Pequeno prefácio para o Maupassant de Lobato

May 26, 2017 | Autor: Danielli Morelli | Categoría: Literatura brasileira, Literatura, Monteiro Lobato, Meu conto de Maupassant, Maupassant no Brasil
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Descripción

fotógrafo ou o contista sentem necessidade de escolher e limitar uma imagem ou acontecimento que sejam significativos, que não só valham por si mesmos, mas também sejam capazes de atuar no espectador ou no leitor como uma espécie de abertura, de fermento que projete a inteligência e a sensibilidade em direção a algo que vai muito além do argumento visual ou literário contido na foto ou no conto. (Cortázar, 1974, p.151-2) Em geral difícil de especificar, o conto é um texto literário originado a partir da tradição das histórias orais, comuns a praticamente todos os povos do mundo. Com o surgimento da escrita, nasce a possibilidade do registro dessa arte e, com ele, a figura do contador-narrador. A escrita, neste caso, não se propõe apenas a preservar essas histórias para as gerações futuras, mas também acrescenta, diversifica e valoriza essa memória. Com sua magia própria, as narrativas conservam as histórias do passado, antecipam os acontecimentos através da criação de imagens do futuro e transformam o olhar sobre o presente, revelando-o. Ao se contar uma história, assim como ao realizar qualquer trabalho artesanal, deixa-se indeléveis na obra as marcas do artesão. O narrador repassa adiante uma experiência, sua ou alheia, e sugere um enredo, sempre de interesse humano, sobrepondo imagens, camada por camada, até completar sua narrativa, deixando a compreensão à interpretação do leitor, sempre de maneira a despertar nele um reconhecimento, uma identificação, uma reação. Dentro desta concepção, a arte de narrar deve ser capaz de reproduzir ao leitor, com escrupulosa semelhança, o 'espetáculo da vida'. O objetivo do autor, ao atrair o leitor, não é apenas o de contar uma história, mas sim o de construir um tecido narrativo capaz de conduzir, por meio da ação e da fala dos personagens, os sentidos mais profundos escondidos no texto. A arte do narrador depende, portanto, do trabalho do autor, de suas escolhas, dos temas selecionados por ele nas experiências da vida e, com elas, seus questionamentos inerentes. Esse procedimento que visa à perfeição do processo narrativo, associada a aspectos da tradição oral, foi muito utilizado por Guy de Maupassant e pelos contistas que se inspiraram em sua produção literária, entre eles, Monteiro Lobato. A atuação cultural e intelectual de Monteiro Lobato no Brasil foi valiosíssima e diversificada. Sua atuação profissional e criadora estendeu-se desde a extração de petróleo até uma carreira prolífera e relevante como editor e escritor. Em suas criações literárias, sobretudo em seus contos, o caipira, ou o homem do campo, ganha o
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