I DENTIFICAÇÃO DE VOLUME RESIDUAL EM SERINGAS E AGULHAS APÓS ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTO POR VIA PARENTERAL IDENTIFICATION OF RESIDUAL VOLUME IN SYRINGES AND NEEDLES AFTER PARENTERAL MEDICATION ADMINISTRATION IDENTIFICACIÓN DE VOLUMEN RESIDUAL EN JERINGAS Y AGUJAS TRAS ADMINISTRACIÓN DE MEDICAME...

July 4, 2017 | Autor: Julio Cesar | Categoría: Data Analysis, Quantitative Research, Sterilization, Medical Error
Share Embed


Descripción

Artigo de Pesquisa Original Research Artículo de Investigación

Volume residual em seringas e agulhas

IDENTIFICAÇÃO DE VOLUME RESIDUAL EM SERINGAS E AGULHAS APÓS ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTO POR VIA PARENTERAL IDENTIFICATION OF RESIDUAL VOLUME IN SYRINGES AND NEEDLES AFTER PARENTERAL MEDICATION ADMINISTRATION IDENTIFICACIÓN DE VOLUMEN RESIDUAL EN JERINGAS Y AGUJAS TRAS ADMINISTRACIÓN DE MEDICAMENTO POR VÍA PARENTERAL Julio Cesar CostaI Ligiane Aparecida da Silva PereiraII Lucelia Lima Ramos ReisIII Suzele Cristina Coelho Fabrício-WehbeIV Márcia Lúcia de Souza FurlanV RESUMO RESUMO: A administração parenteral é realizada através de seringas, soluções e agulhas estéreis. As vias parenterais mais utilizadas são as subcutânea, intradérmica, intramuscular e intravenosa. O objetivo deste estudo é identificar o volume residual em seringas e agulhas utilizadas para administrar medicação pelas vias subcutânea, intradérmica e intramuscular. Trata-se de uma pesquisa clínica quantitativa e descritiva, realizada em 2008, no laboratório multiprofissional de um Centro Universitário do interior paulista. Foram utilizadas no estudo seringas de 1ml, 3ml e 5 ml e agulhas de 13x4,5; 20x5,5; 25x7; 25x8; 30x7 e 30x8. Durante a análise dos dados, foi possível verificar que há volume residual em seringas e agulhas, sendo o volume maior constatado de 0,07 ml, encontrado nas seringas de 5 ml, com as agulhas de 25x8 e 30x8; e de 3 ml, com a agulha 30x8. O menor volume constatado foi na seringa de 1 ml, com a agulha de 13x4,5. Palavras-Chave: Seringas; agulhas; erros de medicação;; enfermagem. ABSTRACT ABSTRACT:: Parenteral administration is performed with syringes, solutions, and sterile needles. The most commonly used parenteral routes are the subcutaneous, intradermal, intramuscular, and intravenous. This study aimed at identifying the residual volume used in syringes and needles to administer medication through the subcutaneous, intradermal, and intramuscular routes. A clinical, descriptive and quantitative research was carried out at a multiprofessional lab of a University Center in the inlands of the State of São Paulo, SP, Brazil, in 2008. Syringes of 1ml, 3ml, and 5 ml and needles of 13x4.5; 20x5.5; 25x7; 25x8; 30x7 and 30x8 were used in the study. Data analysis showed the existence of residual volume in syringes and needles. The largest volume found was 0.07 ml, in syringes of 5 ml, with needles of 25x8 and 30x8; and in 3 ml syringes with the 30x8 needle. The smallest volume was found in the 1 ml syringe, with the 13x4.5 needle. Keywords: Syringes; needles; medication errors;; nursing. RESUMEN: La administración parenteral es realizada a través de jeringas, soluciones y agujas estériles. Las vías parenterales más utilizadas son las subcutánea, intradérmica, intramuscular e intravenosa. La finalidad de este estudio es identificar el volumen residual en jeringas y agujas utilizadas para administrar medicación por las vías subcutánea, intradérmica e intramuscular. Se trata de una investigación clínica, descriptiva y cuantitativa, realizada 2008, en el laboratorio multiprofesional de un Centro Universitario en el interior del estado de São Paulo, Brasil. En el estudio fueron utilizadas jeringas de 1ml, 3ml e 5 ml y agujas de 13x4,5; 20x5,5; 25x7; 25x8; 30x7 y 30x8. Durante el análisis de los datos, fue posible verificar que hay volumen residual en jeringas y agujas, siendo el mayor volumen constatado de 0,07 ml, encontrado en las jeringas de 5 ml, con las agujas de 25x8 e 30x8; y de 3 ml, con la aguja 30x8. El menor volumen constatado fue en la jeringa de 1 ml, con la aguja de 13x4,5. Palabras Clave: Jeringas; agujas; errores de medicación; enfermería.

INTRODUÇÃO

A administração de medicamentos ocorre desde o processo de preparo da medicação até a introdução da mesma no organismo humano, visando obter efeitos terapêuticos. Esse processo tem de seguir normas

e rotinas que uniformizam o trabalho nas unidades de saúde, facilitando sua organização e controle. A escolha da via de administração do medicamento pode ser determinada pelas suas propriedades,

I

Enfermeiro. Graduado pelo Centro Universitário Barão de Mauá. Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. E-mail: [email protected]. Enfermeira. Graduada pelo Centro Universitário Barão de Mauá. Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. E-mail: [email protected]. III Enfermeira. Graduada pelo Centro Universitário Barão de Mauá. Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. E-mail: [email protected]. IV Enfermeira. Doutora. Professora do Departamento de Enfermagem do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Barão de Mauá. Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. E-mail: [email protected]. V Enfermeira. Mestre. Professora do Departamento de Enfermagem do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Barão de Mauá. Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. E-mail: [email protected]. II

p.412 •

Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2009 jul/set; 17(3):412-7.

Recebido em: 16.01.2009 – Aprovado em: 27.03.2009

Artigo de Pesquisa Original Research Artículo de Investigación

Costa JC, Pereira LAS, Reis LLR, Fabrício-Wehbe SCC, Furlan MLS

estruturas, pelo grau de ionização e seus efeitos terapêuticos, idade e adesão do tratamento do paciente e pela ação do medicamento em determinado local do organismo¹. Um fármaco pode ser administrado por várias vias, tais como, enteral, parenteral, inalatória, dérmica, vaginal, retal; e pelas vias ocular, auricular e nasal¹. Administrar medicamentos é um processo multidisciplinar, que envolve profissionais como médicos, farmacêuticos, enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem². Este processo se inicia com a prescrição médica, passa pela farmácia hospitalar e se conclui pela equipe de enfermagem. O erro pode ocorrer em qualquer uma dessas fases. Na maioria das vezes o erro só é detectado na hora da administração que é executada pela equipe de enfermagem3,4. A atualização constante de conhecimento é uma meta que deve ser continuamente buscada, já que diariamente o mercado é invadido por novos equipamentos e materiais, medicamentos e novas apresentações, obrigando o profissional a buscar atualização frequentemente². Para evitar erros durante o preparo de medicação, é importante ter em mãos a prescrição médica, fazer a leitura corretamente e não preparar a medicação em caso de dúvidas5. Alguns fatores importantes podem não ser percebidos e/ou valorizados pela enfermagem, podendo induzir a erros de dosagem. Um deles está relacionado ao volume residual nos equipamentos utilizados para a administração de medicamentos por via parenteral. Na prática clínica dos pesquisadores, temse percebido que muitos profissionais não questionam e não reconhecem esse tema como importante e possível de acarretar um erro. Sabe-se que é possível que se tenha volume residual na seringa e/ou agulha após a administração de medicação IM, SC e ID. Assim questiona-se, que quantidade é essa? Esse volume residual em seringas e agulhas, após a administração, pode contribuir para ocorrência de um erro de dosagem? Dessa forma, o presente estudo visa identificar o volume residual em seringas e agulhas, utilizadas para administrar medicação pelas vias IM, ID e SC. Este estudo torna-se importante à medida que busca verificar a existência de volume residual em seringas e agulhas após a administração de medicamento por via IM, SC e ID, trazendo para a os profissionais da saúde um alerta e uma reflexão sobre a possibilidade de se estar cometendo erros durante o preparo e a administração de medicações por essas vias.

REFERENCIAL TEÓRICO

O termo parenteral deriva do grego para, que significa além, e énteron, que significa intestino. Juntos,

os dois termos indicam algo que é realizado fora do trato gastrintestinal¹. A administração parenteral, por definição, indica a administração de medicamentos por qualquer via que não seja oral, tópica ou retal. É realizada através de seringas, soluções e agulhas estéreis². A via parenteral visa à obtenção de efeito terapêutico, tem como vantagem a rapidez da ação e a eficiência de dosagem6. Embora a via parenteral poupe efeitos colaterais no trato gastrointestinal, reações indesejáveis podem surgir, uma vez que a absorção de um medicamento, depois de injetado, depende de fatores como solubilidade, concentração e local onde foi administrado. Suas desvantagens podem estar relacionadas a possibilidades de infecção no local da aplicação, ao custo do medicamento, aos pacientes com tendência a sangramentos, à ansiedade e lesões nos nervos se aplicadas incorretamente. Ainda, a principal desvantagem que pode ser citada é o rompimento da pele, que torna o local e o organismo vulneráveis a infecções². Para a administração de medicamento por via parenteral, é necessário o uso de seringa e agulha. A seringa é um recipiente utilizado para o preparo e administração do medicamento. Seus componentes são êmbolo, corpo e bico. A escolha de qual seringa utilizar deve levar em consideração a via de administração e o volume a ser administrado. A escolha da agulha deve levar em conta o tamanho da haste; a via de administração; o local a ser administrado; o volume; a viscosidade do medicamento; e o próprio cliente, avaliando-se o local, seu peso e sua musculatura5. As vias mais utilizadas para a administração de medicamentos parenteral são: subcutânea (SC), intradérmica (ID), intramuscular (IM) e intravenosa (IV) ou endovenosa (EV). A administração de um medicamento vem sempre acompanhada de uma agressão física e mental, pois há invasão do corpo com procedimentos danosos e dolorosos. Quando for administrar uma medicação é importante que a enfermagem, antes de se preocupar em administrar um medicamento, pense no indivíduo que vai recebê-lo6. A administração de medicamento é de responsabilidade da enfermagem e para sua administração é necessário respeitar princípios científicos e assepsia de forma a prover a segurança necessária. O enfermeiro, no decorrer de sua formação profissional, adquire conhecimentos específicos, como farmacologia, anatomia, fisiologia e habilidades técnicas. O conhecimento da anatomia das musculaturas e veias, a farmacocinética e a farmacodinâmica capacitamno a exercer habilidades para a função de administrar o medicamento, sendo assim, é de sua responsabilidade, entre outras atividades, o preparo, a administração, o aprazamento e o monitoramento do efeito da medicação7.

Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2009 jul/set; 17(3):412-7.

• p.413

Artigo de Pesquisa Original Research Artículo de Investigación

Volume residual em seringas e agulhas

O fato de a enfermagem atuar no último passo do processo, que é o preparo e a administração do medicamento, faz com que muitos erros cometidos e não detectados no início ou no meio do sistema lhe sejam atribuídos, aumentando, assim, a responsabilidade da equipe de enfermagem, pois ela representa a última oportunidade de interceptar e evitar um erro ocorrido nos processos iniciais antes da administração8.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa clínica quantitativa, descritiva, realizada em 2008, em um laboratório multiprofissional de um Centro Universitário do interior paulista. Este local é utilizado como suporte no processo de ensino/aprendizagem por professores e alunos dos cursos da área da saúde dessa instituição, inclusive do Curso de Enfermagem, principalmente na disciplina de Semiologia e Semiotécnica. Antes do início da pesquisa, foi enviado um ofício aos coordenadores do Curso de Enfermagem do Centro Universitário solicitando autorização para a realização da mesma. Para a coleta de dados, foram utilizadas seringas de 1 ml, 3 ml e 5 ml e agulhas com vários tamanhos tais como 13 x 4,5; 20 x 5,5; 25 x 7; 25 x 8; 30 x7 e 30x 8 e seringas de 1 ml com agulha acoplada. Todos os materiais utilizados foram do mesmo fabricante e da marca utilizada nos campos de atividades práticas dos pesquisadores. A coleta do volume residual foi realizada com todas as seringas descritas anteriormente, cada uma com um tamanho de agulha diferente. Para simular a medicação prescrita, utilizou-se a solução de soro fisiológico (SF) a 0,9 %, com aspiração de 1 ml para todos os testes realizados com cada seringa e agulha. A simulação foi realizada com a administração dessa solução em um boneco. Foram realizadas 19 aplicações, ou seja, seis aplicações com cada seringa (realizando troca das agulhas) e uma aplicação com a seringa de 1ml com agulha acoplada. A aplicação do soro fisiológico, utilizando-se seringas e agulhas diferentes, ocorreu da seguinte forma: primeiro foi aspirado 1 ml de SF 0,9%, preenchendo bico e canhão da agulha; a seguir foram retiradas as possíveis bolhas de ar, as agulhas foram trocadas e foi realiAgulhas/ Seringas 1 ml 3 ml 5 ml

zada a aplicação da solução em um boneco do laboratório. Após essa simulação, foi tracionado o êmbolo para verificar o volume residual e o mesmo foi medido da seguinte maneira: para a seringa de 1ml, foi tracionado o êmbolo e verificado o volume residual na graduação da própria seringa; para as seringas de 3ml e 5ml, foi tracionado o êmbolo para verificar o volume residual. Uma vez visualizado o volume, ele foi aspirado dentro da própria seringa de 3ml ou 5ml, com o auxilio de uma outra seringa de 1ml e agulha de 13 x 4,5. Os resultados dos volumes residuais de cada seringa com diferentes números de agulhas foram anotados em um instrumento de coleta de dados elaborado e, após, foi realizada análise descritiva dos mesmos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pôde ser observado que ocorreu volume residual após a administração de medicamento, utilizando-se seringas e agulhas recomendadas para uso SC, ID e IM. Todos os resultados obtidos durante a coleta de dados estão descritos, detalhadamente, na Figura 1. Durante a análise dos dados, foi verificado maior volume residual nas agulhas de dimensões 25 x 8 e 30 x 8 e nas seringas de 3ml e 5 ml. Já o menor volume encontrado foi na agulha de 13x 4,5 e na seringa de 1ml. Também foram detectados volumes residuais em seringas que já são produzidas e comercializadas com agulha acoplada (seringa de 1ml agulhada). Neste caso não houve existência de volume residual. Supõe-se que isso aconteça pelo fato deste tipo de seringa não ter bico e a agulha não possuir canhão, o que diminui a possibilidade de volume residual após a aplicação de medicamento. Cuidados especiais são necessários para evitar erros no preparo e no cálculo de doses administradas por qualquer via parenteral. É necessário conferir os cinco certos da administração medicamentosa, conhecer a ação desejada e os possíveis efeitos colaterais9. Os cinco certos, também utilizados durante a administração da medicação, são conhecidos como: o medicamento certo, a dose certa, o cliente certo, a via certa e a hora certa. Devem ser conferidos nesta mesma sequência para que se evitem erros de medicação antes e durante a sua administração9.

13 x 4,5

20 x 5,5

25 x 7

25 x 8

30 x 7

30 x 8

0,05 ml ou 5U

0,06 ml ou 6U

0,06 ml ou 6U

0,06 ml ou 6U

0,06 ml ou 6U 0,06 ml ou 6U

0,06 ml ou 6U

0,06 ml ou 6U

0,06 ml ou 6U

0,06 ml ou 6U

0,06 ml ou 6U 0,07 ml ou 7U

0,06 ml ou 6U

0,06 ml ou 6U

0,06 ml ou 6U

0,07 ml ou 7U

0,06 ml ou 6U 0,07 ml ou 7U

FIGURA 1: Descrição do volume residual verificado em seringas e agulhas. Ribeirão Preto, 2008.

p.414 •

Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2009 jul/set; 17(3):412-7.

Recebido em: 16.01.2009 – Aprovado em: 27.03.2009

Artigo de Pesquisa Original Research Artículo de Investigación

Costa JC, Pereira LAS, Reis LLR, Fabrício-Wehbe SCC, Furlan MLS

Como visto anteriormente, entre os cinco certos está a preocupação com a dose certa do medicamento. Erros de medicação são comuns na prática assistencial e podem ocorrer em qualquer etapa do processo da terapia medicamentosa; esses eventos podem variar em intensidade, desde os mais leves até a morte do indivíduo, levando-se a questionar a qualidade da assistência prestada ao paciente e o aumento dos custos para as instituições hospitalares e para a sociedade10. Os erros mais comuns que podem ocorrer durante todo o processo de administração de uma medicação são as trocas da via de administração (administração pela via errada ou por uma via que não a prescrita); erro de dose e volume (administração do medicamento em dosagem diferente daquela prescrita pelo médico); omissão (qualquer dose não administrada até o próximo horário de medicação); administração de uma medicação não prescrita pelo médico; troca de paciente (medicamento certo para paciente errado); horário (administrar medicamento fora dos horários definidos pela prescrição); preparo incorreto de medicação (diluição ou reconstituição incorreta ou inexata, mistura de medicamentos que são física ou quimicamente incompatíveis e embalagem inadequada do produto); técnicas incorretas (técnicas impróprias ou falhas nas técnicas de assepsia e das lavagens das mãos); medicamentos deteriorados (medicamentos com comprometimento da integridade física ou química). Ainda, podem ocorrer erros relacionados a deficiências na formação acadêmica, inexperiência, negligência e desatualização quanto aos avanços tecnológicos e científicos; ao manejo de equipamentos, como bomba de infusão, cateteres, entre outros3,4,11. Dessa forma, ao preparar uma medicação, se não for verificada a existência de volume residual, de acordo com os resultados obtidos e ilustrados na Figura 1, o profissional não estará administrando a dose exata conforme prescrito. Isso pode se tornar um erro de medicação, demonstrando uma falha na identificação dos cinco certos citados pelos autores2,5,9. A existência de volume residual ainda é desconhecida por muitos profissionais e pode ocasionar um erro por subdose, que diminui o efeito terapêutico esperado. No espaço morto que fica entre o final do êmbolo e o bico da seringa onde é encaixada a agulha, pode ficar retido em torno de 5U de insulina, que não é injetada durante a aplicação, conforme verificado no presente estudo12. Em análise dos resultados, os autores chegaram à conclusão de que, durante a administração de medicamento por via ID, a existência de volume residual não vai interferir, pois neste procedimento aplicase a medicação até que seja formada a pápula e não está associada a administrar-se a dose exata. Para a medicação administrada por via IM, este volume residual pode não ser considerado importante, porém

para a administração de medicamento por via SC este volume pode acarretar no erro de administração da dose prescrita. Nesse sentido, cita-se como exemplo a prescrição de heparina e de insulina. Com relação à heparina, existe a prescrição de 5000 U = 0,25 ml. Para essa aplicação, deve ser utilizada a agulha de 13 x 4,5 e a seringa de 1 ml. Após a administração, é possível verificar um volume residual de 0,05 ml, ou seja, não será administrado 0,25 ml de heparina, conforme a prescrição, e se houver a troca de agulha a perda pode ser ainda maior. Para este caso os autores indicam o uso da seringa com agulha acoplada, para evitar maiores perdas do medicamento. Na prática clínica, tem sido verificada a prescrição de insulina regular em casos de pacientes com hiperglicemia na dose de 2U, 5U e até 7U. Na administração dessa medicação, com utilização de seringa de 1 ml e agulha de 13 x 4,5, se não for verificada a existência de 5U de volume residual durante o preparo da medicação, pode ocorrer a não aplicação da dosagem correta, sendo administrada uma quantidade de insulina menor do que foi prescrita. A dosagem exata é essencial para os pacientes diabéticos que recebem insulina diariamente e a subdose pode ocasionar uma hiperglicemia no paciente13. Ainda, alguns pacientes diabéticos utilizam insulina associada (regular + NPH), quando prescrita. Primeiramente, aspira-se a insulina regular e depois a insulina NPH. Ao se aspirar a insulina regular no espaço morto, fica retida uma pequena quantidade de insulina que aumenta a quantidade que foi prescrita ao se aspirar a NPH. E ao se administrar o medicamento também ficará um volume residual na seringa e na agulha, diminuindo a quantidade prescrita. Visando sanar este problema de volume residual, alguns autores12 sugerem que na aspiração do medicamento, em seringa de 1 e 3 ml, seja determinado o uso de uma bolha de ar, para garantir a dose exata do medicamento a ser administrado diariamente no paciente, pois o ar retirará o medicamento da agulha. Dessa forma, acredita-se que a quantidade de ar a ser aspirado dependerá do volume residual encontrado em cada seringa e agulha pesquisada, que varia de 0,05 ml a 0,07 ml. A administração de todo conteúdo de uma medicação promoverá segurança maior aos pacientes em respeito à dose exata conforme a prescrição médica, a partir das evidências observadas com relação à troca de agulha e às sobras de volumes residuais em seringas e agulhas. Deve-se utilizar a técnica adequada, sempre visando o bem-estar do paciente, procurando reduzir então efeitos indesejáveis diante da prescrição realizada. Para o alcance dos resultados esperados pelos médicos, antes de administrar um medicamento,

Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2009 jul/set; 17(3):412-7.

• p.415

Artigo de Pesquisa Original Research Artículo de Investigación

Volume residual em seringas e agulhas

deve-se verificar os cinco certos e evitar qualquer fator que possa levar a um erro. O médico prescreve, porém, os cuidados com a administração, já que a observação dos efeitos colaterais e indesejáveis, a segurança do preparo do medicamento e a administração dele estão centrados na assistência de enfermagem. O local e o mecanismo de ação de um fármaco são importantes para a avaliação. Os profissionais de enfermagem podem avaliar se o medicamento está causando efeito esperado, através da monitorização dos efeitos, evitando os indesejáveis ou tóxicos. Essa investigação não é realizada apenas por médicos, mas principalmente pelos profissionais de enfermagem, que administram os medicamentos e permanecem 24 horas junto com o paciente6. Diante dos resultados obtidos, os autores do presente estudo pensaram em sugerir que não se realizasse a troca de agulha após o preparo da medicação e sua administração, principalmente por via SC, e mais precisamente para aplicação de heparina e insulina em pequenas doses, ou seja, a administração da medicação com a mesma agulha utilizada durante o preparo, pois na agulha ficará um volume residual que, depois da retirada do ar da seringa, será desprezado junto com a agulha. Assim, não será administrada a quantidade prescrita. Porém para alguns especialistas2,5,9, a troca de agulha é indicada após o preparo de medicação, principalmente com soluções irritantes para o tecido humano ou quando for aspirado frasco ampola, pois pode causar irritação tecidual e perda do corte do bisel. A utilização de uma agulha com filtro para se aspirar o medicamento da ampola impede a aspiração de fragmentos de vidro ou borracha que possam estar contidos na ampola ou frasco ampola após serem quebrados. Se não estiver disponível a agulha com filtro, deve-se realizar a troca de agulha após a aspiração do medicamento². Diante do exposto, vê-se que a educação permanente é de fundamental importância na prática da enfermagem. Erros podem ser cometidos no momento do preparo e administração de medicamentos e somente os treinamentos constantes podem assegurar um preparo e administração mais seguros. Com a promoção de treinamento, as instituições valorizam o trabalho dos profissionais da enfermagem, o que reverte em maior satisfação e melhor produtividade com garantia de trabalho seguro14.

CONCLUSÃO

Por meio dos resultados obtidos, foi possível identificar que há volume residual em seringas e agulhas após a administração do medicamento pelas vias parenterais. O estudo detectou que a dose de um medicamento pode ser aplicada incorretamente. Foi verificado que os artigos já publicados naliteratura nacional, aos quais os pesquisadores tive p.416 •

Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2009 jul/set; 17(3):412-7.

ram acesso, tratam apenas do erro de medicação durante a sua administração e preparo, não havendo menção de investigações sobre a existência de volume residual. É importante ressaltar que ao não ser considerado o volume residual, na administração de um medicamento, pode levar a um erro de dosagem e este ato pode trazer um prejuízo ao paciente, diminuindo o efeito terapêutico e/ou profilático desejado. Diante dos achados deste estudo, sugere-se que, sempre que possível, principalmente em aplicações SC, deva-se utilizar seringas agulhadas para administrar os medicamentos, pois elas não apresentam volume residual, supondo-se que seja pelo fato delas não possuirem bico e da agulha não ter canhão. Apesar de não ter sido testada a seringa com ponta no êmbolo, supõe-se que ela possa diminuir a retenção de volume residual, uma vez que o êmbolo auxilia a introdução do volume existente no bico da seringa. Sugere-se o desenvolvimento de estudos relacionados a esse tipo de seringa. Recomenda-se a replicação deste estudo com as diversas marcas de seringas e agulhas disponíveis para confirmação dos achados e indicação ou não da troca de agulhas após a administração de medicamentos por via SC. A educação continuada dos profissionais é uma das metas a ser alcançada, pois permite ampliar os conhecimentos técnicos, científicos e éticos em benefício do paciente e da própria equipe de enfermagem. O mercado é invadido por novos medicamentos e novas apresentações o tempo todo, obrigando o profissional a buscar atualização frequentemente.

REFERÊNCIAS 1. Larini L. Fármacos e medicamentos. Porto Alegre(RS): Artmed; 2008. 2. Cassiani SHB. Administração de medicamentos. São Paulo: EPU; 2000. 3. Conselho Regional de Enfermagem – São Paulo(SP). Erros de medicação e subnotificação. Revista Conselho regional de enfermagem de São Paulo. 2007; 8(70): 8-11. 4. Silva AEBC, Cassiani SHB. Administração de medicamentos: uma visão sistêmica para o desenvolvimento de medidas preventivas dos erros na medicação. Revista Eletrônica de Enfermagem. 2004. 6. [citado em 15 jul 2008] Disponível em: www.fen.ufg.br. 5. Silva MT, Silva SRLPT. Cálculo e administração de medicamentos na enfermagem. São Paulo: Martinari; 2008. 6. Figueiredo NMA. Administração de medicamentos: revisando uma prática de enfermagem. 9a ed. São Caetano do Sul (SP): Difusão; 2003. 7. Carvalho VT, Cassiani SHB. Erros na medicação: análise das situações relatadas pelos profissionais de enfermagem. Medicina. (Ribeirão Preto) 2000; 33: 322-30.

Recebido em: 16.01.2009 – Aprovado em: 27.03.2009

Artigo de Pesquisa Original Research Artículo de Investigación

Costa JC, Pereira LAS, Reis LLR, Fabrício-Wehbe SCC, Furlan MLS

8. Miasso AI, Silva AEBC, Cassiani SHB, Grou CR, Oliveira RC, Fakih FT. O processo de preparo e administração de medicamentos: identificação de problemas para propor melhorias e prevenir erros de medicação. Rev Latino-am Enfermagem. 2006; 10:354-63. 9. Potter PA, Perry AG. Fundamentos de enfermagem. 5a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2004. 10. Carvalho VT, Cassiani SHB, Chiericato C, Miasso AI. Erros mais comuns e fatores de risco na administração de medicamentos em unidades básicas de saúde. Rev Latino-am Enfermagem. 1999; 7(5):67-75.

11. Ferreira AM, Toledo AD, Santos GP, Rezende K. Técnica de preparo de medicamentos parenterais: tocar ou não no êmbolo? Rev enferm UERJ. 2007; 15:20-6. 12. Souza CR, Zanetti ML. Administração de insulina: uma abordagem fundamental na educação em diabetes. Rev Esc Enf USP. 2000; 34(3): 264-70. 13. Swearingen PL, Howard CA. Atlas fotográfico de procedimentos de enfermagem. 3a ed. Porto Alegre(RS): Artmed; 2001. 14. Santos MCL, Braga VAB, Fernandes AFC. Nível de satisfação dos enfermeiros com seu trabalho. Rev enferm UERJ. 2008; 16:101-5.

Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2009 jul/set; 17(3):412-7.

• p.417

Lihat lebih banyak...

Comentarios

Copyright © 2017 DATOSPDF Inc.