Hidrologia Ambiental

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Descripción

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Almeida Meque Gomundanhe1

Hidrologia Ambiental

Lichinga 2015 1

Mestrado em Educação/Ensino de Química. Docente no Departamento de Ciências Naturais e Matemática, no curso de Química, na Universidade Pedagógica-Niassa. [email protected]

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ÍNDICE Introdução ................................................................................................................................. 4 1. Introdução ao estudo da Hidrologia Ambiental ................................................................ 5 1.1. Objecto de estudo ................................................................................................................ 5 1.2. Métodos de estudo ............................................................................................................... 5 1.3. Climatologia ........................................................................................................................ 6 1.3.1. Como surgem as chuvas? ................................................................................................. 6 1.3.2. Grandezas e unidades de medida das chuvas ................................................................... 7 1.3.3. Aparelhos usados na medição de precipitação ................................................................. 7 1.4. Balanço hídrico .................................................................................................................... 7 1.5. Aplicações da hidrologia na engenharia .............................................................................. 8 2. Sistemas de colecta de dados de interesse para a Hidrologia ........................................... 8 3. Bacias hidrográficas ............................................................................................................. 9 3.1. Características ...................................................................................................................... 9 3.2. Planeamento de bacias hidrográficas: dados necessários .................................................. 12 4. Evapotranspiração ............................................................................................................. 12 4.1. Factores que influenciam a evapotranspiração .................................................................. 13 4.2. Evaporação em solo sem vegetação .................................................................................. 14 5. Infiltração ............................................................................................................................ 15 6. Escoamento superficial da água ........................................................................................ 16 6.1. Rede de drenagem: constituição ........................................................................................ 17 6.2. Tipos do escoamento dos cursos de água .......................................................................... 17 6.3. Grandezas do escoamento superficial................................................................................ 17

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6.4. Medidas do nível de água .................................................................................................. 18 6.4.1. Cuidados na medição ...................................................................................................... 18 6.4.2. Equipamentos de medida ................................................................................................ 18 6.5. Equipamento de medida de velocidade do curso de água ................................................. 19 7.Conclusão ............................................................................................................................. 20 Referências bibliográficas ...................................................................................................... 21

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Introdução Geralmente na natureza tem caído águas de chuva que se deslocam para diversos lugares, nomeadamente rios, lagoas, lagos, vala de drenagem e uma parte da água de chuva pode retornar à atmosfera por processos de vaporização (solos) ou transpiração (vegetais). E é muito importante conhecermos os diferentes mecanismos de deslocamento deste precioso líquido nessas diferentes regiões, os factores que afectam este deslocamento e os mecanismos de recuperação. Tudo isso é tratado na Hidrologia. A água é muito importante, pois a partir dela conseguimos satisfazer muitas das nossas necessidades, sobretudo tomar banho, misturar cimento nas obras, irrigar as plantas na agricultura, etc. Mas a mesma está cada vez mais escassa. Para fazer face a esta escassez é importante que preservemos as regiões que reservam a mesma. Essas regiões são chamadas bacias hidrográficas. Este ensaio objectiva explicar os processos de formação de chuva, o seu escoamento ao nível superficial, subterrâneo, as condições para o seu escoamento, as formas de medição dos seus níveis, mencionar os principais métodos de estudo da hidrografia. O presente ensaio encontra-se estruturado da seguinte maneira: 1. Introdução ao estudo da Hidrologia Ambiental: trata do objecto e métodos de estudo da hidrologia, climatologia, chuvas. 2. Sistemas de colecta de dados de interesse para a Hidrologia: trata dos diferentes sistemas relacionados com a colecta de dados. 3. Bacias hidrográficas: define-se o conceito de hidrologia, as suas características. 4. Evapotranspiração: define-se o conceito de evapotranspiração e indicam-se os factores que a influenciam. 5. Infiltração: trata-se das fases de infiltração e as condições para a sua ocorrência. 6. Escoamento superficial da água: trata-se dos diferentes tipos de escoamento. E finalmente apresenta-se a conclusão e as referências bibliográficas que serviram de base a elaboração deste ensaio.

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1. Introdução ao estudo da Hidrologia Ambiental 1.1. Objecto de estudo Hidrologia Ambiental é a ciência que se dedica ao estudo das fontes, mecanismos e tipos de escoamentos, transformação em diferentes estados físicos e a recuperação da água e o seu impacto no ambiente. A recuperação da água só é possível graças a um processo natural que se designa por ciclo hidrológico. Uma parte do ciclo ocorre na atmosfera e a outra na terra. Em ambas partes ocorre o armazenamento não definitivo da água, transporte e transformações físicas. Portanto, para o processamento do ciclo hidrológico deve ocorrer a precipitação atmosférica, escoamentos subterrâneos (chuva, granizo, neve, orvalho) e superficiais (torrentes, rios e lagos), evaporação e transpiração. A evaporação ocorre na superfície das águas e no solo e já a transpiração ocorre nos seres vivos, nomeadamente nos vegetais e animais.

1.2. Métodos de estudo Qualquer área da ciência tem usado métodos específicos para a obtenção dos resultados e consequentemente o alcance dos objectivos. Estes resultados podem ser verificados e comparados através do processo de repetição das experiências. Entretanto, os fenómenos na hidrologia não se repetem e nem são verificáveis através do método experimental. Por isso, foram desenvolvidos métodos específicos para o estudo da hidrologia a saber: método estocástico e o método paramétrico.  No método estocástico, os dados obtidos através das variáveis observadas são tratados usando os conhecimentos estatísticos. A partir deste método pode-se prever duma forma futurística, o regime de cursos de água.  No método paramétrico, analisam-se e relacionam-se os parâmetros físicos (cor, turbidez, cheiro, etc) com todos processos que ocorrem com a água e a sua evolução.

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1.3. Climatologia Os mecanismos de escoamento, transformação em diferentes estados físicos e a recuperação da água estão intimamente ligados ao clima. E a ciência que se dedica ao estudo do clima dáse o nome de climatologia. O clima é influenciado por temperatura, humidade, pressão atmosférica, vento, chuvas.  Temperatura: é o calor que se encontra no ar.  Humidade: é quantidade de vapor de água que se encontra na atmosfera.  Pressão atmosférica: é a força que é feita pela atmosfera sobre a terra.  Vento: é o ar que que provem da atmosfera e se encontra em movimento.  Chuvas: é líquido que resulta do processo de condensação.

1.3.1. Como surgem as chuvas? O processo de precipitação ocorre devido as duas causas, a saber: atracção entre as gotículas e a mistura de vapor de água e as gotículas.  Atracção entre as gotículas: quanto maior for a aproximação entre as gotículas, maior se tornam as mesmas. Esta aproximação é devida a força electrostática, indução electromagnética, etc).  Envolvimento das gotículas pelo vapor de água: o vapor de água aumenta o tamanho das gotículas e consequentemente acelera o processo de condensação. As chuvas podem ser classificadas em frontal, orográfica e de convecção térmica.  Frontal: resulta do encontro entre o ar húmido e a região quente. Este encontro ocasiona condensação e consequentemente a chuva. Geralmente são chuvas longas, mas de pouca duração.  Orográficas: as correntes de ar quente e húmida sofrem uma reflexão feita pelas montanhas e daí são forçadas a subir. E durante esta subida ocorre o processo de condensação e consequentemente a chuva. Geralmente são de fraca intensidade e não cessam rapidamente.

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 Chuvas de convecção térmica: resultam do contacto entre o vapor de água e o ar frio. Ao se encontrarem estas duas fases, ocorre a condensação e daí a queda da chuva. Essas chuvas geralmente causam inundações.

1.3.2. Grandezas e unidades de medida das chuvas Grandezas

Unidades

Altura pluviométrica ou altura de precipitação (h)

mm, polegada

Duração (t)

Minutos ou horas

Intensidade (i)

Litros, segundo, hectare

Frequência (T)

mm/minuto

1.3.3. Aparelhos usados na medição de precipitação Os aparelhos usados na medição de precipitação são pluviómetros, pluviógrafo.  Pluviómetros são usados para medir diariamente a quantidade de água que atinge o solo ou para indicar a intensidade média em 12h.  Pluviógrafo: usa-se quando se pretende fazer o registo contínuo de precipitações. Podemos encontrar três tipos de Pluviógrafo, nomeadamente pluviógrafo de flutuador, de balança e basculante.  Pluviógrafo de flutuador: consiste em medir as variações do nível da água.  Pluviógrafo de balança: consiste em pesar a água recolhida através de um recipiente.  Pluviógrafo basculante: é constituído por dois recipientes, sendo um serve de receptor das águas provenientes douto recipiente.

1.4. Balanço hídrico A água pode se apresentar na natureza em três estados, nomeadamente líquido, sólido e gasoso. Entretanto, esses estados podem ter quantidades diferentes de água. Daí que urge a necessidade de quantificá-la num determinado intervalo de tempo. E essa tentativa de quantificarmos a água dos três estados físicos, num determinado espaço de tempo dá-se o nome de balanço hídrico.

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1.5. Aplicações da hidrologia na engenharia Os conhecimentos da hidrologia são usados na engenharia para:  Se determinar a quantidade de água existente numa zona;  Permitir construir obras cujo seu funcionamento dependa da existência da água numa determinada zona;  Facilitar o processo de irrigação por exemplo, nas grandes machambas;  Através dos parâmetros físicos determinar-se o nível de poluição das águas; 

Monitorar o problema de erosão;

 Se saber a possibilidade de navegabilidade no rio, lago, etc.  Se saber a capacidade dos rios, lagos tem de fornecer a energia;  Se evitar as inundações cíclicas.

2. Sistemas de colecta de dados de interesse para a Hidrologia Para a construção de poços, barragens, edifícios, abertura de machambas etc., é necessário que se tenha informações sobre a quantidade de água existente numa determinada região. Essas informações são colectadas através de sistemas clássicos, especiais, de satélite.

Sistemas clássicos Esses sistemas consistem no uso de serviços meteorológicos para a medição atmosférica. Esta medição é feita numa estação que se chama meteorológica. A partir desta estação obtêm-se dados relativos a amplitude da temperatura (ex.: do ar, do solo), pressão atmosférica, humidade relativa do ar, direcção e velocidade dos ventos, evaporação e pluviometria. Geralmente, as medições são feitas periodicamente em horas não variadas de acordo os padrões e processos internacionais. De salientar que a temperatura do solo é determinada através do uso de termómetro nas escalas de Celsius (oC) e Farenheit (oF) e termógrafos. Este último fornece temperatura em tira de papel duma forma contínua. A pressão atmosférica é determinada através de barómetro de mercúrio ou um barómetro aneróide e a unidade usada é milímetro por mercúrio (mm/Hg) ou milibar (mb). E o termómetro de bulbo húmido é usado para medir a humidade do ar ou psicómetro.

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A direcção da velocidade do vento é determinada através de anemómetro. As unidades usadas são m/h, km/h, etc. O evaporímetro mede o nível de evaporação. Já a precipitação é determinada por aparelhos designados por pluviómetro e pluviógrafo. Sistemas especiais Esses sistemas consistem em determinar a direcção e a velocidade dos ventos, temperatura, pressão atmosférica, humidade relativa do ar, ecos através do uso de aparelhos tais como radarvento, radiossondagem e radar meteorológico.  O radarvento determina em altitude, a direcção e a velocidade dos ventos.  A radiossondagem avalia a direcção e a velocidade dos ventos temperatura, pressão atmosférica, humidade relativa do ar.  O radar meteorológico observa a temperatura do ar, do solo, a pressão atmosférica, humidade relativa do ar, direcção e velocidade dos ventos, evaporação e pluviometria através de um radar. Sistemas de satélites Esses são sistemas que obtêm dados ambientais que os sistemas anteriores não os conseguem obter. Os dados obtidos através deste sistema provêm duma vasta área. Quando esses dados são captados pelos satélites imediatamente são encaminhados para um centro de recepção que se encontra na terra. O receptor terrestre se encarrega em processá-los e espalhá-los. Esses dadossão transmitidos sob a forma de imagens e número em tempo real.

3. Bacias hidrográficas Quando a água da chuva chega a terra é escoada superficial ou subterraneamente numa única direcção, a uma determinada área de terra declinada que serve de armazém da mesma. E esta área que serve de armazenamento da água proveniente das chuvas dá-se o nome de bacia hidrográfica.

3.1. Características As características hidrográficas dividem-se em topográficas, fluviomorfológicas, geológicas, térmicas.

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Características topográficas Essas características referem-se às muitas curvas de nível (altitudes) em que se encontram localizadas (acima ou abaixo) as bacias hidrográficas, a declividade (permite o estudo de erosão) do leito desenvolvido (abcissa) e a altitude de fundo (ordenadas). Características fluviomorfológicas Essas características referem-se da maior capacidade das bacias em escoar (vazar) maiores quantidades de água e consequentemente causarem (cheias) devido a maior aproximação das partículas das mesmas(índice de compacidade) que não permite a captação das águas de chuva pelas bacias. A vazão dada pelas bacias depende do grau de irregularidade que elas tiverem. Isto é, quanto mais for o grau de irregularidade da bacia, mais elevado o pico de enchentes fica. O índice de compacidade é dado pela seguinte expressão matemática: Kc 

P 2 n A

 0,28

P A

Onde: K c : índice de compacidade.

P : perímetro da bacia

A : área da bacia

Quanto maior for o K c , maior a quantidade de agua que é vazada pela bacia. Uma bacia hidrográfica ideal é aquela que possui K c = 1. As características fluviomorfológicas referem-se igualmente ao nível de alongamento das bacias hidrográficas. Este alongamento da bacia é caracterizado por um factor de forma ( K f ). O alongamento da bacia hidrográfica é directamente proporcional ao valor de K f . Kf 

A L2

Onde: K f : factor de forma A : área da bacia L : largura média da bacia

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Na pratica, o valor de K f do valor da área da bacia hidrográfica. Ou seja, o alongamento duma bacia é considerado maior se a sua área for também maior. E por outra, o K f nos dá informação sobre o índice de conformação da bacia (formato e forma). E finalmente estas características referem-se também a capacidade das bacias de escoarem as suas águas aos rios (densidade de drenagem). E o escoamento rápido dessas águas para os rios depende do volume de água existente numa determinada área da bacia. Isto é, se o volume das águas for maior em relação a área da bacia, mais rápido será o seu escoamento para os rios. E isso tem sido maior causa de cheias. A expressão matemática da densidade de drenagem (Dd):

Dd 

Ltotal A

Onde: L – comprimento total de curso de agua numa bacia.

A : área da bacia.

Características geológicas Referem-se a capacidade dos solos serem ou não permeáveis. Isso determina o nível de escoamento das águas das bacias e consequentemente no volume das enchentes. Cobertura vegetal A vegetação desempenha uma função importante na regulação das vazões das águas provenientes das bacias. Isso é importante na diminuição do escoamento das águas para os rios. Ou seja, a vegetação evita a ocorrência de cheias catastróficas e também a erosão. Por isso, há necessidade de se promover uma educação ambiental à população, no sentido de sensibiliza-la para não cortar discriminadamente as árvores e as ervas nas partes mais altas da bacia hidrográficas e ao longo das margens dos rios e ribeiros. Essa atitude promove constantemente as características físicas e a quantidade de água subterrânea. Características térmicas Referem-se da troca de calor entre o solo, a atmosfera, os lençóis freáticos e outros factores.

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3.2. Planeamento de bacias hidrográficas: dados necessários O planeamento de bacias hidrográficas consistem em facilitar a obtenção de dados relativos a disponibilidade dos recursos hídricos através da sua localização e estabelecer o prazo da exploração desses recursos de forma a se garantir o seu uso sustentável. Os dados usados para o planeamento de bacias hidrográficas estão relacionados a qualidade e quantidade da água, cartografia da bacia, morfologia e geologia da região e finalmente da questão sócio-económica da região onde se encontra localizada a bacia em estudo.  Qualidade da água: são dados que dizem respeito ao nível de poluição ou contaminação que se encontra a água da bacia.  Quantidade da água: são dados que se referem do volume da água existente na bacia.  Morfologia e geologia: são dados relacionados a formato, forma e a capacidade ou não de permeabilidade dos terrenos das bacias.  Sócio-económica da região onde se encontra localizada a bacia em estudo: são dados que se referem do poder de compra da população que vive naquela região que se encontra localizada a bacia hidrográfica.

4. Evapotranspiração Esta palavra é composta por duas, nomeadamente a evaporação e transpiração. A evaporação é um processo natural que consiste na passagem de substância (água precipitada) do estado líquido ao gasoso. Esta água precipitada pode ser encontrada na superfície do solo e na água dos mares, nos lagos, nos rios e nos reservatórios de acumulação. Já a transpiração é um processo que decorre nos vegetais e consiste na perda de água proveniente por exemplo, do solo por evaporação. A água do solo retirada por vegetais através das suas raízes é muito importante para a realização das suas actividades vitais e a recuperação da mesma pela atmosfera. Esta recuperação é feita graças a devolução da mesma sob a forma de vapor à atmosfera. Em suma, a evapotranspiração é o conjunto de processos que consistem na transformação da água precipitada pela superfície e eliminada pelos vegetais sob a forma de vapor.

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Expressão matemática: ET  E s  T Onde: ET : evapotranspiração

E s : evaporação da água do solo T : evaporação da água absorvida pelas plantas.

A evapotranspiração é caracterizada por perda da água por evaporação ou por transpiração e também pela intensidade de evaporação ou de transpiração.  Perda da água por evaporação ou por transpiração: refere-se da quantidade da água que é perdida por unidade de área durante um certo tempo. E a sua grandeza é medida em mm.  Intensidade de evaporação ou de transpiração: refere-se da velocidade em que se processa a perda da água por esse dois processos. E a sua grandeza é medida em mm/hora ou mm/dia. Portanto, o processo de evapotranspiração é muito importante para reposição da água à atmosfera e consequentemente o favorecimento da formação da chuva que vai alimentar a bacia.

4.1. Factores que influenciam a evapotranspiração O processo de evapotranspiração depende de vários factores, a saber: grau de humidade relativa do ar atmosférico, vento, temperatura, radiação solar, pressão barométrica, salinidade da água, evaporação na superfície do solo, transpiração.  Grau de humidade relativa do ar atmosférico: significa que a evapotranspiração depende do grau de saturação da humidade que o ar tive, isto é, quanto mais saturado o ar estiver de humidade, menor é a perda de água feita pela superfície da terra e pelos vegetais.

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 Vento: quanto maior for a intensidade do vento, mais é a intensidade da evapotranspiração, pois o vento faz com que o ar húmido fique mais distante da superfície da evaporação.  Temperatura: quanto maior for a temperatura, rapidamente o líquido que se encontra na superfície da terra e nos vegetais se transforma em vapor.  Radiação solar: favorece o ciclo hidrológico.  Pressão barométrica: significa que a evaporação depende da altitude. Ou seja, quanto maior for a altitude, maior é a evaporação devido a diminuição da pressão.  Salinidade da água: a evaporação depende da concentração do sal existente na agua, isto é, quanto maior for a concentração do sal, menor é a evaporação.  Evaporação na superfície do solo: significa que a evaporação depende das características do solo.  Transpiração: significa que este processo depende da humidade do solo na zona das raízes, características do solo, o nível do lençol freático e ao regime de precipitações, das espécies das plantas, da sua idade e do desenvolvimento de folhas, pois a transpiração é feita ao nível das folhas.

4.2. Evaporação em solo sem vegetação A vegetação desempenha um papel muito importante na intensificação da evaporação pela superfície do solo e pela transpiração que é feita por ela. Mas casos em que, a superfície da terra é lhe retirada a vegetação. Então, para se suprir a deficiência de evaporação por ausência da vegetação, o lençol freático deve se situar muito próximo da superfície do solo, deve ocorrer a infiltração das águas de chuva à pequena profundidade e os solos devem apresentar uma saturação estável após a precipitação muito abundantes ou na muito próximo da superfície de solos muito pouco permeáveis.

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5. Infiltração Nem toda a água proveniente do processo de precipitação fica na superfície do solo. Ou seja, a outra parte penetra nas camadas próximas da superfície da terra. Este processo de penetração das águas de chuva nas camadas mais próximas da superfície da terra dá-se o nome de infiltração. E este processo depende das características geológicas do solo, do relevo e do tipo de vegetação. O processo de infiltração decorre em três fases, nomeadamente intercâmbio, de descida e de circulação.  Fase de intercâmbio: é a primeira fase em que a água não penetra às camadas da superfície da terra devido a capilaridade provocada por evaporação e a presença de plantas na superfície da terra. E aqui, as partículas da água são obrigadas a retornarem a atmosfera.  Fase de descida: aqui a capilaridade de evaporação é rompida pela força de gravidade, forçando deste modo a descida da agua de chuva à camadas permeáveis.  Fase de circulação: esta verifica-se quando os solos se encontram saturados de água de chuva. E a condição para que haja a circulação (escoamento) da água é que a mesma se encontre em solos impermeáveis e inclinados (maior declive). A camada de terreno onde ocorrem o intercâmbio e descida da água de chuva dá-se o nome de zona aeração. Já a zona onde se desenvolve a circulação da água de chuva dá-se o nome de zona de saturação. O processo de infiltração caracteriza-se pelas seguintes grandezas: capacidade de infiltração, distribuição granulométrica, porosidade de um solo, velocidade de infiltração, coeficiente de permeabilidade, suprimento específico, superfície específico e tipo de solo.  Capacidade de infiltração: diz respeito ao volume total da água que um solo pode absorver por unidade de superfície horizontal, durante a uma hora (mm/hora).  Distribuição granulométrica: significa que a infiltração depende do tamanho das partículas que compõem o solo.

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 Porosidade de um solo: significa o número de espaços vazios encontrados no solo. Ou seja, quanto maior for o número de espaços vazios apresentarem os solos, maior é a velocidade de infiltração das águas de chuva nas camadas permeáveis.  Velocidade de infiltração: refere-se da rapidez que as águas de chuva levam para alcançarem as camadas de permeáveis. Quanto maior for a rapidez da infiltração, maior é o volume da agua de chuva infiltrada. E a sua unidade expressa-se em m/s, m/dia ou m3/m2 dia, mm/s.  Coeficiente de permeabilidade: indica a maior ou menor facilidade que os solos apresentam em relação ao escoamento de água através das camadas permeáveis. Ou por outra, quanto maior for o coeficiente de permeabilidade, maior é a velocidade da infiltração das águas. Este factor tem relação com a granulometria, porosidade e a forma dos grãos. E a sua unidade expressa-se em m/dia, cm/s, m3/m2 dia.  Suprimento específico: tem a ver com a relação existente entre a quantidade de água e o nível de saturação de solos. É expresso em percentagem.  Retenção específica: refere-se a quantidade de água retida no solo após o processo de infiltração. É expressa em percentagem do volume do solo saturado.  Tipo de solo: refere-se das características morfológicas e geológicas do solo.

6. Escoamento superficial da água Após as águas de chuva serem infiltradas por camadas permeáveis superficiais do terreno, elas podem se deslocar dependendo do nível de permeabilidade e inclinação da camada superficial do terreno. Isto é, a água só se pode deslocar quando estiver sobre uma camada impermeável (saturada) e com uma inclinação (declive). E este processo que envolve o deslocamento de água por acção da força de gravidade na superfície da terra dá-se o nome de escoamento superficial. O escoamento das águas constitui a fase muito importante do ciclo hidrológico.

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6.1. Rede de drenagem: constituição A rede de drenagem superficial é constituída por águas livres e águas sujeitas. As águas livres são aquelas que sobram do volume total de água precipitada depois uma parte do volume total se esbarrar nos vegetais, pedras e a outra parte retorna à atmosfera por processo de evaporação dos solos, transpiração dos vegetais. E esta parte que sobra (água livre) desloca-se livremente pela superfície do terreno dependendo do grau de inclinação (declive) do mesmo. O estudo das águas livres permitem obter informações sobre o processo de erosão e consequentemente decidir-se melhor sobre a escolha dos solos bons (que não sofrem o desgaste do solo), à prática da agricultura. As águas sujeitas surgem da confluência das águas livres para os pontos mais baixos passando a deslocarem-se pelos conjuntos pequenos de canais que forma pequenas redes de drenagem.

6.2. Tipos do escoamento dos cursos de água As águas de chuva podem atingir o leito do curso de água por via superfície, subsuperfície, subterrâneo. Daí que, podemos classificar o escoamento dos cursos de água em escoamento superficial, escoamento subsuperficial e escoamento subterrânea.  Escoamento superficial: é aquele que decorre depois do inicio da queda da chuva.  Escoamento subsuperficial: é aquele que decorre na camada mais próxima da superfície do terreno.  Escoamento subterrâneo: este tipo de escoamento decorre mais sem a ocorrência de precipitação e são muito importantes no período de seca.

6.3. Grandezas do escoamento superficial O escoamento superficial é caracterizado pelas seguintes grandezas: coeficiente de deflúvio, nível de água, velocidade, vazão, módulo de deflúvio, vazão específica, altura média, declividade da linha de água.  Coeficiente de deflúvio: quanto menor for a infiltração maior é a quantidade da água que se escoa para o leito dos rios, lagos, lagoas.  Nível de água: refere-se a altura de água que se atinge num dia, mês, ano, etc.

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 Velocidade: refere-se a rapidez que a água leva para atingir o leito dos rios, lagos, lagoas.  Vazão: refere-se a quantidade da água escoada e mede-se em m3/s.  Módulo de deflúvio: refere-se a quantidade de água escoada por ano e mede-se em m3 ou km3.  Altura média: refere-se a quantidade total de água escoada numa determinada área da bacia, mas num determinado intervalo de tempo. E expressa-se em mm.  Declividade da linha da água: refere-se ao nível em se encontra dois pontos da água que esta sendo escoada. Quanto maior for a declividade, maior é o escoamento da agua ao leito dos rios, lago, lagoa. E expressa-se em m/m ou cm/km. 6.4. Medidas do nível de água 6.4.1. Cuidados na medição A medição do nível de água não é feita de qualquer maneira. Para evitarmos ter medidas erradas devemos ter em consideração as oscilações da superfície líquida provenientes de ondas provocadas pelo vento, passagem de embarcações ou silagem de obstáculos (pilares de ponto, árvores, etc.).

6.4.2. Equipamentos de medida Para a medição do nível de água, frequentemente usam-se os seguintes equipamentos: limnímetros (fluviômetros) limnígrafos (fluviógrafos).  Limnímetros (fluviômetros): com este equipamento observa-se directamente o nível de água.  Limnígrafos (fluviógrafos): permitem o registo contínuo das variações do nível de água.

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6.5. Equipamento de medida de velocidade do curso de água A velocidade do curso de água é medida através de equipamentos chamados flutuadores, molinetes, micromolinetes etc.  Flutuadores: refere-se a determinação da rapidez da deslocação da água através do uso de flutuadores. Isto é, quanto mais rápido o flutuador alcançar um ponto do líquido, mais rápido se considera o escoamento da água.  Molinetes: são usados para medir a velocidade da corrente do líquido através da medição de rotação de uma hélice ou conjunto de pás (conchas) móveis. O número das rotações é enviado por um circuito eléctrico.  Micromolinetes: estes destinam-se a medir velocidades menores que 0,20 m/s. E são muito sensíveis.

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7.Conclusão O domínio dos conhecimentos sobre a hidrologia é muito importante, pois permite-nos planificar melhor a nossa vida quanto ao local onde podemos abrir um poço, construir uma barragem, casa, abrir a nossa machamba, etc. Por exemplo, para podermos abrir uma machamba, construirmos uma barragem temos que conhecer a distância que existe entre o lençol freático com a superfície do terreno. Também é possível nos prevenir das cheias cíclicas que têm nos assolado. O escoamento das águas de chuva depende de vários factores, nomeadamente o nível permeabilidade das camadas do solo e a inclinação do mesmo. De salientar que a água de chuva atinge as bacias hidrográficas por via de infiltração da mesma. Porém, nem toda a água sofre o processo de infiltração devido a acção impedidora dos vegetais e outros obstáculos e as características das superfícies da terra. As bacias hidrográficas servem de reservatórios de águas. E a eficiência das bacias depende de vários factores, nomeadamente os vegetais. Os vegetais desempenham a função reguladora, sobretudo na regulação da vazão das águas existentes na bacia para os rios, evitando deste modo as enchentes e consequentemente o aparecimento de várias doenças, destruição de infraestruturas, destruição de culturas existentes nas machambas provocando fome para os animais incluindo o homem. Geralmente, a água tem retornado à atmosfera por via de evaporação dos solos e transpiração dos vegetais. E a água que facilmente evapora é aquela que se encontra sobre a superfície do terreno e a que se encontra na camada do solo mais próxima da superfície do terreno. Portanto, a medição dos níveis de água não é feita aleatoriamente. Ou seja, deve-se recorrer aos equipamentos específicos.

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Referências bibliográficas DEPARTAMENTO DE MEDIO AMBIENTE Y CIENCIAS DEL SUELO. (2001). Agrometeorologia. 2ª ed. Madrid: Ediciones Mundi-Prensa. FADEM, Pam; CONANT, Jeff. (2013). Guia Comunitário de Saúde Ambiental. Cape Town: TALC. GARCEZ, Lucas Nogueira; ALVAREZ, Guillermo Acosta. (1988). Hidrologia. 2ª ed. São Paulo: Editora Edgard Blucher Ltda. UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALOGOAS; UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Princípios de Hidrologia Ambiental. Brasil.

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