NOTA SOBRE LICENCIAMENTO INTERNACIONAL DE MARCAS

June 20, 2017 | Autor: Maria Luiza Pinho | Categoría: Entrepreneurship, International Business, International Marketing
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Descripción

Volume 5 Número 1 Jan/Jun 2015 Doc. 4 - apêndice Rev. Bras. de Casos de Ensino em Administração ISSN 2179-135X ________________________________________________________________________________________________

NOTA SOBRE LICENCIAMENTO INTERNACIONAL DE MARCAS MARIA LUIZA CARVALHO DE AGUILLAR PINHO – [email protected] Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro, RJ, Brasil ANGELA MARIA CAVALCANTI DA ROCHA – [email protected] Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro, RJ, Brasil _______________________________________________________________________________________________

Introdução Esta nota setorial, publicada como apêndice ao caso de ensino “TV Pinguim: licenciamento de personagens no processo de internacionalização” (GVcasos vol.5 n.1, jan-jun,2015), destina-se a ser utilizada em conjunção com casos de ensino que tratem de questões relativas ao licenciamento internacional de marcas. Busca oferecer uma visão sucinta, porém abrangente, da questão do licenciamento internacional de marcas, com o propósito de atender a necessidades de disciplinas de pós-graduação em cursos stricto e lato sensu. Conceito de Licenciamento Licenciamento ou licensing pode ser definido como o processo legal (Kumar, 2011) pelo qual o proprietário ou controlador de uma marca, imagem ou qualquer outra propriedade intelectual autoriza ou cede o direito de uso em um produto, serviço ou peça de comunicação promocional ou publicitária (Bonfá e Rabelo, 2009). Outra definição, apresentada por Lantim (2012), é: “licenciamento é o processo de arrendamento ou locação de um ativo intangível que, dentro de nosso contexto, pode ser uma marca, um personagem, um conceito ou qualquer outro elemento, que é de propriedade de alguém que cede os direitos de utilização para outro, mediante negociação, durante um tempo e num território pré-estabelecido”. Nesta definição, ressalta-se o aspecto intangível do licenciamento e a questão do território, uma vez que as negociações de licenciamento são específicas para utilização em determinada região. A Nomenclatura Brasileira de Serviços (NBS) considera o licenciamento de direitos referente a grande variedade de categorias de propriedade intelectual (Quadro 1). Na presente nota não é tratado o licenciamento de tecnologia e know-how, estando o foco no licenciamento de marcas, incluindo: entretenimento e personagens, marcas corporativas (trademarks), moda, esportes e artes. Quadro 1 – Serviços de Apoio à Produção Audiovisual e Relacionados segundo a NBS NBS 1.1103 1.1103.10.00 1.1103.3 1.1105 1.1105.10.00 1.1105.20.00

DESCRIÇÃO Licenciamento de direitos de autor e direitos conexos Licenciamento de direitos de obras literárias Licenciamento de direitos de obras audiovisuais Licenciamento de direitos sobre a propriedade industrial Licenciamento de direitos sobre patentes Licenciamento de direitos sobre marcas

________________________________________________________________________________________________ ©FGV-EAESP/RAE 2015 Todos os direitos reservados. Permitidas a citação e a reprodução parcial ou total, desde que identificada a fonte. Em caso de dúvidas, consulte a Redação: [email protected]; (11) 3799-3717

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1.1105.30.00 1.1105.90.00

Licenciamento de direitos sobre desenho industrial Licenciamento de outros direitos sobre a propriedade industrial

Fonte: MDIC (2012, p.52) Para uma marca ser licenciada é fundamental que tenha reconhecimento, de forma a gerar demanda de aquisição ou uso para um produto ou serviço que a utilize. O direito é concedido por tempo limitado, em troca, geralmente, de um percentual sobre o valor das receitas geradas com as vendas de produtos ou prestação de serviços associados a esse licenciamento. Conforme Bonfá e Rabelo (2009) explicitam, o termo correto para referir-se à remuneração sobre direitos de propriedade industrial e de marcas é royalty. Para personagens, celebridades e obras artísticas, o termo indicado é copyright, referente a direito autoral (moral e patrimonial). Só podem ser licenciados personagens e marcas devidamente registrados (Bonfá e Rabelo, 2009). O registro de marcas no Brasil é feito no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) e tem validade de 10 anos, podendo ser renovado indefinidamente. O registro de personagens e obras de autores é feito na Escola Nacional de Belas Artes ou na Fundação Biblioteca Nacional (ambas no Rio de Janeiro) e tem validade de até 70 anos após a morte do autor, caindo em domínio público após esse período. Para evitar a perda dos direitos sobre personagens antigos, as empresas fazem o registro também como marcas mistas, isto é, o nome com seu símbolo gráfico (o desenho do personagem). O licenciamento é uma forma de maximizar o retorno sobre os investimentos feitos no desenvolvimento e marketing de determinada propriedade intelectual, mantendo o foco da empresa em sua atividade principal, mas gerando receitas adicionais por meio do uso daquela propriedade intelectual em variado conjunto de produtos e serviços. Além disso, o licenciamento pode também ser utilizado como forma de (Bonfá e Rabelo, 2009; Lantim, 2012): • dar maior visibilidade às propriedades intelectuais de um licenciador; • agregar novos conceitos; • aumentar a base de clientes; • entrar em uma nova categoria de produtos; ou • proteger a marca em categorias de produtos nas quais inicialmente não atuava. Cadeia de Valor do Licenciamento O licenciamento, de forma geral, envolve três partes: o licenciador, o agente de licenciamento e o licenciado (Figura 1)

Figura 1 – Cadeia de Valor do Licenciamento de Produtos Licenciador: Uma vez que, em grande número de casos, a atividade de licenciamento não se constitui no negócio principal (core business) do licenciador, ele nomeia uma empresa para atuar como seu agente, fazendo a venda, realizando contratos e gerenciando o licenciamento de seu patrimônio (a marca para licenciamento). Observe-se que, embora seja esse o procedimento mais comum, há casos em que o licenciador cria uma empresa ou um departamento para atuar diretamente no licenciamento. Isso ocorre, em geral, no caso de grandes empresas atuando em mercados ________________________________________________________________________________________________ ©FGV-EAESP / RAE 2015

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mundiais, em que o licenciamento é parte substancial das receitas da empresa, como, por exemplo, a Disney (Lantim, 2012). Os maiores licenciadores mundiais em 2012 apresentaram vendas no varejo dos produtos licenciados de aproximadamente 230 bilhões de dólares. Os dez maiores licenciadores segundo o ranking anual Global Licensors (Lisanti, 2013) são apresentados no Anexo 1. Aquisições e restruturações resultaram no reposicionamento de diversos grupos no ranking, da mesma forma que incrementaram substancialmente o faturamento de grupos como a própria Disney Consumer Products, que adquiriu em outubro de 2012 a George Lucas, proprietária da franquia Star Wars. Agente: Os agentes de licenciamento são empresas que representam, em determinado país ou região, os direitos de determinada propriedade intelectual. Sua remuneração é obtida por meio de um percentual sobre a receita gerada para o licenciador. O agente de licenciamento assessora o licenciado em todo o ciclo de marketing, do desenvolvimento de produtos até a comunicação com o público final, integrando o licenciador no processo. Os serviços podem incluir o desenvolvimento de design, promoções, eventos, assessoria financeira e legal, assessoria de imprensa, estratégia de marketing e vendas. Normalmente, o agente tem conhecimento aprofundado sobre o mercado na região que atua. O Anexo 2 apresenta o ranking mundial das principais agências de licenciamento. O agente tem como principais responsabilidades (Exim, 2013): Realizar as negociações dos elementos contratuais das marcas que representa; Selecionar as empresas mais apropriadas que estarão representando as marcas, alinhadas com o posicionamento de marca definidos pelo licenciador, de forma a criar sinergias e maximizar oportunidades; • Fazer o acompanhamento dos resultados de vendas e dos royalties,além de promover ações de lançamento dos produtos junto às redes de varejo; • Monitorar a aplicação das marcas e ocorrências fora do âmbito dos contratos. As agências de licenciamento são ainda pouco utilizadas no Brasil, apesar de o Brasil dispor de uma empresa internacionalmente reconhecida, que é a Redibra (13ª no ranking mundial da Global License, conforme Anexo 2). Embora haja empresas que passaram a usar uma agência, como é o caso da Bromélia Filminhos, proprietária dos personagens da série Galinha Pintadinha, há outras, como a Maurício de Sousa Produções, que preferem conduzir diretamente a questão do licenciamento. Licenciado – O licenciado é aquele que adquire o direito de uso de determinada propriedade intelectual pertencente ao licenciador, seja por meio de um agente de licenciamento ou do próprio licenciador. Os licenciados podem pertencer aos mais variados setores da atividade econômica. O licenciado paga royalties sobre a comercialização dos produtos fabricados sob licença do proprietário da propriedade intelectual. A variação dos royalties depende diretamente da categoria de produto e da marca que será licenciada. Marcas com maior reconhecimento e valorização no mercado têm a possibilidade de aplicar percentuais de royalties superiores a outras marcas em evolução. Além dos royalties, alguns licenciadores incorporam aos contratos uma cláusula na qual é estipulada uma contribuição para um fundo de marketing, que será utilizado pelo licenciado como suporte à marca como um todo. Na pesquisa da TLL License Business (2013), com empresas que instituíram este fundo, 57% dos entrevistados estipularam a contribuição em 1% das vendas líquidas, 24% em 2%, tendo os demais estipulados valores variados. O Anexo 3 apresenta os valores médios de royalties para diversos tipos de propriedade intelectual. Os tipos de propriedade intelectual passíveis de serem licenciados originam-se de várias fontes. No entanto, segundo o site da International License Industry and Merchandising Association (LIMA), esses segmentos podem não estar bem definidos, sobrepondo-se uns aos outros. Cada programa de licenciamento é visto como único, contudo diferentes segmentos de licenciamento possuem padrões e especificidades de organização. Uma mesma propriedade intelectual pode ser licenciada para diversos setores, como é o caso de propriedades intelectuais oriundas de atividades de publicação, tais como o personagem Batman e os de Mauricio de Sousa, • •

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com extensa gama de produtos licenciados (Raugust, 2013). As categorias de produtos licenciadas pertencem às mais variadas atividades industriais. Licenciamento Internacional O licenciamento internacional é um dos modos de entrada em mercados externos disponíveis a uma empresa. A empresa pode optar por exportar seus produtos ou serviços diretamente ou por meio de intermediários, realizar acordos contratuais, tais como licenciamento ou franquia, ou realizar investimentos diretos no exterior, estabelecendo escritórios comerciais próprios, instalações de distribuição ou plantas de montagem ou produção, sozinha ou em parceria com empresas locais. Há vários fatores que influenciam a escolha de licenciamento internacional: • Setor de atuação da empresa – Em alguns setores, o licenciamento é a prática mais comum de internacionalização, considerando-se a natureza da propriedade intelectual a ser transferida (Mottner e Johnson, 2000). • Foco no core business da empresa – Quando as empresas criam algum tipo de propriedade intelectual intangível que pode ser transferida aos mais variados setores, pode não ser uma boa decisão atuar em vários setores distintos de seu core business. • Custos e riscos potenciais – A entrada em mercados estrangeiros envolve diversos custos e riscos, sendo o licenciamento internacional uma forma de minimizá-los (Aulakh, Cavusgil e Sarkar, 1998; Mottner e Johnson, 2000). • Desconhecimento do mercado externo – Particularmente quando se trata de propriedades intelectuais relacionadas à indústria criativa, é necessário que a empresa tenha conhecimento da cultura local e de seus vários mecanismos para se tornar apta a operar diretamente em um mercado estrangeiro. • Aprovação de governos estrangeiros – A entrada por licenciamento tende a ser mais bem vista por alguns governos, dado que apenas uma pequena parte do valor é transferida sob a forma de royalties, e a produção e a comercialização dos produtos licenciados são feitas por empresa já estabelecida localmente. O licenciamento internacional apresenta diversas vantagens e desvantagens com relação a outros modos de entrada como a exportação e o investimento direto como pode ser visto no Quadro 2. Quadro 2 - Principais Vantagens e Desvantagens do Licenciamento Fatores Em relação ao investimento direto

Em relação à exportação

Vantagens do Licenciamento - Baixo investimento. - Baixo risco de perda de ativos físicos. - Menor vulnerabilidade ao risco-país do que no investimento direto. - A empresa pode se concentrar em seu negócio principal.

Desvantagens do Licenciamento - Receitas menores. - Risco de o licenciado se apropriar da propriedade intelectual da empresa. - Riscos à imagem da empresa e da marca, caso o licenciado fracasse. - Pouco controle sobre as atividades de marketing no país. - Conhecimento do mercado local pelo - Risco de o licenciado se apropriar da licenciado. propriedade intelectual da empresa. - Forma de superar barreiras de entrada. - Riscos à imagem da empresa e da - Maior controle sobre as atividades de marca, caso o licenciado fracasse. marketing do licenciado do que sobre as de um intermediário na exportação.

Situação do Licenciamento no Mundo Mundialmente, as vendas no varejo de produtos licenciados representam um mercado de 153 bilhões de dólares em 2012 (Anexo 4), sendo que EUA e Canadá representam 62% do mercado de ________________________________________________________________________________________________ ©FGV-EAESP / RAE 2015

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licenciamento. As regiões que apresentaram maior crescimento percentual foram a Europa Central e do Leste, a América Latina e Oriente Médio e África. Observa-se grande variabilidade no que se refere à penetração em cada mercado de propriedades intelectuais originárias de distintas regiões do mundo. O Anexo 5 apresenta a participação de países e regiões como origem geográfica da propriedade intelectual. Os Estados Unidos e Canadá dominam o mercado mundial. Já Europa e Ásia apresentam forte participação na própria região. Também no caso da América Latina, as propriedades intelectuais originárias da região têm maior penetração na própria região, sobressaindo o Brasil. Por fim, Austrália e Nova Zelândia se beneficiam de serem países anglófonos, o que facilita sua penetração nos Estados Unidos e Canadá e no Reino Unido. Os principais mercados mundiais apresentam características peculiares (Raugust, 2013). Estados Unidos – Os consumidores norte-americanos aceitam os produtos licenciados dos mais variados gêneros e de diversas origens, fazendo do país o maior mercado mundial para licenciamento e criando oportunidades para licenciadores mesmo em pequenos nichos. A variedade de canais de distribuição existentes nos EUA e sua alta concentração de vendas propicia às empresas adotarem estratégias de licenciamento de marcas por estratos (tiers),de tal forma que uma mesma propriedade intelectual pode ser lançada em lojas de departamentos para o mercado de massa ou assinar exclusividade para lojas especializadas. A estratégia de licenciamento com negociações diretas com o varejo (DTR – Direct to Retail) é a mais desenvolvida nos EUA abrangendo todos os tipos de revendas e propriedades intelectuais. Europa - Os países da União Europeia (UE) podem ser considerados em conjunto, visando sua cobertura por meio de uma única estratégia de licenciamento, mas é preciso levar em conta as particularidades de cada país. Devido à crise econômica iniciada em 2008, os países europeus que desempenham papel mais importante no licenciamento apresentaram queda significativa no volume de vendas a varejo. França, Reino Unido, Alemanha, Itália e Espanha são os maiores mercados da UE, com Portugal ocupando o 15º lugar no ranking. Com relação à Europa Central e do Leste, o país mais importante para licenciamento é a Rússia, onde essas atividades têm-se expandido a taxas crescentes. • Reino Unido – Destaca-se pelo número de licenciadores e agentes, muitos dos quais atuam fora do Reino Unido e possuem escritórios em outros países. Da mesma forma, diversos licenciadores e agentes de licenciamento globais mantêm escritórios no país, que servem como headquarters para as operações europeias. Assim como em muitas regiões do mundo as propriedades, para se tornarem licenciáveis, devem ser veiculadas nos meios televisivos. Uma singularidade deste país é a forte presença dos canais locais, BBC1 e BBC2, ITV e canal 4, que possuem mais de 50% de penetração, contra as TVs por assinatura, que ainda se encontram em fase de expansão, com o restante do mercado. Os canais locais são importantes para o mercado infantil e à faixa préescolar. O país segue a tendência mundial de acordos DTR (Direct to Retail). • Portugal e Espanha – Esses dois países são tratados como um mesmo território de licenciamento. Trata-se de um mercado receptor de propriedades intelectuais da América Latina, apesar de haver fortes diferenças entre eles e suas ex-colônias. Ásia – O licenciamento na Ásia é dividido em seis territórios principais: Japão, Coreia do Sul, Grande China (China, Hong Kong e Taiwan), Sudeste Asiático (Tailândia, Cingapura, Indonésia, Malásia, Filipinas Vietnam etc.), Índia e outros países próximos. Apesar de estes países serem agrupados como uma única região para o licenciamento, apresentam especificidades que os distinguem significativamente, tais como forte diversidade de idiomas, religiões e culturas, assim como sistemas econômicos e políticos diferenciados. O Japão responde por mais da metade das vendas de produtos licenciados na Ásia, mas tem perdido participação. Na Ásia, para uma propriedade se tornar passível de ser licenciada, não necessita seguir necessariamente o caminho ________________________________________________________________________________________________ ©FGV-EAESP / RAE 2015

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tradicional da mídia televisiva ou do cinema. As propriedades intelectuais ganham popularidade por meio de boca-a-boca e se difundem graças à disponibilidade de produtos com a marca. Outras ferramentas importantes são eventos, tours e apresentações musicais em shoppings, com a presença do personagem. América Latina – É uma das regiões com maior crescimento de licenciamento nos últimos anos. Estima-se que o total de licenciamento de direitos de propriedade intelectual na América Latina tenha sido de4 bilhões de dólares em 2012. O Brasil é o principal mercado, com cerca da metade das vendas da região, seguido pelo México. Os outros mercados são ainda muito pequenos ou não se encontram desenvolvidos. Também na América Latina, os acordos de licenciamento costumam ser de âmbito regional. Isso ocorre apesar do grande número de países da região, de o Brasil ser um país de língua portuguesa e os demais de língua espanhola, e de diferenças culturais significativas entre países. Na América Latina, as transmissões de TV aberta e por assinatura dominam o mercado (apesar da evolução do setor digital) e são o principal veículo para que uma propriedade intelectual seja bem sucedida em sua exposição, sobretudo no segmento de entretenimento e personagens. Há um número limitado de agentes de licenciamento, concentrados em sua maioria nas principais cidades tais como Cidade do México, São Paulo, Santiago e Buenos Aires. Contudo, observa-se a presença de agentes regionais que operam em vários países, exceto no Brasil, onde os agentes utilizam agências de licenciamento parceiras. Licenciamento no Brasil O Brasil tem seu mercado de licenciamento dominado por produtos licenciados de origem estrangeira, contando com apenas 13% de produtos provenientes da América Latina (Raugust, 2012). Segundo a Associação Brasileira de Licenciamento (Abral), o país conta com 80 empresas licenciadoras de marcas e mais de 500 empresas licenciadas, representando um faturamento de cinco bilhões de reais em vendas ao varejo (Anexo 6). No ranking mundial de mercados, o Brasil encontra-se atrás apenas dos grandes mercados tradicionais de licenciamento, tais como Estados Unidos, Japão, França, Reino Unido, Alemanha e Itália. Juntamente com a China, o Brasil é percebido como mercado em crescimento para o licenciamento, que, em alguns anos, atingirá o estágio de maturidade da atividade de licenciamento (Anexo 7). Tradicionalmente dominado por produtos licenciados com marcas de origem estrangeiras, o pioneiro em licenciamento de uma propriedade intelectual de origem nacional no Brasil foi Mauricio de Sousa, por meio de bonecos com os personagens Bidu e Franjinha. A Mauricio de Sousa Produções (MSP) é reconhecida como principal empresa na área de licenciamento. O licenciamento representa 70% do faturamento da empresa, sendo um negócio fundamental para sua existência. Internacionalmente, contudo, a empresa ainda não obteve penetração significativa (Lima, 2010; Nucci, 2010). Os dois segmentos de maior participação no mercado brasileiro de licenciamento são o de entretenimento e personagens e o de moda. Os demais segmentos encontram-se ainda pouco desenvolvidos (Anexo 8). As propriedades intelectuais licenciadas no segmento de entretenimento e personagens incluem desde personagens até telenovelas e filmes, oriundos dos EUA, Europa, Japão, e do Brasil. Disney, Warner Bros., Mattel, Iconix/Peanuts Worldwide, Paws Inc. e Mauricio de Sousa Produções são os maiores licenciadores do país. Referências Aulakh, P., Cavusgil, S.T., Sarkar, M.B. (1998). Compensation in international licensing agreements. Journal of International Business Studies, 29(2), 409-420. Bonfá, S.; Rabelo, A. (2009). Licensing: como utilizar marcas e personagens para agregar valor aos produtos. SãoPaulo, M. Books.

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Global License (2013). License! Global top 30 global licensing agents. Recuperado de http://www.licensingexpo.com/sites/www.licensingexpo.com/files/files/Top30Agents_2013.pdf. Kumar, P. What is licensing? International Business Management, Lesson 7. Recuperado dehttp://pt.slideshare.net/birubiru/lecture-07-licensing. Lantim, H. (2012). Licenciamento http://www.lantindesign.com.br/?p=557.

de

marcas.

17.12.2012.

Recuperado

de

Lima, B.P. (2010). Mauricio de Sousa prepara sucessão e negocia parcerias internacionais. O Estado de São Paulo, Caderno Economia e Negócios, 28.06.2012. Recuperado de http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios-comercio,mauricio-de-sousa-prepara-sucessao-enegocia-parcerias-internacionais,24936,0.htm. Lisanti, T. (2013). Top 150 Global Licensors. Global License, 16(2). Recuperado de http://images2.advanstar.com/PixelMags/license-global/digitaledition/05-2013-sp.html. MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2012). NBS Nomenclatura brasileira de serviços, intangíveis e outras operações. Disponível em http://www.desenvolvimento.gov.br/arquivos/dwnl_1333484934.pdf. Mottner, S.; Johnson, J.P. (2000). Motivations and risks in international licensing: a review and implications for licensing to transitional and emerging economies. Journal of World Business, 35(2), 171-188. Nucci, J.P. (2008). Tabelinha Espelta. Revista PIB - Presença Internacional do Brasil. 2(3), 38-43. Recuperado de http://www.revistapib.com.br/pdf/PIB-ed03.pdf. Raugust, K. (2012). International licensing: a status report. New York: The Licensing Letter, EPM Communications, Inc. Raugust, K. (2013). International licensing: 2013 supplement tothe7th edition. New York: The Licensing Letter,EPM Communications, Inc. Royalties Trend Sector Report (2013). http://www.epmcom.com/products/item113.cfm

The

Licensing

Letter.

Recuperado

de

Sites consultados Associação Brasileira de Licenciamento: http://abral.org.br/ Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI): http://www.inpi.gov.br/portal/ International Licensing Industry Merchandisers Association (LIMA): http://www.licensing.org

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Anexo 1 – Ranking dos 10 Maiores Grupos Licenciadores no Mundo Colocação no Ranking por Ano Grupo Vendas 2012 (US$ bilhões) 2013 2012 2011 2010 Disney ConsumerProducts 39,3 1 1 1 1 Iconix Brand Group 13 2 2 2 2 Philips - Van Heusen Corp (PVH) 13 3 3 3 3 Meredith 11,2 4 Mattel 7 5 4 4 Sanrio 7 6 8 8 7 Warner Bros. Consumer Products 6 7 5 5 4 Nickelodeon Consumer Products 5,5 8 6 7 5 Major League Baseball 5,2 9 9 9 6 Hasbro 4,8 10 7 * 9 Fontes: site Global License (http://www.rankingthebrands.com) Anexo 2 – Ranking dos Principais Agentes de Licenciamento no Mundo No

Agente

Vendas Varejo (US$ bilhões)*

1 IMG

8,1

2 LMCA

6,4

3

Equity Management

5,5

4

The Licensing Co.

3,8

5

The Beanstalk Group

3,6

6 Global Icons

3,4

Algumas Marcas Representadas PGA Tour, Wimbledon, Ferrari, Le Mans, Royal Armed Forces, Goodyear Tire and Rubber, Volkswagen, Playboy, Salt Life, Pelé, ESPN, X-Games, Vail Resorts, Manchester United, GNC, Muhammad Ali, Ryder Cup, Louisville Slugger, Kentucky Derby, Rolling Stone, F.C. Barcelona. Agfa Photo, Black Flag, Frigidaire, Mack Trucks, Melitta, Roto-Rooter, Westinghouse, AT&T, Craftsman, Die Hard, Eastman Kodak, Forbes, Kenmore, New York Philarmonic, Pepsico International, San Diego Zoo, Snuggle, Winchester. General Motors, Reynolds Consumer Products (Hefty), Kawasaki, La-Z-Boy, Goodyear, Frank’s Red Hot, Nissan, American Airlines, Lockheed Martin, Whirlpool/Maytag. Chrysler, Iconix, Anheuser Busch, Mercedes-Benz, Coca-Cola, Jelly Belly, Cosmopolitan, Reckitt Benckiser, Nestlé, Lucas Film, Little Tikes, Umbro, Skechers, Magic Light Pictures, National Trust, Jane Packer, Peanuts, Puffa. AT&T, Chiquita, Coppertone, Eveready, Frigidaire, Harley-Davidson (Europe), Jack Daniel's (Europe), Jaguar (Europe), Land Rover/Range Rover (Europe), Nesquik, Paris Hilton, Pennzoil/Quaker State, U.S. Army, Volvo (Europe). BMW, Buck Knives, Dairy Queen, Duraflame, Ford, Guiness, Hollywood, Humvee, Jarden Consumer Solutions (Crock-Pot, Mr. Coffee, Oster, Sunbeam), Lincoln, Motorola, Mrs. Fields.

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7

Brand Central Group

1,9

8

The Joester Loria Group

1,8

9

Exim

1,7

10

CPLG

1,6

11

Brand Sense Partners

1,3

12

P&L Global Network

1,3

13

Redibra

1,2

14

Striker Entertainment

1,2

15

Creative Artists Agency

1,1

Dr. Pepper Snapple Group, Miraval Resort & Spa, Cupcakes and Cashmere, Crowdstar, Petit Tresor, NUK, Jarden (Coleman, K2, Ride, Ex Officio, Marmot, Rawlings, Berkley, Shakespeare, e First Alert), Pee-wee Herman, The Chew, Master Chef. The World of Eric Carle, The Kellogg Company, Entenmann’s, Mountain Dew, The Hive, Discovery Communications’ Animal Planet. American Greetings, Britto, Cookie Jar, Discovery, DreamWorks, HIT, Lucas, MGA, Peanuts, Sanrio, UFC. Skylanders, The Simpsons, Ice Age, DreamWorks, St. Andrews Links, Sesame Street. Dodge, Hamilton Beach, Shabby Chic DreamWorks, Sanrio, Jeep Chrysler, Royal County of Berkshire Polo Club, Playstation, Fox Baby TV, Toki Doki, Trump. Coca-Cola, Fox, Paul Frank, Pac Man and the Ghostly Adventures, Capricho, Galinha Pintadinha, Fishtronaut (Peixonauta) Rovio (AngryBirds), AMC (The Walking Dead; MRC - ted), 41 Entertainment ( Pac-Man , the Ghostly Adventures); DreamWorks Studios (Real Steel). Shaun White, Bethenny Frankel, Bob Marley Estate, Katy Perry, Gordon Ramsay, Lisa Vanderpump, Cindy Crawford, Rachel Roy.

16 Tycoon

0,91**

Hit, Marvel, Sesame, Fox, WWE.

17 Plus Licens

0,90

Zepto Lab (Cutthe Rope), Skylanders, Paul Frank, Hello Kitty, Peanuts, Sesame, My Little Pony.

18 IMC Licensing

0,80

AT&T, A-1, Borghese, Dole.

19 Brandgenuity

0,63

Church & Dwight, Food Network, A+E (Duck Dynasty, Swamp People), The Juilliard School, Boppy, Wizard 101. Coca-Cola, Fender Musical Instruments, Chick-fil-A, Boys & Girls Clubs of America, Morris Animal Foundation.

Brand 20 Licensing 0,53 Team Fonte: Global License (2013) *As informações de vendas no varejo são baseadas nas mercadorias vendidas mundialmente que cada agente representa em 2012. ** As informações de vendas não contemplam Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

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Anexo 3 – Percentagem Média de Royalties por Tipo de Propriedade Intelectual Tipo de Propriedade Royalties - Média Arte 6,30% Arte e Artistas 6,40% Museus 6,20% Celebridades 10,20% Apresentadores/Modelos 10,40% Chefs 9,70% Colegial 9,90% Entretenimento 9,30% Estados 9,70% Moda 8,40% Vestuário 8,30% Calçados 7,10% Casa 7,50% Música 8,20% Não lucrativas 8,40% Publicações 8,70% Livros 8,00% Jornais/Revistas 8,10% Revistas em quadrinhos 9,60% Esportes 9,90% Trademarks/Marcas Corporativas 7,80% Automotivo/Veículos motores 4,10% Comidas e Bebidas 5,50% Restaurantes 5,90% Bens esportivos 7,00% Brinquedos e Jogos Tradicionais 8,20% Videogames, Interativos e Online 9,00% Média Geral 8,70% Fonte: Royalties Trends Report (2013)

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TV PINGUIM: LICENCIAMENTO DE PERSONAGENS NO PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO (Apêndice)

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Anexo 4 – Vendas no Varejo de Produtos Licenciados no Mundo, por Região, 2011-2012 Região Vendas(em US$ bilhões) Participação no Mercado Global 2012 2012 2011 EUA/Canadá 95,37 93,37 62,2% Europa Ocidental 31,54 31,65 20,6% Europa Central e do Leste 0,61 0,57 0,4% Ásia 18,24 17,93 11,9% Austrália/Nova Zelândia 2,23 2,27 1,5% América Latina 3,99 3,82 2,6% Oriente Médio/África 0,82 0,79 0,5% Outros 0,40 0,41 0,3% Total 153,20 150,81 100,0% * Eventuais diferenças nas somas e em percentuais se devem a arredondamento. Fonte: Raugust (2013, p.7). Reproduzido com permissão. Anexo 5 – Participação de Países e Regiões como Origem Geográfica da Propriedade Intelectual (em percentual) Mercado Região de Origem da Propriedade Intelectual em 2011 EUA e Europa Ásia América Austrália e Canadá Latina N.Zelândia MUNDO 64,6% 16,3% 11,6% 3,8% 2,5% EUA/Canadá 72,8% 11,1% 8,3% 2,9% 4,0% Europa Ocidental 52,3% 36,4% 4,6% 1,7% 4,0% - Reino Unido 51,8% 36,2% 5,3% 1,2% 4,6% - França 46,9% 42,2% 4,1% 1,9% 4,4% - Itália 51,4% 35,5% 6,3% 2,0% 4,0% - Espanha e Portugal 52,7% 33,3% 5,8% 3,4% 3,9% Europa Central e Leste 60,6% 35,8% 2,3%
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