Policiamento

August 5, 2017 | Autor: Rodrigo Contrera | Categoría: Cities, Policia, Policiamento
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Descripción

Policiamento
A quantas anda a situação da segurança (ou insegurança) em Taboão da Serra?
Não sei. Sei apenas que quando vou para casa (moro no Jardim Maria Rosa, em um dos prédios lá no alto do morro), tarde da noite, tenho medo.
Noite dessas, subindo aquelas ladeiras, vi uns motociclistas (três, com garupas) passando pela padaria La Ville, pegando a esquerda e atravessando a BR desrespeitando o sinal. Apareceu uma viatura do nada e foi atrás. Não sei o que aconteceu.
Gostei da prontidão aparente do gesto, mas fui abordado duas vezes, naquela mesma noite, por um sujeito que fingia ter algo por debaixo da blusa suja.
Era fim de Carnaval, e não parecia haver viva alma nas ruas. Tanto que ao subir alguns quarteirões não vi qualquer guardinha em guarita, nem ouvi o inconfundível apito dos motociclistas contratados para fazer rondas na região. Não vi ninguém na praça Nicola Vivilechio.
Algumas vezes peguei táxi para subir os quarteirões. Eles me disseram que costumam ocorrer assaltos em sinais específicos, por meio de motociclistas armados com garupas, e vez ou outra sei de assaltos a pessoas isoladas, tentativas de abordagem a moradores que sobem escadas em pontos específicos, e coisas assim.
Nós, do Jardim Maria Rosa, não temos posto policial naquela região específica. Fazemos parte de uma região que está se tornando, rápido, altamente povoada, e não temos suficiente comércio, bancos, infraestrutura, saúde – e policiamento.
Bem sabemos em que consistem, nas nossas vidas, os problemas de segurança. Se a pessoa mora em casa, ou tem comércio, em regiões altamente povoadas e relativamente inseguras, costuma estar sujeita a assaltos, roubos e situações que levam-na a se mudar.
Se a pessoa se muda para um condomínio fechado, passa a limitar sua vida aos limites do condomínio, a pagar alto por sistemas e empresas terceirizadas e a passar a vida na cidade indo, de carro, de um lado a outro, para trabalhar, comprar e curtir a vida. Não curte a cidade.
Se a pessoa se muda para um bairro mais nobre, passa a ter mais segurança nas ruas, mais comércio e mais infraestrutura, e mais liberdade de viver a vida.
Cada um tem o seu jeito de ser. Tem quem prefira ficar na sua, limitado às grades de seu condomínio. Existem aqueles que preferem viver as ruas, com os riscos que esse estilo de vida pode acarretar. Seja como for, todos precisam do mínimo para viver, e esse mínimo inclui estrutura e segurança. E estou falando de mínimo. Como iluminação em praças públicas, por exemplo.
Pois quando a gente se contenta com o que há, quando falta tudo ou bastante, normalmente pode ser pego desprevenido e levado a tomar uma decisão de sair do lugar em que está. Passa a lutar, sozinho, por ter o básico, quando o básico é dever do Estado (município, Estado ou Governo Federal).
Sabemos que a cidade de Taboão da Serra é considerada, por bastante gente, uma espécie de cidade-dormitório, na qual as pessoas dormem para trabalhar fora, em São Paulo ou outros municípios. Por outro lado, é, com 20 km2 de área, uma das cidades mais densas do país (mais de 10 mil habitantes por km2). E densidade significa arrecadação – e votos.
Pense nisso.
Rodrigo Contrera é jornalista, bacharel em Filosofia e conselheiro de condomínio na região do Jardim Maria Rosa (Taboão da Serra).

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