i m a d a m e n t e , y q u e constituye, e n la l e n g u a , u n a l e n g u a d e la filosofía, n o s ó l o u n v o c a b u l a r i o , s i n o u n a sintaxis q u e p u e d e alcanzar cotas s u b l i m e s o d e g r a n belleza. A h o r a bien,- a u n q u e estén fechad o s , firmados y b a u t i z a d o s , los c o n c e p t o s t i e n e n su p r o p i o m o d o d e n o m o r i r , a p e s a r d e e n c o n t r a r s e s o m e t i d o s a las exigencias de r e n o v a c i ó n , d e s u s t i t u c i ó n , d e m u t a c i ó n q u e c o n f i e r e n a la filosofía u n a historia y t a m b i é n u n a geografía agitadas, d e las cuales c a d a m o m e n t o y c a d a lugar se c o n s e r v a n , a u n q u e e n el t i e m p o , y p a s a n , p e r o f u e r a d e l t i e m p o . P u e s t o q u e los c o n c e p t o s c a m b i a n c o n t i n u a m e n t e , c a b e p r e g u n t a r s e q u é u n i d a d p e r m a n e c e p a r a las filosofías. ¿Sucede l o m i s m o c o n las ciencias, c o n las artes q u e no p r o c e d e n p o r c o n c e p t o s ? ¿ Y q u é o c u r r e c o n sus historias respectivas? Si la filosofía c o n s i s t e e n esta c r e a c i ó n c o n t i n u a d a d e conceptos, cabe e v i d e n t e m e n t e p r e g u n t a r q u é es u n c o n c e p t o en t a n t o q u e Idea filosófica, p e r o t a m b i é n e n q u é consisten las dem á s I d e a s c r e a d o r a s q u e n o son c o n c e p t o s , q u e p e r t e n e c e n a las ciencias y a las artes, q u e t i e n e n su p r o p i a historia-y su p r o p i o d e v e n i r , y sus p r o p i a s r e l a c i o n e s variables e n t r e ellas y c o n la filosofía. L a e x c l u s i v i d a d d e la c r e a c i ó n d e los c o n c e p t o s garantiza u n a f u n c i ó n para la filosofía, p e r o n o le c o n c e d e n i n g u n a preem i n e n c i a , n i n g ú n p r i v i l e g i o , p u e s existen m u c h a s m á s f o r m a s d e p e n s a r y d e crear, o t r o s m o d o s d e i d e a c i ó n q u e n o t i e n e n por q u é p a s a r p o r los c o n c e p t o s , c o m o p o r e j e m p l o el p e n s a m i e n t o c i e n t í f i c o . Y s i e m p r e v o l v e r e m o s sobre la cuestión d e saber para q u é s i r v e esta a c t i v i d a d d e c r e a r c o n c e p t o s , tal c o m o se d i f e r e n cia d e la actividad c i e n t í f i c a o artística: ¿ p o r q u é hay s i e m p r e q u e crear conceptos, y siempre conceptos nuevos, en función de qué n e c e s i d a d y para q u é ? ¿ C o n q u é fin? L a respuesta s e g ú n la cual la g r a n d e z a d e la filosofía estribaría p r e c i s a m e n t e en q u e n o sirve p a r a n a d a , c o n s t i t u y e u n a c o q u e t e r í a q u e ya n o d i v i e r t e n i a los jóvenes. E n c u a l q u i e r caso, n u n c a h e m o s t e n i d o p r o b l e m a s resp e c t o a la m u e r t e d e Ja m e t a f í s i c a o a la s u p e r a c i ó n d e la filosofía: n o se trata m á s q u e d e f u t i l i d a d e s i n ú t i l e s y fastidiosas. Se habla d e l fracaso d e los sistemas e n la a c t u a l i d a d , c u a n d o s ó l o es el

14

concepto d e sistema lo q u e h a c a m b i a d o . Si hay t i e m p o y lugar para crear c o n c e p t o s , la o p e r a c i ó n c o r r e s p o n d i e n t e s i e m p r e se llamará filosofía, o n o se diferenciaría d e ella si se le diera o t r o nombre. Sabemos sin e m b a r g o q u e el a m i g o o el a m a n t e c o m o p r e t e n diente i m p l i c a n rivales. Sí la filosofía t i e n e u n o s o r í g e n e s griegos, en la m e d i d a e n q u e se está d i s p u e s t o a decirlo así, es p o r q u e la c i u d a d , a d i f e r e n c i a d e los i m p e r i o s o d e los E s t a d o s , inventa el agón c o m o n o r m a d e u n a sociedad d e «amigos», la comunidad d e los h o m b r e s libres e n t a n t o q u e rivales ( c i u d a d a n o s ) . Tal es Ja s i t u a c i ó n c o n s t a n t e q u e describe Platón: sí c a d a c i u d a d a n o p r e t e n d e algo, se t o p a r á o b l i g a t o r i a m e n t e c o n o t r o s rivales, d e modo q u e hay q u e p o d e r v a l o r a r la legitimidad d e sus p r e t e n siones. El ebanista p r e t e n d e h a c e r s e c o n la madera,- p e r o se e n frenta al g u a r d a b o s q u e , al l e ñ a d o r , al c a r p i n t e r o , q u e d i c e n : el amigo d e la m a d e r a soy yo. C u a n d o d e l o q u e se trata es d e hacerse cargo del b i e n e s t a r d e los h o m b r e s , m u c h o s s o n los q u e se presentan c o m o el a m i g o del h o m b r e , el c a m p e s i n o q u e l e alimenta, el tejedor q u e le viste, el m é d i c o q u e le cura, el g u e r r e r o q u e le protege. 1 Y si e n t o d o s los casos resulta q u e p e s e a t o d o la selección se lieva a c a b o e n u n círculo algo restringido, n o o c u rre lo m i s m o e n política, d o n d e cualquiera p u e d e p r e t e n d e r cualquier cosa e n la d e m o c r a c i a a t e n i e n s e tal c o m o la c o n c i b e P l a tón. D e a h í surge p a r a P l a t ó n la necesidad d e r e i n s t a u r a r el orden, c r e a n d o u n a s instancias gracias a las cuales p o d e r v a l o r a r la legitimidad d e t o d a s las pretcnsiones: son. las Ideas c o m o c o n ceptos filosóficos. P e r o ¿ n o se e n c o n t r a r á n acaso, i n c l u s o ahí, los p r e t e n d i e n t e s d e t o d o t i p o q u e d i r á n : el filósofo v e r d a d e r o soy yo, soy yo el a m i g o d e la Sabiduría o d e la L e g i t i m i d a d ? La rivalidad c u l m i n a c o n la del filósofo y el sofista q u e se a r r a n c a n los despojos d e l a n t i g u o sabio, ¿pero c ó m o distinguir al a m i g o falso d e l v e r d a d e r o , y el c o n c e p t o del simulacro? £ 1 s i m u l a d o r y el amigo: t o d o u n t e a t r o p l a t ó n i c o q u e h a c e proliferar los p e r sonajes c o n c e p t u a l e s d o t á n d o l o s d e los p o d e r e s d e lo c ó m i c o y lo trágico. Más cerca d e n o s o t r o s , la filosofía se h a c r u z a d o c o n m u c h o s 1. Platón, Política,

268a, 279a.

15

n u e v o s rivales. Primero f u e r o n las ciencias del h o m b r e , particul a r m e n t e la sociología, las q u e pretendieron reemplazarla. Pero c o m o la filosofía había ido descuidando cada ve?, más su vocación d e crear conceptos para refugiarse en los Universales, ya n o se sabía muy bien cuál era el problema. ¿Tratábase acaso d e r e n u n c i a r a cualquier creación de conceptos para dedicarse a unas ciencias del hombre estrictas, o bien, por el contrario, d e t r a n s f o r m a r la naturaleza de los conceptos convirtiéndolos ora en representaciones colectivas, ora en concepciones del m u n d o creadas por ios pueblos, por sus fuerzas vitales, históricas o espirituales? Después les llegó el turno a la epistemología, a la lingüística, c incluso al psicoanálisis... y al análisis lógico. Así, d e prueba en prueba, la filosofía iba a tener que e n f r e n t a r s e con u n o s rivales cada vez más insolentes, cada vez más desastrosos, q u e ni el mismo Platón habría podido imaginar en sus m o m e n tos d e mayor comicidad. Por último se llegó al c o l m o de la vergüenza c u a n d o la informática, la mercadotecnia, el diseño, la publicidad, todas las disciplinas de la comunicación se apoderaron de la propia palabra concepto, y dijeron: ¡es asunto nuestro, s o m o s nosotros los creativos, nosotros somos los conceptoresl Som o s nosotros los amigos del concepto, lo m e t e m o s d e n t r o d e n u e s t r o s ordenadores. I n f o r m a c i ó n y creatividad, c o n c e p t o y e m presa: existe ya una bibliografía abundante... La mercadotecnia ha c o n s e r v a d o la idea d e u n a cierta relación e n t r e el concepto y el acontecimiento; pero ahora resulta que el c o n c e p t o se ha convert i d o en el conjunto de las presentaciones d e un p r o d u c t o (histórico, científico, sexual, pragmático...) y el a c o n t e c i m i e n t o en la exposición q u e escenifica Jas presentaciones diversas y'él «interc a m b i o d e ideas» al q u e supuestamente da lugar. Los acontecim i e n t o s por sí solos son exposiciones, y los conceptos por sí solos, productos que se p u e d e n vender. E l m o v i m i e n t o general q u e ha sustituido a la Crítica p o r la p r o m o c i ó n comercial n o ha dejado d e afectar a la filosofía. El simulacro, Ja simulación d e u n p a q u e t e d e tallarines, se ha convertido en el c o n c e p t o v e r d a d e r o , y el p r e sentador-expositor del p r o d u c t o , mercancía u obra d e arte, se h a c o n v e r t i d o en el filósofo, en el personaje conceptual o en el artista. ¿Cómo la filosofía, u n a persona d e edad venerable, iba a alin e a r s e con unos jóvenes ejecutivos para c o m p e t i r en u n a carrera

16

de universales d e la comunicación con el fin de determinar una forma c o m e r c i a l del concepto, M U R Z ? Ciertamente, resulta doloroso e n t e r a r s e d e q u e «Concepto» designa una sociedad de servicios y d e ingeniería informática. Pero cuanto más se enfrenta la filosofía a u n o s rivales insolentes y bobos, c u a n t o más se encuentra con ellos e n su p r o p i o seno, más animosa se siente para cumplir la tarea, crear c o n c e p t o s , q u e son aerolitos más q u e mercancías. Es presa d e a t a q u e s d e risa incontrolables q u e enjugan sus lágrimas. Así pues, el a s u n t o d e la filosofía es el p u n t o singular en el que el c o n c e p t o y la creación se relacionan el u n o con la otra. Los filósofos n o se han ocupado lo suficiente d e la naturaleza del c o n c e p t o c o m o realidad filosófica. Han preferido considerarlo c o m o u n c o n o c i m i e n t o o una representación dados, q u e se explicaban p o r u n a s facultades capaces d e f o r m a r l o (abstracción, o generalización) o d e utilizarlo (juicio). P e r o el concepto n o viene d a d o , es creado, hay que crearlo; no está formado, se plantea a sí m i s m o e n sí mismo, autoposición. Ambas cosas están implicadas, p u e s t o q u e lo q u e es verdaderamente creado, de la materia viva a la obra d e arte, goza por este h e c h o mismo d e u n a autoposición d e sí mismo, o d e un carácter autopoictico a través del cual se lo reconoce. C u a n t o más creado es el concepto, más se plantea a sí mismo. Lo q u e depende de una actividad creadora libre t a m b i é n es lo q u e se plantea en sí mismo, independiente y necesariamente: lo más subjetivo será lo más objetivo. E n este sentido f u e r o n los poskantianos los que más se fijaron en el concepto c o m o realidad filosófica, especialmente Schelling y Hegel. Hegel d e f i n i ó con firmeza el concepto por las Figuras de su creación y los M o m e n t o s de su autoposición: las figuras se han convertido en p e r t e n e n c i a s del concepto porque constituyen la faceta bajo la cual el c o n c e p t o es creado por y en la conciencia, a través d e la sucesión de las mentes, mientras q u e los m o m e n t o s representan la otra faceta según la cual el c o n c e p t o se plantea a sí m i s m o y r e ú n e las mentes en lo absoluto del Sí mismo. Hegel demostraba de este m o d o q u e el concepto nada tiene q u e ver con una idea general o abstracta, como t a m p o c o con una Sabiduría no creada q u e no dependiese de la filosofía misma. Pero era a costa de u n a extensión indeterminada de la filosofía que apenas dejaba subsistir el m o v i m i e n t o independiente de las ciencias y d e

17

las artes, p o r q u e reconstituía universales c o n sus propios m o mentos, y ya s ó l o tachaba d e comparsas fantasmas a los personajes d e su p r o p i a creación. Los poskantianos giraban en t o r n o a u n a enciclopedia universal del concepto, q u e remitía la creación d e éste a u n a pura subjetividad, en vez d e otorgarse una tarea más modesta, una pedagogía del concepto, q u e tuviera q u e analizar las c o n d i c i o n e s d e creación c o m o factores d e m o m e n t o s q u e p e r m a n e c e n singulares.' Si los tres períodos del c o n c e p t o son la enciclopedia, la pedagogía y la formación profesional comercial, sólo el s e g u n d o p u e d e evitarnos caer d e las c u m b r e s del p r i m e ro en el desastre absoluto del tercero, desastre absoluto para el p e n s a m i e n t o , i n d e p e n d i e n t e m e n t e por supuesto d e sus posibles •beneficios sociales d e s d e el p u n t o de vista del capitalismo universal.

I. Bajo una forma deliberadamente escolar, Frédéric Cossutta propuso una pedagogía del concepto muy interesante: Élémentt pour la lecture des textes philosophiques, Éd. Bordas.

18

I. Filosofía

1. ¿ Q U É ES U N C O N C E P T O ?

N o hay c o n c e p t o simple. T o d o c o n c e p t o tiene componentes, y se d e f i n e p o r ellos. T i e n e p o r lo t a n t o u n a cifra. Se trata d e u n a multiplicidad, a u n q u e n o todas las multiplicidades sean c o n c e p tuales. N o existen conceptos de. un c o m p o n e n t e único: incluso el p r i m e r concepto, aquel con el q u e u n a filosofía «se inicia», t i e n e varios c o m p o n e n t e s , ya q u e n o resulta evidente que la filosofía haya de tener un inicio, y que, en el c a s o de q u e lo d e t e r m i n e , haya d e añadirle un p u n t o d e vista o u n a razón. Descartes, H e gel y Feuerbach no sólo n o empiezan por el mismo c o n c e p t o , sino q u e ni tan sólo tienen el m i s m o c o n c e p t o de inicio. T o d o c o n c e p t o es p o r lo m e n o s doble, triple, etc. Tampoco existe c o n cepto alguno q u e tenga todos los c o m p o n e n t e s , puesto q u e sería e n t o n c e s pura y sencillamente u n caos: hasta los pretendidos universales c o m o conceptos últimos t i e n e n que salir del caos circunscribiendo un universo q u e los e x p l i q u e (contemplación, reflexión, comunicación...). T o d o c o n c e p t o tiene un p e r í m e t r o irregular, d e f i n i d o por la cifra d e sus c o m p o n e n t e s . Por este m o tivo, desde P l a t ó n a Bergson, se repite la idea de que el c o n c e p t o es u n a cuestión d e articulación, d e repartición, de intersección. F o r m a u n t o d o , p o r q u e totaliza sus c o m p o n e n t e s , pero un t o d o fragmentario. Sólo c u m p l i e n d o esta condición puede salir del caos mental, q u e le acecha i n c e s a n t e m e n t e , y se pega a él para reabsorberlo. ¿ E n q u é condiciones u n c o n c e p t o es primero, n o de m o d o absoluto sino con relación a otro? P o r ejemplo, ¿es acaso Otro n e c e s a r i a m e n t e segundo respecto a u n yo.- Si lo es, es e n la

21

m e d i d a en q u e su c o n c e p t o es el d e o t r o —sujeto q u e se presenta c o m o objeto— especial con relación al yo: éstos son sus dos c o m ponentes. Efectivamente, si lo identificamos con u n objeto especial, el O t r o ya n o es más q u e el o t r o sujeto tal c o m o se m e presenta a mí; y si lo identificamos c o n o t r o sujeto, yo soy el O t r o tal c o m o m e presento a él. T o d o c o n c e p t o remite a u n p r o b l e m a , a u n o s problemas sin los cuales carecería d e sentido, y q u e a su v e z sólo p u e d e n ser despejados o c o m p r e n d i d o s a m e d i d a q u e se v a y a n solucionando: nos e n c o n t r a m o s aquí m e t i d o s e n un p r o b l e m a que se refiere a la pluralidad d e sujetos, a su relación, a su presentación recíproca. P e r o t o d o c a m b i a , e v i d e n t e m e n t e , c u a n d o creemos descubrir otro p r o b l e m a : ¿en q u é consiste la posición del O t r o , q u e el o t r o sujeto sólo «ocupa» c u a n d o se m e presenta c o m o objeto especial, y q u e o c u p o yo a m i vez c o m o objeto especial c u a n d o m e p r e s e n t o a él? E n esta perspectiva, el O t r o no es nadie, ni sujeto ni objeto. Hay varios sujetos p o r q u e existe el O t r o , y no a la inversa. P o r lo t a n t o el O t r o reclama u n c o n c e p t o a priori del cual d e b e n resultar el objeto especial, el o t r o sujeto y el yo, y n o a la inversa. E l o r d e n ha c a m b i a d o , t a n t o c o m o la naturaleza de los conceptos, t a n t o c o m o los p r o b l e m a s a los que supuestamente tenían q u e d a r respuesta. D e j a m o s a u n lado la cuestión de saber q u é diferencia hay e n t r e u n p r o b l e m a en ciencia y en filosofía. Pero incluso e n filosofía s ó l o se c r e a n conceptos en función de los p r o b l e m a s q u e se c o n s i d e r a n m a l vistos o mal planteados (pedagogía de! c o n c e p t o ) . Procedamos sucintamente: c o n s i d e r e m o s u n á m b i t o d e experimentación tomado como m u n d o real ya n o con respecto a u n yo, sino a u n sencillo «hay»... H a y , e n u n m o m e n t o d a d o , u n m u n d o tranquilo y sosegado. A p a r e c e d e r e p e n t e u n rostro asust a d o que contempla algo f u e r a del á m b i t o delimitado. E l O t r o n o se presenta aquí c o m o sujeto ni c o m o objeto, sitio, cosa sensib l e m e n t e distinta, c o m o u n m u n d o posible, c o m o la posibilidad d e u n m u n d o aterrador. E s e m u n d o posible n o es real, o n o lo es a ú n , pero n o por ello deja d e existir: es algo expresado q u e sólo existe en su expresión, el rostro o u n e q u i v a l e n t e del rostro. El O t r o es para empezar esta existencia d e u n m u n d o posible. Y este m u n d o posible también t i e n e u n a realidad propia en sí m i s m o , en t a n t o q u e posible: basta c o n q u e el q u e se expresa ha-

22

ble y diga «tengo miedo» para otorgar una realidad a lo posible c o m o tal (aun c u a n d o sus palabras fueran mentira). El «yo» c o m o indicación lingüística n o tiene otro sentido. Ni siquiera resulta imprescindible: China es un m u n d o posible, p e r o adquiere realidad a partir del m o m e n t o en que se habla c h i n o o q u e se habla de China en un campo de experiencia dado. Cosa muy diferente del caso en el q u e China se realiza convirtiéndose en propio c a m p o de experiencia. Así pues, t e n e m o s u n concepto del Otro q u e tan sólo presupone c o m o condición' la determinación de u n m u n d o sensible. El O t r o surge bajo esta condición c o m o la expresión de un posible. El O t r o es un m u n d o posible, tal c o m o existe en un rostro q u e lo expresa, y se efectúa e n un lenguaje q u e le confiere una realidad. E n este sentido, constituye u n concepto de tres c o m p o n e n t e s inseparables: m u n d o posible, rostro existente, lenguaje real o palabra. E v i d e n t e m e n t e , t o d o concepto tiene su historia. Este concepto del O t r o remite a Lcibniz, a los mundos posibles d e Leibniz y a la m ó n a d a c o m o expresión del m u n d o ; pero n o se trata del m i s m o problema, p o r q u e los posibles de Lcibniz n o existen e n el m u n d o real. R e m i t e también a la lógica m o d a l d e las proposiciones, p e r o éstas n o confieren a los m u n d o s posibles la realidad q u e c o r r e s p o n d e a sus condiciones d e verdad (incluso cuando Wittgenstein c o n t e m p l a proposiciones d e t e r r o r o d e dolor n o v e e n ellas modalidades expresables e n una posición del Otro, p o r q u e deja q u e el O t r o oscile e n t r e o t r o sujeto y un objeto especial). Los m u n d o s posibles poseen u n a historia muy larga.' R e s u m i e n d o , decimos d e todo concepto, q u e siempre tiene u n a historia, a u n q u e esta historia zigzaguee, o incluso llegue a discurrir por o t r o s problemas o por p l a n o s diversos. E n u n c o n c e p t o hay, las m á s d e las veces, trozos o c o m p o n e n t e s procedentes d e otros conceptos, q u e respondían a otros problemas y suponían otros planos. N o puede ser d e otro m o d o ya 1. lisra historia, que n o se inicia con Leibniz, discurre por episodios tan diversos c o m o la proposición del otro como tema constante en Witrgenstein («tiene dolor de muelas...»), y la posición del otro c o m o teoría del m u n d o posible en iMichcl T o u m i e r ( V e n d r e d i ou les timbes du Pacifique, Gallimard). (Hay versión española: Viernes o los limbos del Pacifico, Madrid: Alfaguara, 1985.)

23

q u e cada c o n c e p t o lleva a cabo u n a n u e v a repartición, adquiere u n p e r í m e t r o n u e v o , t i e n e q u e ser r e a c t i v a d o o recortado. P e r o p o r otra p a r t e u n c o n c e p t o t i e n e u n devenir q u e a t a ñ e e n este caso a u n o s c o n c e p t o s q u e se sitúan en el m i s m o plano. Aquí, los c o n c e p t o s se c o n c a t e n a n u n o s a otros, se solapan m u t u a m e n t e , c o o r d i n a n sus p e r í m e t r o s , c o m p o n e n sus p r o b l e m a s respectivos, p e r t e n e c e n a la m i s m a filosofía, incluso c u a n d o tien e n historias d i f e r e n t e s . E n e f e c t o , t o d o concepto, puesto q u e t i e n e u n n ú m e r o finito d e c o m p o n e n t e s , se bifurcará sobre o t r o s c o n c e p t o s , c o m p u e s t o s d e m o d o d i f e r e n t e , p e r o q u e constituyen o t r a s r e g i o n e s del m i s m o plano, q u e r e s p o n d e n a p r o b l e m a s q u e se p u e d e n relacionar, q u e son partícipes d e una co-creación. U n c o n c e p t o n o sólo exige u n p r o b l e m a b a j o el cual modifica o sustit u y e c o n c e p t o s anteriores, s i n o u n a encrucijada d e p r o b l e m a s d o n d e se junta con o t r o s c o n c e p t o s coexistcntcs. E n el caso del c o n c e p t o del O t r o c o m o e x p r e s i ó n d e u n m u n d o posible en u n á m b i t o d e p e r c e p c i ó n , n o s v e m o s i m p u l s a d o s a considerar d e u n m o d o n u e v o los c o m p o n e n t e s d e este á m b i t o en sí mismo: el O t r o , n o s i e n d o ya u n sujeto del á m b i t o ni un objeto en el á m bito, va a c o n s t i t u i r la c o n d i c i ó n bajo la cual se redistribuyen n o sólo el objeto y el sujeto, sino la figura y el telón d e f o n d o , los m á r g e n e s y el c e n t r o , el móvil y la r e f e r e n c i a , lo transitivo y lo sustancial, la longitud y la p r o f u n d i d a d . . . E l O t r o s i e m p r e es perc i b i d o c o m o otro, p e r o en su c o n c e p t o representa la c o n d i c i ó n d e t o d a p e r c e p c i ó n , t a n t o para los d e m á s c o m o para nosotros. Es la c o n d i c i ó n bajo la cual se pasa d e u n m u n d o a otro. E l O t r o h a c e q u e pase el m u n d o , y el «yo» ya t a n sólo designa un m u n d o p r e t é r i t o («estaba tranquilo...»). P o r e j e m p l o , el O t r o es suficiente p a r a t r a n s f o r m a r toda longitud e n una p r o f u n d i d a d posible en el espacio, e i n v e r s a m e n t e , hasta tal p u n t o que, si este c o n c e p t o n o f u n c i o n a r a d e n t r o del c a m p o p e r c e p t i v o , las transiciones y las i n v e r s i o n e s se v o l v e r í a n i n c o m p r e n s i b l e s y chocaríamos contin u a m e n t e c o n t r a las cosas, p u e s t o q u e lo posible habría desapar e c i d o . O p o r lo m e n o s , filosóficamente, habría q u e e n c o n t r a r o t r a razón para q u e n o a n d u v i é r a m o s d á n d o n o s golpes... D e este m o d o , en u n p l a n o d c t e r m i n a b l e , v a m o s p a s a n d o d e un c o n c e p t o a o t r o a t r a v é s d e una especie d e p u e n t e : la creación de un c o n c e p t o del O t r o con u n o s c o m p o n e n t e s semejantes acarreará la

24

creación d e u n c o n c e p t o n u e v o d e espacio perceptivo, con otros c o m p o n e n t e s p o r d e t e r m i n a r (no darse golpes, o n o darse d e m a siados golpes, f o r m a r á parte de estos c o m p o n e n t e s ) . H e m o s p a r t i d o d e un ejemplo bastante complejo. ¿ C ó m o proc e d e r d e otro m o d o , p u e s t o q u e n o existen c o n c e p t o s simples? E l lector p u e d e p a r t i r de cualquier ejemplo q u e sea d e su agrado. E s t a m o s c o n v e n c i d o s d e q u e extraerá la m i s m a s consecuencias respecto a la naturaleza del c o n c e p t o o al c o n c e p t o d e concepto. Para empezar, cada c o n c e p t o remite a otros conceptos, n o sólo e n su historia, s i n o en su d e v e n i r o en sus c o n e x i o n e s actuales. Cada c o n c e p t o t i e n e u n o s c o m p o n e n t e s q u e p u e d e n a su vez ser t o m a d o s c o m o c o n c e p t o s (así el O t r o incluye el rostro e n t r e sus c o m p o n e n t e s , p e r o el Rostro en sí m i s m o será c o n s i d e r a d o u n c o n c e p t o q u e p o s e e en sí m i s m o u n o s c o m p o n e n t e s ) . Así pues, los c o n c e p t o s se extienden hasta el infinito y, c o m o están creados, n u n c a se c r e a n a partir d e la nada. E n s e g u n d o lugar, lo p r o p i o del c o n c e p t o consiste en volver los c o m p o n e n t e s inseparables dentro de él: distintos, heterogéneos y n o obstante n o separables, tal es el estatuto de los c o m p o n e n t e s , o lo q u e d e f i n e la consistencia del c o n c e p t o , su endoconsistencia. Y es q u e resulta q u e cada c o m p o n e n t e distinto presenta u n s o l a p a m i e n t o parcial, u n a zona d e p r o x i m i d a d o u n u m b r a l d e indiscernibilidad c o n o t r o c o m p o n e n t e : por ejemplo, e n el c o n c e p t o del O t r o , el m u n d o posible n o existe al m a r g e n del r o s t r o q u e lo expresa, aun c u a n d o se diferencia d e él c o m o lo expresado y la expresión; y el rostro a su v e z es la p r o x i m i d a d d e las palabras d e las q u e ya constituye el portavoz. Los c o m p o n e n t e s siguen s i e n d o distintos, p e r o algo pasa d e u n o a otro, algo indecidiblc e n t r e ambos: hay un á m b i t o ab q u e p e r t e n e c e t a n t o a a c o m o a b, en el q u e a y b se v u e l v e n indiscernibles. Estas zonas, u m b r a l e s o devenires, esta indisolubilidad, son las q u e d e f i n e n la consistencia interna del c o n c e p t o . P e r o éste posee t a m b i é n u n a exoconsistencia, con otros conceptos, c u a n d o su creación respectiva implica la construcción d e u n p u e n t e sobre el m i s m o p l a n o . Las zonas y los p u e n t e s son las junturas del concepto. E n tercer lugar, cada c o n c e p t o será p o r lo t a n t o c o n s i d e r a d o el p u n t o d e coincidencia, d e c o n d e n s a c i ó n o d e a c u m u l a c i ó n d e sus propios c o m p o n e n t e s . El p u n t o c o n c e p t u a l r e c o r r e incesante-

25

m e n t e sus c o m p o n e n t e s , subiendo y b a j a n d o d e n t r o d e ellos. C a d a c o m p o n e n t e e n este sentido es u n raigo intensivo, u n a ord e n a d a intensiva q u e n o debe ser p e r c i b i d a c o m o g e n e r a l ni c o m o particular, sino c o m o una mera s i n g u l a r i d a d —«un» m u n d o posible, «un» rostro, «unas» palabras— q u e se particulariza o se generaliza según se le otorguen unos v a l o r e s variables o se le asigne una f u n c i ó n c o n s t a n t e . Pero, a la i n v e r s a d e lo q u e s u c e d e c o n la ciencia, n o hay c o n s t a n t e ni variable en el c o n c e p t o , y n o se d i f e r e n c i a r á n especies variables p a r a u n g é n e r o c o n s t a n t e c o m o t a m p o c o una especie constante para u n o s i n d i v i d u o s variables. Las relaciones e n el c o n c e p t o n o s o n d e c o m p r e n s i ó n ni d e e x t e n s i ó n , sino sólo d e ordenación, y los c o m p o n e n t e s del c o n c e p t o n o son c o n s t a n t e s ni variables, s i n o m e r a s variaciones ord e n a d a s en f u n c i ó n d e su proximidad. S o n p r o c e s u a l e s , m o d u l a res. El c o n c e p t o d e u n pájaro no reside e n su g é n e r o o e n su especie, sino e n la c o m p o s i c i ó n de sus poses, d e su c o l o r i d o y d e sus trinos: algo indiscernible, más sineidesia q u e sinestesia. U n c o n c e p t o es u n a heterogénesis, es decir u n a o r d e n a c i ó n d e sus c o m p o n e n t e s p o r zonas d e proximidad. E s u n o r d i n a l , u n a i n t e n s i ó n c o m ú n a todos los rasgos que lo c o m p o n e n . C o m o los r e c o r r e i n c e s a n t e m e n t e s i g u i e n d o un orden sin d i s t a n c i a , el c o n c e p t o está en e s t a d o d e sobrevuelo respecto d e sus c o m p o n e n t e s . E s t á i n m e d i a t a m e n t e c o p r e s e n t e sin distancia a l g u n a e n t o d o s sus c o m p o n e n t e s o variaciones, pasa y v u e l v e a pasar p o r ellos: es u n a cantinela, u n o p u s q u e tiene su c i f r a . E l c o n c e p t o es i n c o r p ó r e o , a u n q u e se e n c a r n e o se e f e c t ú e en los cuerpos. P e r o p r e c i s a m e n t e no se c o n f u n d e c o n el e s t a d o d e c o s a s e n q u e se e f e c t ú a . C a r e c e d e c o o r d e n a d a s e s p a c i o t e m p o r a les, sólo t i e n e o r d e n a d a s intensivas. C a r e c e d e e n e r g í a , sólo t i e n e intensidades, es a n e r g é t i c o (la energía n o es la i n t e n s i d a d , s i n o el m o d o e n el q u e ésta se despliega y se a n u l a e n u n e s t a d o d e cosas extensivo). E l c o n c e p t o expresa el a c o n t e c i m i e n t o , n o la esencia o la cosa. E s u n A c o n t e c i m i e n t o p u r o , u n a h e c c e i d a d , u n a e n t i d a d : el a c o n t e c i m i e n t o d e O t r o , o el a c o n t e c i m i e n t o del r o s t r o ( c u a n d o a su v e z se t o m a e l rostro c o m o c o n c e p t o ) . O el p á j a r o c o m o a c o n t e c i m i e n t o . E l c o n c e p t o se d e f i n e p o r la inseparabilidad de un número finito de componentes heterogéneos recorridos por un punto en sobrevuelo absoluto, a velocidad infinita. Los

26

c o n c e p t o s son «superficies o v o l ú m e n e s absolutos», unas f o r m a s q u e n o t i e n e n m á s objeto q u e la inseparabilidad d e variaciones distintas. 1 E l «sobrevuelo» es el e s t a d o del c o n c e p t o o su infinidad p r o p i a , a u n q u e los i n f i n i t o s sean m á s o m e n o s grandes s e g ú n la cifra d e sus c o m p o n e n t e s , d e los u m b r a l e s y d e los p u e n t e s . E l c o n c e p t o es e f e c t i v a m e n t e , en este s e n t i d o , u n acto d e p e n s a m i e n t o , p u e s t o q u e el p e n s a m i e n t o o p e r a a velocidad i n f i n i t a ( n o o b s t a n t e más o m e n o s grande). Así p u e s , e l c o n c e p t o es a b s o l u t o y relativo a la vez: reía» t i v o respecto d e sus p r o p i o s c o m p o n e n t e s , d e los d e m á s c o n ceptos, d e l p l a n o s o b r e el q u e se d e l i m i t a , d e los p r o b l e m a s q u e s u p u e s t a m e n t e d e b e resolver, p e r o absoluto p o r la c o n d e n sación q u e lleva a cabo, p o r el lugar q u e o c u p a sobre el p l a n o , p o r las c o n d i c i o n e s q u e asigna al p r o b l e m a . Es a b s o l u t o c o m o totalidad, p e r o r e l a t i v o e n t a n t o q u e f r a g m e n t a r i o . E s infinito por su sobrevuelo o su velocidad, pero finito por su movimiento que delimita el perímetro de los componentes. Un filósofo r e a justa sus c o n c e p t o s , i n c l u s o c a m b i a d e c o n c e p t o s i n c e s a n t e m e n t e ; b a s t a a v e c e s c o n u n p u n t o d e d e t a l l e q u e crece, y q u e p r o d u c e u n a n u e v a c o n d e n s a c i ó n , q u e a ñ a d e o resta c o m p o nentes. E l filósofo p r e s e n t a a veces u n a amnesia q u e casi l e convierte e n u n e n f e r m o : N i e t z s c h e , dice Jaspers, «corregía él m i s m o sus ideas para c o n s t i t u i r otras n u e v a s sin r e c o n o c e r l o explícitamente; e n sus estados d e alteración, olvidaba las c o n clusiones a las q u e h a b í a llegado a n t e r i o r m e n t e » . O Lcibniz: «Creía estar e n t r a n d o a p u e r t o , pero,., fui rechazado a alta mar.» 2 L o q u e n o o b s t a n t e p e r m a n e c e absoluto es el m o d o e n el q u e el c o n c e p t o c r e a d o se p l a n t e a e n sí m i s m o y con los demás. L a relatividad y la absolutidad del c o n c e p t o son c o m o su pedagogía y su o n t o l o g í a , su creación y su a u t o p o s i c i ó n , su idealidad y su realidad. Real sin ser actual, ideal sin ser abstracto... E l c o n c e p t o se d e f i n e p o r su consistencia, e n d o consistencia y e x o c o n s i s t e n c i a , p e r o carece de referencia-, es autorreferencial, se p l a n t e a a sí m i s m o y plantea su objeto al

1. Respecto al sobrevuelo, y a las superficies o volúmenes absolutos como entes reales, cf. R a y m o n d Ruycr, Néo-finalisme, P.U.F., caps. IX-X1. 2. Leibniz, Systkme tiouveatt de la Nalure, §12.

27

m i s m o t i e m p o q u e es creado. El constructivismo u n e lo relativo y lo absoluto. Por ú l t i m o , el concepto no es discursivo, y la filosofía no es una f o r m a c i ó n discursiva, porque n o enlaza proposiciones. A la c o n f u s i ó n del c o n c e p t o y de la proposición se debe la tendencia a creer en la existencia d e conceptos científicos y a considerar la proposición c o m o una auténtica «intensión» (lo q u e la frase expresa): e n t o n c e s , las más de las veces el c o n c e p t o filosófico sólo se m u e s t r a c o m o u n a proposición carente d e sentido. Esta confusión reina en la lógica, y explica la idea pueril q u e se forma de la filosofía. Se valoran los conceptos según u n a gramática «filosófica» q u e o c u p a su lugar con proposiciones extraídas de las frases en las q u e éstos aparecen: c o n s t a n t e m e n t e nos encierran en unas alternativas e n t r e proposiciones, sin percatarse d e q u e el conc e p t o ya se ha escurrido en la p a r t e excluida. El concepto n o constituye e n m o d o alguno una proposición, n o es proposicional, y la p r o p o s i c i ó n nunca es una intensión. Las proposiciones se definen p o r su referencia, y la referencia nada tiene q u e ver con el A c o n t e c i m i e n t o , sino con una relación con el estado de cosas o d e cuerpos, así c o m o con las condiciones d e esta relación. Lejos d e constituir u n a intensión, estas condiciones son todas ellas extcnsionales: implican unas operaciones d e colocación en abscisa o d e linearización sucesivas q u e i n t r o d u c e n las o r d e n a d a s intensivas e n u n a s c o o r d e n a d a s espaciotemporales y energéticas, d e e s t a b l e c i m i e n t o d e correspondencias d e c o n j u n t o s delimitados d e este m o d o . Estas sucesiones y estas correspondencias d e f i n e n la discursividad e n sistemas extensivos; y la independencia de las variables e n las proposiciones se o p o n e a la indisolubilidad de las variaciones e n el concepto. Los conceptos, q u e tan sólo poseen consistencia o unas ordenadas intensivas fuera d e las coordenadas, e n t r a n l i b r e m e n t e e n unas relaciones d e resonancia no discursiva, o bien p o r q u e los c o m p o n e n t e s d e u n o se convierten en c o n c e p t o s q u e tienen otros c o m p o n e n t e s s i e m p r e heterogéneos, o bien p o r q u e n o presentan e n t r e ellos n i n g u n a diferencia d e escala a n i n g ú n nivel. Los c o n c e p t o s son centros d e vibraciones, cada u n o e n sí m i s m o y los unos e n relación con los otros. Por esta razón t o d o resuena, e n vez d e sucedersc o corresponderse. N o hay razón alguna para q u e los c o n c e p t o s se sucedan. Los con-

28

ceptos en t a n t o q u e totalidades fragmentarias n o constituyen ni siquiera las piezas d e u n rompecabezas, p u e s t o q u e sus perímetros irregulares n o se corresponden. F o r m a n efectivamente u n a pared, p e r o u n a pared d e piedra en seco, y si se toma el conjunto, se hace m e d i a n t e caminos divergentes. Incluso los puentes d e u n c o n c e p t o a o t r o son también encrucijadas, o rodeos q u e n o circunscriben n i n g ú n c o n j u n t o discursivo. Son puentes móviles. N o resulta e q u i v o c a d o al respecto considerar q u e la filosofía está e n estado d e p e r p e t u a digresión o digresividad. Resultan d e ello importantes diferencias e n t r e la enunciación filosófica d e conceptos fragmentarios y la enunciación científica de proposiciones parciales. Bajo u n p r i m e r aspecto, toda e n u n c i a ción es d e posición; p e r o p e r m a n e c e e x t e r n o a la proposición p o r q u e tiene p o r objeto un estado d e cosas c o m o referente, y p o r condiciones las referencias q u e constituyen u n o s valores d e v e r dad (incluso c u a n d o estas condiciones p o r su cuenta son internas al objeto). P o r el contrario, la enunciación d e posición es estrict a m e n t e i n m a n e n t e al concepto, puesto q u e éste t i e n e por ú n i c o objeto la indisolubilidad d e los c o m p o n e n t e s p o r los q u e él m i s m o pasa u n a y otra vez, y q u e constituye su consistencia. E n c u a n t o al o t r o aspecto, enunciación d e creación o d e rúbrica, resulta i n d u d a b l e q u e las proposiciones científicas y sus correlatos están rubricados o creados d e igual f o r m a q u e los conceptos filosóficos; así se habla del teorema d e Pitágoras, d e c o o r d e n a d a s cartesianas, d e n ú m e r o h a m i l t o n i a n o , d e f u n c i ó n d e Lagrange, exactamente igual q u e de Idea platónica, o d e cogito d e Descartes, etc. P e r o por m u c h o q u e los n o m b r e s propios q u e a c o m p a ñan d e este m o d o a la enunciación sean históricos, y figuren c o m o tales, constituyen máscaras para otros devenires, tan sólo sirven d e s e u d ó n i m o s para entidades singulares m á s secretas. E n el caso d e las proposiciones, se trata d e observadores parciales extrínsecos, científicamente definibles con relación a tales o cuales ejes d e referencia, mientras que, e n c u a n t o a los conceptos, se trata d e personajes conceptuales intrínsecos q u e o c u p a n tal o cual p l a n o d e consistencia. N o sólo d i r e m o s q u e los n o m b r e s p r o p i o s sirven para usos muy diferentes e n las filosofías, en las ciencias o las artes: o c u r r e lo m i s m o con los e l e m e n t o s sintácticos, y partic u l a r m e n t e con las preposiciones, las conjunciones, «ahora bien»,

29

«luego»... La filosofía p r o c e d e p o r frases, p e r o n o s i e m p r e son proposiciones l o q u e se extrae d e las frases e n general. Sólo disp o n e m o s por el m o m e n t o d e u n a hipótesis m u y amplia: d e frases o d e u n equivalente, la filosofía saca conceptos (que no se c o n f u n d e n c o n ideas generales o abstractas), mientras q u e la ciencia saca prospectos (proposiciones q u e n o se c o n f u n d e n con juicios), y el a r t e saca perceptos y afectos (que t a m p o c o se c o n f u n d e n c o n p e r c e p c i o n e s o sentimientos). E n cada caso, el lenguaje se v e som e t i d o a penalidades y usos incomparables, q u e n o d e f i n e n la dif e r e n c i a d e las disciplinas sin constituir al m i s m o t i e m p o sus cruz a m i e n t o s perpetuos.

EJEMPLO I

Hay que empezar por confirmar los análisis anteriores tomando el ejemplo de un concepto filosófico rubricado, entre los más famosos, el cogito cartesiano, el Yo de Descartes: un concepto de yo. Este concepto posee tres componentes, dudar, pensar, ser (no hay que llegar a la conclusión de que todos los conceptos son triples). El enunciado total del concepto como multiplicidad es: yo pienso «luego» yo existo, o más completo: yo que dudo, yo pienso, yo soy, yo soy una cosa que piensa. Es el acontecimiento siempre renovado del pensamiento tal como lo concibe Descartes. El concepto se condensa en el punto Y, que pasa poi todos los componentes, y en el que coinciden Y* — dudar. Y " — pensar, Y ' " - ser. Los componentes como ordenadas intensivas se colocan en las zonas de proximidad o deindisccinibilidad que hacen que se pase de una a otra, y q u e constituyen su indisolubilidad: una primera zona está entre dudar y pensar (yo'que dudo, no puedo dudar de que pienso), y la segunda está entre pensar y ser (para pensar hay que ser). Los componentes se presentan en este caso como verbos, pero no tiene por qué ser una norma, basta con que sean variaciones. E n efecto, la duda comporta unos momentos que no son las especies de un género, sino las fases de una variación: duda sensible, científica, ohsesiva. (Así pues, todo concepto posee un espacio de fases, aunque sea de un modo distinto que en la ciencia.) Lo mismo sucede con los modos de pensamiento: sentir, imaginar, tener ideas. Y lo mismo también con los tipos de ser, objeto o sustancia: el ser infinito, el ser pensante finito, el ser extenso. Llama Ja atención que, en este último caso, el concepto del yo tan sólo retenga la

30

J-

3>

segunda fase del ser, y deje al margen el resto de la variación. Pero ésta es precisamente la señal de que el concepto se cierra como totalidad fragmentaria con «yo soy una cosa pensante»: sólo se podrá pasar a las demás fases del ser a través de unos puentes encrucijada que nos conduzcan a otros conceptos. De este modo, «entre mis ideas, tengo la idea de infinito» es el puente que conduce del concepto de yo al concepto de Dios, nuevo concepto que a su vez posee tres componentes que forman las «pruebas» de la existencia de Dios como acontecimiento infinito, encargándose la tercera (prueba ontológica) del cierre del concepto, pero también tendiendo a su vez un puente o una bifurcación hacia un concepto de amplitud, en tanto que garantiza el valor objetivo de verdad de las demás ideas claras y distintas que tenemos. Cuando se pregunta: ¿existen precursores del cogito?, se pretende decir: ¿existen conceptos rubricados por filósofos anteriores que tengan componentes similares o casi idénticos, pero que carezcan de alguno de ellos, O bien que añadan otros, de tal modo que un cogito no llegará a cristalizar, ya que los componentes no coincidirán todavía en un yo? Todo parecía estar a punto, y sin embargo faltaba algo. El concepto anterior tal vez remitiera a otro problema que no fuera el cogito (es necesaria una mutación de pro-

31

b l c m a para q u e el c o g i t o cartesiano pueda aparecer), o incluso q u e s e desarrollara en otro plano. El p l a n o cartesiano c o n s i s t e en rechazar c u a l q u i e r presupuesto objetivo e x p l í c i t o , e n el q u e cada c o n c e p t o remitirá a otros c o n c e p t o s (por e j e m p l o , el h o m b r e a n i m a l racional). I n v o c a e x c l u s i v a m e n t e una c o m p r e n s i ó n prcfilosófica, e s d e c i r u n o s presupuestos implícitos y subjetivos: t o d o el m u n d o sabe q u é s i g n i f i c a pensar, ser, y o (se sabe h a c i é n d o l o , s i é n d o l o , d i c i é n d o l o ) . Es una distinción m u y nueva. U n p l a n o s e m e j a n t e e x i g e u n c o n c e p t o p r i m e r o q u e n o t i e n e q u e p r e s u p o n e r nada

objetivo.

H a s t a el p u n t o de q u e el problema es: ¿cuál es el p r i m e r c o n c e p t o d e e s t e p l a n o , o por d ó n d e e m p e z a r para q u e se p u e d a d e t e r m i n a r la v e r d a d c o m o c e r t i d u m b r e subjetiva a b s o l u t a m e n t e pura? E l cogito. L o s d e m á s c o n c e p t o s podrán c o n q u i s t a r la objetividad, p e r o s i e m p r e y c u a n d o estén v i n c u l a d o s por p u e n t e s al c o n c e p t o prim e r o , r e s p o n d a n a p r o b l e m a s s o m e t i d o s a las m i s m a s c o n d i c i o n e s , y p e r m a n e z c a n e n el m i s m o plano: así la objetividad adquiere un c o n o c i m i e n t o verdadero, y n o s u p o n e una verdad r e c o n o c i d a c o m o p r e e x i s t e n t e o q u e ya estaba ahí.

Resulta v a n o preguntarse si Descartes tenía razón o no. ¿Acaso tienen más valor unos presupuestos subjetivos e implícitos q u e los presupuestos objetivos explícitos? ¿Hay q u e «empezar» acaso y, en caso afirmativo, hay q u e empezar desde la perspectiva d e u n a certidumbre subjetiva? ¿Puede el p e n s a m i e n t o en este sentido ser el verbo de un Yo? N o hay respuesta directa. Los conceptos cartesianos sólo pueden ser valorados en función de los p r o b l e m a s a los que dan respuesta y del plano por el q u e pasan. E n general, si unos conceptos anteriores han podido preparar u n concepto, sin llegar a constituirlo por ello, es que su problema todavía estaba s u m i d o en otros conceptos, y el plano no tenía aún la curvatura o los m o v i m i e n t o s necesarios. Y si cabe sustituir unos conceptos por otros, es bajo la condición de problemas nuevos y de un plano distinto con respecto a los cuales (por ejemplo) «Yo» pierda todo sentido, el inicio pierde toda necesidad, los presupuestos toda diferencia - o adquieran o t r a s - . U n c o n c e p t o siempre tiene la verdad q u e le c o r r e s p o n d e en f u n c i ó n de las condiciones de su creación. ¿Existe acaso u n plano mejor q u e todos los demás, y unos problemas q u e se impongan en contra d e los demás? Precisamente, nada se p u e d e decir al respecto.

32

Los planos hay q u e hacerlos, y los problemas, plantearlos, del mismo m o d o q u e hay q u e crear lc»3 conceptos. El filósofo hace cuanto está en su mano, p e r o t i e n e d e m a s i a d o q u e hacer para saber si lo q u e hace es lo mejor, o incluso para p r e o c u p a r s e por esta cuestión. P o r supuesto, los c o n c e p t o s n u e v o s tienen q u e estar relacionados con problemas q u e sean los nuestros, c o n nuestra historia y sobre t o d o con nuestros devenires. P e r o ¿qué significan c o n c e p t o s de nuestra época o d e u n a é p o c a cualquiera? Los conceptos n o son eternos, pero ¿se vuelven acaso t e m p o r a l e s por ello? ¿Cuál es la forma filosófica d e los p r o b l e m a s d e la é p o c a actual? Si un c o n c e p t o es «mejor» q u e u n o a n t e r i o r es p o r q u e permite escuchar variaciones nuevas y resonancias desconocidas, porque efectúa reparticiones insólitas, p o r q u e aporta u n A c o n t e cimiento q u e nos sobrevuela. ¿ P e r o n o es eso acaso lo q u e hacía ya el anterior? Y así, si se p u e d e seguir s i e n d o p l a t ó n i c o , cartesiano, k a n t i a n o hoy en día, es p o r q u e estamos legitimados para pensar q u e sus conceptos p u e d e n ser reactivados e n n u e s t r o s problemas e inspirar estos c o n c e p t o s nuevos q u e hay q u e crear. ¿Y cuál es la mejor m a n e r a de seguir a los g r a n d e s filósofos, repetir lo q u e dijeron, o bien hacer lo que hicieron, es d e c i r crear conceptos para unos problemas q u e n e c e s a r i a m e n t e c a m b i a n ? Por este motivo sienten los filósofos escasa afición p o r las discusiones. T o d o s los filósofos h u y e n c u a n d o escuchan la frase: vamos a discutir un poco. Las discusiones están m u y bien para las mesas redondas, pero el filósofo echa sus dados cifrados sobre otro tipo d e mesa. D e las discusiones, lo m í n i m o q u e se p u e d e decir es q u e n o sirven para adelantar en la tarea puesto q u e los interlocutores nunca hablan de lo mismo. Q u e u n o sostenga u n a opinión, y piense más bien esto q u e aquello, ¿de q u é le sirve a la filosofía, mientras no se expongan los p r o b l e m a s q u e están en juego? Y c u a n d o se expongan, ya n o se trata d e discutir, sino d e crear conceptos indiscutibles para el p r o b l e m a q u e u n o se ha planteado. La comunicación s i e m p r e llega d e m a s i a d o p r o n t o o demasiado tarde, y la conversación siempre está d e m á s c u a n d o se trata de crear. A veces se imagina u n o la filosofía c o m o una discusión perpetua, c o m o una «racionalidad comunicativa», o como una «conversación democrática universal». N a d a m á s lejos de la realidad y, cuando un filósofo critica a otro, es a partir d e

33

u n o s p r o b l e m a s y sobre un p l a n o q u e n o eran los del otro, y q u e h a c e n q u e se f u n d a n los conceptos antiguos del mismo m o d o q u e se puede f u n d i r u n c a ñ ó n para fabricar armas nuevas. N u n c a se está e n el m i s m o plano. Criticar n o significa más que constatar q u e u n c o n c e p t o se desvanece, pierde sus componentes o adq u i e r e otros nuevos q u e lo t r a n s f o r m a n c u a n d o se lo sumerge en u n a m b i e n t e nuevo. P e r o quienes critican sin crear, quienes se lim i t a n a d e f e n d e r lo q u e se ha desvanecido sin saber devolverle las fuerzas para q u e resucite, constituyen la auténtica plaga de la filosofía. Es el r e s e n t i m i e n t o lo q u e anima a todos esos discutidores, a esos comunicadores. Sólo hablan de sí mismos haciendo q u e se e n f r e n t e n unas realidades huecas. La filosofía aborrece las discusiones. Siempre t i e n e otra cosa q u e hacer. Los debates le resultan insoportables, y n o p o r q u e se sienta excesivamente segura d e sí misma: al contrario, sus incertidumbres son las que la cond u c e n a otros derroteros más solitarios. N o obstante, ¿no convertía Sócrates la filosofía en u n a discusión libre e n t r e amigos? ¿No representa acaso la. c u m b r e d e la sociabilidad griega en tanto q u e conversación d e los h o m b r e s libres? D e hecho, Sócrates nunca dejó d e hacer q u e cualquier discusión se volviera imposible, t a n t o bajo la f o r m a b r e v e d e un agón de las preguntas y de las respuestas c o m o bajo la f o r m a extensa de una rivalidad de los discursos. Hizo del a m i g o el a m i g o exclusivo d e l concepto, y del c o n c e p t o el implacable m o n ó l o g o q u e elimina sucesivamente a t o d o s sus rivales.

EJEMPLO 11

Hasta qué punto domina Platón el concepto queda manifiesto en el Parménides. El Uno tiene dos componentes (el ser y el noser), fases de componentes (el U n o superior al ser, igual al ser, inferior al ser; el Uno superior al no-ser, igual al no-ser), zonas de indiscernibilidad (con respecto a sí, con respecto a los demás). Es un modelo de concepto. ¿Pero no es acaso el Uno anterior a todo concepto? En este punto Platón enseña lo contrario de lo que hace: crea conceptos, pero necesita plantearlos de forma que representen lo increado que les precede. Introduce el tiempo en el concepto, pero este tiempo tiene que ser el Anterior. Construye el concepto, pero de forma

34

q u e atestigüe la p r e e x i s t e n c i a d e u n a objetividad, bajo la f o r m a d e una diferencia d e t i e m p o capaz d e m e d i r el d i s t a n d a m i e n t o o la proximidad d e l c o n s t r u c t o r e v e n t u a l . Y e s que, e n el p l a n o platón i c o , la v e r d a d s e p l a n t e a c o m o algo presupuesto, ya p r e s e n t e . A s i es la Idea. E n el c o n c e p t o p l a t ó n i c o d e Idea, primero

adquiere un

s e n t i d o m u y p r e c i s o , m u y d i f e r e n t e d e l q u e tendrá e n D e s c a r t e s : e s lo q u e p o s e e o b j e t i v a m e n t e u n a c u a l i d a d pura, o l o q u e n o e s otra c o s a m á s q u e l o q u e es. Ú n i c a m e n t e la Justicia e s justa, el V a l o r val i e n t e , así s o n las I d e a s , y h a y I d e a d e m a d r e sí hay u n a m a d r e q u e s ó l o es m a d r e ( q u e n o h u b i e r a s i d o hija a su vez), o p e l o , q u e s ó l o e s p e l o (y n o s i l i c i o t a m b i é n ) . Se d a p o r s u p u e s t o q u e las c o s a s , p o r el c o n t r a r i o , s i e m p r e s o n o t r a c o s a q u e lo q u e son: e n el m e j o r d e los casos, n o p o s e e n p o r l o t a n t o m á s q u e e n s e g u n d a s , s ó l o p u e d e n pretender

la c u a l i d a d , y t a n s ó l o e n la m e d i d a e n q u e participan

la Idea. E n t o n c e s el c o n c e p t o d e I d e a t i e n e los c o m p o n e n t e s

de si-

g u i e n t e s : la c u a l i d a d p o s e í d a o q u e hay q u e p o s e e r ; la I d e a q u e p o see e n primeras, e n t a n t o q u e imparticipable; aquello q u e pretende a la c u a l i d a d , y t a n s ó l o p u e d e p o s e e r l a e n s e g u n d a s , t e r c e r a s , cuartas...; la I d e a p a r t i c i p a d a , q u e v a l o r a las p r e t e n s i o n e s . D i r í a s e el Pad r e , u n p a d r e d o b l e , la hija y l o s p r e t e n d i e n t e s . Ésas c o n s t i t u y e n las ordenadas i n t e n s i v a s d e la I d e a : u n a p r e t e n s i ó n s ó l o estará f u n d a d a p o r una v e c i n d a d , u n a p r o x i m i d a d m a y o r o m e n o r q u e se « t u v o » respecto a la Idea, e n el s o b r c v u e l o . d e u n t i e m p o s i e m p r e anterior,

necesariamente anterior. El tiempo bajo esta forma de anterioridad p e r t e n e c e al c o n c e p t o , e s c o m o su zona. C i e r t a m e n t e , n o e s e n e s t e p l a n o g r i e g o , e n e s t e s u e l o p l a t ó n i c o , d o n d e el c o g i t o p u e d e surgir. Mientras subsista ta p r e e x i s t e n c i a d e ta I d e a ( i n c l u s o bajo la f o r m a cristiana d e a r q u e t i p o s e ñ el e n t e n d i m i e n t o d e D i o s ) , el c o g i t o p o drá ser preparado, p e r o n o l l e v a d o a c a b o . Para q u e D e s c a r t e s c r e e este c o n c e p t o será n e c e s a r i o q u e «primero» c a m b i e s i n g u l a r m e n t e d e sentido, q u e a d q u i e r a u n s e n t i d o subjetivo, y q u e e n t r e la i d e a y el alma q u e la f o r m a c o m o sujeto s e a n u l e toda d i f e r e n c i a d e t i e m p o (de ahí la i m p o r t a n c i a d e la o b s e r v a c i ó n d e D e s c a r t e s c o n tra la r e m i n i s c e n c i a , c u a n d o d i c e q u e las i d e a s innatas n o s o n «antes», s i n o «al m i s m o t i e m p o » q u e el a l m a ) . Habrá q u e c o n s e g u i r u n a i n s t a n t a n e i d a d d e l c o n c e p t o , y q u e D i o s cree i n c l u s o las v e r d a des. Será n e c e s a r i o q u e la p r e t e n s i ó n c a m b i e d e naturaleza: e l pret e n d i e n t e deja d e recibir a la hija d e las m a n o s d e u n padre para n o debérsela m á s q u e a sus propias hazañas caballerescas..., a su p r o p i o m é t o d o . La c u e s t i ó n d e saber si M a l e b r a n c h e p u e d e reactivar u n o s componentes platónicos e n un plano auténticamente cartesiano, y a

35

q u é p r e c i o , d e b e r í a ser a n a l i z a d a d e s d e e s t a p e r s p e c t i v a . P e r o s ó l o pretendíamos mostrar que un concepto siempre tiene unos compon e n t e s q u e p u e d e n i m p e d i r la a p a r i c i ó n d e o t r o c o n c e p t o , o p o r el c o n t r a r i o q u e esos m i s m o s c o m p o n e n t e s s ó l o p u e d e n a p a r e c e r a costa d e l d e s v a n e c i m i e n t o

de otros conceptos. N o obstante,

un

c o n c e p t o n u n c a t i e n e v a l o r p o r lo q u e i m p i d e : s ó l o v a l e p o r su p o s i c i ó n i n c o m p a r a b l e y su c r e a c i ó n p r o p i a . S u p o n g a m o s q u e se a ñ a d e u n c o m p o n e n t e a u n c o n c e p t o : es p r o b a b l e q u e estalle, o q u e p r e s e n t e u n a m u t a c i ó n c o m p l e t a

que

i m p l i q u e tal v e z o t r o p l a n o , e n c u a l q u i e r c a s o o t r o s p r o b l e m a s . E s lo q u e s u c e d e c o n el c o g i t o k a n t i a n o . K a n t c o n s t r u y e sin d u d a u n p l a n o « t r a s c e n d e n t a l » q u e h a c e i n ú t i l la d u d a y c a m b i a u n a vex. m á s la n a t u r a l e z a d e los p r e s u p u e s t o s , P e r o es e n v i r t u d d e este p l a n o m i s m o p o r l o q u e p u e d e d e c l a r a r q u e , si «yo p i e n s o » e s u n a

minación que implica en este sentido una existencia

deter-

indeterminada

(«yo soy»), n o p o r e l l o s e s a b e c ó m o e s t e i n d e t e r m i n a d o se v u e l v e determinable,

ni a partir d e e n t o n c e s bajo q u é f o r m a a p a r e c e c o m o

determinado, Kant «critica» por lo tanto a Descartes por haber dicho: soy una sustancia pensante, puesto que nada fundamenta semejante pretensión del Yo. Kant reclama la introducción de un componente nuevo en el cogito, el que Descartes había rechazado: el tiempo precisamente, pues sólo en el tiempo se encuentra determinable mi existencia indeterminada. Pero sólo estoy determinado en el tiempo como yo pasivo y fenoménico, siempre afectable, inodificable, variable. He aquí que el cogito presenta ahora cuatro componentes: yo pienso, y soy activo en esc sentido; tengo una existencia; esta existencia sólo es determinable en el tiempo como la de un yo pasivo; así pues estoy determinado como un yo pasivo que se representa necesariamente su propia actividad pensante como un Otro que le afecta. No se trata de otro sujeto, sino más bien del sujeto que se vuelve otro... ¿Es acaso la senda de una conversión del yo a otro? ¿Una preparación del «Yo es otro»? Se trata de una sintaxis nueva, con otras ordenadas, otras zonas de indisccrnibilidad garantizadas por el esquema primero, después por la afección de uno mismo a través de uno mismo, que hacen inseparables Yo y el Yo Mismo.* Que Kant «critique» a Descartes tan sólo significa que ha levantado un plano y construido un problema que no pueden ser ocupados o efectuados por el cogito cartesiano. Descartes * Le Je et Le Mo¡: el yo, la función subjetiva y la autoconcicncia. (A', del T.)

36

había creado el cogito como concepto, pero expulsando el tiempo como forma de anterioridad para hacer de este un mero modo de sucesión que remitía a la creación continuada. Kant rcimroducc el tiempo en el cogito, pero un tiempo totalmente distinto del de la anterioridad platónica. Creación de concepto. Hacc del tiempo un componente de! cogito nuevo, pero a condición de proporcionar a su vez un concepto nuevo del tiempo: el tiempo se vuelve forma de interioridad, con tres componentes: sucesión pero también simultaneidad y permanencia. Cosa que implica a su vez un concepto nuevo de espacio, que ya no puede ser definido por la mera simultaneidad, y se vuelve forma de exterioridad. Es una revolución considerable. Espacio, tiempo, Yo pienso, tres conceptos originales unidos por unos puentes que constituyen otras tantas encrucijadas. Una ráfaga de conceptos nuevos. La historia de la filosofía no sólo implica que se evalúe la novedad histórica de los conceptos creados por un filósofo, sino la fuerza de su devenir cuando pasan de unos a otros. E n c o n t r a m o s por doquier el m i s m o estatuto pedagógico del c o n c e p t o : u n a multiplicidad, u n a superficie o un volumen absolutos, autorreferentes, compuestos por u n n ú m e r o d e t e r m i n a d o de variaciones intensivas inseparables q u e siguen u n orden d e p r o x i m i d a d , y recorridos por u n p u n t o en estado d e sobrevuelo. El c o n c e p t o es el perímetro, la configuración, la constelación d e u n a c o n t e c i m i e n t o futuro. Los conceptos en este sentido pertenecen a la filosofía de pleno de derecho, p o r q u e es ella la q u e los crea, y n o deja de crearlos. El c o n c e p t o es e v i d e n t e m e n t e conocim i e n t o , p e r o conocimiento de u n o mismo, y lo q u e conoce, es el a c o n t e c i m i e n t o puro, que no se c o n f u n d e con el estado de cosas en el q u e se encarna. Deslindar siempre un acontecimiento d e las cosas y de los seres es la tarea de la filosofía c u a n d o crea c o n ceptos, entidades. Establecer el a c o n t e c i m i e n t o n u e v o de las cosas y d e los seres, darles siempre un a c o n t e c i m i e n t o nuevo: el espacio, el tiempo, la materia, el p e n s a m i e n t o , lo posible c o m o acontecimientos... Resulta vano prestar conceptos a la ciencia: ni siquiera c u a n d o se ocupa de los mismos «objetos», lo hace bajo el aspecto del c o n c e p t o , no lo hace c r e a n d o conceptos. Se objetará q u e se trata de u n a cuestión d e palabras, pero n o es frecuente q u e las

37

palabras no i m p l i q u e n intenciones o argucias. Si se decidiera reservar el c o n c e p t o a la ciencia, se trataría de una mera cuestión d e palabras a u n a costa d e e n c o n t r a r otra palabra para designar el q u e h a c e r d e la filosofía. P e r o las más de las veces se procede de o t r o modo. Se empieza p o r atribuir el p o d e r del concepto a la ciencia, se d e f i n e el c o n c e p t o a través de los procedimientos creativos d e la ciencia, se lo m i d e con la ciencia, y después se p l a n t e a si n o queda u n a posibilidad para que la filosofía f o r m e a su vez conceptos d e s e g u n d a zona, q u e suplan su propia insuficiencia a través d e u n vago llamamiento a lo vivido. D e este m o d o Giíles-Gaston G r a n g e r empieza por definir el concepto c o m o una proposición o u n a f u n c i ó n científicas, y después adm i t e q u e p u e d e pese a t o d o haber unos conceptos filosóficos q u e sustituyan la referencia al objeto por el correlato d e u n a «totalidad d e lo vivido». 1 Pero, d e hecho, o bien la filosofía lo ignora t o d o del concepto, o bien lo conoce con pleno d e r e c h o y de prim e r a m a n o , hasta el p u n t o de no dejar nada para la ciencia, q u e p o r lo demás n o lo necesita para nada y que sólo se ocupa de los estados de las cosas y d e sus condiciones. La ciencia se basta con las proposiciones o f u n c i o n e s , mientras que la filosofía por su p a r t e n o necesita i n v o c a r una vivencia que sólo otorgaría una vida fantasmagórica y extrínseca á unos conceptos secundarios exangües en sí mismos. E l c o n c e p t o filosófico n o se refiere a lo vivido, por c o m p e n s a c i ó n , s i n o q u e consiste, p o r su propia creac i ó n , e n establecer u n a c o n t e c i m i e n t o que* sobrevuela toda viv e n c i a t a n t o c o m o c u a l q u i e r estado d e las cosas. Cada c o n c e p t o talla el a c o n t e c i m i e n t o , lo perfila a su m a n e r a . La grandeza d e u n a filosofía se valora p o r la naturaleza d e los acontecimientos a los q u e sus c o n c e p t o s n o s incitan, o q u e nos hace capaces d e ext r a e r d e n t r o d e unos c o n c e p t o s . P o r lo t a n t o hay q u e desmenuzar hasta sus más recónditos detalles el vínculo único, exclusivo, d e los conceptos c o n la filosofía e n t a n t o q u e disciplina creadora. E l c o n c e p t o p e r t e n e c e a la filosofía y sólo p e r t e n e c e a ella.

1. Gilles-Gaston Granger, Pour la connaiaance

Jacob, cap. VI.

38

philoiophique,

Éd. Odile

2. E L P L A N O D E

INMANENCIA

Los c o n c e p t o s filosóficos son todos fragmentarios q u e no ajustan unos c o n otros, p u e s t o q u e sus bordes no coinciden. Son más p r o d u c t o d e dados lanzados al azar q u e piezas d e un r o m pecabezas. Y sin e m b a r g o r e s u e n a n , y la filosofía q u e los crea presenta s i e m p r e u n T o d o poderoso, no f r a g m e n t a d o , incluso c u a n d o p e r m a n e c e abierta: U n o - T o d o ilimitado, O m n i t u d o , q u e los incluye a t o d o s en un ú n i c o y m i s m o plano. Es u n a mesa, una planicie, u n a sección. Es un p l a n o de consistencia o, más exactamente, el p l a n o de i n m a n e n c i a d e los conceptos, el planómeno. Los c o n c e p t o s y el p l a n o son estrictamente correlativos, pero n o por ello d e b e n ser c o n f u n d i d o s . E l p l a n o d e i n m a n e n c i a n o es u n c o n c e p t o , n i el c o n c e p t o d e t o d o s los conceptos. SÍ se los c o n f u n d i e r a , n a d a i m p e d i r í a a los conceptos f o r m a r u n o único, o c o n v e r t i r s e e n universales y p e r d e r su singularidad, p e r o también el p l a n o perdería su apertura. La filosofía es u n constructivismo, y el c o n s t r u c t i v i s m o t i e n e dos aspectos c o m p l e m e n tarios q u e d i f i e r e n e n sus características: crear c o n c e p t o s y establecer u n plano. Los c o n c e p t o s son c o m o las olas m ú l t i p l e s q u e suben y bajan, p e r o el p l a n o d e i n m a n e n c i a es la ola ú n i c a q u e los enrolla y desenrolla. E l p l a n o r e c u b r e los m o v i m i e n t o s infinitos q u e los recorren y regresan, p e r o los conceptos son las velocidades infinitas d e m o v i m i e n t o s finitos q u e recorren cada vez ú n i c a m e n t e sus p r o p i o s c o m p o n e n t e s . D e s d e E p i c u r o a Spinoza (el prodigioso libro V...), d e Spinoza a Michaux, el p r o b l e m a del p e n s a m i e n t o es la velocidad infinita, p e r o ésta necesita u n m e d i o q u e se m u e v a e n sí m i s m o i n f i n i t a m e n t e , el plano, el vacío, el

39

horizonte. E s necesaria la elasticidad del c o n c e p t o , p e r o t a m b i é n ja f l u i d e z del m e d i o . ' A m b a s cosas son necesarias para c o m p o n e r «los seres lentos» q u e somos. L o s c o n c e p t o s son el archipiélago o el esqueleto, más col u m n a vertebral q u e c r á n e o , m i e n t r a s q u e el plano es la respiración q u e e n v u e l v e estos isolats.1 L o s c o n c e p t o s son superficies o v o l ú m e n e s absolutos, d e f o r m e s y f r a g m e n t a r i o s , m i e n t r a s que el p l a n o es lo absoluto ilimitado, informe, ni superficie ni v o l u m e n , p e r o s i e m p r e fractal. Los conceptos son disposiciones concretas c o m o c o n f i g u r a c i o n e s d e u n a m á q u i n a , p e r o el p l a n o es la m á q u i n a abstracta cuyas disposiciones son las piezas. Los c o n c e p t o s son a c o n t e c i m i e n t o s , p e r o el plano es-el h o r i z o n t e d e los acontec i m i e n t o s , el d e p ó s i t o o la reserva d e los a c o n t e c i m i e n t o s p u r a m e n t e conceptuales: n o el horizonte r e l a t i v o que f u n c i o n a c o m o u n límite, q u e cambia con u n o b s e r v a d o r y q u e e n g l o b a estados d e cosas observables, sino el h o r i z o n t e absoluto, i n d e p e n d i e n t e d e cualquier observador, y q u e traduce el a c o n t e c i m i e n t o c o m o c o n c e p t o i n d e p e n d i e n t e d e u n estado d e cosas visible d o n d e se llevaría a cabo. 3 Los c o n c e p t o s van p a v i m e n t a n d o , o c u p a n d o o p o b l a n d o el p l a n o , p a l m o a p a l m o , m i e n t r a s q u e el p l a n o e n sí m i s m o es el m e d i o indivisible e n él q u e los c o n c e p t o s sé reparten sin r o m p e r su i n t e g r i d a d , su c o n t i n u i d a d : o c u p a n sin c o n t a r (la cifra del c o n c e p t o n o es u n n ú m e r o ) o se distribuyen sin dividir. E l p l a n o es c o m o u n desierto q u e los c o n c e p t o s p u e b l a n sin c o m p a r t i m e n t a r l o . Son los c o n c e p t o s m i s m o s las ú n i c a s regiones del p l a n o , p e r o es el p l a n o el ú n i c o c o n t i n e n t e d e los conceptos. 1. Sobre la elasticidad de! concepto, Hubert Damisch, Prefacio a Prospectus de Dubuffet, Gallimard, 1, págs. 18 y 19. 2. «Isolat» de ¡soler (aislar), tal vez formado - e n 1962- c o m o habitat, significa, según el diccionario Robert: Grupo étnico aislado, grupo de seres vivos aislados. (N. del T.) 3. Jean-Pierre Luminet distingue entre los horizontes relativos, como el horizonte terrestre centrado sobre un observador y que se desp)i2» con c), y el horizonte absoluto, «horizonte de los acontecimientos», independiente de cualquier observador y que divide los acontecimientos en dos categorías: los vistos y los no vistos, los comunicables y los no comunicables («Le trou noir ct J'infmi», en Les dimemions de l'infini, Instituto italiano de cultura de París). También puede uno remitirse al texto zen del monje japonés Dóger», que invoca el horizonte o la «reserva» de los acontecimientos: Shóbogemo, fid. de la Diffcrence, traducción y comentarios de Rene de Ccccaty y Nakamora.

40

El plano no tiene m á s regiones que las tribus q u e lo pueblan y q u e se desplazan en él. El plano es lo q u e garantiza el contacto de los conceptos, con u n a s conexiones siempre crecientes, y son Jos conceptos los q u e garantizan el asentamiento d e población del plano sobre u n a curvatura siempre renovada, siempre variable. El p l a n o d e i n m a n e n c i a no es un concepto pensado ni pensable, sino la imagen d e l pensamiento, la imagen q u e se da a sí m i s m o de lo que significa pensar, hacer uso del p e n s a m i e n t o , orientarse e n el pensamiento... N o es u n m é t o d o , pues todo m é t o d o tiene q u e ver e v e n t u a l m e n t e con los conceptos y s u p o n e una imagen semejante. Tampoco es u n estado de c o n o c i m i e n t o sobre el c e r e b r o y su funcionamiento, puesto q u e en este caso el p e n s a m i e n t o n o se r e f i e r e a la lenre cerebro c o m o al estado d e cosas c i e n t í f i c a m e n t e determinable en el q u e el p e n s a m i e n t o s i m p l e m e n t e se e f e c t ú a , cualquiera q u e sea y su orientación. T a m p o c o es la o p i n i ó n que uno suele formarse del p e n s a m i e n t o , d e sus f o r m a s , de sus objetivos y sus medios e n tal o cual m o mento. La imagen del pensamiento implica u n reparto s e v e r o del hecho y del derecho: lo que pertenece al p e n s a m i e n t o c o m o tal debe ser s e p a r a d o d e los accidentes q u e r e m i t e n al cerebro, o a las o p i n i o n e s históricas. «¿Quid juris?» Por ejemplo, perder la memoria, o estar loco, ¿puede acaso pertenecer al p e n s a m i e n t o c o m o tal, o se trata s ó l o de accidentes del cerebro q u e d e b e n ser considerados m e r o s hechos? ¿V contemplar, reflexionar, c o m u n i car, acaso n o son o p i n i o n e s que uno se f o r m a sobre el p e n s a miento, e n tal é p o c a y en ta) civilización? L a imagen del p e n samiento sólo c o n s e r v a lo que el p e n s a m i e n t o p u e d e reivindicar por d e r e c h o . El p e n s a m i e n t o reivindica «sólo» el m o v i m i e n t o q u e p u e d e ser llevado al infinito. Lo q u e el p e n s a m i e n t o reivindica en d e r e c h o , lo q u e selecciona, es el m o v i m i e n t o infinito o el m o v i m i e n t o del infinito. Él es quien constituye la imagen d e l pensamiento. El m o v i m i e n t o del infinito no remite a unas coordenadas esp a c i o t e m p o r a l e s q u e definirían las posiciones sucesivas d e u n móvil y las referencias fijas respecto a las cuales éstas varían. «Orientarse en el pensamiento» no implica referencia objetiva, ni móvil q u e se sienta c o m o sujeto y que, en calidad d e tal, desee

41

el i n f i n i t o o lo n e c e s i t e . E l m o v i m i e n t o l o h a a c a p a r a d o t o d o , y ya n o q u e d a sitio a l g u n o p a r a u n s u j e t o y u n o b j e t o q u e sólo p u e d e n s e r c o n c e p t o s . L o q u e está e n m o v i m i e n t o es el p r o p i o h o r i z o n t e : e l h o r i z o n t e r e l a t i v o se aleja c u a n d o el s u j e t o avanza, p e r o e n el h o r i z o n t e a b s o l u t o , e n el p l a n o d e i n m a n e n c i a , e s t a m o s a h o r a - y a y s i e m p r e . L o q u e d e f i n e el m o v i m i e n t o i n f i n i t o es u n v a i v é n , p o r q u e n o v a h a c i a u n d e s t i n o sin v o l v e r ya s o b r e sí, p u e s t o q u e la aguja e s t a m b i é n el p o l o . Si «volverse hacia...» es el m o v i m i e n t o del p e n s a m i e n t o hacia lo v e r d a d e r o , ¿ c ó m o n o iba lo v e r d a d e r o a v o l v e r s e t a m b i é n hacia el p e n s a m i e n t o ? ¿ Y c ó m o n o iba él m i s m o a alejarse d e l p e n s a m i e n t o c u a n d o éste se aleja d e él? N o se trata n o o b s t a n t e d e u n a f u s i ó n , s i n o d e u n a reversibilidad, d e un intercambio inmediato, perpetuo, instantáneo, de u n r e l á m p a g o . E l m o v i m i e n t o i n f i n i t o es d o b l e , y t a n sólo hay u n a l e v e i n c l i n a c i ó n d e u n o a otro. E n este s e n t i d o se d i c e q u e p e n s a r y ser son u n a ú n i c a y m i s m a cosa. O , m e j o r d i c h o , el m o v i m i e n t o n o es i m a g e n del p e n s a m i e n t o sin ser t a m b i é n m a t e r i a d e l ser. C u a n d o s u r g e el p e n s a m i e n t o d e T a l e s es c o m o agua q u e r e t o r n a . C u a n d o el p e n s a m i e n t o d e H e r á c l i t o se h a c e potemos, es e l f u e g o q u e r e t o r n a s o b r e él. H a y la m i s m a v e l o c i d a d e n a m b a s partes: « E l á t o m o v a t a n d e p r i s a c o m o el p e n s a m i e n t o . » ' E l p l a n o d e i n m a n e n c i a t i e n e dos facetas, c o m o P e n s a m i e n t o y c o m o N a t u r a l e z a , c o m o Physis y c o m o Nous. E s p o r l o q u e s i e m p r e hay m u c h o s m o v i m i e n t o s i n f i n i t o s e n t r e l a z a d o s u n o s d e n t r o d e los o t r o s , p l e g a d o s u n o s d e n t r o d e los o t r o s , e n la m e d i d a e n q u e el r e t o r n o d e u n o d i s p a r a o t r o i n s t a n t á n e a m e n t e , d e tal m o d o q u e el p l a n o d e i n m a n e n c i a n o p a r a d e tejerse, g i g a n t e s c a lanzadera. Volverse hacia n o implica sólo volverse sino afrontar, d a r m e d i a vuelta, v o l v e r s e , e x t r a v i a r s e , d e s v a n e c e r s e . 2 I n c l u s o l o negativo produce m o v i m i e n t o s infinitos: caer e n el error t a n t o c o m o e v i t a r lo f a l s o , dejarse d o m i n a r p o r las p a s i o n e s t a n t o c o m o superarlas. V a r i o s m o v i m i e n t o s del i n f i n i t o e s t á n t a n e n t r e m e z c l a d o s que, lejos d e r o m p e r el U n o - T o d o del p l a n o d e i n m a n e n c i a , c o n s t i t u y e n su c u r v a t u r a v a r i a b l e , sus c o n c a v i d a d e s

1. Epicuro, Carta a Herodoto, 61-62. 2. Sobre estos dinamismos, cf. Michel Courthial, Le visa ge, de próxima publicación.

42

y sus convexidades, su naturaleza fractal e n cierto m o d o . Esta naturaleza fractal es lo que hace q ü e el p l a n ó m e n o sea u n infinito siempre distinto d e cualquier superficie o v o l u m e n asignable como concepto. Cada m o v i m i e n t o recorre la totalidad del p l a n o efectuando u n r e t o r n o i n m e d i a t o sobre sí mismo, plegándose, pero también p l e g a n d o a otros o dejándose plegar, e n g e n d r a n d o retroacciones, c o n e x i o n e s , proliferaciones, en la fractalización d e esta infinidad i n f i n i t a m e n t e plegada una y otra vez (curvatura variable del plano). P e r o , pese a ser cierto que el p l a n o d e i n m a nencia es s i e m p r e único, puesto q u e es en sí m i s m o variación pura, tanto m á s t e n d r e m o s q u e explicar por q u é hay planos d e inmanencia variados, diferenciados, q u e se suceden o rivalizan en la historia, p r e c i s a m e n t e según los m o v i m i e n t o s infinitos c o n servados, seleccionados. El p l a n o no es c i e r t a m e n t e el m i s m o e n la época de los griegos, en el siglo x v n , en la actualidad (y a u n estos términos son vagos y generales): n o se trata d e la m i s m a imagen del p e n s a m i e n t o , ni d e la misma materia del ser. E l plano es por l o t a n t o objeto d e u n a especificación infinita, q u e hace que tan s ó l o parezca ser el U n o - T o d o en cada caso especificado por la selección del m o v i m i e n t o . Esta dificultad referida a la naturaleza ú l t i m a del p l a n o d e i n m a n e n c i a sólo p u e d e resolverse progresivamente. Resulta esencial n o c o n f u n d i r el p l a n o d e i n m a n e n c i a y los conceptos q u e l o o c u p a n . Y sin e m b a r g o los mismos e l e m e n t o s pueden presentarse dos veces, e n el p l a n o y e n el c o n c e p t o , p e r o n o será con las m i s m a s caractérísticas, aun c u a n d o se expresen con los mismos v e r b o s y con las mismas palabras: ya lo h e m o s visto para el ser, el p e n s a m i e n t o , el u n o ; entran e n u n o s c o m p o nentes de c o n c e p t o y son ellos mismos conceptos, p e r o d e u n m o d o c o m p l e t a m e n t e d i s t i n t o del q u e p e r t e n e c e al p l a n o c o m o imagen o m a t e r i a . I n v e r s a m e n t e , lo v e r d a d e r o s o b r e el p l a n o sólo puede sér d e f i n i d o por u n «volverse hacia...», o «hacia l o q u e se vuelve el p e n s a m i e n t o » ; p e r o n o d i s p o n e m o s así d e n i n g ú n concepto d e v e r d a d . Si el error es e n sí m i s m o u n e l e m e n t o d e derecho q u e f o r m a p a r t e del plano, sólo consiste e n t o m a r lo falso por v e r d a d e r o (caer), p e r o ú n i c a m e n t e recibe u n c o n c e p t o si se le d e t e r m i n a n u n o s c o m p o n e n t e s ( p o r ejemplo, según Descartes, los dos c o m p o n e n t e s d e u n e n t e n d i m i e n t o finito y d e una

43

v o l u n t a d infinita). A s í pues, los m o v i m i e n t o s o e l e m e n t o s del p l a n o sólo p a r e c e r á n definiciones n o m i n a l e s respecto a los c o n ceptos m i e n t r a s se i g n o r e la diferencia d e naturaleza. Pero, e n realidad, los e l e m e n t o s del plano son características diagramáticas, en t a n t o q u e los conceptos son características intensivas. Los p r i m e r o s son m o v i m i e n t o s del infinito, m i e n t r a s q u e los segundos son las o r d e n a d a s intensivas d e estos m o v i m i e n t o s , c o m o secciones originales o posiciones diferenciales; m o v i m i e n t o s finitos, c u y o i n f i n i t o t a n sólo es ya d e velocidad, y que constituyen cada vez u n a s u p e r f i c i e o un v o l u m e n , u n p e r í m e t r o irregular q u e m a r c a u n a d e t e n c i ó n en el grado d e proliferación. Los prim e r o s son direcciones absolutas d e naturaleza fractal, m i e n t r a s q u e Jos s e g u n d o s s o n dimensiones absolutas, superficies o volúm e n e s s i e m p r e f r a g m e n t a r i o s , definidas i n t e n s i v a m e n t e . Los prim e r o s son intuiciones, los segundos intensiones. Q u e c u a l q u i e r filosofía d e p e n d a d e u n a intuición q u e sus conceptos n o cesan d e desarrollar c o n la salvedad de las diferencias d e intensidad, esta grandiosa p e r s p e c t i v a leibniziana o bergsoniana está f u n d a m e n tada si se c o n s i d e r a la intuición c o m o el e n v o l v i m i e n t o d e los m o v i m i e n t o s i n f i n i t o s del p e n s a m i e n t o q u e recorren sin cesar u n p l a n o d e i n m a n e n c i a . N o hay q u e concluir c i e r t a m e n t e q u e los c o n c e p t o s r e s u l t a n d e l plano: es necesaria u n a c o n s t r u c c i ó n e s p e cial distinta d e la d e l plano, y p o r este m o t i v o los c o n c e p t o s tien e n q u e ser c r e a d o s igual q u e hay q u e establecer el plano. Las características i n t e n s i v a s jamás son la consecuencia d e las características d í a g r a m á t i c a s , ni las o r d e n a d a s intensivas se d e d u c e n d e los m o v i m i e n t o s o d e las direcciones. La c o r r e s p o n d e n c i a e n t r e a m b o s e x c e d e i n c l u s o las meras resonancias y hace i n t e r v e n i r u n a s i n s t a n c i a s a d j u n t a s a la creación d e los conceptos, es d e c i r a los p e r s o n a j e s c o n c e p t u a l e s . Así, si la filosofía empieza con la creación d e los c o n c e p t o s , el p l a n o d e i n m a n e n c i a tiene q u e ser c o n s i d e r a d o prefilosófico. Se lo p r e s u p o n e , n o d e l modo c o m o un c o n c e p t o p u e d e remitir a otros, s i n o del m o d o e n que los c o n c e p t o s r e m i t e n en sí m i s m o s a u n a c o m p r e n s i ó n n o conceptual. A u n así, esta c o m p r e n s i ó n intuitiva varía e n f u n c i ó n del m o d o en q u e el p l a n o es establecido. E n D e s c a r t e s , se t r a t a b a de una c o m p r e n s i ó n subjetiva e i m p l í cita supuesta p o r el Y o pienso c o m o c o n c e p t o p r i m e r o ; e n P l a -

44

ron, e r a Ja i m a g e n virtual d e u n y® p e n s a d o q u e duplicaba cualq u i e r c o n c e p t o actual. H e i d e g g c r i n v o c a u n a « c o m p r e n s i ó n p r c o n t o l ó g i c a d e l Ser», u n a c o m p r e n s i ó n «preconccptual» q u e p a r e c e e f e c t i v a m e n t e i m p l i c a r la i n c a u t a c i ó n d e u n a materia del ser r e l a c i o n a d a c o n u n a d i s p o s i c i ó n d e l p e n s a m i e n t o . D e t o d o s m o d o s , la filosofía sienta c o m o p r e f i l o s ó f i c o , o incluso c o m o n o filosófico, la p o t e n c i a d e U n o - T o d o c o m o u n d e s i e r t o d e a r e n a s m o v e d i z a s q u e los c o n c e p t o s v i e n e n a poblar. Prefilosófico n o significa n a d a q u e preexista, s i n o algo que no existe allende la filosofía a u n q u e ésta lo s u p o n g a . Son sus c o n d i c i o n e s internas. Tal vez lo n o filosófico esté m á s e n el m e o l l o de la filosofía q u e la p r o p i a filosofía, y significa q u e la filosofía n o p u e d e c o n t e n t a r s e con ser c o m p r e n d i d a ú n i c a m e n t e d e u n m o d o filosófico o c o n c e p t u a l , sino q u e se dirige t a m b i é n a los n o filósofos, en su e s e n cia. 1 V e r e m o s q u e esta r e l a c i ó n c o n s t a n t e con la n o filosofía reviste aspectos variados; s e g ú n este p r i m e r aspecto, la filosofía d e f i n i d a c o m o creación d e c o n c e p t o s implica u n a presuposición q u e se d i f e r e n c i a d e ella, y q u e n o o b s t a n t e le es inseparable. La filosofía es a la vez c r e a c i ó n d e c o n c e p t o e instauración del p l a n o . El c o n c e p t o es el i n i c i o d e la filosofía, p e r o el p l a n o es su instauración. 2 E v i d e n t e m e n t e el p l a n o n o consiste e n u n p r o g r a m a , u n p r o p ó s i t o , u n o b j e t i v o o u n m e d i o ; se trata d e u n p l a n o d e i n m a n e n c i a q u e c o n s t i t u y e e l s u e l o a b s o l u t o d e la filosofía, su T i e r r a o su d e s t e r r i t o r i a l i z a c i ó n , su f u n d a c i ó n , sobre los q u e crea sus c o n c e p t o s . H a c e n f a l t a a m b a s cosas, crear los c o n c e p t o s e i n s t a u r a r el p l a n o , c o m o s o n necesarias dos alas o dos aletas. P e n s a r s u s c i t a la i n d i f e r e n c i a g e n e r a l . Y n o o b s t a n t e n o es e r r ó n e o d c c i r q u e se t r a t a d e u n ejercicio peligroso. I n c l u s o resulta q u e s ó l o c u a n d o los p e l i g r o s se v u e l v e n e v i d e n t e s cesa la 1. Fran$ois La rué lie (rata de llevar a cabo una de las tentativas más interesantes de la filosofía contemporánea: invoca un Uno-Todo al que califica de «110 filosófico» y, curiosamente, de «científico», sobre el que se enraiza la «decisión filosófica». Este Uno-Todo parece próximo a Spinoza. Cf. Philosophie et nou-philosophit, Éd. Mardaga. 2. Éncnne Souriau publicó en 1939 L'instauration pkilosophique, Éd. Alcan: atento a la actividad creadora de la filosofía, invocaba una especie de plano de instauración en tanto que suelo de esta creación, o «filosofema», pictórico de dinamismos.

45

indiferencia, p e r o éstos p e r m a n e c e n a m e n u d o ocultos, escasam e n t e perceptibles, i n h e r e n t e s a la propia e m p r e s a . Precisam e n t e porque el p l a n o d e i n m a n e n c i a es prefilosófico, y n o f u n ciona ya con c o n c e p t o s , implica u n a suerte d e e x p e r i m e n t a c i ó n titubeante, y su t r a z a d o recurre a medios e s c a s a m e n t e confesables, escasamente racionales y razonables. Se trata d e medios del o r d e n del s u e ñ o , d e p r o c e s o s patológicos, d e experiencias esotéricas, d e embriaguez o d e excesos. U n o se precipita al horizonte, en el plano d e i n m a n e n c i a ; y regresa con los ojos enrojecidos, aun cuando s e trate d e los ojos del espíritu. I n c l u s o Descartes tiene su sueño. P e n s a r es siempre seguir u n a línea d e brujería. Por ejemplo, el p l a n o d e i n m a n e n c i a d e M i c h a u x , con sus m o v i m i e n t o s y sus v e l o c i d a d e s infinitos, furiosos. Las m á s d e las veces, estos medios n o a p a r e c e n en el resultado, q u e tan sólo d e b e ser aprendido e n sí m i s m o y c o n tranquilidad. P e r o e n t o n c e s «peligro» a d q u i e r e o t r o sentido: se trata d e las consecuencias evidentes, cuando la i n m a n e n c i a pura suscita e n la o p i n i ó n u n a f i r m e reprobación instintiva, y c u a n d o la naturaleza d e los conceptos creados i n c r e m e n t a además esta reprobación. Y es q u e u n o n o piensa sin c o n v e r t i r s e e n o t r a cosa, e n algo q u e n o piensa, un animal, u n vegetal, u n a molécula, u n a partícula, q u e vuelven al p e n s a m i e n t o y lo relanzan. El plano d e i n m a n e n c i a es c o m o una sección del caos, y actúa c o m o un tamiz. E l caos, en efecto, se caracteriza m e n o s por la ausencia de d e t e r m i n a c i o n e s q u e por la velocidad infinita a la q u e éstas se esbozan y se desvanecen: n o se trata d e un movim i e n t o d e una hacia o t r a , sino, por el contrario, d e la imposibilid a d d e una r e l a c i ó n e n t r e dos determinaciones, puesto q u e una n o aparece sin q u e la o t r a haya desaparecido antes, y u n a aparece c o m o evanescente c u a n d o la otra desaparece c o m o esbozo. E l caos n o es un e s t a d o i n e r t e o estacionario, n o es una mezcla azarosa. El caos caotiza, y deshace en lo infinito toda consistencia. E l problema d e la filosofía consiste e n adquirir u n a consistencia sin perder lo i n f i n i t o e n el q u e el p e n s a m i e n t o se s u m e r g e (el caos e n este s e n t i d o p o s e e u n a existencia t a n t o m e n t a l c o m o física). Dar consistencia sin perder nada de lo infinito es muy difer e n t e del problema d e la ciencia, q u e trata d e d a r unas referencias al caos a c o n d i c i ó n d e renunciar a los m o v i m i e n t o s y a las

46

velocidades infinitas y d e efectuar p r i m e r o u n a limitación d e velocidad: l o q u e es p r i m e r o e n la ciencia, es la luz o el horizonte relativo. La filosofía p o r el contrario p r o c e d e s u p o n i e n d o o instaurando el p l a n o d e inmanencia; e n él las curvaturas variables conservan los m o v i m i e n t o s infinitos q u e v u e l v e n sobre sí m i s m o s en el i n t e r c a m b i o incesante, y q u e a su v e z n o cesan d e liberar otros que se conservan. E n t o n c e s los c o n c e p t o s tienen q u e trazar las ordenadas intensivas d e estos m o v i m i e n t o s infinitos, c o m o movimientos e n sí mismos finitos q u e f o r m a n a velocidad infinita perímetros variables inscritos en el plano. E f e c t u a n d o u n a sección del caos, el p l a n o d e i n m a n e n c i a apela a u n a creación d e c o n ceptos. A la pregunta: ¿la filosofía p u e d e o d e b e ser c o n s i d e r a d a griega?, una p r i m e r a respuesta pareció ser q u e la ciudad griega e n efecto se p r e s e n t a c o m o la n u e v a sociedad d e los «amigos», c o n todas las ambigüedades d e esta palabra. J c a n - P i e r r e V e r n a n t a ñ a d e una segunda respuesta: los griegos p o d r í a n ser los p r i m e r o s e n h a ber concebido u n a i n m a n e n c i a estricta del O r d e n e n u n m e d i o cósmico q u e corta el caos a la m a n e r a d e u n plano. Si se llama L o gos a un plano-tamiz, hay m u c h o t r e c h o del logos a la m e r a «razón» (como c u a n d o se dice q u e el m u n d o es racional). La razón n o es más que u n c o n c e p t o , y u n c o n c e p t o m u y p o b r e para d e f i n i r el plano y los m o v i m i e n t o s infinitos q u e lo recorren. R e s u m i e n d o , los primeros filósofos son los q u e instauran u n p l a n o d e i n m a n e n cia como u n t a m i z t e n d i d o sobre el caos. Se o p o n e n e n este s e n tido a los Sabios, q u e son personajes d e la religión, sacerdotes, p o r q u e conciben la instauración d e u n o r d e n siempre t r a s c e n d e n t e , impuesto d e s d e f u e r a por u n gran déspota o por u n dios superior a los demás, a i m a g e n d e Eris, tras guerras q u e superan c u a l q u i e r agón y odios q u e recusan d e a n t e m a n o los desafíos d e la rivalidad.' Hay religión cada vez q u e hay trascendencia, Ser vertical, E s t a d o imperial e n el-cíelo o e n la tierra, y hay Filosofía cada vez q u e hay inmanencia, a u n c u a n d o sirva d e r u e d o al agón y a la rivalidad (los tiranos griegos n o serían u n a objeción, p o r q u e están p l e n a m e n t e

1. Cf. Jean-Pierrc Vernant, Les origines de la pense'e grecque, P.U.lv, págs. 105-125. (Hay versión española: ¿«i orígenes del pensamiento griego, Buenos Aires: E U D E B A , 1984.)

47

del l a d o d e la sociedad d e los a m i g o s tal c o m o ésta se presenta a través d e sus rivalidades m á s insensatas, más violentas). Y tal vez estas dos d e t e r m i n a c i o n e s .eventuales de Ja filosofía c o m o griega estén p r o f u n d a m e n t e v i n c u l a d a s . Ú n i c a m e n t e los amigos p u e d e n t e n d e r u n p l a n o d e i n m a n e n c i a c o m o un suelo q u e se h u r t a a los ídolos. E n E m p é d o c l e s , lo e s t a b l e c e Filia, aun c u a n d o n o regrese a m í sin d o b l e g a r el O d i o c o m o el m o v i m i e n t o q u e se h a vuelto n e g a t i v o y q u e atestigua u n a subtrascendencia del caos (el volcán) y u n a s u p e r t r a s c e n d e n c i a d e u n dios. Tal vez los primeros filósofos, y s o b r e t o d o E m p é d o c l e s , tuvieran todavía el aspecto d e sacerdotes, o incluso d e reyes. T o m a n prestada la máscara del sabio, y, c o r n o dice N i e t z s c h e , ¿ c ó m o iba la filosofía a n o disfrazarse en sus inicios? ¿Llegará i n c l u s o alguna vez a t e n e r q u e dejar d e disfrazarse? Si la i n s t a u r a c i ó n d e la filosofía se c o n f u n d e con la s u p o s i c i ó n d e u n p l a n o prefilosófico, ¿ c ó m o iba la filosofía a n o a p r o v e c h a r p a r a e n m a s c a r a r s e ? T e n e m o s de todos m o d o s q u e los p r i m e r o s filósofos e s t a b l e c e n u n p l a n o q u e recorre incesantem e n t e u n o s m o v i m i e n t o s ilimitados, en dos facetas, d e las cuales u n a es d e t e r m i n a b l e c o m o Physis, e n t a n t o q u e c o n f i e r e una m a teria al Ser, y la otra c o m o Nous, e n t a n t o q u e da u n a imagen al p e n s a m i e n t o . A n a x i m a n d r o lleva Jiasta el m á x i m o rigor la distinc i ó n d e a m b a s facetas, c o m b i n a n d o el m o v i m i e n t o d e las cualid a d e s c o n el p o d e r d e u n h o r i z o n t e absoluto, el Apeiron o lo Ilim i t a d o , p e r o s i e m p r e e n el m i s m o p l a n o . E l filósofo efectúa u n a a m p l i a d e s v i a c i ó n d e la s a b i d u r í a , la p o n e al servicio d e la i n m a n e n c i a p u r a . Sustituye la g e n e a l o g í a por una geología. E J E M P L O III ¿ C a b e p r e s e n t a r t o d a la h i s t o r i a d e la filosofía d e s d e la p e r s p e c t i v a d e la i n s t a u r a c i ó n d e u n p l a n o d e i n m a n e n c i a ? Se d i s t i n g u i r í a e n t o n c e s e n t r e los

fisicalistas,

q u e i n s i s t e n s o b r e la m a t e r i a del Ser,

y l o s n o o l o g i s t a s , q u e l o h a c e n s o b r e la i m a g e n del p e n s a m i e n t o . P e r o hay u n riesgo d e c o n f u s i ó n q u e surge d e inmediato: en vez d e s e r el p l a n o d e i n m a n e n c i a el q u e c o n s t i t u y e e n sí m i s m o esta m a t e r i a d e l S e r o e s t a i m a g e n d e l p e n s a m i e n t o , es la i n m a n e n c i a la q u e s e r e f e r i r í a a a l g o q u e s e r í a c o m o u n «dativo», M a t e r i a o E s p í r i t u . E s l o q u e s e h a c e e v i d e n t e c o n P l a t ó n y sus s u c e s o r e s . E n v e z d e q u e u n p l a n o d e i n m a n e n c i a c o n s t i t u y a el U n o - T o d o , la i n m a -

48

nencia es «del» Uno, de tal modo que otro Uno, esta vez trascendente, se superpone a aquel en el que la inmanencia se extiende o al que se atribuye: siempre un U n o más allá del Uno, tal será la fórmula de los neoplatónicos. Cada vez que se interpreta la inmanencia como «de» algo, se produce una confusión del plano y el concepto, de tal modo que el concepto se convierte en u n universal trascendente y el plano en un atributo dentro del concepto. No reconocido de este modo, el plano de inmanencia relanza lo trascendente: es un mero campo de fenómenos que ya sólo posee de segunda m a n o lo que se atribuye primero a la unidad trascendente. Con la filosofía cristiana, la situación empeora. La posición de inmanencia sigue siendo la instauración filosófica pura, pero al mismo tiempo sólo es soportada en muy pequeñas dosis, está severamente controlada y delimitada por las exigencias de una trascendencia emanativa y sobre todo creativa. Cada filósofo tiene que demostrar, arriesgando su obra y a veces su vida, que lá dosis de inmanencia que inyecta en el m u n d o y en el espíritu no compromete la trascendencia de un Dios al que la inmanencia sólo debe ser atribuida secundariamente (Nicolás de Cusa, Eckhart, Bruno). La autoridad religiosa desea que la inmanencia sólo sea soportada localmente o a un nivel intermedio, un poco como en una fuente compuesta de tazas a distinto nivel en la q u e el agua puede brotar brevemente en cada nivel, pero a condición de que proceda de una taza superior y de que descienda más abajo (trasascendencia y trasdcscc/idcncia, como decía Wahl). De la inmanencia, cabe considerar que es la piedra de toque incandescente de cualquier filosofía, porque asume todos los riesgos que ésta tiene que afrontar, todas Jas condenas y persecuciones que padece. Cosa que por lo menos convence de que el problema de la inmanencia no es abstracto o meramente teórico. N o se percibe a primera vista por qué motivo la inmanencia resulta tan peligrosa, pero es así. Engulle a sabios y dioses. Por lo que respecta a la inmanencia o al fuego se reconoce al filósofo. La inmanencia sólo lo es con respecto a sí misma, y a partir de ahí lo abarca todo, absorbe ei Todo-Uno, y no permite que subsista nada con respecto a lo cual podría ser inmanente. En cualquier caso, cada vez que se interpreta la inmanencia como inmanente a Algo, se puede tener la seguridad de que este Algo reintroduce lo trascendente. A partir de Descartes, y con Kant y Husserl, el cogito hace que sea posible tratar ei plano de inmanencia como un campo de

49

conciencia. Y es qiie Ja inmanencia es considerada inmanente a una conciencia pura, a un sujeto pensante. Kant llamará a este sujeto trascendental y no trascendente, precisamente porque es el sujeto del campo de inmanencia de cualquier experiencia posible al que nada se le escapa, ni lo externo ni lo interno. Kant rechaza cualquier utilización trascendente de la síntesis, pero remite la inmanencia al sujeto de la síntesis como nueva unidad, como unidad subjetiva. Hasta puede permitirse el lujo de denunciar las Ideas trascendentes, pira convertirlas en el «horizonte» del campo inmanente del sujeto.1 Pero, por el camino, Kant encuentra la forma moderna de salvar la trascendencia: ya no se trata de la trascendencia d e un Algo, o de un U n o superior a todo (contemplación), sino d e la de un Sujeto al que no se atribuye el campo de inmanencia sin pertenecer a un yo que necesariamente se representa a un sujeto así (reflexión). El mundo griego, que no pertenecía a nadie, se convierte cada vez más en propiedad d e una conciencia cristiana. Todavía un paso más: cuando la inmanencia se vuelve inmanente a una subjetividad trascendental, tiene que aparecer en el seno de su propio campo la señal o la cifra de una trascendencia en tanto que acto que remite ahora a otro yo, a otra conciencia (comunicación). Eso es lo que sucede con HusserI y con muchos de sus sucesores, que descubren en el Otro, o en Ja Carne, la labor de topo de lo trascendente en la propia inmanencia. HusserI concibe la inmanencia corno el flujo de la vivencia hacia la subjetividad, pero como toda esa vivencia, pura e incluso salvaje, no pertenece enteramente al yo qoe se la representa, algo trascendente vuelve a establecerse en el horizonte de las comarcas de la no-pertenencia: unas veces bajo la forma de una «trascendencia inmanente o primordial», de un mondo habitado por objetos intencionales, otras como trascendencia privilegiada de un mundo intersubjetivo habitado por otros yo, y (Mías como trascendencia objetiva de un mundo idea) habitado por formaciones culturales y por la comunidad de los seres humanos. En esta época moderna, ya no nos basta con vincular la inmanencia a un trascendente, queremos concebir la trascendencia dentro de lo inmanente, y es de la inmanencia de donde esperamos una ruptura. Así, en Jaspcrs, el plano de inmanencia recibirá la determinación más profunda en tanto que «Continente», pero este 1. Kant, Crítica de la razón pura: el espacio c o m o forma de exterioridad n o está menos «en nosotros» que el tiempo c o m o forma de interioridad («Critica del cuarto paralogismo»). Y respecto a la «Idea» como «horizonte» Cf. «Apéndice a la dialéctica trascendental».

50

continente tan sólo será un recipiente para las erupciones de trascendencia. La palabra judeocristiana sustituye al logos griego: ya no nos limitamos a atribuir la inmanencia, hacemos que escupa lo trascendente por doquier. No nos contentamos con remitir la inmanencia a lo trascendente, queremos que nos lo devuelva, que lo reproduzca, que lo fabrique ella misma. En realidad, no resulta difícil, basta con detener el movimiento.* En cuanto el movimiento del infinito se detiene, la trascendencia baja, aprovecha para resurgir, reaparecer, resaltar. Los tres tipos de Universales, contemplación, reflexión, comunicación, son como tres épocas de la filosofía, Íh fiidéttea, ia Crítica y la Fenomenología, que no se separan de la historia de una prolongada ilusión. Había que llegar hasta ahí en la inversión de los valores: hacernos creer que la inmanencia es una cárcel (solipsismo...) de la que nos salva lo Trascendente. El supuesto de Sartre, el de un campo trascendental impersonal, devuelve a la inmanencia sus derechos. 2 Cuando la inmanencia ya sólo es inmanente a algo distinto de sí es cuando se puede hablar de un plano de inmanencia. Tal vez un plano semejante constituya un empirismo radical: no presentaría un flujo de la vivencia inmanente a un sujeto, y que se individualizaría en lo que pertenece a un yo. Sólo presenta acontecimientos, es decir mundos posibles en tanto que conceptos, y unos Otros, como expresiones de mundos posibles o de personajes conceptuales. El acontecimiento no remite la vivencia a un sujeto trascendente = Yo, sino que se refiere al sobrevuelo inmanente de un campo sin sujeto; el Otro no devuelve trascendencia a otro yo, sino que devuelve a cualquier otro yo a la inmanencia del campo sobrevolado. El empirismo sólo conoce acontecimientos y a Otros, con lo que resulta un gran creador de conceptos. Su fuerza empieza a partir del momento que define el sujeto: un habitus, una costumbre, no más que una costumbre en un campo de inmanencia, la costumbre de decir Yo... Quien sabía plenamente que la inmanencia sólo pertenecía a sí mísma, y que por lo tanto era un plano recorrido por los movimientos del infinito, rebosante de ordenadas intensivas, era Spinoza. Por eso es el príncipe de los filósofos. Tal vez el único que no pactó con la trascendencia, que le dio caza por doquier: Hizo el 1. Rajmond Bellour, L'Entre-images, Éd. de la Differcnce, pág. 132: sobre el vinculo Je la trascendencia c o n la interrupción del movimiento o la «detención sobre b imagen». 2. Sartre, La transcendanee de i'Ego, Éd. Vrin (invocación cte Spinoza, pág. 23).

51

movimiento del infinito, y confirió a! pensamiento velocidades infinitas en el tercer ripo de conocimiento, en el último libro de la Ética. Alcanzó en él velocidades inauditas, atajos tan fulminantes que ya sólo cabe hablar de música, de tornado, de vientos y de cuerdas. Encontró la única libertad en la inmanencia. Llevó a buen fin la filosofía, porque cumplió su supuesto prefilosófico. No se trata de que la inmanencia se refiera a la sustancia y a los modos spinozistas, sino que, al contrario, son los conceptos spinozistas de sustaiTCÍa v de modos los que se refieren tanto al plano de inmanencia como a su presupuesto. Este plano tiende hacia nosotros sus dos facetas, la amplitud y el pensamiento, o más exactamente sus dos potencias, potencia de ser y potencia de pensar, Spinoza es el vértigo de la inmanencia, del que tantos filósofos tratan de escapar en vano. ¿Estaremos alguna vez maduros para una inspiración spinozista? .Le sucedió a Bergson, en una ocasión: el inicio de Matiere et mémoire (Materia y memoria) traza un plano que corta el caos, a la vez movimiento infinito de una materia que no cesa de propagarse e imagen de un pensamiento que no deja de propagar por doquier una conciencia pura en derecho (no es la inmanencia la que pertenece a la conciencia, sino a la inversa).

El p l a n o es circunscrito por ilusiones. N o se trata de contrasentidos abstractos, ni siquiera de presiones del exterior, sino d e espejismos del p e n s a m i e n t o . ¿Cabe explicarlos p o r Ja pesadez d e nuestro cerebro, por el roce trillado con las o p i n i o n e s dominantes, y p o r q u e n o p o d e m o s soportar estos m o v i m i e n t o s infinitos ni d o m i n a r estas velocidades infinitas q u e nos destrozarían (entonces t e n e m o s q u e d e t e n e r el m o v i m i e n t o , volver a constituirnos presos d e u n horizonte relativo)? Y n o obstante, corremos sobre el p l a n o d e i n m a n e n c i a , estamos en el horizonte absoluto. E s necesario sin e m b a r g o , por lo m e n o s en parte, q u e las ilusiones se d e s p r e n d a n del p r o p i o plano, c o m o los vapores de un est a n q u e , c o m o las miasmas prcsocráticas q u e se exhalan d e la t r a n s f o r m a c i ó n d e los elementos siempre activos sobre el plano. A r t a u d decía: «el p l a n o d e conciencia» o p l a n o d e inmanencia ilimitado —lo q u e los indios llamaban Ciguri— e n g e n d r a también alucinaciones, percepciones erróneas, malos sentimientos... 1 H a 1. Artaud, Les Tarahumaras (Qicuvres completes, Gallimard, IX). (Hay versión española: Los Tarahu triara, Marcelo na: Tusqucts, 1985.)

52

bría q u e establecer la lista de estas ilusiones, delimitarlas, c o m o hizo Nietzsche después d e Spinoza estableciendo la lista d e los «cuatro g r a n d e s errores». Pero la lista es infinita. H a y e n p r i m e r lugar la ilusión de trascendencia, q u e tal v e z a n t e c e d a a todas las demás (bajo u n a faceta doble, h a c e r q u e la i n m a n e n c i a se t o r n e i n m a n e n t e a algo, y volver a e n c o n t r a r u n a trascendencia en la propia inmanencia). D e s p u é s la ilusión de los universales, c u a n d o se c o n f u n d e n los c o n c e p t o s c o n el plano; p e r o esta c o n f u s i ó n se hace a partir del m o m e n t o e n q u e se p l a n t e a u n a i n m a n e n c i a a algo, p u e s t o q u e este algo es n e c e s a r i a m e n t e c o n c e p t o : se c r e e que el universal explica, c u a n d o es él el q u e h a d e ser explicado, y se cae e n u n a triple ilusión, la d e la c o n t e m p l a c i ó n , o la d e la reflexión, o la d e la c o m u n i c a c i ó n . D e s p u é s está la ilusión de lo eterno, c u a n d o se olvida q u e los conceptos t i e n e n q u e ser creados. Y finalmente la ilusión de la discursividadt c u a n d o se c o n f u n d e n las proposiciones con los conceptos... P r e c i s a m e n t e , n o c o n v i e n e creer q u e todas estas ilusiones se c o n c a t e n a n lógicam e n t e c o m o proposiciones, p u e s r e s u e n a n o r e v e r b e r a n , y f o r m a n u n a niebla densa alrededor del p l a n o . El p l a n o d e i n m a n e n c i a t o m a prestadas del caos d e t e r m i n a ciones q u e convierte en sus m o v i m i e n t o s i n f i n i t o s o e n sus rasgos diagramáticos. A partir d e ahí, cabe, se d e b e s u p o n e r u n a multiplicidad d e planos, p u e s t o q u e n i n g u n o abarcaría t o d o el caos sin recaer en él, y que cada u n o r e t i e n e sólo u n o s m o v i mientos q u e se dejan plegar juntos. Si la historia d e la filosofía presenta tantos planos muy diferenciados n o es sólo d e b i d o a unas ilusiones, a la variedad d e las ilusiones, n o es sólo p o r q u e cada u n o t i e n e su m o d o - s i e m p r e r e n o v a d o - d e volver a c o n f e rir trascendencia; t a m b i é n lo es, más p r o f u n d a m e n t e , a su m o d o de hacer i n m a n e n c i a . Cada p l a n o lleva a c a b o u n a selección d e lo q u e p e r t e n e c e d e p l e n o d e r e c h o al p e n s a m i e n t o , p e r o esta selección varía de u n o a otro. Cada p l a n o d e i n m a n e n c i a es u n U n o - T o d o : n o es parcial, c o m o un c o n j u n t o científico, ni fragmentario c o m o los conceptos, sino distributivo, es u n «cada uno», El p l a n o de i n m a n e n c i a es hojaldrado. Y resulta sin d u d a difícil valorar en cada caso c o m p a r a d o s¡ hay u n ú n i c o y m i s m o plano, o varios diferentes; ¿tienen los presocráticos u n a i m a g e n c o m ú n del p e n s a m i e n t o , a pesar de las d i f e r e n c i a s e n t r e H e r á -

53

clito y Parménides? ¿Cabe hablar de un p l a n o d e i n m a n e n c i a o d e una imagen del pensamiento llamado clásico, y q u e tuviera u n a continuidad desde Platón a Descartes? L o q u e varia n o son sólo los planos sino la forma de distribuirlos. ¿Hay acaso p u n t o s d e vista más o m e n o s alejados o próximos q u e p e r m i t a n agrupar estratos diferentes a lo largo d e un período s u f i c i e n t e m e n t e largo o separar estratos sobre u n plano que parecía c o m ú n , y del q u e p r o v e n d r í a n estos p u n t o s de vista, a pesar del horizonte absoluto? ¿Cabe contentarse aquí con un historicismo, con un relativ i s m o generalizado? E n todos estos aspectos, la cuestión de la u n i d a d o del m ú l t i p l o vuelve a adquirir la m á x i m a importancia introduciéndose e'n el plano. Llevando las cosas al límite, ¿no resulta q u e cada gran filós o f o establece u n plano d e inmanencia n u e v o , aporta u n a materia del ser n u e v a y erige u n a imagen del p e n s a m i e n t o n u e v a , hasta el punto d e q u e n o habría dos grandes filósofos sobre el m i s m o plano? Bien es verdad que no concebimos a n i n g ú n gran filósofo del q u e n o sea obligado decir: ha m o d i f i c a d o el signific a d o d e pensar, ha «pensado d e otro modo» (según la sentencia d e Foucatilt). Y c u a n d o se distinguen varias filosofías en u n m i s m o autor, ¿no es acaso p o r q u e el propio filósofo había camb i a d o d e plano, había e n c o n t r a d o una i m a g e n n u e v a u n a vez más? N o se p u e d e p e r m a n e c e r insensible al l a m e n t o d e Biran, c e r c a n a ya la h o r a d e la muerte: «Me siento algo viejo para e m pezar d e nuevo la construcción.»* A cambio, n o son filósofos los f u n c i o n a r i o s q u e n o r e n u e v a n la imagen del p e n s a m i e n t o , q u e ni siquiera son conscientes d e este problema, e n la beatitud d e u n p e n s a m i e n t o t ó p i c o q u e ignora incluso el q u e h a c e r d e aquellos q u e p r e t e n d e t o m a r c o m o modelos. Pero e n t o n c e s , ¿ c ó m o hacer p a r a entenderse e n filosofía, si existen todos estos estratos q u e o r a se pegan y ora se separan? ¿No estamos acaso c o n d e n a d o s a tratar d e establecer nuestro propio plano sin saber c o n cuáles va a coincidir? ¿No significa acaso reconstituir u n a especie d e caos? Ésta es la m ó n p o r la q u e cada plano no sólo está hojaldrado, s i n o agujereado, p e r m i t i e n d o el paso d e estas nieblas q u e lo e n v u e l v e n e n las q u e e l filósofo q u e lo ha establecido resulta ser a

t . Biran, Sa vie et id pernees,

54

&.I. Naville (año 1823), pág. 357.

m e n u d o el p r i m e r o en perderse. Q u e las nieblas q u e se desprend e n sean tantas, lo explicamos por lo tanto d e dos maneras: prim e r o porque eí p e n s a m i e n t o no p u e d e evitar interpretar la inmanencia c o m o i n m a n e n t e a algo, gran Objeto d e la c o n t e m p l a ción, Sujeto d e la reflexión, O t r o sujeto d e la comunicación: resulta fatal e n t o n c e s q u e la trascendencia se introduzca d e n u e v o . Y si n o p o d e m o s evitarlo, es p o r q u e cada plano d e i n m a nencia, al parecer, tan sólo p u e d e p r e t e n d e r ser único, ser EL p l a n o reconstituyendo el caos q u e tenía q u e conjurar: podéis escoger entre la trascendencia y el caos... EJEMPLO IV

Cuando el plano selecciona lo que corresponde de derecho al pensamiento para hacer con ello sus rasgos, intuiciones, direcciones o movimientos diagramáticos, devuelve otras determinaciones al estado de meros hechos, caracteres de estados de cosas, contenidos vividos. Y por supuesto la filosofía podrá extraer de estos estados de cosas conceptos en tanto en cuanto extraiga de ellos el acontecimiento. Pero no es ésta la cuestión. Lo que pertenece por derecho al pensamiento, lo que se percibe como rasgo diagramático en sí, repele otras determinaciones rivales (aun cuando éstas estén llamadas a recibir un concepto). De este modo Descartes convierte el error en el rasgo o en la dirección que expresa por derecho lo negativo del pensamiento. No es el primero que lo hace, y cabe .considerar el «error» como uno de los rasgos principales de la imagen clásica del pensamiento. N o se nos pasa por alto en una imagen de estas características que hay muchas más cosas que ponen en peligro pensar: la estulticia, la amnesia, la afasia, el desvarío, la locura...; pero todas estas determinaciones serán consideradas hechos que sólo tienen un efecto de derecho inmanente en el pensamiento, el error, el error una vez más. El error es el movimiento infinito que recoge todo lo negativo. ¿Cabe hacer retrotraer este rasgo hasta Sócrates, para quien el malo (de hecho) es por derecho alguien que «yerra»? Pero, aun siendo cierto que el Teeteto es una fundación del error, ¿no se reserva acaso Platón los derechos de otras determinaciones rivales, como el desvarío del Fedro, hasta el punto de que la imagen del pensamiento en Platón nos da también la impresión de trazar tantas otras vías? Se produce un gran cambio no sólo en los conceptos, sino en la

55

imagen del pensamiento, cuando la ignorancia y la superstición van a sustituir el error y el prejuicio para expresar por derecho lo negativo del pensamiento: Fontenelle asume aquí un papel importante y lo que cambia son los movimientos infinitos en los que el pensamiento se pierde y se conquista a la vez. Más aún, cuando Kant señale que el pensamiento está amenazado no tanto por e) error sino por ilusiones inevitables que provienen del interior de la razón, como de una zona ártica interna en la que enloquece la aguja de cualquier brújula, una reorientación de todo el pensamiento se volverá necesaria al mismo tiempo que cierto desvarío por derecho lo penetra. El pensamiento ya no está amenazado en el plano de inmanencia por los agujeros o por las roderas de la senda que sigue, sino por las nieblas nórdicas que lo recubren todo. Hasta la cuestión misma de «orientarse en el pensamiento» cambia de sentido. Un rasgo no es aislable. En efecto, el movimiento sometido a un signo negativo se encuentra él mismo plegado en otros movimientos de signos positivos o ambiguos. En la imagen clásica, el error no expresa por derecho lo peor que le puede suceder al pensamiento sin que el pensamiento se presente él mismo como «deseando» lo verdadero, orientado hacia lo verdadero, vuelto hacia lo verdadero: lo que se supone es que todo el mundo sabe lo que quiere decir pensar, por lo tanto está capacitado por derecho para pensar, Es esta confianza no desprovista de humor lo que anima la imagen clásica: una relación con la verdad que constituye el movimiento infinito del conocimiento como rasgo diagramático. Lo que por el contrario pone de manifiesto la mutación de la luz en el siglo XVIII, de «la luz natural» a las «Luces», es la sustitución del conocimiento por la creencia, es decir un nuevo movimiento infinito que implica otra imagen del pensamiento: ya no se trata de volverse hacia, sino de seguir el rastro, de deducir antes que de aprehender y de ser aprehendido. ¿En qué condiciones puede ser legítima una creencia que se ha vuelto profana? Esta cuestión sólo tendrá respuesta con la creación de los grandes conceptos empiristas (asociación, relación, costumbre, probabilidad, convención...), pero, inversamente, estos conceptos, incluido el que la propia creencia recibe, presuponen los rasgos diagramáticos que convierten primero la creencia en un movimiento infinito independiente de la religión, que recorre el nuevo plano de inmanencia (y por el contrario será la creencia religiosa la que se convertirá en un caso conceptualizable, cuya legitimidad o ilegitimidad se podrá valorar en

56

función del orden de infinito). Por supuesto, encontraremos de nuevo en Kant muchos de estos rasgos heredados de Hume, pero a costa, una vez más, de una mutación profunda, sobre un plano nuevo o de acuerdo con otra imagen. Son, cada vez, atrevimientos importantes. Lo que cambia de un plano de inmanencia a otro, cuando cambia el reparto de lo que corresponde por derecho al pensamiento, no son sólo los rasgos positivos o negativos, sino los rasgos ambiguos, que evcntualmente pueden ir multiplicándose, y que ya no se contentan con plegarse siguiendo una oposición vectorial de movimientos. Si intentamos también de forma somera esbozar los rasgos de una imagen moderna del pensamiento no lo haremos de forma triunfante, ni siquiera en el horror. Ninguna imagen del pensamiento puede limitarse a seleccionar unas determinaciones pausadas, y todas se topan con algo abominable por derecho: el error en el que el pensamiento no cesa de caer, la ilusión en la que da vueltas sin parar, la estulticia en la que no deja de recrearse, o el desvarío en el que no cesa de apartarse de sí mismo o de un dios. La imagen griega del pensamiento invocaba ya la locura del desvario doble, que sumía el pensamiento en la divagación infinita antes que en el error. La relación del pensamiento con lo verdadero jamás ha sido cosa sencilla, menos aún constante, en las ambigüedades del movimiento infinito. Por este motivo resulta inútil invocar una relación de esta índole para definir la filosofía. La primera característica de la imagen moderna del pensamiento tal vez sea la de renunciar completamente a esta relación, para considerar que la verdad es únicamente lo que crea el pensamiento, habida cuenta del plano de inmanencia que el pensamiento se da por presupuesto, y de todos ios rasgos de este plano, tanto negativos como positivos, que se han vuelto indiscernibles: el pensamiento es creación, y no voluntad de verdad, como muy bien Nietzsche supo hacer comprender. Pero si no hay voluntad de verdad, a la inversa de lo que aparecía en la imagen clásica, es porque el pensamiento constituye una mera «posibilidad» de pensar, sin definir aún un pensador que fuese «capaz» de ello y pudiese decir Yo: ¿qué violencia tiene que ejercerse sobre el pensamiento para que nos volvamos capaces de pensar, violencia de un movimiento infinito que al mismo tiempo nos priva del poder de decir Yo? Unos textos célebres de Heidegger y de Blanchot exponen esta segunda característica. Pero, como tercera característica, si de este modo existe un «Impoder» del pen-

57

Sarniento, qne permanece en su corazón mismo cuando el pensamiento ha adquirido la capacidad determinadle como creación, aflora en efecto un conjunto de signos ambiguos que se convierten en rasgos ¿«gramáticos o en movimientos infinitos que adquieren •un valor de derecho, mientras que eran unos meros hechos irrisorios desechados de la selección en las demás imágenes del pensamiento: como sugieren KJeist o Artaud, el pensamiento como tal empieza a t e n e r rictus, chirridos, tartamudeos, glosolalias, gritos, .que le impulsan a crear, o a intentarlo. 1 Y si eí pensamiento busca, lo hace menos como un hombre que cuenta con un método que como un peao del que se diría que da brincos desordenados... N o ha lugar vanagloriarse d é una imagen del pensamiento semejante, q u e comporto muchos sufrimientos sin gloria y que pone de manifiesto hasta qué punto pensar se ha vuelto cada vez más difícil: la inmanencia. La historia de la filosofía es comparable al arte del retrato. No se trata de cuidar el «parecido», es decir de repetir ío que el filósofo ha dicho, sino de producir la similitud despejando a la vez el plano de inmanencia que ha instaurado y los conceptos nuevos que ha creado. Se traía de retratos mentales, nocticos, maquínicos. Y aunque habitualraente se suelan hacer recurriendo a medios filosóficos, también se los puede producir estéticamente. En este contexto Tingueiy presentó recientemente unos monumentales retratos maquínicos de filósofos ejecutando poderosos movimientos infinitos, conjuntos o alternativos, plegables y desplegables, con sonidos, relámpagos, mateáis de ser e imágenes de pensamiento según unos planos curvados complejos. 2 No obstante, si cabe objetar una crítica a u n artista de semejante importancia, parece que la tentativa no está todavía a punto. Nada hay que baile en el Nietzsche, mientras que Tinguely ha sabido hacer bailar sus máquinas con tanto acierto en otros casos. El Schopenhauer no nos revela nada decisivo, mientras que los cuatro Racines y el velo de Maya parecían listos para ocupar el plano bifacético del Mundo en tanto que voluntad y representación. El Heidegger no sugiere ninguna ocultación-revelación en el plano de un pensamiento que todavía no piensa. Tal vez hubiera sido necesario prestar mayor atención al plano de inmanencia trazado como máquina abstracta, y a los conceptos crea1. Cf. Klcist, «De la elaboración progresiva de tas ideas en c) discurso» (Ánecdotes et petiü ecriís, Bd. Payot, pág. 77). Y Artaud, «Correspondance avee Riviére» (GEuvtcs completes, I). 2. Tinguely* catálogo Beaubourg, 1989.

58

dos como piezas de la máquina. Cabría figurarse en este sentido un retrato maquínico de Kant, con las ilusiones incluidas (véase ei esquema adjunto). 1.— El «Yo pienso» con cabeza de buey, sonorizado, que no para de repetir Yo = Yo. 2 . - Las categorías como conceptos universales (cuatro grandes títulos): varillas cxtensibles y retráctiles según el movimiento circular de 3. 3.— La rueda móvil de los esquemas. 4.— El riachuelo poco profundo, el Tiempo como forma de interioridad en la que se sumerge y vuelve a salir la rueda de los esquemas. 5.— El Espacio como forma de exterioridad: orillas, y fondo. 6.— El yo pasivo en el fondo del riachuelo y como unión de ambas formas. 7.— Los principios de los juicios sintéticos que recorren el espacio-tiempo. 8.— El campo trascendental de la experiencia posible, inmanente al Yo (plano de inmanencia). 9.— Las tres Ideas, o ilusiones de trascen-

59

delicia ( c í r c u l o s g i r a n d o e n el h o r i z o n t e a b s o l u t o : A l m a , M u n d o y Dios).

Se plantean multitud de problemas q u e se refieren tanto a la filosofía c o m o a la historia de la filosofía. Los estratos del p l a n o de inmanencia ora se separan hasta oponerse unos a otros, y resultar c o n v e n i e n t e cada u n o para tal o cual filósofo, ora por el contrario se r e ú n e n para abarcar por lo menos períodos bastante largos. A d e m á s , e n t r e la instauración d e u n plano prefilosófico y la creación d e conceptos filosóficos, las propias relaciones son complejas. A lo largo d e u n período dilatado, unos filósofos pueden crear conceptos nuevos sin dejar d e p e r m a n e c e r e n el m i s m o p l a n o y s u p o n i e n d o la misma imagen q u e u n filósofo anterior al q u e invocarán c o m o maestro: Platón y los neoplatónicos, K a n t y los neokantianos (o incluso la f o r m a e n la que el p r o p i o K a n t reactiva d e t e r m i n a d o s retazos d e platonismo). E n t o d o s los casos, n o será sin e m b a r g o sin prolongar el p l a n o p r i m i t i v o sometiénd o l o a curvaturas nuevas, hasta tal p u n t o q u e subsiste una duda: ¿no será o t r o p l a n o que se ha tejido e n las mallas del primero? La cuestión d e averiguar e n q u é caso algunos filósofos son «discípulos» d e otro y hasta q u é punto, en q u é caso por el contrario están realizando su crítica c a m b i a n d o d e plano, estableciendo otra imagen, implica por lo tanto unas evaluaciones t a n t o más complejas y relativas cuanto que los conceptos que o c u p a n un p l a n o jamás pueden ser simplemente deducidos. Los conceptos que van o c u p a n d o un m i s m o plano, incluso en fechas muy diferentes y con concatenaciones especiales, serán llamados conceptos del m i s m o grupo; a la inversa, los q u e r e m i t e n a planos diferentes. La correspondencia e n t r e conceptos creados y p l a n o instaurado es rigurosa, p e r o se lleva a cabo bajo unas relaciones indirectas q u e están por determinar. ¿Puede decirse que un plano es «mejor» q u e otro, o por lo m e n o s q u e responde o n o a las exigencias de la época? ¿Qué significa responder a las exigencias, y q u é relación hay entre los m o v i m i e n t o s o rasgos diagramáticos d e una imagen del pensam i e n t o y los movimientos o rasgos sociohistóricos d e una época? Sólo se p u e d e adelantar en estas cuestiones r e n u n c i a n d o a la perspectiva estrechamente histórica del antes y del después, para

60

c o n s i d e r a r el t i e m p o d e la filosofía más q u e la historia d e la filosofía. Se trata de un tiempo estratigráfico, en el q u e el antes y el d e s p u é s tan sólo indican u n o r d e n d e superposiciones. A l g u n o s s e n d e r o s ( m o v i m i e n t o s ) sólo a d q u i e r e n s e n t i d o y d i r e c c i ó n e n t a n t o q u e atajos o r o d e o s d e s e n d e r o s perdidos; u n a c u r v a t u r a variable sólo puede a p a r e c e r c o m o la t r a n s f o r m a c i ó n d e una o v a rias curvaturas; una c a p a o un e s t r a t o del p l a n o d e i n m a n e n c i a estará o b l i g a t o r i a m e n t e por encima o por debajo respecto d e o t r a , y las imágenes del p e n s a m i e n t o n o p u e d e n surgir e n u n o r d e n c u a l q u i e r a , puesto q u e i m p l i c a n c a m b i o s d e o r i e n t a c i ó n q u e sólo p u e d e n ser localizados d i r e c t a m e n t e s o b r e la i m a g e n a n t e r i o r (e incluso en lo q u e al c o n c e p t o se refiere el p u n t o d e c o n d e n s a ción q u e lo d e t e r m i n a s u p o n e ora el estallido d e u n p u n t o , o r a la a g l o m e r a c i ó n de p u n t o s precedentes). L o s paisajes m e n t a l e s n o c a m b i a n sin ton ni son a través d e las épocas: h a sido n e c e s a r i o q u e u n a m o n t a ñ a se yerga. aquí o q u e u n río p a s e p o r allá, y e s o r e c i e n t e m e n t e , para q u e el suelo, a h o r a seco y llano, t e n g a tal asp e c t o , cual textura. Bien es v e r d a d q u e p u e d e n a f l o r a r c a p a s m u y antiguas, abrirse paso a través d e las f o r m a c i o n e s q u e las h a b í a n c u b i e r t o y surgir d i r e c t a m e n t e s o b r e la capa actual a la q u e c o m u n i c a n u n a c u r v a t u r a n u e v a . M á s a ú n , e n f u n c i ó n d e las r e g i o n e s q u e se c o n s i d e r e n , las s u p e r p o s i c i o n e s n o s o n f o r z o s a m e n t e las m i s m a s ni t i e n e n el m i s m o o r d e n . A s í pues, el t i e m p o filosófico es u n t i e m p o g r a n d i o s o d e coexistencia, q u e n o e x c l u y e el a n t e s y el después, s i n o q u e los superpone e n u n o r d e n e s t r a t i g r á fico. Se trata d e u n d e v e n i r i n f i n i t o d e la filosofía, q u e se s o l a p a p e r o n o se c o n f u n d e c o n su historia. L a v i d a d e los filósofos, y la p a r t e m á s externa d e su obra, o b e d e c e a las leyes d e sucesión o r d i n a r i a ; p e r o sus n o m b r e s p r o p i o s coexisten y r e s p l a n d e c e n , o r a c o m o p u n t o s l u m i n o s o s q u e n o s h a c e n pasar d e n u e v o p o r los c o m p o n e n t e s d e u n c o n c e p t o , ora c o m o los p u n t o s c a r d i n a l e s d e u n a c a p a o d e u n e s t r a t o q u e v u e l v e n sin cesar hasta n o s o t r o s , c o m o estrellas m u e r t a s cuya luz está m á s viva q u e n u n c a . L a filosofía es d e v e n i r , y n o historia; es coexistencia d e p l a n o s , y n o s u c e s i ó n d e sistemas. P o r este m o t i v o p u e d e n los p l a n o s o r a separarse, o r a r e u n i r s e —bien es cierto q u e p a r a bien y p a r a mal—. C o m p a r t e n el r e s t a u rar la trascendencia y la ilusión ( n o p u e d e n e v i t a r l o ) , p e r o t a m -

61

bien el combatirlas c o n ahínco, del m i s m o m o d o q u e también c a d a u n o tiene su manera particular de h a c e r ambas cosas. ¿Existe algún p l a n o «mejor» que n o entregue la i n m a n e n c i a a A l g o = x, y q u e deje de imitar algo trascendente? Diríase q u e Bip l a n o d e i n m a n e n c i a es a la vez lo q u e tiene q u e ser p e n s a d o y lo q u e n o p u e d e ser pensado. Podría ser lo no p e n s a d o en el pensam i e n t o . Es el zócalo d e todos los planos, i n m a n e n t e a cada p l a n o p e n s a b l é q u e n o llega a pensarlo. Es lo más í n t i m o d e n t r o del p e n s a m i e n t o , y n o obstante el afuera absoluto. U n afuera más lejano q u e cualquier m u n d o exterior, porque es un a d e n t r o más p r o f u n d o que cualquier m u n d o interior: es la i n m a n e n c i a , «la int i m i d a d e n t a n t o q u e Afuera, el exterior c o n v e r t i d o en la intrusión q u e sofoca y en la inversión de lo uno y l o otro». 1 E l vaivén i n c e s a n t e del plano, el movimiento infinito. Tal vez sea éste el gesto s u p r e m o d e la filosofía; no tanto pensar e l p l a n o d e i n m a n e n c i a , s i n o p o n e r de manifiesto que está ahí, n o p e n s a d o en cada plano. Pensarlo d e este modo, c o m o el a f u e r a y el a d e n t r o del p e n s a m i e n t o , el afuera no exterior o el a d e n t r o n o interior. L o q u e no p u e d e ser p e n s a d o y no obstante d e b e ser p e n s a d o f u e p e n s a d o u n a vez, c o m o Cristo, que se e n c a r n ó una vez, para m o s t r a r esta vez la posibilidad de lo imposible. P o r ello Spinoza es el Cristo de los filósofos, y los filósofos m á s g r a n d e s n o son m á s q u e apóstoles, q u e se alejan o se acercan a este misterio. Spinoza, el devenir-filósofo infinito. Mostró, estableció, pensó el p l a n o d e i n m a n e n c i a «mejor», es decir el más p u r o , el q u e n o se e n t r e g a a l o t r a s c e n d e n t e ni vuelve a conferir trascendencia, el q u e inspira m e n o s ilusiones, menos malos s e n t i m i e n t o s y percepc i o n e s erróneas...

1. Blanchof, Veniretien infini, GaJlimard, pág. 65. Respecto a lo impensado en el pensamiento, Foucault, Les mots et les chosei, Gallimard, pág?. 333-339. (Hay versión española: Las palabras y las cosas, México: Siglo X X I , 1979.) Y la «lejanía interior» de Michaux.

62

3. L O S P E R S O N A J E S C O N C E P T U A L E S

EJEMPLO V

El cogito de Descartes es creado como concepto, pero tiene presupuestos. Pero no como un concepto que supone otros conceptos (por ejemplo, «hombre» supone «animal» y «racional»). En este caso, los presupuestos son implícitos, subjetivos, preconceptuales, y forman una imagen del pensamiento: todo el mundo sabe qué significa pensar. Todo el'mundo tiene la posibilidad de pensar, todo el mundo quiere lo verdadero... ¿Hay algo además de estos dos elementos: el concepto y el plano de inmanencia o imagen del pensamiento que va a quedar ocupado por unos conceptos del mismo grupo (el cogito y los conceptos acoplables)? ¿Hay algo, en el caso de Descartes, además del cogito creado y de la imagen presupuesta del pensamiento? Hay algo en efecto, algo un poco misterioso, que aparece a tatos, o que se transparenta, y que parece tener una existencia confusa, a medio camino entre el concepto y el plano preconceptual, que va de uno a otro. Por el momento, se trata del Idiota: ¿1 es quien dice Yo, él es quien lanza el cogito, pero también él es quien controla los presupuestos subjetivos o establece el plano. El Idiota es el pensador privado por oposición al profesor público (el escolástico): el profesor remite sin cesar a unos conceptos aprendidos (el hombre-animal racional), mientras que el pensador privado forma un concepto con unas fuerzas innatas que todo el mundo posee por derecho por su cuenta (yo pienso). Nos encontramos aquí con un tipo de personaje muy extraño, que quiere pensar y que piensa por si mismo, por la «luz natural». El Idiota es personaje conceptual. Podemos precisar algo mejor la pregunta: ¿hay precursores del cogito? ¿De dónde viene el personaje del idiota,

63

cómo ha surgido, acaso en una atmósfera cristiana, pero a modo de reacción en contra de la organización «escolástica» del cristianismo, en contra de la organización autoritaria de la Iglesia? ¿Se encuentran ya rastros de este personaje en san Agustín? ¿Es acaso Nicolás de Cusa quien le confiere pleno valor de personaje conceptual, con lo que este filósofo estaría cerca del cogito, pero sin poder aún hacerlo cristalizar como concepto. 1 En cualquier caso, la historia de la filosofía tiene que pasar obligatoriamente por el estudio de estos personajes, de sus mutaciones en función de los planos, de su variedad en función de los conceptos. Y la filosofía no cesa de hacer vivir a personajes conceptuales, de darles vida. El idiota reaparecerá en otra época, en otro contexto, cristiano también, pero ruso. Haciéndose eslavo, el idiota sigue siendo el singular o e) pensador privado, pero ha cambiado de singularidad. Chestov es quien descubre en Dostoievski el poder de una nueva oposición entre eJ pensador privado y el profesor público. 2 El idiota antiguo pretendía alcanzar unas evidencias a las que llegaría por sí mismo: entretanto dudaría de todo, incluso de 3 + 2 = 5; pondría en tela de juicio todas las verdades de la Naturaleza. El idiota moderno no pretende llegar a ninguna evidencia, jamás se «resignará» a que 3 + 2 » 5, quiere lo absurdo, no es la misma imagen del pensamiento, El idiota antiguo quería lo verdadero, pero el idiota moderno quiere convertir lo absurdo en la fuerza más poderosa del pensamiento, es decir crear. El idiota antiguo sólo quería rendir cuentas a la razón, pero el idiota moderno, más cercano a Job que a Sócrates, quiere que le rindan cuentas de «cada una de las víctimas de la Historia», no se trata de los mismos conceptos. Jamás aceptará las verdades de la Historia. El idiota antiguo quería darse cuenta por sí mismo de lo que era o no era comprensible, era o no era razonable, estaba perdido o a salvo, pero el idiota moderno quiere que le devucívan lo que estaba perdido, lo incomprensible, lo absurdo. A todas luces, no se trata del mismo personaje, se ha

1. Sobre c) Idiota (Jo profano, Jo privado o Jo particular, por oposición al técnico y al sabio) y sus relaciones con el pensamiento, Nicolás d e Cusa, Idiota, ((Euvres choisics, por ¡Vt. de Gatidillac, Éd. Aubicr). Descartes reconstituye los tres personajes, bajo ios nombres de Eudoxo, el idiota, Poíiandro, el técnico, y Epistemon, el sabio público: La re cherche de la vé rite par la lumiére ttalurelle ((Euvres philosophiqucs, Éd. Alcjuié, Gárnier, II). Respecto a las razones por las que N. de Cusa no desemboca en un cogito, cf. Gandillac, pág. 26. 2. Chestov toma primero de Kierkegaard esta nueva oposición: Kierkegaard el ta philosophie existeneielle, lid. Vrin.

64

producido una mutación. Y, no obstante, un tenue lazo une a ambos idiotas, como si el primero tuviera que perder la razón para que el segundo volviera a encontrar lo que el otro había perdido de antemano ganándola. ¿Un Descartes en Rusia que se ha vuelto loco? P u e d e q u e el personaje conceptual aparezca por sí mismo en contadísimos casos, o por alusión. Sin embargo, ahí está; y, aun i n n o m i n a d o , s u b t e r r á n e o , siempre tiene q u e ser reconstituido por el lector. A veces, c u a n d o aparece, tiene n o m b r e propio: Sócrates es el p e r s o n a j e principal del platonismo. Muchos filósofos escribieron diálogos, p e r o se corre el riesgo de c o n f u n d i r a los personajes d e los diálogos y a los personajes conceptuales: sólo coinciden n o m i n a l m e n t c y n o d e s e m p e ñ a n el m i s m o papel. E l personaje d e diálogo e x p o n e conceptos: en el caso más sencillo, u n o de ellos, simpático, es él representante del autor, mientras q u e los demás, m á s o m e n o s antipáticos, remiten a otros filósofos cuyos c o n c e p t o s e x p o n e n d e m o d o que q u e d e n listos para las críticas o las modificaciones a las que el autor los va a someter. P o r el contrario, los personajes conceptuales ejecutan los movimientos q u e describen el p l a n o de i n m a n e n c i a del autor, c intervienen en la propia creación d e sus conceptos. Así pues, aun c u a n d o son «antipáticos», lo son p e r t e n e c i e n d o p l e n a m e n t e al p l a n o q u e el filósofo considerado establece y a los conceptos q u e éste crea: señalan e n t o n c e s los peligros propios d e este plano, las malas percepciones, los malos sentimientos o incluso los m o v i m i e n t o s negativos q u e se d e s p r e n d e n d e él, y ellos mismos v a n a inspirar c o n c e p t o s originales cuyo carácter repulsivo sigue s i e n d o una p r o p i e d a d constituyente d e esta filosofía. Con m á s razón a ú n en lo q u e se refiere a los m o v i m i e n t o s positivos del plano, a los c o n c e p t o s atractivos y a los personajes simpáticos-, toda una E i n fühlung filosófica. Y" a m e n u d o , d e u n o s a otros, hay grandes a m bigüedades. El personaje conceptual n o es el representante del filósofo, es incluso su c o n t r a r i o : el filósofo n o es m á s q u e el envoltorio d e su personaje c o n c e p t u a l principal y d e todos los demás, que son sus intercesores, los sujetos verdaderos d e su filosofía. Los personajes conceptuales son los «heterónimos» del filósofo, y el n o m b r e del filósofo, el m e r o s e u d ó n i m o d e sus personajes. Y o ya n o soy yo,

65

s i n o u n a aptitud d e ! p e n s a m i e n t o para contemplarse y desarrollarse a través d e u n p l a n o q u e m e atraviesa por varios sitios. E l personaje c o n c e p t u a l n o t i e n e nada q u e ver con una personificación abstracta, c o n u n símbolo o una alegoría, pues vive, insiste. E l filósofo es la idiosincrasia de sus personajes conceptuales. El d e s t i n o del filósofo es convertirse en su o sus personajes c o n c e p tuales, al m i s m o t i e m p o q u e estos personajes se c o n v i e r t e n ellos m i s m o s e n algo distinto d e lo q u e son históricamente, mitológic a m e n t e o c o r r i e n t e m e n t e (el Sócrates d e Platón, el D i o n i s o d e Nietzsche, el I d i o t a d e Cusa). El personaje conceptual es el deven i r o el sujeto d e u n a filosofía, q u e a s u m e el valor del filósofo, d e m o d o q u e Cusa o incluso Descartes deberían firmar «el Idiota», d e la misma f o r m a q u e Nietzsche «el Anticristo» o «Dioniso crucificado». Los actos d e palabra e n la v i d a corriente r e m i t e n a u n o s tipos psicosociales q u e son prueba d e hecho d e u n a tercera p e r s o n a subyacente: decreto la movilización como p r e s i d e n t e d e la República, te h a b l o c o m o padre... D e igual modo, el c o n e c t o r filosófico es u n acto d e palabra en tercera persona e n el q u e s i e m p r e es u n personaje conceptual el q u e dice Yo: yo pienso en t a n t o q u e Idiota, yo quiero e n tanto q u e Zaratustra, yo bailo en t a n t o q u e D i o n i s o , yo p r e t e n d o en t a n t o que A m a n t e . Hasta el t i e m p o bergsoniano necesita u n mensajero. E n los e n u n c i a d o s filosóficos no se hace algo diciéndolo, p e r o se hace el m o v i m i e n t o pensándolo, por mediación d e un personaje conceptual. D e este m o d o los personajes conceptuales son los verdaderos agentes d e enunciación. ¿ Q u i é n es yo?, siempre es u n a tercera persona. Invocamos a Nietzsche p o r q u e muy pocos son los filósofos q u e h a n trabajado t a n t o con personajes conceptuales, simpáticos (Dioniso, Zaratustra) o antipáticos (Cristo, el Sacerdote, los H o m b r e s superiores, el propio Sócrates, antipático ahora...). Podría parecer q u e Nietzsche renuncia a los conceptos. Sin embargo creó algunos conceptos inmensos e intensos («fuerzas», «valor», «devenir», «vida», y otros repulsivos c o m o «resentimiento», «mala conciencia»...), igual q u e estableció u n plano d e inmanencia n u e v o (movimientos infinitos de la v o l u n t a d d e poder y del eterno retorno) q u e trastoca la imagen del p e n s a m i e n t o (crítica de la v o l u n t a d de verdad). Pero n u n c a en su caso q u e d a n sobreentendidos los personajes conceptuales implicados. Bien es

66

verdad q u e su m a n i f e s t a c i ó n en sí m i s m a suscita la a m b i g ü e d a d , lo q u e hace q u e m u c h o s d e sus lectores consideren a Niet2sche un p o e t a , u n t a u m a t u r g o o un creador d e mitos. P e r o los personajes c o n c e p t u a l e s n o s o n , ni en Nietzsche ni e n n i n g ú n o t r o autor, p e r s o n i f i c a c i o n e s míticas, ni p e r s o n a s históricas, ni h é r o e s literarios o novelescos. E l Dioniso d e Nietzsche p e r t e n e c e tan poco a los m i t o s c o m o el Sócrates d e Platón a la Historia. V o l verse n o es ser, y D i o n i s o se vuelve filósofo, al m i s m o t i e m p o que Nietzsche se vuelve Dioniso. T a m b i é n en esto fue P l a t ó n quien empezó: se v o l v i ó Sócrates, al m i s m o t i e m p o q u e hizo q u e Sócrates se volviera filósofo. La diferencia e n t r e los personajes conceptuales y las figuras estéticas consiste en p r i m e r lugar en lo siguiente: unos son potencias de conceptos, y los otros potencias de afectos y d e perceptos. Unos operan sobre u n p l a n o d e i n m a n e n c i a q u e es una imagen d e P e n samiento-Ser ( n o ú m e n o ) , los otros sobre un p l a n o d e composición c o m o imagen d e U n i v e r s o ( f e n ó m e n o ) . Las grandes figuras estéticas del p e n s a m i e n t o y d e la novela, p e r o también de la pintura, de la escultura y d e la música, p r o d u c e n afectos q u e rebasan las afecciones y p e r c e p c i o n e s ordinarias, igual q u e los conceptos rebasan las o p i n i o n e s corrientes. Melville decía q u e una n o v e l a c o m p o r t a una i n f i n i d a d d e caracteres interesantes p e r o u n a única Figura original c o m o el ú n i c o sol d e u n a constelación d e universos, c o m o principio d e las cosas, o c o m o el f a r o q u e saca d e la p e n u m b r a u n u n i v e r s o oculto: así el capitán Acab o Bartlcby.' El u n i v e r s o d e Kleist está r e c o r r i d o por afectos q u e lo atraviesan c o m o flechas, o q u e se petrifican d e r e p e n t e , allí d o n d e se yerguen las figuras d e H o m b u r g o o d e Pentesilea. Las figuras nada tienen q u e v e r c o n el parecido o c o n la retórica, p e r o son la condición bajo la cual las artes p r o d u c e n afectos d e piedra y d e metal, d e cuerdas y d e vientos, d e líneas y d e colores, sobre u n p l a n o d e c o m p o s i c i ó n d e universo. E l a r t e y la filosofía seccionan el caos, y se e n f r e n t a n a él, p e r o n o se trata del m i s m o p l a n o d e sección, ni d e la m i s m a m a n e r a d e p o b l a r l o , constelaciones d e universo o afectos y perceptos e n el p r i m e r caso, c o m p l e x i o n e s d e i n m a n e n c i a o c o n c e p 1. M e l v i l e , Le grand escroc, Éd. cíe Minuit, cap. 44. (Hay versión española: El limador, Madrid: Fundamentos, 1976.)

67

tos en el segundo. N o es que el arte piense menos q u e la filosofía, sino q u e piensa por afectos y perceptos. Ello no impide que ambas entidades pasen a m e n u d o de una a otra, en un devenir que las arrastra a ambas, en una intensidad que las codetermina, La figura teatral y musical d e D o n Juan se convierte en personaje conceptual con Kierkegaard, y el personaje d e Zaratustra es ya en Nietzsche una gran figura d e música y de teatro. O c u r r e como si e n t r e unos y otros n o sólo se produjeran alianzas, sino también bifurcaciones y sustituciones. E n el p e n s a m i e n t o .contemporáneo, Michel G u c r i n es u n o de los q u e descubren más p r o f u n d a m e n t e la existencia d e personajes conceptuales en el corazón de la filosofía; pero los define en un «logodrama» o en una «figurología» que introduce el afecto en el pensamiento. 1 Y es que el concepto c o m o tal puede ser concepto de afecto, igual q u e el afecto puede ser afecto de concepto. El plano d e composición del arte y el plano de i n m a n e n c i a de la filosofía p u e d e n solaparse m u t u a m e n t e hasta el p u n t o d e que retazos d e u n o estén ocupados por entidades del otro. E n cada caso en efecto, el p l a n o y lo que lo ocupa son c o m o dos partes relativ a m e n t e distintas, relativamente heterogéneas. Así pues, un p e n sador p u e d e modificar decisivamente lo q u e significa pensar, trazar u n a i m a g e n nueva del pensamiento, instaurar u n plano d e i n m a n e n c i a n u e v o , pero, en vez de crear conceptos nuevos q u e lo o c u p e n , lo puebla con otras instancias, con otras entidades, poéticas, novelescas, o incluso pictóricas o musicales. Y, del m i s m o m o d o , a la inversa. Igitur constituye precisamente un caso d e esta índole, personaje conceptual transportado sobre un p l a n o d e composición, figura estética arrastrada sobre un plano d e i n m a n e n c i a : su n o m b r e p r o p i o es una conjunción. Estos p e n sadores son filósofos «a medias» pero son también m u c h o más q u e filósofos, y n o obstante n o son unos sabios. Cuánta fuerza en esas obras con los pies desequilibrados, Hólderlin, Klcist, R i m baud, M a l l a r m é , Kafka, Michaux, Pcssoa, Artaud, muchos novelistas ingleses y americanos, d e Melvillc a Lawrcnce o a Miller, cuyos lectores descubren con admiración q u e escribieron la n o vela del spinozismo... Ciertamente, no hacen una síntesis de arte 1. Michel Gucrin, La terreur

68

et la pitié,

J*£d. Actcs Sud.

y de filosofía. Se bifurcan y bifurcan sin cesar. Se trata de genios híbridos q u e n o borran la diferencia d e naturaleza, no la colman, pero e m p l e a n p o r el c o n t r a r i o t o d o s los recursos de su «atletismo» para instalarse p r e c i s a m e n t e en esta diferencia, acróbatas desgarrados en un p e r p e t u o más difícil todavía. Con más razón aún, los personajes conceptuales (y también las figuras estéticas) son irreductibles a tipos psicosocialcs por m u c h o q u e sigan p r o d u c i é n d o s e e n este caso incesantes p e n e traciones. Simmel y después G o f f m a n profundizaron m u c h o en el estudio de estos tipos q u e parecen a m e n u d o inestables, en los enclaves o e n los m á r g e n e s de u n a sociedad: el extranjero, el excluido, el emigrante, el q u e está d e paso, el autóctono, el q u e regresa a su país... 1 N o es por afición por lo anecdótico. Creemos q u e un c a m p o social c o m p o r t a estructuras y funciones, pero n o por ello nos i n f o r m a d i r e c t a m e n t e respecto a determinados m o v i m i e n t o s q u e influyen sobre lo Social. Conocemos la importancia q u e tienen ya para los animales estas actividades que consisten en f o r m a r territorios, abandonarlos o salir d e ellos, o incluso en rehacer territorio e n algo de naturaleza distinta (el etólogo dice q u e el c o m p a ñ e r o o el amigo d e u n animal es «un sucedáneo d e hogar», o q u e la familia es un «territorio móvil»), Con más razón aún el h o m í n i d o : desde el m o m e n t o de nacer, desterritorializa su pata anterior, la sustrae d e la tierra para convertirla en m a n o , y Ja reterritorializa en ramas o h e r r a mientas. U n bastón a su vez t a m b i é n es una rama desterritorializada. Hay q u e ver c ó m o cada cual, en todas las épocas d e su vida, t a n t o en las cosas m á s nimias c o m o en las más importantes pruebas, se busca u n territorio, soporta o e m p r e n d e dcsterritorializaciones, y se reterritorializa casi sobre cualquier cosa, recuerdo, fetiche o sueño. Los estribillos de las canciones expresan estos poderosos dinamismos: m i casita en Canadá... adiós m e voy... si soy yo, tenía q u e volver... Ni siquiera se puede decir q u é viene antes, y t o d o territorio supone tal vez una desterritorialización previa; o bien t o d o sucede al mismo tiempo. Los c a m p o s sociales son n u d o s inextricables en los que los tres m o l. Cf. los análisis de Isaac Joscph, que invoca a Simmel y a Goffman: Le pauant

consídérablc,

Líbrame des Méridiens.

69

v i m i e n t o s se mezclan: es necesario, por lo tanto, para desentrañ a r l o s , diagnosticar auténticos tipos o personajes. E l comerciante c o m p r a e n u n t e r r i t o r i o , p e r o desterritorialíza los productos en m e r c a n c í a s , y se reterritorializa en los circuitos comerciales. E n el c a p i t a l i s m o , el capital o la p r o p i e d a d se dcsterritoriaüzan, dejan d e ser i n m o b i l i a r i o s , y se reterritorializan en los medios de p r o d u c c i ó n , m i e n t r a s q u e el trabajo p o r su parte se vuelve trab a j o «abstracto» reterritorializado e n el salario: p o r este motivo M a r x n o h a b l a sólo del capital, del trabajo, s i n o q u e siente la n e c e s i d a d d e establecer auténticos tipos psicosociales, antipáticos o s i m p á t i c o s , EL capitalista, EL proletario. Puestos a buscar la o r i g i n a l i d a d del m u n d o griego, habrá q u e preguntarse qué clase d e t e r r i t o r i o i n s t a u r a n los griegos, c ó m o se desterritorializan, e n q u é se reterritorializan, y delimitar para ellos tipos prop i a m e n t e griegos' (¿el A m i g o , por ejemplo?). N o s i e m p r e resulta fácil escoger los tipos b u e n o s en u n m o m e n t o d e t e r m i n a d o , en u n a sociedad d e t e r m i n a d a : así el esclavo liberado c o m o tipo de d e s t e r r i t o r i a l i z a c i ó n e n el i m p e r i o c h i n o C h e u , figura d e Exc l u i d o , q u e e l s i n ó l o g o T o k e i h a r e t r a t a d o c o n t o d o lujo d e detalles. P e n s a m o s q u e los tipos psicosociales t i e n e n precisamente este sentido: e n las circunstancias m á s insignificantes o más imp o r t a n t e s , h a c e r q u e se v u e l v a n perceptibles las f o r m a c i o n e s d e territorios, los v e c t o r e s d e desterritorialización, los procesos d e retefritorialízación. ¿ P e r o n o hay acaso t a m b i é n territorios y desterritorializaciones q u e n o son sólo físicas y mentales, sino espirituales, n o sólo relativas, s i n o absolutas e n u n sentido q u e se d e t e r m i n a r á más a d e l a n t e ? ¿Cuál es la P a t r i a o el N a c i m i e n t o invocados por el p e n s a d o r , filósofo o artista? La filosofía es inseparable d e un Nac i m i e n t o del cual dan p r u e b a tanto el a priori c o m o lo innato o la r e m i n i s c e n c i a . ¿Pero p o r q u é es esta patria desconocida, está p e r d i d a , o l v i d a d a , c o n v i r t i e n d o al pensador e n u n Exiliado? ¿ Q u é es lo q u e le d e v o l v e r á d e n u e v o un equivalente d e territorio c o m o s u c e d á n e o d e hogar? ¿Cuáles serán los estribillos filosóficos? ¿Cuál es la relación del p e n s a m i e n t o c o n la Tierra? Sócrates, el a t e n i e n s e al q u e n o le gusta viajar, es c o n d u c i d o por P a r m é n i d e s d e E l e a c u a n d o es joven, sustituido por el Extranjero c u a n d o es viejo, c o m o si e l p l a t o n i s m o tuviera necesidad d e dos

70

personajes conceptuales como m í n i m o . ' ¿Qué clase d e extranjero hay en el filósofo, con su aspecto de volver del país de los m u e r tos? Los personajes conceptuales tienen este papel, manifestar los territorios, desterritorialiiaciones y reterritorializaciones absolutas del pensamiento. Los personajes conceptuales son u n o s pensadores, ú n i c a m e n t e u n o s pensadores, y sus rasgos personallsticos se u n e n e s t r e c h a m e n t e con los rasgos diagramáticos del pensam i e n t o y con los rasgos intensivos d e los conceptos. Tal o cual personaje conceptual piensa d e n t r o d e nosotros, q u e tal vez ni nos preexistía. P o r ejemplo, c u a n d o se dice q u e un personaje conceptual tartamudea, ya no es u n tipo que t a r t a m u d e a en u n a lengua, sino u n p e n s a d o r que hace q u e t a r t a m u d e e t o d o el lenguaje, y q u e convierte el t a r t a m u d e o en el rasgo del p e n s a m i e n t o m i s m o en t a n t o q u e lenguaje: lo interesante es e n t o n c e s «¿cuál es este pensamiento q u e sólo p u e d e tartamudear?». O t r o ejemplo, si se dice q u e un personaje conceptual es el Amigo, o bien q u e es el Juez, el Legislador, ya n o se trata de estados privados, públicos o jurídicos, sino de lo q u e pertenece por d e t e c h o al p e n s a m i e n t o y ú n i c a m e n t e al pensamiento. T a r t a m u d o , amigo, juez, n o p i e r d e n su existencia concreta, sino q u e p o r el contrario a d q u i e r e n u n a nueva en t a n t o q u e condiciones interiores al p e n s a m i e n t o para su ejercicio real con tal o cual personaje conceptual. N o son dos amigos los q u e se dedican a pensar, sino el p e n s a m i e n t o el q u e exige q u e el pensador sea un amigo, para q u e el p e n s a m i e n t o se reparta en sí m i s m o y pueda ejercerse. Es el p e n s a m i e n t o m i s m o el q u e exige este r e p a r t o de p e n s a m i e n t o e n t r e amigos. Y a n o se trata de d e t e r m i n a c i o n e s empíricas, psicológicas y sociales, m e nos aún d e abstracciones, sino d e intercesores, d e cristales o d e gérmenes del pensamiento. A u n q u e la palabra «absoluto» resulte exacta, n o hay q u e creer q u e las desterritorializaciones y reterritorializaciones del pensam i e n t o trascienden las psicosociales, pero t a m p o c o q u e éstas se reducen a ello o son u n a abstracción de ello, una expresión ideológica. Se trata más bien de una conjunción, d e u n sistema d e retornos o de relevos perpetuos. Los rasgos d e los personajes c o n 1. Sobre el personaje del Extranjero en Platón, J.-F. Mattói, L'étranger

et

le simuiacre, P.U.F.

71

ccptuaics tienen, con la época y el a m b i e n t e históricos en los q u e aparecen, unas relaciones q u e ú n i c a m e n t e los tipos psicosociales p e r m i t e n valorar. Pero, a la inversa, los movimientos físicos y mentales de los tipos psicosociales, sus síntomas patológicos, sus actitudes relaciónales, sus modos existenciales, sus estatutos jurídicos, se vuelven susceptibles de una determinación meramente p e n s a n t e y pensada que les sustrae t a n t o a los estados de cosas históricos de una sociedad c o m o a la vivencia de los individuos, para convertirlos en rasgos de personajes conceptuales, o en acontecimientos del pensamiento sobre el plano que el pensam i e n t o establece o bajo los conceptos q u e éste crea. Los personajes conceptuales y los tipos psicosociales remiten unos a otros, y se conjugan sin c o n f u n d i r s e jamás. N i n g u n a lista de los rasgos d e los personajes conceptuales p u e d e ser exhaustiva, puesto q u e éstos nacen constantemente, y puesto q u e varían con los planos d e inmanencia. Y, sobre un p l a n o d e t e r m i n a d o , se mezclan categorías distintas de rasgos para c o m p o n e r un personaje. P r e s u m i m o s que hay rasgos páticos: el Idiota, el q u e p r e t e n d e pensar por sí mismo, y se trata de un personaje q u e p u e d e mutar, adquiere o t r o sentido. Pero también el Loco, u n a clase de loco, p e n s a d o r cataléptico o «momia» q u e e n cuentra en e! p e n s a m i e n t o una impotencia para pensar. O bien el gran maniaco, u n o q u e delira, q u e busca lo q u e precede al p e n s a m i e n t o , u n Ya-presente, p e r o e n el seno del pensamiento mismo... Se h a n establecido a m e n u d o paralelismos entre la filosofía y la esquizofrenia; p e r o en u n caso el esquizofrénico es u n personaje conceptual q u e v i v e i n t e n s a m e n t e d e n t r o del pensador y le fuerza a pensar, en el o t r o es u n tipo psicosocial que reprime lo viviente y le roba su p e n s a m i e n t o . Y a veces ambos se conjugan, se abrazan c o m o si a u n a c o n t e c i m i e n t o demasiado f u e r t e respondiese u n estado d e vivencia d e m a s i a d o difícil de-soportar. Existen rasgos relaciónales: «el Amigo», p e r o un amigo q u e sólo se relacionaba con su amigo p o r una cosa amada portadora d e rivalidad. Son el «Pretendiente» y el «Rival» q u e se pelean por la cosa o por el c o n c e p t o , p e r o el c o n c e p t o necesita un c u e r p o sensible inconsciente, a d o r m e c i d o , el «Muchacho» q u e se suma a los personajes conceptuales. ¿Acaso n o estamos ya en otro plano, ya q u e el a m o r es c o m o la violencia q u e fuerza a pensar, «Sócra-

72

tes amante», m i e n t r a s q u e la amistad pedía ú n i c a m e n t e u n p o c o d e buena voluntad? ¿Y c ó m o i m p e d i r q u e a su vez u n a «Novia» asuma el p a p e l d e p e r s o n a j e c o n c e p t u a l , aun a riesgo d e correr a su perdición, p e r o n o sin q u e el p r o p i o filósofo se «vuelva» mujer? C o m o dice Kierkcgaard (o Kleist, o Proust), ¿acaso n o vale m á s una mujer q u e el a m i g o experto? ¿ Y q u é s u c e d e c u a n d o la p r o p i a mujer se c o n v i e r t e e n filósofa? ¿ O b i e n con u n a «Pareja» q u e f u e s e interna al p e n s a m i e n t o y q u e convirtiera a «Sócrates casado» e n el personaje conceptual? A m e n o s q u e u n o a c a b e r e c o n d u c i d o al «Amigo», p e r o tras u n a p r u e b a d e m a s i a d o d ü r a , u n a catástrofe indecible, p o r lo t a n t o e n o t r o s e n t i d o n u e v o u n a v e z más, e n u n d e s a m p a r o m u t u o , una fatiga m u t u a q u e f o r m a n u n n u e v o d e r e c h o del p e n s a m i e n t o (Sócrates c o n v e r t i d o en judío). N o dos amigos q u e se c o m u n i c a n y r e c u e r d a n juntos, sino p o r el c o n t r a r i o q u e pasan por u n a a m n e s i a o u n a afasia capaces d e h e n d i r el pensam i e n t o , d e dividirlo e n sí m i s m o . L o s personajes proliferan y se bifurcan, c h o c a n , se sustituyen...' Existen rasgos dinámicos: si adelantar, t r e p a r , bajar son dinamismos d e personajes c o n c e p t u a l e s , saltar c o m o K i e r k g a a r d , bailar c o m o Nietzsche, b u c e a r c o m o Melvillc son otros, para atletas filosóficos irreductibles e n t r e sí. Y si nuestros d e p o r t e s actuales están en plena m u t a c i ó n , si las viejas actividades p r o d u c t o r a s d e energía dejan paso a ejercicios q u e se insertan p o r el c o n t r a r i o e n haces energéticos existentes, n o se trata sólo d e u n a mutación en el tipo, sino de otros rasgos dinámicos, una v e z más, q u e se introducen en un p e n s a m i e n t o q u e «se desliza» c o n unas materias d e ser nuevas, ola o nieve, y c o n v i e r t e n al p e n s a d o r en una especie d e surfista en tanto q u e personaje conceptual; r e n u n c i a m o s e n t o n c e s al valor energético del tipo d e p o r t i v o , para extraer la diferencia dinámica pura q u e se expresa e n u n n u e v o personaje conceptual. Existen rasgos jurídicos, en la medida en q u e el p e n s a m i e n t o nunca cesa d e reclamar lo q u e le c o r r e s p o n d e por derecho, y d e e n f r e n t a r s e a la Justicia desde los presocráticos: p e r o ¿se trata del 1. Sólo se contemplarán aquí alusiones someras: al vinculo
Lihat lebih banyak...

Comentarios

Copyright © 2017 DATOSPDF Inc.