Marcos Portugal x Padre José Maurício: o humilde resignado

May 30, 2017 | Autor: Antonio Monteiro | Categoría: Historical Musicology
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Descripción

Além das fórmulas a que os autores românticos recorriam para elaborar as biografias dos artistas discutidas em artigos anteriores desta série, como as de autodidatismo e do atrito entre rivais, também foi recorrente a de caracterizar o biografado como alguém à frente do seu tempo, e, por isso mesmo, hostilizado por uma sociedade incapaz de compreender sua arte. Na adaptação dessa fórmula aos trópicos e, em particular, à biografia do compositor mulato José Maurício Nunes Garcia, o padre-mestre da Capela Real de D. João VI, escrita em fins do século XIX pelo Visconde de Taunay (TAUNAY, 1930a), foi fácil eleger os motivos para a hostilidade da corte joanina em relação ao biografado: o processo de construção da nacionalidade – a suposta oposição entre brasileiros e portugueses – e o preconceito de cor. O presente artigo pretende demonstrar que esse mito, o do “humilde resignado”, carece de historicidade. Ele apenas reflete a visão das elites da sociedade brasileira de fins do século XIX sobre a questão nacional e racial, a qual Taunay compartilhava.
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