Folheto Igreja de Santo António do Estoril

September 27, 2017 | Autor: Ana Cortez de Lobão | Categoría: História Da Arquitetura E Do Urbanismo, História De Arte Em Portugal
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Descripción

Numa composição de grande equilíbrio, a fachada que actualmente se conhece é dessa época, composta de três arcos em cantaria que dão acesso ao adro, o central de maior dimensão, encimados por três janelas grandes que iluminam o coro; na parte superior da fachada uma moldura em cantaria acolhe a imagem em pedra de Santo António com o menino Jesus.

AS DIVERSAS FASES O século XIX veio a dar um novo destino a este convento com a instauração do Liberalismo e a extinção das ordens religiosas masculinas em 1834; no ano seguinte foi vendido o convento em hasta pública a Manuel Joaquim Jorge que, não tendo ficado com a propriedade da Igreja, assumiu o encargo de a manter preservada embora fechada ao culto. Apenas no início do século XX a igreja voltou a conhecer uma nova dinâmica com a criação da Irmandade de Santo António, dirigida por Monsenhor António José Moita que assumiu a sua responsabilidade e a reabriu ao culto em 1914 num tempo de grande adversidade e hostilidade ao Catolicismo.

OS PRIMÓRDIOS Ao entrar na Igreja de Santo António é impossível ficar-se indiferente à beleza e harmonia do seu interior; trata-se dum edifício dos séculos XVII/XVIII com os altares em rica talha barroca, as paredes revestidas com painéis de azulejos e o tecto em abóbada que logo nos capta o olhar, pintado num rasgo de genialidade, de perfeição no traço, representando cenas da vida de Santo António. Aliada a esta riqueza no interior, a fachada apresenta-se harmoniosamente concebida na designada Arquitectura Chã, tipicamente portuguesa. A Igreja de Santo António do Estoril no entanto, tal como hoje a conhecemos, exceptuando o adro revestido de azulejos, a fachada e a antiga sacristia é uma obra de reconstrução que se concretizou após o incêndio que a destruiu quase por completo no dia 22 de Julho de 1927. A Crónica Seráfica descreve a primitiva Igreja de uma só nave, associada ao convento Franciscano que aqui foi construído no século XVI; dispunha então de três altares, o principal onde se destacavam as imagens da Senhora da Boa Nova e de Santo António e os laterais com as imagens de S. Domingos e S. Francisco. Este documento de 1758 conta a história do convento e da igreja até essa data, descrevendo inclusivamente a reconstrução a que se procedeu nos três anos após o terramoto de 1755 que praticamente a destruiu. Por iniciativa do guardião do convento, o franciscano Frei Basílio de S. Boaventura, ali se edificou uma nova igreja de maiores dimensões.

A tragédia destruidora que marcou esta igreja em 1755 com o terramoto, voltou no dia 22 de Julho de 1927, quando um violento incêndio destruiu o templo quase por completo. A partir do projecto do arquitecto Tertuliano Marques e graças à dinâmica de Monsenhor Moita em conjunto com a Comissão de Reconstrução da Igreja, em dois anos ficou concluída a obra; no dia de Santo António, 13 de Junho de 1929, foi inaugurada a Igreja na recém criada paróquia de Santo António.

AZULEJARIA Alguns dos painéis de azulejos do século XVIII (Adro e Sacristia) escaparam às chamas e chegaram até nós mas a restante azulejaria que reveste as paredes da Igreja, foi executada entre 1928/29 pelo mestre azulejador Gilberto Renda a partir dos desenhos do pintor Carlos Bonvalot; da autoria deste artista são também as pinturas do tecto do altar mor e do corpo principal da igreja, alusivas à vida de Santo António e seus milagres, nas quais usou a técnica de têmpera, a mesma depois aplicada no restauro realizado no ano de 2001.

ESTATUÁRIA Toda a estatuária existente na Igreja está assinada e datada Thedim 1929; José Ferreira Thedim era um artífice de Santo Tirso que trabalhava com regularidade para a Igreja portuguesa e foi quem executou a imagem de Nossa Senhora de Fátima da mesma época que está no

Carlos Bonvalot 1893-1934

Santuário Mariano. As imagens no altar-mor são as de S. Domingos e S. Francisco de Assis; no corpo da Igreja, nos altares laterais em talha dourada, estão do lado direito as imagens de Santo António com o Menino Jesus, Nª Senhora das Dores, S. Pedro, e S. José; do lado esquerdo as imagens de Nª Senhora da Conceição, o Sagrado Coração de Jesus, Nª Senhora de Fátima e Santa Teresinha.

RETÁBULOS Os Cinco altares em talha dourada foram trazidos para a Igreja de Santo António onde foram restaurados e ali ganharam novo esplendor como se pertencessem a esta igreja do Estoril desde a sua origem; datam do século XVII/XVIII e eram originalmente da Igreja de Santa Marta em Lisboa, onde foram desmontados e dali retirados quando se alargou o Hospital, ainda no século XIX (foram nessa altura depositados uma parte no Museu de Arte Antiga e outra na Basílica da Estrela).

A sua pintura atravessou diversos campos que vão da paisagem e cenas de costumes, à pintura temática realista de preocupações sociais, ao retracto intimista dos pequenos quadros familiares, usando aguarela, o guache, o pastel e o óleo sobre tela, tendo-se destacado também na área do restauro. No plano das artes decorativas, teve algumas intervenções nomeadamente na sua moradia de Cascais e noutras casas particulares, passando pelo importante contributo, único no género, de pintar o tecto da igreja de Santo António do Estoril, na sua reconstrução após o incêndio de 1927. Ao que se sabe Carlos Bonvalot tinha já procedido ao restauro de quadros existentes na Igreja pelo que, por ser meticuloso no seu trabalho, dispunha de um levantamento de medidas e pormenores do edifício. Esta informação foi crucial para o arquitecto Tertuliano Marques responsável pela obra de reconstrução, que acabou por propor o pintor para a realização da pintura do tecto; de todos os quadros da vida de Santo António que retratou no tecto da Igreja, fez previamente uma pintura a óleo em tela. Nesta intervenção, são também da sua autoria os desenhos dos painéis de azulejos, depois executados pelo azulejador da fábrica Santana, Gilberto Renda. O pintor morreu novo, no ano em que faria 41 anos.

IGREJA DE SANTO ANTÓNIO DO ESTORIL

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