Precodoamanha

September 23, 2017 | Autor: Bia Binato | Categoría: Movies
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Descripción

Trabalho de sociologia:
Beatriz Binato - 20
Beatriz Padula - 19
Primeiro ano E.M.
Turma A

Análise Marxista de "O Preço do Amanhã"

"O Preço do Amanhã" é um filme de ação futurista com um toque de ficção cientifica que segue Will Salas (Justin Timberlake) e Sylvia Weis (Amanda Seyfried) enquanto eles lutam para estabelecer um sistema igualitário por entre as várias divisas de classes que existem em seu país, uma versão distópica dos Estados Unidos. O filme foi lançado nos cinemas em 2011 e é dirigido Andrew Niccol que também escreveu o roteiro. Além de Timberlake e Seyfried, também estão no elenco Olivia Wilde, Johnny Galecki, Matt Bomer, Cillian Murphy e Alex Pettyfer.
Na trama, o tempo é usado como moeda. Todos têm um relógio em seu pulso que mostra quanta "riqueza" eles têm no momento, como se aquela fosse sua carteira. Trabalhando, as pessoas ganham tempo. Comprando, elas gastam tempo. Dessa maneira, a economia gira como a nossa, somente trocando o dólar por minutos e horas. Isso é talhado na humanidade de uma forma que não é definida na história. Entretanto, uma singularidade desse sistema é que todos param de envelhecer aos vinte e cinco anos, quando seu relógio começa a contar o tempo. Nesse momento, a pessoa só teria mais um ano de vida, podendo ganhar mais ou menos por meio do trabalho e gastar como lhe fosse aprazível.
Isso, claro, em um mundo ideal. O que ocorre nessa realidade é que há os personagens que vivem nas periferias e que, literalmente, vivem todos os dias como se fossem o último. Eles trabalham a troco de remunerações miseráveis sempre recebendo quantias mínimas de tempo para se manterem vivos ou ainda são largados à marginalidade, roubando ou mendigando por tempo. O outro extremo são os ricos, morando nas cidades de centro e que tem tempo para dar e vender, não somente em seus relógios como também guardados em cofres e bancos, podendo até se tornar imortais. Dessa maneira, a economia gira como uma metáfora do processo capitalista. O governo não interfere na desigualdade, usando-a para criar um equilíbrio e impedir uma crise política e econômica.
O filme começa com Will Salas, um personagem de classe baixa - ou seja, ele tem pouco tempo -, no momento que sua mãe morre. Isso acontece pois os minutos que ela tinha em seu relógio se esgotam (algo bem comum dentro dessa sociedade), devido ao aumento do preço da passagem de ônibus. O protagonista, triste com o falecer de sua mãe, vai para um bar, onde está acontecendo uma briga entre Fortis (Pettyfer) e sua gangue contra Henry Hamilton (Bomer), um homem muito rico. Will ajuda Henry a escapar, e eles se abrigam em um prédio abandonado durante a noite, onde conversam e trocam segredos. Pela manhã o homem rico não estava mais lá e Will nota que em seu relógio tinha um século a mais. Ao olhar pela janela ele vê que Henry estava sentado na à beira de uma ponte. Corre, então, para salvá-lo, mas não consegue chegar a tempo, somente vendo Hamilton se jogar para a morte.
Aproveitando a sua nova situação financeira, Salas resolve viajar para Greenwich, uma metrópole povoada pela alta classe. Durante a viagem ele passa por vários pedágios, onde é taxada uma alta tarifa para mudar de zona, o que é usado para impedir o deslocamento de pessoas mais pobres entre as áreas delimitadas. Chegando lá, ele se espanta pelo contraste social: prédios luxuosos, hotéis caríssimos, etc. Até as pessoas se comportavam diferente, de modo que todos o estranhavam, pois ele fazia tudo rápido. Afinal, na sua antiga realidade, ele não tinha tempo a perder.
Salas vai à procura de um cassino, a fim de "jogar" com seu tempo. Lá aposta com Phillippe Weis (Vincent Kartheiser) de quem ganha um valor alto, num jogo de muito risco em que lhe sobram poucos segundos na mesa. Will flerta com a filha de Philippe, Sylvia que o convida para uma festa na mansão da família, com o pretexto de seu pai recuperar o tempo perdido em novas apostas. Diante de tanta ostentação, entram em cena os guardiões do tempo (algo equivalente à polícia no nosso mundo) que investigam a morte de Henry. Durante a festa, Will é abordado pelos guardiões e foge sequestrando a mulher. Ele resolve cobrar resgate do pai de Sylvia, que se recusa a pagar. Nisso, os dois personagens começam a se gostar, até que eles decidem se ajudar.
A trama se desenrola até Will e Sylvia bolarem um plano para roubarem um milhão de anos de seu pai, para isso eles invadem a empresa dele e roubam seu cofre, distribuindo o tempo na periferia onde Will morava. Até chegar nesse ponto, entretanto, os dois personagens percorrem um caminho muito perigoso com bastante crime, perseguições, disputas e vitórias. Eles se envolvem em um romance, numa espécie de Bonnie e Clyde para o bem, já que eles não ficavam com nada do tempo que roubavam, distribuindo tudo nos bancos de empréstimos, como doações.
O filme pode ser comparado com a teoria de Marx, pois o pensador tinha uma visão de que um dia o proletariado (classe operaria trabalhadora) se revoltaria, como acontece no filme. Também via uma mudança na sociedade, visando o comunismo; assim como Will procura pela mudança no sistema, revertendo o cenário de concentração da fortuna em zonas povoadas pela alta classe, enquanto o resto da população vivia de forma miserável.
Para Marx as classes sociais estavam relacionadas diretamente com a economia, querendo então modificar essa ordem. Quando Salas e Sylvia vão para empresa de seu pai, roubar, ele diz: "Para poucos serem imortais, muitos nesse mundo devem morrer", onde Will retruca, com uma arma apontada para cabeça do homem rico, "Ninguém deve ser imortal se uma única pessoa tiver que morrer para isso". A resposta do justiceiro é caracterizada como o pensamento marxista, onde ele afirma que a maioria não deve viver na miséria para o resto poder disfrutar da fortuna, defendendo a igualdade das classes.
Na primeira parte do filme, na qual mostra Will no final do seu turno de trabalho, pode-se observar uma relação com o conceito de mais-valia, criado por Marx. O fiscal, que ali trabalha, fala que ele Salas não receberá seu salário, pois não completou sua demanda diária. Esse fato demonstra a exploração do trabalhador, por parte dos donos dos meios de produção. O sociólogo alemão analisa que na disputa desigual entre capital e proletariado, sempre o primeiro sai vencedor, pois não há onde o proletariado trabalhar senão nas fábricas do patrão. Assim, esses donos dos meios de produção abusam das horas de trabalho pagando um salário mínimo, conseguindo um grande lucro, e então aumentando a concentração de renda em pequena parte da população. Desse modo, o ordenado pago representa um pequeno percentual do resultado final do trabalho (mercadoria ou produto).
Há, também, uma grande valorização de produtos materiais, no filme; como por exemplo na cena que Will compra um carro para ir à festa. É demonstrada uma sensação de poder com relação ao bem material. Essa é chamada por Marx de fetiche da mercadoria, que é o fato de a mercadoria agregar valores "humanizados", trazem felicidade, poder, status, etc.
Ao mesmo tempo, um defeito do filme diante dessa ótica marxista foi a ênfase nos protagonistas, e não na classe do proletariado, o que dá a eles uma estética de justiceiros de uma forma Robin Hood. Sylvia e Will são vistos como os grandes salvadores dos pobres, que, literalmente, roubam dos ricos para dar as classes menos favorecidas.


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