Plano Bi-Anual EEBFrancisco Tolentino [2015-2016] -Artes (música) - Prof. Éverton de Almeida

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ESTADO DE SANTA CATARINA SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA 18ª GERÊNCIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO E. E. DE ENSINO BÁSICO FRANCISCO TOLENTINO

Planejamento bianual da disciplina de Artes da E.E.B. Francisco Tolentino

SÃO JOSÉ 2015 - 2016

ESTADO DE SANTA CATARINA SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA GERÊNCIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO E. E. DE ENSINO BÁSICO FRANCISCO TOLENTINO

Planejamento bianual da disciplina de Artes da E.E.B. Francisco Tolentino

Plano de ensino da disciplina de Artes apresentado a equipe pedagógica da E.E.B. Francisco Tolentino, elaborado pelo professor Éverton Vasconcelos de Almeida, Graduado em Licenciatura em Artes e Habilitação em Música, pela Universidade Federal de Pelotas, Especialista em Gestão Educacional e Metodologia do Ensino Interdisciplinar pela Uniesc, Mestrando no PPGE-UFSC, na linha Educação e Comunicação.

SÃO JOSÉ 2015 - 2016

“You can try the best you can, If you try the best you can, The best you can is good enough” Radiohead – Optimistic [Kid A – 1990]

“A música é a nossa mais antiga forma de expressão, mais antiga que a linguagem ou a arte; começa com a voz e com a nossa necessidade proponderante de nos dar aos outros. De fato, a música é o homem, muito mais do que as palavras, porque estas são símbolos abstratos que transmitem significado factual. A música toca nossos sentimentos mais profundamente do que a maioria das palavras e nos faz responder com todo nosso ser.” Menuhin & Davis – A Música do Homem

“Só, na verdade, quem pensa certo, mesmo que, às vezes, pense errado, é quem pode ensinar a pensar certo. E uma das condições necessárias a pensar certo é não estarmos demasiado certos de nossas certezas. Por isso é que o pensar certo, ao lado da pureza e necessariamente distante do puritanismo, rigorosamente ético e gerador de boniteza, me parece inconciliável com a desvergonha da arrogância de quem se acha cheia ou cheio de si mesmo”. Paulo Freire – Pedagogia da Autonomia

Sumário PLANO GERAL DE ENSINO ....................................................................................................... 5 EMENTA DA DISCIPLINA .......................................................................................................... 5 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................................. 8 CONSOLIDANDO O ENSINO DE MÚSICA NA ESCOLA ................................................. 14 CONSIDERAÇÕES ACERCA DA EDUCAÇÃO PÚBLICA ................................................ 16 O POTENCIAL DA RÁDIO NA ESCOLA E A FORMAÇÃO CRÍTICA ............................. 19 A RÁDIO TOLENTINO ........................................................................................................... 25 PROPOSTA PEDAGÓGICA ....................................................................................................... 29 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................. 29 EIXOS NORTEADORES DA PROPOSTA............................................................................. 29 QUADRO GERAL DE CONCEITOS ...................................................................................... 31 Conteúdos Programáticos da disciplina de artes: ...................................................................... 31 CONTEÚDOS ORGANIZADOS POR IDADE/SÉRIE .......................................................... 34 METODOLOGIA ..................................................................................................................... 36 AVALIAÇÃO: .......................................................................................................................... 37 BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................... 39 Anexo 1: Projeto de Criação da Rádio na Escola .................................................................. 44 Anexo 2: Projeto de ação da Rádio na Escola ....................................................................... 54

PLANO GERAL DE ENSINO EDUCAÇÃO MUSICAL NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO Éverton Vasconcelos de Almeida1

EMENTA DA DISCIPLINA Entre diálogos e trocas de informações sobre preferências musicais os estudantes imergem no universo sonoro que compõe seu ambiente mais significativo, seja ele escolar, familiar ou social. Através de percepções coletivas e individuais são trabalhados os elementos das músicas ouvidas no contexto social dos estudantes. Relacionando-as aos fatos e as ações das narrativas presentes nas letras de tais músicas, promove-se a reflexão crítica diante da cultura e do saber artístico. Estudo da história da Música e sua evolução ao longo dos tempos. Oportunidade de remeter-se aos períodos históricos através de exemplos auditivos. Cultura popular, Africanidades, etnias que compõem o espectro cultural brasileiro. Aspectos físicos do som. Matemática na Teoria Musical. O corpo como instrumento musical através da percussão corporal, jogos de expressão corporal e musicalidade através do ritmo. Experiências estéticas com arte. Principais artistas da História da Arte. Interdisciplinaridade com as linguagens artísticas. A comunicação na educação através do Rádio. Práticas midiáticas, Cultura e Tecnologia. Mídia educação. Educação para as mídias. Na disciplina privilegia-se o interacionismo para que, desta forma, promova-se às condições necessárias à aprendizagem em grupo, baseados na ajuda mútua e coletividade.

INTRODUÇÃO Histórico da arte educação no Brasil

O ensino da Arte é um componente obrigatório nos currículos escolares, defendido pela lei n°. 9394/96 que cita: “O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos” (artigo 26, parágrafo 2°). A partir da década de 70, formação dos professores da então disciplina de Educação Artística e sua polivalência entrou em questão. Conforme consta nos Parâmetros Curriculares

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[email protected] Lattes: http://lattes.cnpq.br/2076775042149327 5

Nacionais (MEC, 1997, p.28) “em 1971, Pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a arte é incluída no currículo escolar com o título de Educação Artística, mas é considerada “atividade educativa” e não disciplina” (Lei n. 5692/71). A tendência da Educação Artística à polivalência “implicou a diminuição qualitativa dos saberes referentes às especificidades de cada uma das formas de arte” (PCN’s-Arte, pg. 29). Para que a Arte-Educação tivesse seu espaço garantido, foi necessário um processo de lutas e debates em todo o País, pois durante o período da ditadura militar se propôs à retirada da Arte dos currículos, transformando-a em atividade educativa e não uma área do saber humano. Ainda em decorrência da Lei 5692/1971, as disciplinas de Educação musical e de Desenho Geométrico foram excluídas do currículo escolar. Com a reinserção do ensino da Arte nos currículos, embora se tenha perdido a Educação Musical e o Desenho Geométrico, após a redemocratização do País, o foco dos debates em torno da área foi a formação dos professores que atuariam nas escolas. Somente após a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei n° 9394 de 1996 é que a formação dos professores de artes passou a garantir as especificidades Artes Plásticas, Música, Teatro e Dança. A Arte e suas especificidades (Artes Plásticas, Música, Teatro e Dança), foram garantidas na formação profissional, onde a polivalente Educação Artística foi extinta dos currículos Universitários e a formação passou a resguardar as habilitações específicas. Este fato trouxe muitos benefícios, pois na polivalência, a formação era dada nas quatro formas de arte citada nos PCN’s, e por muito tempo, devido a falta de estrutura das instituições de ensino de todos os níveis, Música, Teatro e Dança ficaram em segundo plano e as Artes Plásticas, por sua facilidade de acesso a materiais e práticas, ganhou destaque. Por muito tempo, as classes escolares só produziam desenho. Eram poucos profissionais que conseguiam encaminhar suas disciplinas nas áreas que não Artes Plásticas. Em contra partida, a formação específica teve um salto qualitativo na formação profissional, porém as escolas de ensino básico, mercado de trabalho dos Arte-Educadores, não acompanhou este processo que necessitaria de infraestrutura e políticas educacionais específicas para a área. Contudo, a Educação Musical ainda permaneceu distante das Unidades Escolares. Após longo debate levantado principalmente pela Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM), em 18 de agosto de 2008, foi sancionada a Lei Nº 11.769, que estabelece a obrigatoriedade do

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ensino de Música nas escolas Públicas e Particulares em todo o território nacional. Como aponta a Profª Dr. Magali Kleber, na página2 da ABEM na internet:

O Brasil possui uma riqueza cultural e artística que precisa ser incorporada, de fato, no seu projeto educacional. Isso só acontecerá se escola e espaços que trabalham com educação começarem a valorizar e incorporar, também, conteúdos e formas culturais presentes na diversidade da textura social.

Na E.E.B. Francisco Tolentino, a Educação Musical será inserida no ano de 2015 onde, em três anos, pretende-se trabalhar questões como percepção auditiva, educação do sentido da audição, fruição e discussões relativas à estética musical, com a finalidade de despertar o interesse dos estudantes para a linguagem artística musical e abrir novas possibilidades de estudos da música. Neste período, orientar-se-ão e serão discutidas as preferências musicais dos estudantes, que devido à ausência de educação musical nas escolas, anteriormente citado, passou a ser formado pela mídia, onde os critérios são meramente comerciais, havendo pouco cuidado com os discursos apresentado discursos apresentados nas músicas. Segundo os PCN’s (MEC,1997), “ouvir música faz parte da cultura dos estudantes. Ela dá identidade ao grupo de amigos, é companheira nos momentos de solidão e ajuda a moldar atitudes e comportamentos”. Por fim, vale lembrar que a formação voltada ao debate das preferências, percepção auditiva e manifestações do ser sensível através da música, é de significante relevância, pois a influência da mídia é muito forte nas crianças, jovens e nas famílias, necessitando um foco específico para o estudo desse fato, através da inserção da música na sala de aula. Ao se pensar o currículo escolar, não se pode focar as práticas pedagógicas em ações que se configuram em prescrição de conteúdos que mobilizarão a juventude para um progresso desejável de sociedade. É preciso considerar as influências exercidas, também, pelo corpus social, refletido e considerado no currículo oculto3, que “subjaz o currículo formal, (...), em que se escondem as relações de poder que estão na base das supostas escolhas curriculares, sejam em relação ao conhecimento, sejam no que diz respeito aos procedimentos que cotidianamente são reforçados pelas ações curriculares” (Lopes & Macedo, 2011, p. 32). Através de ações práticas do

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Kleber, M.O. Discussões Acerca da Aprovação da Lei 11769/2008. Boletim Arte na Escola n. 57. Disponível em http://www.abemeducacaomusical.com.br/artsg2.asp?id=20 [Acesso em 04 fev 2015] 3 Currículo Oculto aqui concebido através do trabalho de Michael Apple.

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ensino de arte, propor um currículo vivido que proponha uma formação humana que considere a integralidade dos sujeitos da escola, transpondo a estagnação do modelo escolar que se encontra em franco esgotamento. Não se pode mais pensar uma educação que se comprometa mais com as práticas curriculares focadas na repetição, no adestramento e na admoestação do que com as práticas de formação humana integral voltadas à emancipação dos sujeitos.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A educação musical na escola

A Educação apresenta alguns pressupostos que não tornam a atividade do profissional uma tarefa fácil. Vários fatores, como as políticas públicas que mantém um distanciamento dos ambientes escolares, a necessidade de fundamentação teórica em constante desenvolvimento, incentivos financeiros para recursos pedagógicos, conhecimento e estudo da realidade social da comunidade atendida, conhecimento de processos psicopedagógicos e de relações interpessoais, conhecimento histórico contextualizado. Educar, ensinar e ainda avaliar, com um universo em constante movimento, agindo e influenciando a existência dos indivíduos atores do processo educativo, ampliam a responsabilidade do professor em suas práxis. Também, é necessário levar em consideração, os processos que agem na educação não formal e na educação familiar, as realidades socioeconômicas e a influência exercida pelos meios de comunicação nos estudantes. Na arte-educação os estudantes manifestam seu cotidiano intimamente ligado a sua afetividade, onde expressam suas preferências, suas percepções estéticas e concepções intelectuais. Não podemos negar que atualmente a televisão, como um veículo de informação, é um dos principais educadores não formais da sociedade de consumo. Ela está inserida na maioria – ou na totalidade – das famílias, orientando, educando e muitas vezes ocupando os espaços ausentes de professores, pais e mães, companheiros e companheiras, criando leituras massificadas e inibindo a crítica. Este fato obriga os arte-educadores a realizarem uma batalha diária contra este meio de comunicação, extremamente antagônico a escola. Embutida nas propagandas, a indústria tem exercido a função de, através da cultura, gerar hábitos, gostos, preferências, aparências e saberes:

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A indústria Cultural é o “outro” da Escola. Daí a relação conflitiva e problemática que as duas esferas estabelecem entre si, muito propagada no discurso crítico produzido pelo meio acadêmico. Mas esta relação de alteridade é percebida, frequentemente, por uma mirada enviesada que suscita mais confusão e impostura, do que soluções que apontem para uma relação crítica da escola com os conteúdos e veículos da indústria cultural. (NAPOLITANO, 2002 p. 01)

Podemos analisar que historicamente a imprensa, principal ferramenta da escola, é uma criação de Gutemberg no século XV, assim como a ferramenta mais utilizada pelos estudantes, o caderno, é do século XIII, aparecendo através de manuscritos de romances populares desta época, enquanto as tecnologias, acessíveis aos estudantes, datam do final do século XX e princípio do século XXI. Na área de Artes, o bombardeio visual e sonoro é de causar espanto. Os estudantes são diariamente massacrados com propagandas, repletas de arte visual e música. Especificamente na área de música, as preferências deixaram de ser preferências pelo seu diferencial estético, parece ser imposta pelos meios de comunicação, por se tratar, muitas vezes, do único acesso a esta forma de arte. Com o surgimento de um sucesso musical a cada dia, os estudantes parecem que não refletem sobre as músicas que ouvem. Por isso se faz necessário debater e discutir esse fenômeno social que influencia as preferências musicais. Ao se pensar a Educação Musical para crianças, adolescentes e adultos, é praticamente impossível desvincular-se das influências recebidas através da mídia, pois são tão fortes que agem na construção do gosto musical, que muda rapidamente, tornando-se de extrema relevância para o professor conhecer algumas das influências exercidas no momento do processo de aprendizagem, procurando compreender de que maneira esta influência interfere na aula de música, no rendimento do estudante em sala de aula e na escola. A importância deste assunto se dá a partir da ideia de contemporaneidade, devido ás mudanças constantes de “vedetes”4, sendo necessário interferir na forma de articulação e ação desses meios. Antepor-se a formação subjetiva induzida e na formação de culturas de massa. Para atingir alguns objetivos que interfiram diretamente no cotidiano das famílias dos estudantes, é fundamental exercitar nos educandos a leitura crítica aos produtos da indústria cultural e, para isso, é necessário oferecer oportunidades à uma compreensão clara de música. É

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Termo utilizado por Guy Debord, no filme e no livro “A sociedade do espetáculo”, se referindo ao fetiche pelo produto cultural explorado pela indústria.

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necessário que as famílias possam conhecer e principalmente ter acesso às diferentes formas de cultura musical, acesso ao fazer artístico musical, dominar ferramentas que oportunizam identificar as qualidades entre as músicas, a fim de diferenciá-las e selecioná-la com critérios. Os apreciadores – e não mais consumidores – precisam ampliar sua subjetividade, de tal maneira que seja possível compreender as mais diversas formas de expressão musical, compreender as mensagens transmitidas através dos objetos artísticos, envolvendo com plenitude os significantes lógicos e emocionais: Segundo McLaren (2000) a subjetividade nos permite reconhecer e abordar as formas pelas quais os indivíduos pensam sobre suas experiências, incluindo suas compreensões conscientes e as formas culturais disponíveis, por meio das quais tais compreensões são constrangidas ou possibilitadas.

Durante as aulas de música os estudantes desenvolvem relações interpessoais, sua afetividade, sua lógica e coordenação motora. A disciplina de música pode vir a relacionar-se com todas as outras disciplinas do currículo fazendo a multidisciplinaridade ou a interdisciplinaridade, sendo com letras de músicas (relacionando com as línguas), com estruturas rítmicas (relacionando com a matemática), com frequências e ondas sonoras (relacionando com as ciências) entre outras. A inserção da música no cotidiano escolar amplia as abordagens educativas, sendo possível afirmar que ofertar educação musical é ofertar projetos educacionais de sucesso. Com a educação musical, os estudantes serão capazes de desenvolver sua percepção auditiva através de exercícios de paisagem sonora e reconhecimento de timbres. Temas como influência da mídia, estética, preferências musicais são de extremo valor no trabalho que desenvolvo na escola, assim como a construção do gosto musical, debates sobre as preferências musicais e principalmente a reflexão sobre as músicas apresentadas aos estudantes pelos estudantes. Muito se tem discutido em cursos, seminários e demais eventos sobre a maneira como vem se desenvolvendo a arte-educação nas escolas brasileiras. No que tange a educação musical, o professor de música ainda necessita impor sua disciplina aos demais profissionais da escola, pois ainda não há o entendimento da importância da educação musical no ambiente escolar. Relatos do seminário de Arte, Música e Educação realizado em 2006 pela Universidade Federal de Pelotas revelam que as políticas educacionais para o ensino da arte estão aquém das expectativas dos

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profissionais da área. Salas específicas para o ensino de arte, materiais didáticos para o desenvolvimento dos conteúdos são as principais queixas dos educadores. Apesar das dificuldades ela é extremamente possível. Porém, as abrangências da disciplina de artes, seja ela na especificidade que for, é tão grande e frutífera, que os profissionais superam as dificuldades e encaminham suas disciplinas com relativo sucesso. Na maioria das vezes, é preciso tirar das adversidades as motivações necessárias para a superação. Aos poucos, a educação musical, a dança e o teatro estão conseguindo demonstrar seus valores. As artes plásticas já não estão mais sozinhas nos currículos escolares. Como a educação musical transita pelos campos formais e informais de ensino, gerando o aprendizado dos estudantes, há uma série de fatores que agem e interferem no processo de construção da aula. A educação musical brasileira tem enfrentado vários desafios, sendo um deles o de lidar com a diversidade de vivências musicais não escolares. Há, de um lado, uma diversidade de vivências musicais não escolares, proporcionados pela sociedade atual, e de outro lado, práticas arraigadas de ensino e aprendizagem escolar de música. (Wille, 2003 apud Arroyo e Oliveira, 2000)5

Pressupõe-se que todos os estudantes apreciam um determinado estilo musical. A apreciação proporcionada pela mídia, na atual conjuntura, está afetando o comportamento das pessoas, através de músicas de baixa qualidade onde o estímulo corporal e visual é mais importante que o estímulo sonoro. Estamos presenciando o assassinato das melodias vocais e a influência de músicas com textos inadequados para menores. É comum testemunhar crianças cantando letras que falam vulgarmente de sexo, trazendo estas referências musicais do universo não escolar. As famílias não mais apreciam as músicas pelo seu significado, elas apenas consomem os produtos sonoros recém-lançados, as vedetes. Segundo Filho (1971, p.13): A Apreciação assume, portanto, níveis diversos, do mais elementar ao mais elevado. Por isso, conceituamos a Apreciação como audição inteligente ou compreensiva da música. Esta audição inteligente consiste na capacidade de percepção auditiva, de controle sobre o sentido da audição e fundamentalmente pela reflexão sobre o que está sendo ouvido pelo apreciador.

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Citação retira da tese de mestrado de WILLE, 2003.

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Por ter essa grande multiplicidade de níveis e estágios perceptivos, é possível afirmar que é subjetivamente que a música age e é na subjetividade do indivíduo que se constrói os padrões musicais, geralmente direcionados pela mídia. Segundo Coelho (1989, p.11) “a indústria cultural faz uso de produtos padronizados, como kits para montar, um tipo de pré-confecção feito para atender as necessidades e gostos médios de um público que não tem tempo de questionar o que consome”. Com a subjetividade pouco desenvolvida, a capacidade de reflexão e crítica, é menor, fazendo com que ocorra uma aceitação maior aos produtos de qualidade duvidosa, tornando a influência da indústria da pasteurização cultural mais nítida e eficiente. É preciso estimular a crítica nos educandos, preservar o dissenso como algo precioso e caro ao ambiente essencialmente democrático como o da escola. Mas a crítica nela mesma, por si só, não é garantidora de sucesso e qualidade, ela deve ser somada a uma proposta de intervenção para que oportunizem acessos aos diversos bens culturais da sociedade, possibilitando melhorias reais e significativas. Dentro da pedagogia, foi possível perceber que o sistema traiçoeiramente enreda até mesmo os pensamentos mais críticos. Os teóricos da educação, durante a fase da pedagogia crítica, também foram atingidos por este excesso de sistemas no sistema de ensino: Os teóricos críticos educacionais desenvolveram uma série de questões sobre o fato de a escola ser apenas uma ferramenta do processo de valorização do mercado financeiro, formando apenas trabalhadores obedientes ao sistema. Este sistema de ensino obediente ao mercado faz com que os professores sejam amarrados a tais ideias, o que dificulta na elaboração de um programa de aula que seja crítico e atuante. Além disso, as teorias críticas, não incluem o professor como um atuante crítico engajado a este movimento de mudança social, sendo apenas considerado e não incluído como agente fundamental para a mudança político pedagógica (McLAREM, 2000).

No ensino da música, os conflitos entre estes sistemas formais e informais de apropriação cultural, promove uma reflexão sobre as imposições da indústria, gerando críticas ao processo de aculturação das massas. Cultura imposta pelo sistema mercadológico que está bloqueando cada vez mais a capacidade de pensamento crítico dos cidadãos, que por sua vez, não encontram espaços nem conhecimentos para questionar o que é imposto. Estudando a música, estes espaços são abertos de maneira sutil e profunda, o conhecimento é generosamente ofertado, e o que se revela é a compreensão dos aspectos subjetivos das músicas apreciadas. Ao descortinar tais elementos, é possível identificar, por exemplo, que as composições musicais da atualidade ainda estão restritas ao ideológico romântico do século XIX, às vezes até

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em sentido latto, relacionadas ao divertimento e ao apelo sexual. Inebriados por impulsos de consumo da diversão e do sexo, ouvinte telespectador não percebe que a indústria cultural vem alienando massivamente a formação crítica. Para COELHO (1989, p.24): A cultura de massa aliena, forçando o indivíduo a perder ou a não formar uma imagem de si mesmo diante da sociedade, uma das primeiras funções exercidas por ela seria a narcotizante, obtida através da ênfase ao divertimento em seus produtos.

Neste cenário, a mídia surge como o principal veículo de imposição de valores na sociedade de consumo, reforçando as normas sociais que devem ou não serem respeitadas, repetindo exaustivamente seus produtos, num processo de coisificação da arte, tornando tudo e a todos, inclusive o cidadão, um objeto pronto para o consumismo. Promove a deturpação e a degradação do gosto popular, simplificando ao máximo seus produtos, de modo a obter uma atitude sempre passiva do consumidor e do artista que acaba consumido, trocando sua arte por aceitação no sistema. Além disso, a indústria cultural assume uma postura paternalista, dirigindo-se ao consumidor ao invés de colocar-se à sua disposição (COELHO, 1989). Também, conforme a Proposta Curricular do Estado de Santa Catarina (1998, p.192) “é neste cenário que o ensino efetivo, o exercício musical e a consequente sensibilização das pessoas para a importância do universo sonoro musical que cercam as famílias”, ganhou destaque a necessidade crucial de se inserir a música na escola. Por longos anos, “estudar música passou a ser privilégio de algumas pessoas com condição financeiras e predisposição para frequentar escolas específicas (ensino informal) ” (Ibidem, Idem, Idem). E isso é preciso mudar. “Uma geração formou-se sem ter sido despertada para a significação que possui o som em suas vidas” (Santa Catarina, 1998,192). É partindo dessa ausência de educação musical, por mais de 40 anos relegada à indústria cultural, que o trabalho de educação musical iniciado em março de 2005, objetiva encurtar a lacuna entre os saberes musicais formais e informais na comunidade escolar. Apesar de todos os esforços, ainda necessita-se de muito trabalho nessa área mas, além de tudo, de projetos e políticas efetivas para o ensino da pleno de música na unidade escolar.

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CONSOLIDANDO O ENSINO DE MÚSICA NA ESCOLA Trajetória do Professor

O trabalho de educação musical iniciou-se juntamente com o ingresso deste professor na carreira do magistério público estadual, no ano de 2005. A escola onde se desenvolveu o projeto de educação musical, possuía alguns problemas físicos que muitas vezes inviabilizam um trabalho específico em artes. Com a minha formação em Música, graduado pela Universidade Federal de Pelotas/RS no curso de Licenciatura em Artes, Habilitação em Música, é constante uma certa dificuldade, por parte de alguns gestores, de entender que as mudanças estabelecidas pela Lei 9394/96 (onde cada professor de arte deve atuar especificamente na sua habilitação e que as outras linguagens artísticas devem ser inseridas no currículo de maneira interdisciplinar) resguarda a formação específica. As dificuldades partiam da ideia ultrapassada de que a disciplina de artes tinha uma função específica de decoração da escola com murais e cartazes, sendo que muitos gestores exigem que se cumpram essas obrigações decorativas, mesmo que os profissionais não possuam a formação em artes plásticas. Nesta primeira experiência profissional no Ensino Básico Catarinense, foram necessários, no mínimo, três anos de muito trabalho para consolidar o ensino de música e a interdisciplinaridade em artes na escola e na comunidade escolar. Pela escassez de recursos como instrumentos musicais, sala ambiente6, materiais didáticos, foi necessário recorrer a recursos muito utilizados pela educação musical desenvolvida em escolas públicas, que eram instrumentos feitos de sucatas, percussão corporal e principalmente a literatura da música, que subentende a história, crítica e teoria. Nesse período, além da parte teórica, dedicou-se tempo ao desenvolvimento de um trabalho único de mapeamento do fenômeno musical no bairro onde a escola está inserida, no qual os estudantes que eram responsáveis pela tarefa de trazer as músicas estudadas em sala de aula. Assim foi possível perceber qual a cultura predominante no bairro e, de certa forma, quais as vivências musicais da comunidade. Segundo Souza et all (2000, p.22):

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Entede-se por sala ambiente o espaço físico no interior da unidade escolar que possui as condições básicas para o ensino de uma linguagem artística. É uma sala de aula de uso específico, preparada com requisitos mínimos para o desenvolvimento de alguma das linguagens de arte (ou Música, ou Dança, ou Teatro, ou Artes Plásticas).

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O saber fenomenológico como análise reflexiva dá lugar eminente ao sujeito, à experiência vivida. Considera que é através da história pessoal, através das suas vivências e experiências que o sujeito vai tomando consciência de si mesmo, do mundo e do outro.

Após este trabalho de pesquisa do fenômeno musical experimentado pelas crianças da comunidade, percebi que havia uma influência massiva da indústria cultural. As músicas apreciadas muitas vezes eram destacadas por que tinham exposição nas mídias e a mídia era indicada como a única via de contato com a cultura musical. O cotidiano das crianças era preenchido por músicas que influenciavam seu comportamento, suas condutas e serviam de referência para suas auto imagens, gerando hábitos, linguagens e condutas. Segundo Souza ett all (2000, p.27): Entende-se “cotidiano” como um mundo social de uma determinada camada da população, e nesse contexto fala-se, por exemplo, do “cotidiano de meninos e meninas de rua”. Nesse caso refere-se a contextos de socialização e experiências, à formação de orientações normativas, regras, maneiras de comportamento e modos de ver o meio social impregnados de fatores socioculturais.

Constatei, então, a necessidade de interferir fortemente neste processo perverso de influência. Por diversas vezes procurou-se os gestores solicitando apoio para que o projeto de intervenção pudesse ser realizado, e assim, estimular a busca por uma cultura mais eficiente e sólida, antagônica a pueril cultura midiática. Uma das estratégias utilizadas é a que se dá através de passeios culturais, visita às instituições que possam contribuir de alguma forma com a formação dos estudantes. Para Campos (2002, p.48), “esses passeios revertem-se em práticas desinteressadas e, portanto, potencialmente capazes de promover no espírito humano o respeito pelas realidades de seu meio ambiente”. Os educadores musicais são, antidemocraticamente, silenciados por um sistema de ensino que não privilegia a cultura popular, que sistematicamente fecha o saber em disciplinas que não interagem entre si pela ausência de uma gestão escolar que estimule essas ligações e, acima de tudo, estabelece padrões culturais que desprezam a cultura popular em prol de uma “cultura oficial, de elite, representada pelos padrões adotados institucionalmente nos salões, academias, cátedras universitárias, conselhos de cultura, tribunais, Congresso etc” (TINHORÃO, 2001, p.158) e por um conhecimento popular manipulado pela indústria cultural. Esses acontecimentos e outros mais, instigaram a conhecer melhor sobre a gestão educacional e a necessidade de uma ligação coerente com as questões pedagógicas de uma escola,

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para que sejam proporcionadas situações que favoreçam a aprendizagem. Muitas vezes, os professores, imersos em seu cotidiano de sala de aula, planejamentos e avaliações, não encontram tempo ou estímulos suficientes para organizar atividades diferenciadas, cabendo aos gestores proporcionar situações confortáveis para o estímulo a atividades pedagógicas diversas. Com este histórico profissional em mãos, parti para a primeira formação em nível de especialização, onde escrevi monografia que versou sobre Gestão Escolar para o Ensino de Artes.

CONSIDERAÇÕES ACERCA DA EDUCAÇÃO PÚBLICA Paradigmas contemporâneos Os pontos do presente trabalho, aqui elencados, visam promover a elevação dos níveis de motivação educacional para uma formação crítica do sujeito. Muito embora vivamos diante da constante divulgação de informações que representam uma abertura para a melhoria dos paradigmas democráticos, é importante questionar o quanto o consenso sobre a necessidade de qualificação se maximiza em novas atitudes e novas propostas de melhoria no ensino, que evitem o remanejamento dos quadros funcionais, que incentive a cultura e promova a aprendizagem. As experiências acumuladas demonstram que a contínua expansão das políticas públicas para a educação e, num plano mais próximo da comunidade, a retração e estagnação das/nas políticas escolares, promoveram em nossas atividades, a tendências de aprovar a manutenção dos modos de operações convencionais. Os padrões de comportamento, as aquisições de pensamentos clichês, a ausência de vontade de realizar, a ausência de conexão entre as áreas do currículo, a ausência de perspectivas do processo de ensino-aprendizagem e a aceitação do acomodamento funcional, acima de tudo, resultam em fracassos que poderiam ser evitados com a determinação clara de objetivos, assumindo, assim, importantes posições no estabelecimento do sistema de participação geral a partir do estímulo à qualificação profissional da rede. Percebe-se, cada vez mais, que a ausência de complexidade dos estudos efetuados auxilia na má preparação e na má composição do sistema de formação, gerando quadros que não correspondem às necessidades da unidade escolar. Todas estas questões, devidamente ponderadas, levantam dúvidas sobre a qualidade do trabalho realizado. Se o início da atividade geral de formação de atitudes educativas já apresenta dificuldades aparentes, o alcance do resultado

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pretendido e a importância da realização dos procedimentos normalmente adotados se convertem em práticas ineficazes antes mesmo de se estabelecer o processo de ensino. Evidentemente, o aumento do diálogo entre os diferentes setores educativos agrega ao estabelecimento das direções, preferencialmente no sentido do progresso. No mundo atual, a revolução dos costumes possibilitou uma melhora na visão global dos investimentos em reciclagem técnica. Mudar é preciso. Não basta apenas o zelo pela manutenção dos sistemas burocráticos administrativos, ou zelar pela liberdade democrática de direito, ou gerenciar e promover os talentos pessoais da equipe profissional. O que se revela como adequação às práticas de sucesso em gestão é a expansão dos atributos mundiais de normatização dos sistemas, com exímia legalidade, cumprindo um papel essencial na formulação do processo de comunicação como um todo. Por outro lado, o acompanhamento das preferências de consumo oferece uma interessante oportunidade para verificação dos índices culturais do corpo docente e dissidente. A concepção cultural docente promove a construção de propostas educativas interdisciplinares, de tal forma que, é possível perceber na práxis, tais influências e concepção. E é no currículo que se evidencia os limites culturais de cada ação e o poder de acumulação e aculturação social. Organizacionalmente, a percepção das dificuldades exige uma precisão e uma clara definição de critérios concisos elaborados no plano de meta setorial. Desta forma, o desenvolvimento contínuo de distintas formas de atuação educativas com foco na aprendizagem cause impacto direto na avaliação das posturas dos órgãos dirigentes com relação às suas atribuições. A prática cotidiana prova que a crescente influência da mídia faz parte de um processo de gerenciamento das diversas correntes de pensamento. A longo prazo, a consulta aos diversos segmentos culturais será monopolizada pela televisão e internet, extinguindo a diversidade de pensamentos, gerando um acomodamento prejudicial à sociedade como um todo. Precisamos nos prepar para enfrentar tais situações atípicas, decorrentes de todos os recursos funcionais envolvidos. Podemos já vislumbrar o modo pelo qual a interatividade das transações educativas acarretariam um processo de reformulação e modernização dos métodos utilizados na avaliação de resultados. O cuidado em identificar pontos críticos na consolidação das estruturas podem nos levar a considerar a reestruturação de alternativas às soluções ortodoxas de educação. Neste sentido, o julgamento imparcial das eventualidades conduz o processo em caminhos obscuros que nos obriga a realizar análises equivocadas e fragmentadas dos acontecimentos

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estratégicos. No entanto, não podemos esquecer que a hegemonia do ambiente político é uma das consequências das condições precárias dos financiamentos administrativos. A certificação de metodologias de gestão normatizadas pelos órgãos centrais da rede de ensino não auxiliam no trato das contínuas dificuldades que surgem no cotidiano escolar. Tais normas ainda não demonstraram resultados convincentes na promoção de mudanças e de proposição inovadoras de práticas curriculares voltadas, especificamente, para o desenvolvimento contínuo do processo de ensino-aprendizagem. Nunca é demais lembrar o peso e o significado destes problemas, uma vez que a valorização de fatores subjetivos não pode mais se dissociar dos relacionamentos verticais entre as hierarquias. O empenho em analisar o novo modelo estrutural aponta para a melhoria das diretrizes de desenvolvimento para o futuro. O desafiador cenário atual talvez venha a ressaltar a relatividade no levantamento das variáveis envolvidas, no comprometimento entre as equipes, na capacidade de equalização do impacto e na agilidade decisória. Atualmente, a valorização de fatores subjetivos agrega valor ao estabelecimento do sistema de formação de quadros correspondentes às necessidades. O novo modelo estrutural deve passar por modificações independentemente de todos os recursos funcionais envolvidos. Portanto, o consenso sobre a necessidade de qualificação faz parte de um processo de gerenciamento dos conhecimentos estratégicos para atingir a excelência. Desta maneira, o julgamento imparcial das eventualidades garante a contribuição de um grupo importante na determinação dos paradigmas corporativos. Nunca é demais lembrar o peso e o significado destes problemas, uma vez que a valorização de fatores subjetivos acarreta um processo de reformulação e modernização da gestão inovadora da qual fazemos parte. Acima de tudo, é fundamental ressaltar que a estrutura atual da organização não agrega valor ao estabelecimento educacional, aos métodos utilizados na avaliação de resultados, as relações sociais no ambiente escolar e, preponderantemente, não proporciona a quebra de paradigma dentro do sistema público educacional.

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O POTENCIAL DA RÁDIO NA ESCOLA E A FORMAÇÃO CRÍTICA Na voz de estudantes e professores

Desde as minhas primeiras atividades como docente na rede pública, atuando como educador musical, percebi a necessidade de abordar, em sala de aula assuntos sobre a temática da educação e da comunicação, principalmente aqueles que atravessavam as questões que envolvem a mídia e a sala de aula. O cotidiano está cada vez mais envolvido com a mídia, ela se faz cada vez mais presente (SILVERSTONE, 2011) e mais influente nas nossas vidas. Os jovens, a todo o momento que interagiam comigo e com os conteúdos estudados nas aulas de música, demonstravam o íntimo contato com os conteúdos divulgados pelos veículos de mídia. Das músicas do momento aos assuntos abordados nas novelas, do resultado do jogo de futebol ao sucesso musical do verão, a afirmação das preferências – novelísticas, esportivas ou musicais, só para dar alguns exemplos – se davam numa espécie de disputa. Como professor, eu também levava minhas influências e tentava disputar um espaço para apresentar conteúdos musicais que alargassem o conhecimento de meus educandos, uma vez que suas preferências, obtidas através da mídia, estavam consolidadas. Na medida em que educadores e educandos, crianças, jovens e adultos, se apresentam na sala de aula trazendo informações culturais adquiridas através dos meios de comunicação, a escola precisa oportunizar momentos adequados para que esta bagagem cultural não seja desprezada. Mediar as disputas entre as influências midiáticas que, como aponta Silverstone (2011), são cada vez mais cotidianas, passa a ser uma dimensão fundamental para a atuação do professor que pretende uma formação crítica e emancipadora. Contudo, o modelo escolar desenvolvido nas escolas, ainda focado no projeto da modernidade, como aponta Sibilia (2012b), encontra-se em crise quanto a sua função de origem. Com a ampliação do acesso as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC’s) a escola deixou de ser o único espaço de acesso ao conhecimento e de formação (CASTELLS, 1998 : BARBERO, 2014), expondo ainda mais as dificuldades do modelo educacional focado na explicação e transmissão de saberes para uma expectativa de futuro incerto (RANCIÈRE, 2013), através de um currículo fragmentado, linear e desconectado da complexidade sistêmica (MORIN, 2011: CAPRA, 2012).

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Partindo de uma proposta de educação para as mídias, surge a iniciativa de implementação de uma Rádio Escolar como um instrumento didático pedagógico, visando, através do fazer mídia, reflexões sobre a forma como os meios de comunicação influenciam professores, estudantes e comunidade escolar. Com a perspectiva de um trabalho com Rádio na escola, surge a necessidade de pesquisar com imersão e profundidade as abordagens de mídia educação ou educação para as mídias (BELLONI, 2009) e suas possibilidades. Neste sentido a pergunta que orienta este trabalho é: A Rádio na Escola pode se constituir num instrumento didático pedagógico para a formação crítica dos sujeitos? Para movimentar a rotina escolar e sua dinâmica, é que surge a necessidade de pesquisar sobre a influência da RE no ambiente escolar, principalmente por ela ser uma alternativa palpável de desenvolvimento de práticas inovadoras no ambiente educativo. Congregando inúmeras possibilidades interdisciplinares e transdisciplinares, ela permite a inclusão dos educandos como autores do próprio processo de aprendizagem. Além disso, ela naturalmente oferece as condições necessárias à aprendizagem como prática de liberdade. "Dentro da produção de radio escolar há troca mútua do saber, descontração e liberdade para questionar, interagir e participar" (HUK & ASSUMPÇÃO, 2009, p.1). É preciso investigar, através do uso das tecnologias e da comunicação oferecidas por um projeto de RE, se a escola realmente consegue gerar oportunidades que contemplam os educandos com o que há em seu tempo. Segundo os Estudos Temáticos da Proposta Curricular de Santa Catarina (2005, p.71): Convivemos diariamente com a heterogeneidade que caracteriza a sala de aula e a escola, com exemplos concretos de alunos que protagonizam uma juventude "conectada, plugada com seu tempo", que brilham como verdadeiros atores sociais, assumindo com responsabilidade e maturidade a construção da sua própria história.

As rádios comerciais, por estarem presentes no cotidiano das comunidades escolares e principalmente na vida dos jovens, se tornaram suas únicas referências. Quando se pensa na função do meio de comunicação radiofônico, seus quadros midiáticos justificam o que é uma rádio. Os jovens, na maioria das vezes, fazem a relação entre a diversão de ouvir as músicas de sua preferência e a função prazerosa que ela exerce. Dessa forma, deixam de perceber o papel fundamental que a rádio exerce na comunicação de massas. Essa associação ao prazer, gerada pelos meios de comunicação comerciais, acabam por desvirtuar o papel contra hegemônico que uma rádio possibilita. Adorno (2002, p.31) assevera:

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O prazer congela-se no enfado, pois que, para permanecer prazer, não deve exigir esforço algum, daí que deva caminhar estreitamente no âmbito das associações habituais. O espectador não deve trabalhar com a própria cabeça; o produto prescreve toda e qualquer reação: não pelo seu contexto objetivo - que desaparece tão logo se dirige à faculdade pensante - mas por meio de sinais. Toda conexão lógica que exija alento intelectual é escrupulosamente evitada.

Pelo fato de os meios de comunicação comerciais serem a referência dominante na sociedade, é que nasce a necessidade de pesquisar sobre as relações entre mídia e educação, as reais contribuições e possibilidades geradas pelo trabalho de mídia educação, e de que maneira a RE colaboraria na proposição de melhorias no ambiente educativo. É preciso identificar quais as formas de utilização desta ferramenta que são potencialmente geradoras de aprendizagem, assim como se faz necessária, a análise da influência gerada pela RE nos processos educativos. Também é preciso desenvolver conjuntamente proposições de atuação com esta ferramenta. "Nesse processo, a Radio escola pode ser mais um recurso para o exercício da cidadania, construção e disseminação do conhecimento e da cultura" (ASSUMPÇÃO, 2006):

A Rádio, na escola, leva o aluno a desenvolver a reflexão sobre a linguagem e a programação radiofônica, principalmente se ele é o emissor e receptor. Analisando todo o processo da produção, o educando poderá compreender, também a linguagem e o processo de bens simbólicos. (Ibidem, idem)

Esta pesquisa justifica-se pela necessidade de produção acadêmica envolvendo as RE, para que dessa maneira se incentive a criação de novas propostas nessa área, estimulando o trabalho de educação para as mídias nas comunidades escolares. Segundo Baltar (2012, p.40):

Diferentemente das rádios comerciais, educativas e comunitárias que já estão "legitimadas", a rádio escolar ainda está em um processo embrionário em nosso país. É possível vislumbrar um movimento de implantação de rádio escolar em várias regiões, mas ainda como ações pontuais de algumas escolas, a partir do trabalho individual de alguns professores e líderes estudantis.

Existem diversas iniciativas de RE nas escolas públicas mas, ainda assim, são iniciativas isoladas. Pela pouca circulação de publicações sobre este tema, as iniciativas carecem de recursos pedagógicos para cumprir a proposta embutida na educação para mídia. Para Baltar (2008), "o caminho mais direto é o engajamento na atividade de linguagem significativa de natureza midiática

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(por exemplo, a produção de gêneros, quadros e programas radiofônicos) para refletir sobre e entender os meandros desses discursos a partir de seus bastidores." Pautada em processos comunicativos, “surge a comunicação interativa que propõe diálogo, a seletividade, a variedade, a conectividade, a bidirecionalidade e a intervenção na mensagem aberta à operatividade e à autoria criativa” (FERNANDES & SILVA, 2004, p.4). No âmbito das pesquisas que possuem como temática a Rádio Escola, encontra-se em Natividade (2013), dissertação defendida no PPGE-UFSC, um histórico sobre do Rádio, desde sua criação como tecnologia, passando pela história do Rádio no Brasil, com a implementação da tecnologia de radiodifusão no país, “de forma oficial, em 7 de setembro de 1922”. Neste trabalho é possível compreender a estreita relação entre a rádio e a escola, principalmente na perspectiva de Edgar Roquete-Pinto, pioneiro do rádio no Brasil. Segundo Natividade (2013): Roquete-Pinto possuía a convicção de que o rádio como meio de comunicação teria grande valor informativo e cultural para a sociedade, principalmente para os que não tinham acesso à educação. Poderia a vir também a contribuir com o fim do analfabetismo, o qual era imenso no Brasil, chegando a regiões de difícil acesso. (p. 35-36)

No que tange a Rádio Escola, a autora deste estudo faz uma análise das experiências de rádio no recorte da prefeitura municipal de Florianópolis, e também uma análise das utilidades da rádio na escola. Essa apropriação educativa do rádio vem acontecendo dentro do âmago das escolas, as quais vêm fazendo uso de conceitos de mídias em conjunto com a educação, fazendo surgir assim a Rádio Escola como uma nova ferramenta para auxiliar no ensino e, principalmente, contribuir no processo de cidadania. (Natividade, 2013, p.86)

Partindo do levantamento bibliográfico realizado pela autora, que compreendeu uma busca por dissertações e teses, “com o intuito de verificar o saber acadêmico produzido (...) a respeito da temática da rádio escola na área da educação”, entre os anos de 2000 a 2011, no Banco de Teses e Dissertações do Portal de Periódicos da Capes/MEC7 e no Banco de Teses e dissertações do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFSC8, busquei complementar o quadro realizando encontrando apenas um trabalho realizado por Altamir de Oliveira, no ano de 2011. Na pesquisa de Natividade (2013, p.47) fica evidente, através do resgate histórico que a rádio “mostra-se eficiente e inovadora na divulgação e troca de conhecimento” desde sua gênese.

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http://www.periodicos.capes.gov.br/ http://ppge.ufsc.br/

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A pesquisadora analisa, também, o histórico da tipologia do Rádio, analisando as categorias de Rádios livres, Comunitárias, Rádio WEB e Rádio escola. Neste estudo, as categorias mais relevantes para se pensar a implementação de uma rádio no contexto da escola pesquisada são a WEB e a própria Rádio Escola, sendo importante a contribuição a fim de pensar a junção destas duas categorias como uma WEB Rádio Escola. A Rádio Web caracteriza-se como uma rádio disponibilizada aos seus ouvintes via internet, através de diferentes recursos. “O uso da internet pelo Rádio amplia as suas possibilidades de uso ao aliar ao rádio outras tecnologias”. Outro benefício da rede é que ela exclui a “necessidade de obtenção de concessões de canal pelo governo”, além de oferecer custos menores para sua realização (Natividade, 2013, p.84). Contudo, existem distinções entre estas denominações que precisam ser demarcadas. O rádio é o meio técnico que designa a produção do conteúdo alicerçados na oralidade e escrita (ASSUMPÇÃO, 2006), enquanto a web é o meio por onde se dá a transmissão do conteúdo. Os conteúdos de áudio produzidos na linguagem radiofônica e transmitidos via web são transformados em arquivos publicados em um podcast. Enquanto o rádio é acessado de maneira instantânea, com horários pré-estabelecidos, o podcast fica disponível para acesso a qualquer tempo (FREIRE, E., 2012). A rádio difusão convencional é realizada (e produz conteúdos) em formato de programas que apresentam gêneros definidos, enquanto que a rádio na escola via web trabalha sobre a demanda dos professores e estudantes, sem a necessidade de uma continuidade aos moldes da rádio convencional. No caso de entrevistas, por exemplo, “ela é trabalhada na escola levando em consideração os objetivos didáticos-pedagógicos dos professores e o interesse dos estudantes” diretamente envolvidos com o trabalho de rádio escolar. (BALTAR, 2012, p.105). “O rádio trabalha com radiodifusão, em tempo real, enquanto que o podcast distribui conteúdo sob demanda, para escuta em tempos locais diversos com possibilidades infindáveis de repetição da audição do conteúdo, além de maior alcance geográfico pela disseminação via internet” (Bottentuit Júnior e Coutinho, 2007 apud Freire, E., 2012, p.6).

A centralidade da diferenciação entre rádio e podcast, se dá pelo fato de ambas serem tecnologias distintas na transmissão, mas que são complementares quanto a sua produção. “Enquanto o podcast trabalha com programas singulares em episódios para acesso sob demanda, de acordo com os horários e locais escolhidos por seu público, o rádio produz conteúdos para escuta instantânea em horários pré-definidos ao longo do dia” (FREIRE, E. 2012, p.8).

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São inúmeras as possibilidades de utilização de uma rádio dentro do espaço escolar. Dentre elas destacam-se a tríade autoria-oralidade-escrita. Com essa característica de ser “instrumento de interação sociodiscursiva entre os membros da comunidade escolar” (Baltar, 2012, p.39-40), as Rádios Escolares tornam-se uma ferramenta de grande utilidade, principalmente por se destacarem como potencialmente interdisciplinares, do ponto de vista do seu fazer pedagógico. Para Santos e Raddatz (2012, p.2): Por meio da inserção de uma rádio dentro da escola, os alunos têm a oportunidade de desenvolver a criatividade, leitura e oralidade; aprimorar as habilidades de comunicação; formar pontos de vista; desenvolver o senso de responsabilidade e produzir conhecimento.

A ideia de implementar uma rádio escolar surge para enfrentar o problema exposto anteriormente, da falta de conexão entre a escola e as culturas tecnológicas que os estudantes vivenciam atualmente. O modelo de educação vigente parece não estimular os estudantes a produzirem saberes que lhes sejam interessantes e úteis. Os jovens ocupam papeis de protagonismo cultural através do acesso a internet e usos das redes sociais. São naturalmente consumidores e produtores de cultura na internet: Poesia, Música, Vídeos... Por que a escola não pode aproveitar esta produção? A rádio pretende concatenar os talentos da escola e unir as inteligências dos jovens da EEBFT na produção de conhecimento através do uso das tecnologias a serviço da comunicação. Apesar do trabalho com rádio na escola não representar a solução definitiva para os problemas que a escola atual apresenta, ela se configura como uma alternativa capaz de mobilizar professores e estudantes em torno da comunicação, permitindo que, a partir de um trabalho de mídia-educação, se reflita sobre a necessidade de mobilizar saberes que ampliem o papel da escola.

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A RÁDIO TOLENTINO Implementação da rádio na escola

O meu ingresso no quadro de professores efetivos da EEB Francisco Tolentino surgiu no momento em que inicei meus estudos no Programa de pós-Graduação em Educação, em nível de Mestrado, na Universidade Federal de Santa Catarina. Para que o projeto de pesquisa fosse desenvolvido na escola em que me encontro agora como professor, foi necessário, portanto, realizar a implantação da Rádio na escola, e assim desenvolver o trabalho de pesquisa a partir dessa nova realidade. Essa mudança, ao mesmo tempo que trouxe um novo desafio de em pouco tempo desenvolver um projeto de rádio que na experiência anterior demorou alguns anos para se consolidar, trouxe também uma libertação de possíveis maus hábitos adquiridos pela imersão na cotidianidade da prática, me colocando diante de uma nova situação, numa nova perspectiva de atuação sem possíveis confortos. Comecei a trabalhar, concomitantemente ao ingresso no curso de pós graduação, aqui na Escola de Educação Básica Francisco Tolentino, em São José. Para que fosse possível acompanhar o curso de mestrado e ao mesmo tempo me adaptar a esta nova unidade escolar e nova realidade de trabalho, fui deslocado para atuar na Biblioteca da U.E. e desta forma, conhecer a comunidade escolar, realizando observações do espaço da escola, conhecer professores e estudantes, através da uma relação com a totalidade da escola. Pelo fato de não estar atuando em sala de aula, surgiu a possibilidade de olhar a escola como um observador atento, distanciado dos processos e rotinas da escola, mesmo que outras rotinas orbitassem a minha vivência na escola. As funções que exerci como profissional da escola foram as de organizar a biblioteca, organizar a visitação das crianças em fase de alfabetização e gerenciar o empréstimo de livros e demais materiais didáticos que ficam guardados naquele espaço. Essa função me deu o tempo necessário de conhecer as crianças, jovens e adultos da escola. A biblioteca, por ser um lugar de curiosidade, possibilitou o espaço-tempo adequado para pensar ações de Rádio na escola, conhecer os jovens dedicados à leitura, conhecer os professores preocupados em desenvolver atividades que ocupassem outros espaços da escola. Também foi possível ficar mais próximo da “organização de bastidores”, auxiliando equipe de gestão com tarefas de simples realização como a entrega de bilhetes e comunicação de recados nas salas de aula, o que me permitiu, também conhecer os estudantes contatando-os dentro da sala de aula. Ao

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me verem nestas tarefas, os estudantes poderiam me conhecer e, aos poucos, me perceber como um profissional da unidade. Com a direção da escola, secretaria e setor pedagógico, ao auxiliá-los com pequenas funções, pude, através de conversas informais, apresentar a ideia de implementar uma rádio na escola, suas possibilidades de usos e seus benefícios. Aos poucos passei a ser identificado como um professor ligado as tecnologias, um profissional que além de saber minimamente usá-las, propunha usos pedagógicos das tecnologias. Isso me trouxe uma função extra de também ser o responsável pela organização e publicação de conteúdos no blog da escola, promovendo a comunicação com a comunidade, instalação de equipamentos quando surgiam as ocasiões para tal e resoluções de problemas de ordem técnica quanto ao uso de tecnologias na escola. Durante o segundo semestre de 2013, fiz esse trabalho de observação minuciosa da escola. As crianças do 1º ao 5º ano do ensino fundamental frequentavam por turmas, semanalmente a biblioteca, com a finalidade de trocar seus livros. Neste processo, identifiquei aquelas que, apesar de estarem em processo de alfabetização, já dominavam as habilidades de leitura e que poderiam contribuir com o projeto da Rádio. Os estudantes do 6º ao 9º ano e do Ensino médio, frequentavam a biblioteca quando desejavam trocar os livros, ou quando estavam em períodos de aulas vagas por ausência de professor, ou por méritos de não necessitar realizar alguma avaliação de recuperação de notas (por já terem alcançado os índices) ou para a realização de alguma tarefa de pesquisa em turno inverso, ou realização de provas de segunda chamada. Também passei a abrir a biblioteca durante o período do recreio, para que as crianças e jovens pudessem sentar as mesas, folear os livros, jogar xadrez ou reunirem-se para conversas mediadas por mim. Com esse trabalho conheci boa parte dos jovens da escola, o que me possibilitou identificar aqueles que poderiam auxiliar na execução do projeto de rádio. Através de observações e conversas informais com estudantes do ensino médio e séries finais do ensino fundamental, me foi informado que no ano de 2012 houve uma tentativa de implementação de uma rádio na escola. Foi uma iniciativa do grêmio estudantil, aparentemente isolada de qualquer orientação pedagógica, que acabou fracassando. Os jovens instalavam duas caixas de som no pátio da escola e colocavam músicas para tocar durante o recreio. Essa forma de realização de uma rádio na escola trata-se mais de uma iniciativa isolada que tende ao fracasso, uma vez que o simples fato de colocar música no pátio da escola não se configura como rádio escolar. Além disso, por não haver um processo de mediação, os estudantes tendem a trazerem

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suas influências musicais sem relacionar com algum tema específico, simplesmente reforçando suas preferências já construídas através da influência gerada pela mídia oficial. Neste movimento, é comum que músicas que não se adequam ao ambiente educativo sejam executadas, respeitando mais os modismos do que o processo pedagógico, o que gera um movimento de compensação por parte dos professores, que se configura mais como censura do que um movimento orientado. Os adultos tendem a impor o que pode ou não ser tocado na rádio, ao invés de orientar quais as funções e usos de uma rádio na escola, com caráter educativo. Nas primeiras semanas de trabalho, já em 2013, destacou-se, como uma reminiscência das atividades anteriores, uma iniciativa dos diretores da unidade que, durante os quinze minutos de recreio, colocavam uma caixa de som com músicas para animar os estudantes. Algumas crianças e jovens se reuniam em volta do aparelho para dançar, realizando as coreografias das músicas que faziam sucesso naquele momento. Enquanto alguns estudantes se divertiam com as músicas que tocavam, outros tentavam persuadir o diretor a colocarem as músicas de sua predileção e este momento de colocar o aparelho para funcionar estava envolto em uma atmosfera de disputa por preferências musicais. A música que causava maior empolgação, principalmente nas crianças, era a intitulada “Show das Poderosas” da cantora Anita, que fazia grande sucesso por ser tema de novela. Esta iniciativa era entendida como uma atividade de rádio na escola, sendo necessário diálogos para apresentar uma proposta que superasse o simples fato de executar músicas durante os intervalos. Passado este momento inicial de observação do cotidiano da escola e de diálogos com professores, equipe gestora e estudantes, passei a observar a estrutura da unidade escolar, para encontrar um espaço físico que pudesse abrigar um estúdio, que contivesse os equipamentos necessários para desenvolver o projeto, e que permitisse aos estudantes e professores um certo conforto para a realização das atividades de rádio. A escola havia sido reformada e ampliada recentemente, sendo entregue pelo Governo do Estado em 2012. Após esta reforma, um espaço vago, ao final do corredor central do andar térreo, ficou aberto e que não estava sendo aproveitado para fins pedagógicos. O espaço, com X metros quadrados, poderá servir plenamente aos interesses do projeto.

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Imagem 1: Espaço para estúdio da rádio Fonte: Acervo pessoal

Com o histórico das tentativas anteriores de implantação de rádio e com a iniciativa dos diretores que se realizava, uma proposta de desenvolver o projeto de pesquisa naquela unidade escolar foi bem aceita pela equipe gestora. O fato de que a implementação da rádio na escola estaria associada ao projeto de pesquisa de mestrado foi o grande diferencial para que se dirimissem as desconfianças quanto a solidez do trabalho a ser desenvolvido. Ao fechar o ano de 2013 ficou acordado com a direção da escola a possibilidade de iniciar o projeto no ano seguinte, apresentando a proposta de Rádio já nas reuniões de planejamento de ano letivo

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PROPOSTA PEDAGÓGICA OBJETIVO GERAL Compreender o fazer musical como elemento formador da socialização, da criatividade e de uma visão crítica e reflexiva do contexto onde estão inseridos, desenvolvendo um cidadão crítico e consciente de seus direitos e responsabilidades, através do estímulo da participação positiva no processo de ensino-aprendizagem, no processo de leitura de mundo desenvolvidos através da música e da promoção das intervenções positivas no seu contexto sócio-cultural.

EIXOS NORTEADORES DA PROPOSTA9 ●

Desenvolver uma escuta atenta e uma reflexão sobre esta escuta, auxiliando a construção do senso estético e crítico.



Desenvolver atitudes de percepção, análise e avaliação para fazer escolhas e opções conscientes musicais.



Perceber o senso rítmico, melódico, harmônico e tímbrico que perpassam por todas as etapas do desenvolvimento do fenômeno sonoro e do desenvolvimento do fenômeno musical.



Compreender o fenômeno musical.



Concorrer para a reflexão histórica da música de forma contextualizada.



Conhecer produções musicais de diferentes estilos e épocas.



Reconhecer a expressão musical peculiar de diferentes grupos sociais.



Analisar e refletir criticamente a produção musical veiculada pelos meios de comunicação de massa e sua função sóciocultural.



Desenvolver a cultura musical.

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Estes eixos que norteiam esta proposta de educação musical foram retirados da Proposta Curricular: Educação Artística do Estado do Rio de Janeiro. Isto se deu pelo fato de que, na Proposta Curricular de Santa Catarina, não existe item equivalente com estes tópicos.

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Desenvolver sensibilidade auditiva, capacidade crítica, noção rítmica e a coordenação motora.



Apreciar diferentes manifestações musicais.



Reproduzir e criar estruturas sonoras.



Desenvolver a capacidade de trabalhar em equipe.



Expressar-se através de uma linguagem não-verbal.



Descobrir as potencialidades sonoras do próprio corpo: respiração normal e em diferentes ritmos, pulsação, experimentação da emissão de diferentes sons orais, sons falados e cantados, etc.



Descobrir e vivenciar o universo sonoro externo: regularidade e irregularidade dos ritmos da natureza, sonoridades do mundo natural e animal, a relação som e silêncio, formas de registro, possibilidades de combinações sonoras.



Sonorizar situações criadas a partir de estímulos plásticos, cênicos e/ou corporais ou textos poéticos.



Transformar e descobrir formas próprias de expressão e produzir ideias e ações próprias.



Explorar a criatividade para produção de formas sonoras.



Expressar-se e estruturar a linguagem musical; organizar e realizar fragmentos sonoros expressivos.



Reconhecer grupos instrumentais e vocais.



Reconhecer a expressão musical da comunidade.



Valorizar e apreciar a música brasileira.

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QUADRO GERAL DE CONCEITOS

- Paisagens sonoras; - Elementos da linguagem musical; - Escrita musical: - Música e Mídia; - História da música; - Relações entre a música e o contexto sócio-histórico-cultural; - Prática musical com instrumentos alternativos, ligados a canção; - Gêneros musicais; - Organologia; - Apreciação musical; - Jingles; - Sonoplastia; - Expressão corporal; - Música vocal; -Música corporal; - Música instrumental; - História da música ; - Brincadeiras cantadas; - Composição, arranjo e improvisação; - Construção de instrumentos musicais; - Fontes sonoras; - Jogos sonoros; - Registros de atividades diárias;

Conteúdos Programáticos da disciplina de artes:

O som e suas características; Elementos básicos da musica: Melodia, harmonia, ritmo, forma e tessitura Instrumentos musicais; Família dos instrumentos. Paisagem sonora; História da música; Apreciação Musical (Estética); Produção sonora; (Através de músicas folclóricas). Improvisações a partir de padrões rítmicos Classificação dos Instrumentos musicais: sopros - cordas - percussão - madeiras- metais. Estudo das propriedades do som: duração, Intensidade, altura, timbre. 31

Reciclagem: produção de instrumentos. A música dos índios e a música dos jesuítas A música no processo de catequização dos índios. A música dos colonizadores portugueses e espanhóis. A música dos escravos africanos. Os estilos folclóricos do período colonial. Música afro brasileira Composição Musical: Características do processo de criação musical. A Arte da Palavra: Processo de composição de letras a partir de melodias preestabelecidas. Comunicação entre compositor e intérprete : Gravação Musical e Partitura. Interpretação Musical: Características do processo interpretativo. Arranjo Musical: Instrumentação e Orquestração. Improvisação Musical: Como se dá o processo de improvisação em música? História da Música - Arte na Pré História: Períodos paleolítico e Neolítico. - Música na antiguidade: Primeiras Civilizações musicais (instrumentos, escalas usadas e importância social da música): Gregos, Judeus e Romanos. - Música Medieval: Música Sacra (Canto Gregoriano) e Música Profana (Menestréis e Trovadores). Relação com a arte Românica. - O Surgimento do sistema de notação musical. - Instrumentos musicais medievais. - Leonin e Perotin: Os primeiros profissionais da composição musical (Escola de Notre Dame – Ars Antiqua). - Relação da escola de Notre Dame com a arte visual Gótica. - Ars Nova. - Música Renascentista: Sacra e Profana em vários países da Europa. - O surgimento da Polifonia. - Instrumentos Renascentistas. - Danças Renascentistas. - Comparação entre o Renascimento nas artes visuais e na arte musical. - Mecenato: O compositor a serviço do poder dominante. - O Renascimento Europeu relacionado ao descobrimento do Brasil. - A música dos povos indígenas no Brasil e a influência da música para os jesuítas, no processo de catequização. - Barroco: Estilos, formas e técnica musical barroca. - A estética Contrapontística do Barroco. - Compositores Barrocos. - O surgimento da Orquestra e da Ópera. - A música no Brasil colonial do século XVII: Manifestações musicais dos escravos africanos e dos colonizadores europeus. - O Barroco na música e nas artes visuais em Minas Gerais no século XVIII: Os compositores Barroco Mineiros e a obra de Aleijadinho.

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-

Estilos musicais Clássicos. Instrumentos musicais do período clássico. Compositores Clássicos. Os dois primeiros estilos populares da música brasileira no século XVIII: A modinha e o Lundu. Romantismo no século XIX A orquestra do período romântico Música para piano Música programática (ou de programa) O Concerto O Drama na música Compositores do Romantismo Música do século XX Tendências artísticas do século XX Influência Jazzisticas Compositores do século XX

MAPA SEMÂNTICO SOM

PARÂMETROS -Altura

-Intensidade -Duração -Timbre

ELEMENTOS BÁSICOS

NOTAÇÃO

-Melodia

-Leitura: Rítmica e Melódica

-Harmonia

HISTÓRIA DA MÚSICA

-Ritmo -Timbre

Música e Mídia

-Forma -Tessitura

PERCEPÇÃO

APRECIAÇÃO

COMPOSIÇÃO

Gêneros Musicais

ESTÉTICA

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CONTEÚDOS ORGANIZADOS POR IDADE/SÉRIE

8º Ano do Ensino Fundamental 1º Bimestre - Som - Silêncio - Ruído

2º Bimestre

- Fontes sonoras - Movimentos sonoros - Leitura auditiva - Registro gráfico Formação de Repertório: "As árvores" de Arnaldo Antunes

- Qualidades sonoras - Organologia - Percepção auditiva Formação de Repertório: "Grama Verde" de Ultramen

- Timbre - Duração - Intensidade - Altura

3º Bimestre - Melodia - Desenho Melódico - Pauta

4º Bimestre - Ritmo

- Música vocal - Extensão dos instrumentos - Flauta doce:

- Música Instrumental - Andamentos - Escrita musical

- Estruturas rítmicas - Figuras de ritmo

Instrumento melódico

Formação de Repertório: "Chuva, chuvisco, chuvarada" de Hélio Ziskind

Formação de Repertório: "Você / Gostava tanto de você" de Tim Maia

3º Bimestre - Elementos básicos da música

4º Bimestre - Orquestras - Naipes - Timbres

- Aplicações dos elementos - Recursos Musicais - Organologia - Leitura auditiva - Debates conceituais - Jogos Musicais Diversos

- Famílias dos instrumentos - Evolução da Orquestra e - Sua História - Debates conceituais - Apreciação Musical

9º Ano do Ensino Fundamental

1º Bimestre - Elementos da linguagem artística - Formas de expressão artísticas - Conceito e definições de arte - O que é música? - Leitura de Imagens - Debates conceituais - Jogos Musicais

2º Bimestre - Características do som - Silêncio - Ruído - Fontes sonoras - Movimentos sonoros - Percepção auditiva - Leitura auditiva - Debates conceituais - Jogos Musicais diversos

34

1º Ano do Ensino Médio 1º Bimestre - Elementos da linguagem artística

- Formas de expressão artísticas - Conceito e definições de arte - O que é música? - Leitura de Imagens - Debates conceituais - Jogos Musicais

2º Bimestre - Dimensões da Cultura - Cultura popular, erudita e de massa - Música e mídia - Preferências Musicais - Estética na arte

3º Bimestre - Música Antiga - Música Medieval - Música Renascentista

4º Bimestre - Noções gerais de notação musical - Teoria da Música

- História da Música - Ars nova antiqua - História da Arte

- Pauta - Claves - Notas na pauta - Figuras rítmicas

- Leitura de Imagens - Debates - Fruição estética

- Apreciação Musical - Debates - Fruição estética

- Exercícios Teóricos e práticos - Apreciação e percepção musical

2º Bimestre - Fotografia - Produção fotográfica - Alguns fotógrafos - Foto P&B - Foto em cores - Composição fotográfica

3º Bimestre - Cinema - Produção cinematográfica - Alguns diretores - Cinema P&B - Cinema em cores - Composição de cenas

4º Bimestre - Música para cinema - História da música - Sonoplastia - Trilha sonora - Catarse - Composições

- Exercícios práticos do olhar Fotográfico

- Exercícios práticos do olhar cinematográfico

- Exercícios práticos de trilhas sonoras e escuta

2º Ano do Ensino Médio 1º Bimestre - Elementos da linguagem artística - Formas de expressão artísticas - Conceito e definições de arte - O que é música? - Leitura de Imagens - Debates conceituais - Jogos Musicais

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3º Ano do Ensino Médio 1º Bimestre - Elementos da linguagem artística

2º Bimestre - Ritmo - Células rítmicas - Movimentos sonorizados

3º Bimestre - Combinações rítmicas - Gêneros teatrais

4º Bimestre - Texto teatral - Jogo de cena - Dominação do espaço cênico

- Formas de expressão artísticas - Conceito e definições de arte - A Rádio na escola - Leitura de Imagens - Debates conceituais - Jogos Musicais

- Mídia-educação - A rádio como ferramenta crítica da escola

- Expressão Corporal - Concentração e foco

- Jogos sonoros de percussão corporal - Performance Radiofônica

- Jogos sonoros de percussão corporal - Arranjo e interpretação

- Expressividade - Interação - Atuação - Concentração e Foco - Jogos teatrais de expressão corporal - Interpretação Teatral

METODOLOGIA Serão trabalhados exercícios práticos e teóricos que visam desenvolver na criança as três formas de se vivenciar a música: composição, execução, apreciação, (SWANWICK, 1979); Para tanto, serão utilizados como recursos metodológicos, leitura e interpretação de textos, análise de letras e melodias, resolução de questionários, apresentação de material em áudio e vídeo. As partituras e os trechos musicais exercitados serão apresentados em cópias e manuscritas no quadro. Além de utilizar o próprio corpo e a voz, para atividades de produção musical, será proposta aos estudantes, realização de prática musical com instrumento melódico (flauta doce) e construção de instrumentos e objetos sonoros. Execução de atividades lúdicas como jogos musicais, incentivando socialização, cooperação, atenção, percepção auditiva e a disciplina corporal. Técnicas de Composição, execução e apreciação de peças musicais utilizando-se para isso, instrumentos rítmicos, harmônicos e melódicos.

36

Trabalhos de leituras de textos relacionados com os conteúdos, promovendo debates que tratem dos temas estudados. Em geral, todo o material fornecido e trabalhado, será avaliado através de EXAMES teóricos ou práticas de produção musical que ocorrem durante todo o processo de ensinoaprendizagem.

AVALIAÇÃO: As avaliações serão de caráter processual e por meio de registros, onde constarão informações sobre situações que identifiquem se os educandos possam ou não: - Compor, executar e apreciar músicas; - Reconhecer questões relacionadas com o som e a música; - Interpretar canções e executar jogos rítmicos, como meio de expressão e exercício musical; - Manter um “caderno-diário” de registro de atividades. Ao final de cada bimestre, além da realização de exames e/ou práticas de produção musical, os estudantes deverão entregar os trabalhos de música, devendo estar organizado, contendo os seus registros pessoais, os textos fornecidos, os exercícios teóricos completos e demais materiais de produção musical. Será considerado item de avaliação as participações dos estudantes que trouxerem músicas para serem apreciadas pelos colegas. Após a apreciação, também será avaliado as contribuições nos debates realizados em torno da experiência estética com a música. De acordo com as necessidades gerais de cada turma, o processo de avaliação da aprendizagem escolar percorrerá três pontos fundamentais para a prática exercida em sala de aula. O primeiro ponto é a avaliação do professor através de instrumentos que detectem o grau de aprendizagem das turmas, paralelo a avaliação processual que se dá através de consideração de cada intervenção positiva dos estudantes, em sala de aula. O segundo ponto é a auto-avaliação, onde os estudantes, como agentes do processo de ensino-aprendizagem, mensuram valores numéricos ou éticos sobre seus desenvolvimentos e produtividade em sala de aula. E finalmente o terceiro ponto que preconiza a co-avaliação, onde os estudantes avaliam o processo de ensino

37

aprendizagem e o desempenho do professorem sala de aula, colaborando para o desenvolvimento do processo pedagógico da disciplina de artes. Como base de pesquisa e processo de avaliação da aprendizagem escolar, utilizo a proposta de Cipriano Carlos Luckesi, que visualiza a prova como exame, diferenciando-a de avaliação. Para Luckesi (2005,p.15) as provas são os recursos através dos quais os exames escolares são realizados. Os exames compõem a modalidade de aferição da aprendizagem, enquanto as provas coletam os dados que dão base aos exames. A avaliação, neste processo de educação musical, pretende incluir os estudantes através da abordagem diagnóstica da aprendizagem, deixando de lado a classificação, a pontualidade na medida em que o estudante deve saber responder as questões, aqui e agora, no momento das provas e dos testes. (LUCKESI, 2005, p.16), a classificação, a seleção, o autoritarismo, entre outras qualidades. Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem: não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com as quais se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos. (MARX, 1978)10

10

SANTA CATARINA, 1998, p.15 apud Marx, 1978

38

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43

Anexo 1: Projeto de Criação da Rádio na Escola

ESCOLA DE ENSINO BÁSICO FRANCISCO TOLENTINO

Projeto Rádio o Espaço Escolar

São José 2014

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Escola de Ensino Básico Francisco Tolentino EEBFT Projeto Rádio no Espaço Escolar You can try the best you can If you try the best you can The best you can is good enough (Radiohead – Optimistic)

1. IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO O Projeto Rádio no espaço escolar é uma das práticas de mídia educação, que visa, através da integração entre as tecnologias de informação e comunicação, introduzir no espaço escolar situações formais e informais de aprendizagem, levando crianças e adolescentes da comunidade escolar a construírem suas cidadanias através da reflexão crítica sobre a mídia, bem como a desenvolver ajuda mútua e o espírito de coletividade. 2. IDENTIFICAÇÃO DA ESCOLA E PROPONENTES A Escola de Ensino Básico Francisco Tolentino, situada na Rua Xavier Câmara, s/n., Centro Histórico do Município de São José, Estado de Santa Catarina, CEP 88.103-015, é integrada à Rede Estadual de Ensino, pela qual é mantida e administrada através da Secretaria de Estado da Educação, juntamente com a Secretaria de Desenvolvimento Regional da Grande Florianópolis (18º GEREI). Conta, atualmente, com aproximadamente 700 estudantes e 45 professores, nos turnos matutino e vespertino. O projeto Rádio no espaço escolar será desenvolvido e coordenado pelo professor e Éverton Vasconcelos de Almeida, professor efetivo na disciplina de Artes e pesquisador em nível de Mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Educação, na linha Educação e Comunicação da Universidade Federal de Santa Catarina. Telefone para contato (48)3247-4690 ou (48)9933-4995 3. JUSTIFICATIVA A escola exerce a função primordial de levar aos estudantes a cultura, o saber e o conhecimento. Ela é, muitas vezes, a única fonte de aprendizagem formal de uma comunidade, o que a torna um local de total relevância para o mantimento da cultura, a absorção do conhecimento, assim como a promoção do exercício político. A escola pública, entendida como um espaço democrático do saber, vem lidando com certas dificuldades que superam a relação de ensino aprendizagem de seus estudantes. No que diz respeito aos usos das tecnologias em seu ambiente educativo, o enfrentamento do uso indevido de telefones

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celulares e outros dispositivos móveis é uma batalha que se trava contra um hábito cultural visivelmente naturalizado nos estudantes, principalmente os adolescentes. Junto da tecnologia vem a mídia e suas estratégias de sedução e ocupação do tempo dos estudantes, com procedimentos de influência ultrapassam os períodos de ociosidade e ocupem o lugar da escola. A aprendizagem escolar está diretamente ligada à sensação de bem estar e pertencimento ao espaço da escola. “A missão da escola é criar ambientes físicos ou virtuais de aprendizagem capazes de fomentar o interesse dos alunos pelos conteúdos do currículo" (MEIRA, 2014). Não há como negar a influência exercida pelos meios de comunicação nas pessoas de nosso tempo. Não podemos escapar a mídia. Ela está presente em todos os aspectos de nossa vida cotidiana (SILVERSTONE, 2011, p.9). A televisão e o rádio exercem fator determinante nas escolhas e preferências das comunidades escolares. Estes meios estão inseridos na maioria das famílias – ou na totalidade delas –, informando, orientando condutas, entretendo e, muitas vezes, ocupando espaços deixados em aberto por professores que dedicam pouco tempo à promoção de novas práticas pedagógicas que considerem tais influências. Como aponta ASSUMPÇÃO (2004, p.4): A escola da modernidade não pode mais desconsiderar ou ignorar onipresença das mídias no cotidiano do educando. Elas se apresentam ao aluno como escola sem paredes porque são atraentes, agradáveis, envolventes, sedutoras e incondicionais, pois nada exigem de seu usuário. Procuram, apenas, seduzi-lo mediante as suas linguagens específicas. (p.1)

Então a Rádio surge como oportunidade proporcionar um espaço de aprendizagem para os estudantes e de reflexão para os professores sobre este fenômeno da onipresença das mídias na contemporaneidade. Além disso propicia embelezar e educar o espaço sonoro da escola, produzindo educação e cultura nos momentos em que os alunos encontram-se compartilhando os espaços comuns da escola. As rádios escolares caracterizam-se por serem instrumentos de interação sociodiscursiva entre os membros da comunidade escolar (BALTAR, 2012, p. 39). A ideia surge para enfrentar um problema amplamente constatado que é a falta de conexão entre a escola e as culturas tecnológicas que os estudantes vivenciam atualmente. O modelo de educação vigente parece não estimular os estudantes a produzirem saberes que lhes sejam interessantes e úteis. Os jovens ocupam papeis de protagonismo cultural através do acesso a internet e usos das redes sociais. São naturalmente consumidores e produtores de cultura na internet: Poesia, Música, Vídeos... Por que a escola não pode aproveitar essa produção? A rádio pretende concatenar os talentos da escola e unir as inteligências dos jovens da EEBFT na produção de conhecimento através do uso das tecnologias a serviço da comunicação. Por meio da inserção da uma rádio dentro da escola, os alunos tem a oportunidade de desenvolver a criatividade, leitura e oralidade; aprimorar as habilidades de comunicação; formar pontos de vista; desenvolver o senso de responsabilidade e produzir conhecimento. (SANTOS e RADDATZ, 2012, p.2)

Para que o projeto se realize é preciso a colaboração de todos da comunidade escolar, professores, funcionários, direção escolar, pais e principalmente dos estudantes. Será preciso unir

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esforços para que através da oportunidade de praticar, estudar e pesquisar a mídia-educação, tornar a escola um espaço cada vez melhor para o desenvolvimento de um ser humano na sua dimensão integral. 4. OBJETIVO Proporcionar um ambiente de aprendizagem para os estudantes e de reflexão para os professores sobre a onipresença das mídias na sociedade contemporânea, oportunizando através de um “estúdio” e equipamentos de rádio na escola, a produção de atividades educativas que estimulem a crítica e o uso das tecnologias de informação e comunicação no espaço escolar. 5. METAS Auxiliar no processo de ensino aprendizagem da escola; Contribuir para a elevação dos índices do IDEB; Valorizar e educar o ambiente sonoro da escola; Estimular a relação positiva dos estudantes com a escola; Trazer a voz da comunidade para o território da escola;

6. METODOLOGIA Num primeiro momento, será solicitado à direção da Unidade Escolar (U.E.) um espaço durante as reuniões de início de ano letivo para que seja apresentado o projeto de Rádio Escolar aos professores. Havendo aceitação da proposta, será solicitado que ela seja apresentada aos estudantes do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, e desta apresentação já seja organizado um grupo que iniciará os primeiros passos em prol da organização e criação da Rádio na escola. Havendo a aceitação por parte dos estudantes, solicitar um espaço para que a proposta seja apresentada aos pais e comunidade escolar na primeira reunião do ano letivo. Num segundo momento serão realizadas ações, envolvendo os estudantes interessados em participar do projeto, no sentido de criação de um protótipo sonoro de Rádio Escolar. Esta primeira etapa servirá para introduzir na comunidade escolar a ideia e as possibilidade de fazeres educativos com uma rádio na escola. Para tal serão utilizados recursos tecnológicos de fácil acesso por parte dos estudantes como smartphones e computadores da sala de informática ou os computadores pessoais do alunado envolvido. (Ver anexo 1) Num terceiro momento, será realizado a instalação de equipamentos sonoros no ambiente da escola abrangendo o pátio e a entradas das salas de aula, assim como a instalação dos recursos necessários para o desenvolvimento de uma rádio no espaço educativo da escola. (Ver Anexo 2 e 3)

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Para isso será criado um espaço para armazenamento dos equipamentos, servindo de “estúdio” para a rádio escolar. A escola conta com um espaço ocioso ao final de um dos corredores que poderá ser ocupado para esta finalidade:

(Imagem 1)

7. Recursos Mínimos necessários: 1 Computador desktop (CPU, monitor, teclado, mouse e caixas de som) 1 Estabilizador de energia 1 Mesa de som (mínimo 4 canais) 1 Amplificador (cabeçote) 8 caixas de som pequenas 1 Fone de ouvido 2 Microfones (no mínimo) 2 Pedestais de mesa (no mínimo) Cabos 1 mesa para computador 1 mesa para microfones 5 Cadeiras 1 divisória com porta e balcão de atendimento 1 divisória com porta Extras: 1 notebook 1 Gravador de mão 48

1 Câmera fotográfica 1 placa de áudio (fast track USB) 8. REFERÊNCIAS: ASSUMPÇÃO, Z.A. A Rádio na Escola: uma prática educativa eficaz. Ponta Grossa: UEPG, 2004. Disponível em http://www.bemtv.org.br/portal/educomunicar/pdf/radionaescola.pdf Acesso em: 8 fev. 2014. BALTAR, M. Rádio escolar: uma experiência de letramento midiático. 1ª ed. São Paulo: Cortez, 2012. BELLONI, M.L. O que é Mídia Educação. 3ª ed. Campinas: Editores Associados, 2009. MEIRA, L. Cultura digital e ensino médio. Revista Pátio, Ano 5 nº19, Dez.2013/Fev.2014 Disponível em: Acesso em: 8 fev. 2014 SANTOS, D.J.L. & RADDATZ, V.L.S. Rádio na escola: a educação além da sala de aula. UFSM: Educom, 2012. Disponível em http://coral.ufsm.br/educomsul/anais/usos/SANTOS.pdf Acesso em: 8 fev.2014. SILVERSTONE, R. Por que estudar a mídia? 3ª ed. São Paulo: Loyola, 2011.

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9. ANEXOS (Anexo 1)

Rádio Escola EEBFT PROJETO DO PROTÓTIPO SONORO A Fala é um sinal de Afeto E outro o Silêncio – A arte da comunicação perfeita Ninguém possui – (Emily Dickinson)

Áudio 1: Esta primeira atividade consistirá em um protótipo do que poderá ser apresentado na rádio. Um arquivo de áudio (.mp3) único, montado no software Audacity, contendo: 1) Apresentação; (da proposta, da ideia) 2) Entrevista; (com os alunos, professores, funcionários e direção) 3) Agenda; (Cultural; eventos) – informes – 4) Breve histórico do artista/grupo da música a ser apresentada; (pesquisa) 5) Música; (Livre escolha; preferências musicais) 6) Encerramento. Objetivo: Demonstrar aos interessados em participar do trabalho com a Rádio Escola EEBFT (do projeto) como se dá o processo de comunicação sonora através desta ferramenta. Tempo médio do arquivo (.mp3): Entre 10 e 12 minutos: para a realização do protótipo será necessário elaborar um roteiro contendo as informações que serão gravadas. O roteiro será de livre elaboração dos estudantes, com a orientação do professor. Materiais Necessários (Recursos mínimos para a produção): 1 computador com software Audacity; 1 Microfone de computador ou Headset; 1 Smartphone para gravar entrevistas e fotografar; Acesso à internet; Metodologia: 1º) Produção do roteiro (desenho do trabalho); 2º) Escrita do texto a ser comunicado (narrado), ou seleção de tópicos de conversa; pesquisa; 50

3º) Seleção de música(s) e jingle(s); 4º) Roteiro da entrevista e realização da entrevista; 5º) Montagem do Áudio final; 6º) Envio para a rede – nuvem – site – blog; Execução do Áudio: - No recreio da escola; - No soundcloud; (criar conta) - No blog com imagens e texto; link para o soundcloud. Bibliografia: BALTAR, M. Rádio escolar: uma experiência de letramento midiático. 1ª ed. São Paulo: Cortez, 2012.

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(Anexo 2)

STUDIO ARTE Sonorização e loc. De Equipamentos. Rua. Enedino João Martins P. Sonho - Palhoça. Fone: (048) 9977-70-30 – 8433-04-11 CNPJ. 03.375.046.0001-83

Orçamento

Equipamentos

Valor unitário

08 Caixas de som Oneal OB-120E 01 Cabeçote 1220 usb Voxstorm 100 Metros de cabo PP 2.5 2x1mm 01 caixa de Grampo Plástico Mão de Obra

R$: 135,00 R$: 675,00 R$: 250,00 R$: 29,00 R$: 350,00

Valor Total:

Valor Total

R$: R$: R$:

R$: 1.080,00 675,00 250,00 29,00 R$: 350,00

___________________ R$: 2.384,00

______________________________________________________________________ Studio Arte Shows e Eventos LTDA CNPJ 03.375.046.0001-83 Obrigado por ter escolhido nossa empresa

(Anexo 3)

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Anexo 2: Projeto de ação da Rádio na Escola PROJETO UTÓPICO DAS UTOPIAS Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não querê-las... Que tristes os caminhos, se não fora A presença distante das estrelas! (Mário Quintana)

APRESENTAÇÃO Performances: Proponho a alteração da palavra “programa” pela palavra “performance”, para designar as ações da Rádio Francisco Tolentino, visando desvincular as ações da mídia corporativa, para se posicionar de maneira contra hegemônica, uma vez que a rádio no espaço escolar tem a finalidade de estimular a aprendizagem crítica e reflexiva sobre os meios de comunicação já consolidados. Mais que uma reprodução de produtos conhecidos, de imitação de produtos radiofônicos consagrados, devemos objetivar a contracorrente, o movimento contrário de formação, de uma produção, emissão e recepção crítica e reflexiva sobre e para os meios. Dessa forma, pretende-se um afastamento das estratégias de atração de público com fins mercadológicos e lucrativos, uma vez que o público alvo da rádio são estudantes, professores e demais membros da comunidade, com a proposta de estimular a comunicação e a audiovisibilidade dos atores participantes da rádio escolar. As próximas atividades consistirão em 3 performances, uma por semana, que serão compostas e adicionadas ao site da R.T. nos dias de sexta-feira, por volta das 18-19horas. O motivo pelo qual os áudios devem ser publicados neste período do dia se dá pelo fato de haver um grande número de acessos às redes sociais nesse horário. As performances serão elaboradas seguindo a seguinte sugestão cronológica de acontecimentos sonoros: 1) 2) 3) 4) 5)

Apresentação do tema a ser trabalhado ao longo das três performances (resumo); Leitura da produção textual coletiva; Coleta de dados através de entrevistas e opiniões; Músicas que explorem esse tema; Finalização com uma mesa de debate acerca desta temática.

OBJETIVOS:

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Estimular a reflexão da comunidade escolar sobre os sonhos das pessoas; Dialogar sobre a necessidade de almejar a melhoria, através da reflexão sobre o conceito de utopia; Proporcionar a criação de material pedagógico que possibilite novas aprendizagens; JUSTIFICATIVA

Esta série de atividades sonoras envolverá diferentes performances radiofônicas que terão como tema central a Utopia. A partir da reflexão e de perguntas que nortearão as entrevistas, o eixo será desenvolvido, primeiramente através de um pequeno texto, elaborado pelos participantes da equipe que desenvolverá o projeto. Durante a reunião de pauta, que definiu a temática de investigação que será desenvolvida, as reflexões geradas pelo Josoé, Eduardo e Diego, já apontaram para algumas perguntas fundantes do tema: 1- O que significa amadurecer? 2- Que sonhos você tem? 3- Você já abriu mão de algum sonho? Como foi isso pra ti? Caso não haja resposta para as perguntas, 2 e 3, vá para a pergunta 4. Se ela souber responder, vá para a pergunta 6 e 7: 4- Por que não sabe definir seus sonhos? 5- Que sonhos você alimentava na infância? 6- Amadurecer tem a ver com a perda de sonhos, com deixar de sonhar? 7- O que você entende por Utopia? A primeira questão abordará sobre o significado do amadurecimento, o que significa crescer e o que quer dizer envelhecer. Esta elaboração parte da premissa de que para a maioria das pessoas, o processo de amadurecimento está relacionado ao abando dos sonhos, de deixar de acreditar nas coisas que se acreditava antes, para se tornar um “adulto” (ou seria um trabalhador?), e muitas vezes as pessoas acabam perdendo a essência de quem elas realmente eram de verdade, pra crescer, para amadurecer (para trabalhar no que o sustentará economicamente e não espiritualmente?). Conceito de UTOPIA desenvolvido através da capacidade humana de sonhar, o que permite a busca por algo a ser realizado. Nesta atividade a utopia será compreendida como a força do sonhar que move os homens e as mulheres, será compreendida numa perspectiva próxima ao que o escritor uruguaio Eduardo Galeano (2001, p.230) apresenta: Ella está en el horizonte —dice Fernando Birri—. Me acerco dos pasos, ella se aleja dos pasos. Camino diez pasos y el horizonte se corre diez pasos más allá. Por mucho que yo camine, nunca la alcanzaré. ¿Para qué sirve la utopía? Para eso sirve: para caminar.

Ao direcionarmos as perguntas para o Diego, realizando um pré-teste das perguntas elaboradas, foi respondido que ele, a primeira vista entende que o significado de amadurecer é “ter 55

responsabilidades, deixar de prestar a atenção só no teu lado e passar a prestar a atenção no que as outras pessoas precisam também. Você deixa de ser só pra você, em geral.” Sobre seus sonhos, ele respondeu que não tem nenhum sonho em particular e que ainda não chegou a abrir mão de nenhum sonho. A partir do problema de não conseguirmos as respostas para as perguntas elaboradas, surge uma outra questão: Será que os jovens sonham? Para o Josoé, ele percebe que muita gente, quando decide se tornar um adulto, a pessoa para de sonhar, para de gostar de suas preferências infantis, utilizando-se de exemplos como o gosto por super heróis, gostar de correr na rua e etc... Diego, pensando isso, pontuou sobre as pessoas mais rígidas que afirmam “eu nunca vou mudar”, que elas se esquecem que elas mudam sem perceber, num momento elas preferem algo, de repente ela passa a deixar tais preferências ou posturas. Josoé rebateu o pensamento colocando que isso não é um problema quando acontece naturalmente e que as vezes elas se obrigam a mudar por que estão necessitadas de amadurecer. As pessoas ainda sonham? Pois é essa a reflexão que devemos gerar. METODOLOGIA: A partir da reunião que proporcionou a criação do tema, produzir um pequeno texto, através de poema, narrativa, conto, frase reflexiva e etc... que permita percebermos no grupo qual o conceito de Utopia que é mais evidente, qual a interpretação dada pelo grupo de estudantes que participam desta atividade. Estudar o conceito de forma que possamos ter um argumento bem definido e claro sobre o tema que será abordado. Este momento pode ser definido como momento conceitual, ou fase teórica que se dará através de uma reunião de pauta. No segundo momento, o grupo, após apropriar-se do conceito, partirá para a fase de coleta de dados, entrevistando pessoas da comunidade escolar, utilizando o roteiro. No terceiro momento se fará uma mesa de debate, onde se discutirá a temática, tendo como base todas as informações recolhidas. Tempo médio do arquivo (.mp3): Entre 10 e 12 minutos Para a realização das performances será necessário seguir o roteiro aqui apresentado e que contém as informações que serão gravadas. O roteiro é aberto de livre elaboração, com a participação dos estudantes e com a orientação do professor. Organização sugerida para as performances: 1- Jingle / apresentação do tema oralmente / música / conversa sobre os textos e leitura / jingle 2- Jingle / abertura com explicações do áudio / entrevistas / música / entrevistas / encerramento / jingle 3- Jingle / mesa de debate / jingle

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Materiais Necessários (Recursos mínimos para a produção): 1 computador com software Audacity; 1 Microfone de computador ou Headset; 1 Smartphone para gravar entrevistas e fotografar; Acesso à internet; Execução do Áudio: - No recreio da escola; - No soundcloud; (criar conta) - No facebook com imagens e texto; link para o soundcloud. Bibliografia: BALTAR, M. Rádio escolar: uma experiência de letramento midiático. 1ª ed. São Paulo: Cortez, 2012. GALEANO, E. Las palavras andantes. 5ª Ed. Buenos Aires: Catálogos, 2001. QUINTANA, M. Antologia Poética. Porto Alegre: L&PM Pocket, 1999.

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