Identidade e Diferença: Posicionamentos de Estudantes da UFMT sobre Homofobia

June 23, 2017 | Autor: Felipe Cazeiro | Categoría: Antropología, Identidade, Homofobia, Diferença, Psicologia
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Descripción

Identidade e Diferença: Posicionamentos de Estudantes da UFMT sobre
Homofobia

Felipe Cazeiro da Silva[1]
Guilherme Vicari Vieira[2]
Wesley Henrique Alves da Rocha³

Resumo: O presente trabalho é parte do relatório de uma pesquisa de campo
da disciplina Introdução à Antropologia do curso de Psicologia da
Universidade Federal de Mato Grosso que teve como objetivo avançar na
compreensão da discriminação contra homossexuais, bissexuais, travestis e
transexuais especificamente sobre a homofobia. A orientação teórica baseia-
se na teoria cultural e social pós-estruturalista referida na produção
social da identidade e da diferença de Tomaz Tadeu da Silva. Foi realizada
uma pesquisa sobre a visão que a comunidade universitária da UFMT possui em
relação à homofobia e a falta/presença de políticas públicas para a
população LGBT, bem como explorar a forma como abordam a temática. A
metodologia utilizada foi à pesquisa bibliográfica, enriquecida com um
questionário mantendo no mais rigoroso sigilo a identidade das/os
respondentes. A pesquisa foi realizada em duas etapas, sendo que na
primeira, pesquisaram-se as principais abordagens sobre o conceito e
manifestação de homofobia. Na segunda etapa aplicaram-se os questionários
identificando e analisando a compreensão, assim como os posicionamentos
sobre a mesma. Entre as considerações possíveis ao fim do trabalho é
possível destacar que por se tratar de um assunto gerador de polêmicas
muitas/os estudantes se recusaram a participar da pesquisa ou optaram por
não responderem ao questionário para não expor suas posturas acerca do
tema, além disso, houve também alegações de que esse tipo de pesquisa "não
resolveria em nada". Desta forma, o desconforto presente em relação às
questões demonstrou a normalização manifestada no campo da identidade e da
diferença na qual uma identidade especifica é tida como parâmetro ao qual
as outras identidades são avaliadas e hierarquizadas de forma negativa
(SILVA, 2000). A pesquisa foi importante para aprofundar o conhecimento
sobre a homofobia e as suas formas de enfrentamento, para ampliar a
compreensão da diversidade, repensar os valores morais e sociais
reproduzidos pela sociedade que rotula e exclui as pessoas que pertencem ao
movimento LGBT e, contribuiu, principalmente, para perceber a necessidade
de ampliar espaços de discussões e debates comprometidos com as causas
sociais, com as comunidades, com os que sofrem processos de exclusão,
comprometidos com a luta e a mudança social.

Palavras-chave: Identidade, Diferença, Homofobia, Antropologia, Psicologia.




Introdução

O objetivo deste trabalho é avançar na compreensão da discriminação
disseminada contra a população LGBT especificamente sobre a homofobia e
também conhecer o posicionamento de um pequeno grupo de estudantes da
Universidade Federal de Mato Grosso quanto sua identidade perante tais
práticas, para tanto, a pesquisa partirá de um estudo bibliográfico acerca
dos conceitos que circulam em torno do termo homofobia e na teoria cultural
e social pós-estruturalista referida na produção social da identidade e da
diferença de Tomaz Tadeu da Silva, além de um estudo dos questionários
aplicados no grupo citado. Trata-se de uma pesquisa de cunho acadêmico da
disciplina Introdução à Antropologia ministrada no curso de Psicologia da
UFMT visando o ensino e aprendizagem sobre pesquisa de campo.
Parte-se do principio de que a pesquisa de campo "é uma vivência, ou
seja, é um estabelecimento de uma relação produtora de conhecimento, que
diferentes categorias de pessoas fazem, realizam" (Brandão, 2007 p. 12) e
perpassa por relações subjetivas tomando o que o autor vai dizer de uma
dimensão muito intensa de subjetividade. Por este motivo, os questionários
aplicados foram importantes, no sentido de promover essa relação sem
identificação das/os respondentes para despertar sua subjetividade no seu
estado mais elementar.
Nesta pesquisa, participaram 28 estudantes no total entre 17 e 31
anos, sendo 16 do sexo feminino e 12 do sexo masculino. Estas/es
participantes eram alunas/os de graduação e pós-graduação de diversos
cursos da UFMT. A proposta da disciplina foi de que a pesquisa fosse
realizada em um dia por conta das outras atividades que estavam no
cronograma e precisavam ser atendidas, o que justifica o pequeno número de
participantes. É uma pesquisa quantitativa, mas analisada qualitativamente
para dar sentido aos dados narrativos, dando destaque às falas das/os
participantes.
O termo homofobia foi utilizado pela primeira vez em 1971 nos
Estados Unidos, mas ganhou espaço na literatura e nos dicionários a partir
do final dos anos 90 implicando uma conotação de repulsa e medo irracional
em relação a gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais criando
juízos de valores negativos e classificando-os como anormal e/ou inferior à
heterossexualidade. Por tais diferenças, são colocados isoladamente da
sociedade, sendo marginalizados e muitas vezes violentados. "O homossexual,
assim como o negro, o judeu ou o estrangeiro, é sempre o outro, o
diferente, aquele com o qual qualquer identificação é impensável." (Lionço
& Diniz, 2009 p. 15).
Diante disto, este trabalho justifica-se pela elevada ocorrência de
tais práticas discriminatórias a esta população, visto que em 2012, de
acordo com a Secretaria de Direitos Humanos, ocorreram 3.084 denúncias e
9.982 violações de direitos humanos relacionados à identidade de gênero e
também houve crescimento de 46% (em comparação ao ano de 2011) do registro
de vítimas de violência por homofobia considerando assim a homofobia uma
questão necessária a se intervir.
Neste sentido, a referida pesquisa trata de verificar quais as
práticas, posicionamentos e em que medida as/os respondentes trabalham para
desnaturalizar esta concepção profundamente consolidada sobre a diversidade
sexual, pelos diversos discursos (fundamentalistas religiosos, biológicos
etc.) que permeiam, legitimam e muitas vezes até ocultam tais práticas e
comportamentos aversivos. Sendo assim, minimizar a intolerância a esta
diversidade marginalizada na qual se aplica práticas de homofobia é um
ideal a ser alcançado urgentemente.

a normalização da identidade e a negativação da diferença

A identidade e diferença, ao contrário do que se imagina, estão em
uma relação de estreita dependência. A identidade de acordo com Silva
(2000, p. 1), é simplesmente aquilo que se é ("sou brasileiro", "sou
negro", "sou heterossexual"), enquanto que a diferença é aquilo que o outro
é ("ela é italiana", "ela é branca", "ela é homossexual"). Partindo desses
pressupostos, fica evidente a relação estreita desses dois conceitos, visto
que a identidade não é uma afirmação que se esgota em si mesma, ela só
existe porque existe também aqueles que não fazem parte dessa identidade,
ou seja, a diferença. Silva (2000, p.1) ainda ressalta que a identidade é a
referência, é o ponto original ao qual se define a diferença. Isto reflete
a tendência a tomar aquilo que somos como sendo a norma que utilizamos para
descrever e/ou avaliar aquilo que não somos.
Além da dependência entre identidade e diferença, Silva (2000, p. 2)
nos mostra que são também o resultado de atos de criação linguística, ou
seja, não são naturais, são criações do mundo cultural e social por meio de
atos de linguagem. Aqui, o conceito de linguagem utilizada é o mesmo que o
autor utilizou como sendo um sistema de significação nos quais adquirem
sentido.
Como já foi exposto, a identidade e a diferença são o resultado de um
processo de produção social e cultural, porém, como salienta Tomaz Tadeu da
Silva (2000, p. 3), elas não convivem pacificamente, são disputadas em um
campo repleto de hierarquias, nessas disputas recursos simbólicos e
materiais da sociedade entram em jogo, ao afirmar uma identidade e enunciar
uma diferença em determinado grupo social, o desejo de garantir acesso
privilegiado aos bens sociais por determinado grupo é ressaltado, sendo
assim, a identidade e a diferença estão diretamente ligadas às relações de
poder. "São muitas as marcas da presença do poder: incluir/excluir ("estes
pertencem, aqueles não"); demarcar fronteiras ("nós" e "eles"); classificar
("bons e maus"; "puros e impuros"; "desenvolvidos e primitivos"; "racionais
e irracionais"); normalizar ("nós somos normais; eles são anormais")"
(Silva, 2000 p. 3).
Aqui nos ateremos mais à normalização, visto que fixar uma
determinada identidade como a norma é uma das formas privilegiadas de
hierarquização das identidades e das diferenças, e é isso que acontece no
caso da homofobia, entende-se por homofobia o medo, a aversão, ou o ódio
irracional aos homossexuais, e, por extensão, a todos os que manifestem sua
sexualidade ou identidade de gênero diferente dos padrões heteronormativos,
ou seja, todos os que fogem das normas instituídas da heterossexualidade.
Há ainda a questão de dominação acerca da homofobia, visto que a sociedade
assolada pelo mal da heteronormatividade (normalização de uma identidade),
onde se afirma e impõe que há uma única sexualidade "correta", marginalizam
as pessoas que não se enquadram nesse padrão heteronormativo através do
preconceito, das piadas, da discriminação, da exclusão, da violência,
portanto a dominação serve apenas para causar o sofrimento alheio nessa
disputa pelo poder das identidades sexuais. Neste sentido, o referido autor
vai dizer que:
"A normalização é um dos processos mais sutis pelos quais
o poder se manifesta no campo da identidade e da
diferença. Normalizar significa eleger - arbitrariamente -
uma identidade específica como o parâmetro em relação ao
qual as outras identidades são avaliadas e hierarquizadas.
Normalizar significa atribuir a essa identidade todas as
características positivas possíveis, em relação às quais
as outras identidades só podem ser avaliadas de forma
negativa. A identidade normal é "natural", desejável,
única. A força da identidade normal é tal que ela nem
sequer é vista como uma identidade, mas simplesmente como
a identidade. Paradoxalmente, são as outras identidades
que são marcadas como tais. Numa sociedade em que impera a
supremacia branca, por exemplo, "ser branco" não é
considerado uma identidade étnica ou racial. Num mundo
governado pela hegemonia cultural estadunidense, "étnica"
é a música ou a comida dos outros países. É a sexualidade
homossexual que é "sexualizada", não a heterossexual. A
força homogeneizadora da identidade normal é diretamente
proporcional à sua invisibilidade." (SILVA, 2000, p. 4).

Essa força homogeneizadora contribui diretamente ao conceito de
estigma atrelado à homofobia, que é apropriado pela sociedade tomando como
referência aquilo que esta considera como diferença ou desvio indesejável,
ou seja, com base naquilo que considera anormal, que considera uma
identidade negativa. "Como consequência, observa-se a introjeção do caráter
negativo imposto à sua margem, provocando o que se conhece como construção
de identidade deteriorada ou desviada" (Guimarães, 2010 p. 5). A atribuição
dessa identidade desviada para a homossexualidade abre espaço para o
sentido de patologia e que, portanto, precisaria ser tratada sendo
compreendida como um transtorno ou distúrbio do ser humano reforçando e
legitimando ainda mais as opressões acometidas a esta população, além de
fundamentar os discursos fundamentalistas religiosos e biológicos.

Resultados e Discussões

Durante as aplicações dos questionários, houve grande recusa por
parte das pessoas abordadas e convidadas a participar da pesquisa tornando
o processo de coleta de dados um tanto quanto conflituoso, algumas delas
quando se depararam com as questões preferiram entregar o questionário sem
preencher, outras alegaram ainda que esse tipo de pesquisa "não resolveria
em nada".
Entre as/os voluntárias/os participantes da pesquisa, houve
predominância feminina (16) do que masculina (12) o que pode sugerir maior
abertura sobre a temática por parte das mulheres, destas/es 21
identificaram sua orientação sexual como sendo Heterossexual, 5 como
Homossexual, 1 Bissexual e 1 identificou-se como Outra e escreveu a
seguinte observação: "Não enxergo as pessoas pelo sexo, gosto e me atraio
por pessoas sem motivos esclarecidos". Desta forma, foi possível perceber
que além das categorias listadas, há uma crença de que esta categorização
não deveria existir, pois contribui para a segregação das pessoas e, além
disso, chama a atenção para a questão da atração sexual como algo
particular do individuo sem necessidade de classificação. Contudo, esta
classificação parece vigorar para que as pessoas possam definir, rotular e
colocar ordem na sociedade. A classificação nada mais é que colocar dois
objetos em oposição, pois a partir dessa oposição se produzirá o
conhecimento, por exemplo, não saberíamos o que é o dia se não houvesse a
noite. Portanto, essas relações sociais binárias "afirmam a existência de
um único comportamento social perfeito, há nas instituições sociais a
construção de um sujeito necessariamente heterossexual, dentro desta lógica
afirma-se a existência de apenas um homossexual, de um heterossexual, a
existência de um padrão único de mulher, bem como de homem" (Silva, 2013 p.
5). A reflexão aqui é justamente em contraposição a esta lógica levando em
conta as singularidades de cada sujeito.
Todos os participantes responderam que sabiam o que era homofobia e
que não se consideravam homofóbicos, entretanto, 4 assinalaram que não
concordavam com a criminalização da homofobia tal como a criminalização do
racismo, ou seja, que não deveria ser crime nenhum tipo de violência
(psicológica, simbólica ou física) motivados pelo ódio à LGBT's.
A forma como as/os participantes indicaram considerar a
homossexualidade foi de que 26 consideravam-na como uma Expressão Livre da
Sexualidade e 2 marcaram a opção Outra colocando as seguintes observações:
"Uma condição" e "Questão de gosto pessoal". Portanto, consideravam a
homossexualidade como uma maneira de ser ou estado de uma pessoa ou uma
coisa. Relacionando esses dados com o da Criminalização da Homofobia, foi
possível perceber que as/os participantes que apontaram não ser a favor da
criminalização da homofobia, responderam que consideravam a
homossexualidade como expressão livre da sexualidade, logo, houve certa
contrariedade nas repostas, pois ao considerar a homossexualidade como uma
expressão livre da sexualidade, legitima para que qualquer violência contra
essa liberdade de expressão afetivo-sexual
seja crime, assim como a violência contra a mulher.
Além disso, todas/os registraram ter um/a amigo/a LGBT e levando em
consideração que um amigo e/ou uma amiga é um indivíduo próximo e íntimo de
alguém, pode-se sugerir de que não houve associações entre as questões ou
de que não houve sensibilização em relação a situação que poderia ocorrer
com este/a amigo/a. Outro ponto que chama a atenção também é de que 19
destas/es indicaram não ter conhecimento de nenhum tipo de violência que
ele/ela tenha sofrido, podendo demonstrar certa distância em relação a
este/a amigo/a LGBT.
É importante destacar aqui que 9 participantes apontaram ter
conhecimento de alguma violência que sua/seu amiga/o tenha sofrido, entre
os registros das violências estão: "Agressões verbais, discriminação".
"Preconceito", "Violência Verbal (Constante)", "Bullying e Espancamento",
"O principal é a violência psicológica pela discriminação", "Preconceito em
locais de trabalho; familiares". Sendo assim, é possível perceber as
diversas formas de manifestação da homofobia que é ocultada tanto pela
polícia como pela mídia causando um certo comodismo por parte dos poderes
executivo, legislativo e judiciário em viabilizar políticas públicas para
essa população. Essa discriminação pode sugerir uma reprodução de padrões
de "normalidade" acerca dos papéis de gênero, nos quais a
heterossexualidade ainda é construída na condição de superioridade. Desta
forma, quando se fala em violência, não se faz referência somente à
violência física, mas também a simbólica e a psicológica, uma vez que o uso
de palavras pejorativas e negativas podem ser especialmente problemáticas
gerando marcas no indivíduo e na sua subjetividade.
Sobre a união civil entre pessoas do mesmo sexo, 24 participantes
responderam que concordavam com a união, porém 4 destas/es apontaram não
ter opinião formada sobre a adoção de crianças por casais LGBT, o que pode
significar que a união é aceitável, mas que há certa preocupação quanto a
adoção. Dos 4 participantes que responderam não ter opinião formada sobre a
união civil, 3 destas/es demonstraram ser a favor da adoção, desta forma,
constata-se certa contradição ao indicar resposta positiva a adoção, mas
que há certa preocupação quanto a união podendo sugerir então que a adoção
seja para LGBT's solteiros. Apenas 1 participante respondeu não ter opinião
formada para as duas questões.
Quando questionados quanto à criação de banheiros públicos destinados
a LGBT, 14 não concordavam com tal separação, 4 participantes responderam
que concordavam podendo sugerir certo pré-conceito, desconforto e
intimidação na presença de um LGBT no mesmo banheiro e 10 pessoas alegaram
não ter opinião formada sobre o assunto, o que pode indicar uma fuga ou
desconforto em relação a questão.
No que diz respeito à educação, debate e discussão da temática, 19
participantes responderam que o curso ou faculdade do qual fazem parte já
realizou algum debate sobre diversidade sexual, 6 responderam que não e 3
optaram por não responder a questão o que pode sugerir que não consideravam
uma questão importante a ser respondida. A intenção aqui é de observar se
havia a procura pelo assunto e de como este estava inserido na instituição
de ensino na qual faziam parte, além da preocupação com a temática.
Por último, as/os participantes foram convidadas/os a escrever uma
frase sobre a temática da pesquisa, entre as respostas estão frases de
militância e incentivo como: "Todos tem o direito de ser feliz e acredito
que a homossexualidade é particular de cada um", "Acredito que cada pessoa
deve agir como se sentir melhor", "Somos todos iguais perante a lei e é
assim que deveria ser", "Cada um com sua vida", "Igualdade e respeito a
todos", "A homofobia é um crime contra a liberdade individual", algumas
pessoas demonstraram simpatia e importância pela pesquisa: "Achei a
pesquisa interessante", "Interessante! Preciso saber mais sobre o assunto",
"Achei muito interessante o tema, pois por mais que hoje se tenha uma boa
discussão acerca do assunto, ainda existe muita discriminação aos
homossexuais", "Acho muito importante esse tipo de discussão para que
possamos saber como os homossexuais estão sendo vistos pela sociedade",
outras fizeram reflexões como: "Acho muito interessante, no entanto não
vejo em que mudará, visto que há sim muitos homofóbicos e em sua maioria
machistas, ignorantes e incapazes de aceitar a opinião/orientação do outro,
nem muito menos mudar sua opinião", "A homossexualidade deveria ser tratada
como uma característica ao invés de opção ou orientação", "Acho
interessante a preocupação de se realizar uma pesquisa para abordar essa
questão. É um assunto muito enraizado com a condição social e histórica da
humanidade.".


Considerações Finais
Entre as considerações possíveis ao fim do trabalho é possível
destacar que alguns dos desconfortos provocados pela pesquisa foram
fundamentalmente necessários para promover o debate e a reflexão acerca da
temática, além de estabelecer relações subjetivas intensas, pois muitas
vezes a caracterização da homofobia está implícita nas pessoas. Desta
forma, foi possível perceber a normalização da identidade heterossexual em
relação à diferença homossexual, principalmente quando as contradições
apontadas demonstraram certa incoerência na forma como a/o voluntária/o se
identificava. Por fim, a pesquisa foi importante para aprofundar o
conhecimento sobre a homofobia e as suas formas de enfrentamento e
compreensão, além de repensar os valores morais e sociais reproduzidos pela
sociedade que regida pela heteronormatividade gera violência à esta
população, contribuiu, principalmente, para perceber a necessidade de
promoção de um ambiente mais igualitário rompendo com os paradigmas e
estigmas que circulam o tema visando a transformação social.

Referências

Brandão, Carlos Rodrigues. Reflexões sobre como fazer trabalho de campo.
Sociedade e Cultura, janeiro-junho, año/vol. 10. N. 001 – Universidade
Federal de Goiás, Goiânia, Brasil. 2007

GUIMARÃES, Lívia Pires. As identidades grupais e a homofobia na
contemporaneidade. Biblioteca Virtual" Fantásticas Veredas " FGR, Belo
Horizonte, out. 2010.

Lionço, Tatiana. Homofobia & Educação: um desafio ao silêncio / Tatiana
Lionço; Debora Diniz (Organizadoras). Brasília: Letras Livres: EdUnB, 2009

SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS. Relatório sobre violência no Brasil: ano de
2012, pp. 18. Disponível em: <
http://www.sdh.gov.br/assuntos/lgbt/pdf/relatorio-violencia-homofobica-ano-
2012> Acesso em: fevereiro/2014.

SILVA, Ana Franciele de Oliveira. Binarismo Sexual na Escola e o Controle
dos Corpos. In: Anais do III Seminário Internacional Enlaçando
Sexualidades. Grupo Enlace. Salvador – BA, 2013.

SILVA, Tomaz Tadeu. A produção social da identidade e da diferença.
Petrópolis: Vozes, 2000.



Identity and Difference: Thoughts of UFMT students about homophobia

Abstract: The present article is part of field survey report of the subject
"anthropology introduction" of the psychology course of Mato Grosso Federal
University that had the objective to progress in the comprehension of
discrimination against homosexuals, bisexuals, transvestites and
transgenders especially about the homophobia. The basic theoretical
orientation is based in the cultural and social poststructuralist theory
referred at the social production of identity and difference by Tomaz Tadeu
da Silva. A research was done about the vision of university community of
UFMT (Mato Grosso Federal University) has about the homophobia and the
absence / presence of public politics for the LGBT population, as well as
explore the way they deal with the theme. The methodology used was the
literature research, enriched with a questionnaire maintaining the
strictest confidentiality the identity of respondents. The survey was
conducted in two stages: in the first stage, researched the main approaches
to the concept and manifestation of homophobia. In the second stage were
applied the questionnaires identifying and analyzing the comprehension, as
well as the ideas about it. Between the possible considerations in the end
of the survey is possible to contrast that is about a theme generator of
many discussion, so a lot of students refused to participate in the
research or chose not to respond the questionnaire to don't expose their
positions about the theme, in addition there were also claims that this
kind of research "would not solve anything". In this way, the discomfort
about answering the questions showed the manifested normalization at the
identity and difference field, in which one specific identity is taken as
parameter to other identities are evaluated and prioritized in a negative
way (SILVA, 2000). The survey was important to strengthen the knowledge
about the homophobia and its affront forms, to expand the understanding of
diversity, rethink the moral and social values propagated for the society
who label and delete the people who belong the LGBT movement, and
contributed, mainly, to notice the need to expand discussions spaces
committed to social causes, with the communities, with those suffering from
exclusion processes, committed to struggle and social change.

Keywords: Identity, Difference, Homophobia, Anthropology, Psychology.

-----------------------
[1] Graduando de Psicologia pela Universidade Federal de Mato Grosso,
campus Cuiabá, Brasil.
[2] Graduando de Psicologia pela Universidade Federal de Mato Grosso,
campus Cuiabá, Brasil.
³ Graduando de Psicologia pela Universidade Federal de Mato Grosso, campus
Cuiabá, Brasil.
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