Filosofía y dominación masculina. Aportes críticos de Enrique Dussel y Richard Rorty

August 22, 2017 | Autor: M. Figueroa | Categoría: Pragmatism, Richard Rorty, Filosofía Latinoamericana, Género, Enrique Dussell
Share Embed


Descripción

FILOSOFÍA Y DOMINACIÓN MASCULINA. APORTES CRÍTICOS DE ENRIQUE DUSSEL Y RICHARD RORTY MAXIMILIANO FIGUEROA MUÑOZ Universidad Alberto Hurtado. Santiago de Chile

RESUMEN: Este artículo desarrolla el aporte de dos filósofos contemporáneos en orden a superar la dominación de género que ha existido en nuestras sociedades: Enrique Dussel y Richard Rorty. Los momentos principales que se despliegan son la presentación general de la dominación masculina como paradigma cultural, el esbozo de la implantación tradicional de la filosofía en este paradigma, tomando a Nietzsche como ejemplo, y la exposición de los aportes de la filosofía de la liberación de E. Dussel y del neopragmatismo de R. Rorty para una superación de dicho paradigma, aportes que se articulan como una erótica de la liberación y como una perspectiva anti-esencialista y anti-representacionista, respectivamente. PALABRAS CLAVE: Dussel, Rorty, Nietzsche, género, filosofía latinoamericana, neopragmatismo, dominación masculina, ética. Philosophy and Male Domination. Enrique Dussel and Richard Rorty's Critical Reflections ABSTRACT: This article develops E. Dussel's and R. Rorty's critical reflections on the prevailing gender domination. The main parts of the article are: an introduction on male domination as a cultural paradigm, an outline of the traditional position of philosophy with regard to this paradigm, taking Nietzsche as an example, and a presentation of the reflections of Dussel's philosophy of liberation and Rorty's neopragmatism aimed at overcoming this paradigm —reflections that are structured as an erotic of liberation and as an anti-essentialist and anti-representationalist perspective, respectively. KEY WORDS: Dussel, Rorty, Nietzsche, gender, Latin American philosophy, neopragmatism, male domination, ethics.

LA DOMINACIÓN MASCULINA Y «LA PARADOJA DE LA DOXA»

Que la dominación masculina ha existido y operado c o m o paradigma cultural con siglos de vigencia, es algo que ya nadie p u e d e d e s c o n o c e r sin delatar ignorancia, indolencia o c i n i s m o . Este paradigma representa la articulación enraizada —social, existencial e históricamente— de ciertas coordenadas de c o m p r e n s i ó n que h a n nutrido valoraciones y juicios, que h a n instaurado n o r m a s e instituciones, generado hábitos y destinando roles desde una óptica masculina d o m i n a d o r a y determinante de las relaciones entre h o m b r e y mujer. Nuestro ethos se ha construido desde una lógica marcadamente androcéntrica, y a los divers o s m o d o s de darse la injusticia se hace necesario s u m a r c o m o capítulo sobresaliente la injusticia de género: legalizada, institucionalizada, e incluso ontologizada en nuestras sociedades. D e u n m o d o persistente, y a través de m o d u l a c i o n e s diversas, esta situación también ha c o m p o r t a d o la violencia c o m o dispositivo activo en toda configuración de d o m i nio: ha existido una violencia psicológica y física, social y e c o n ó m i c a , política y doméstica, es decir, c o n huellas verificables tanto en el plano material c o m o simbólico. ¿ C ó m o se construye y afianza e n la historia u n a s i t u a c i ó n de d o m i n a c i ó n s e m e j a n te? E n p o c o m á s de c i e n a ñ o s , las respuestas exploradas frente a esta c u e s t i ó n h a n s i d o PENSAMIENTO, ISSN 0031-4749

PENSAMIENTO, vol. 62 (2006), núm. 233, pp. 345-354

346

M. FIGUEROA, FILOSOFÍA

Y DOMINACIÓN

MASCULINA

variadas. C o m o m o v i m i e n t o social y perspectiva de p e n s a m i e n t o , el f e m i n i s m o ha tenid o el m é r i t o d e m o s t r a r n o s la larga invisibilidad histórica de este f e n ó m e n o : ha h e c h o patente el e n c u b r i m i e n t o ideológico que ha perpetuado su existencia e inhibido su desenm a s c a r a m i e n t o , d e n u n c i a y superación. E s posible afirmar q u e u n cierto g e s t o cultural, u n a e s p e c i e de estrategia constructiva del i m a g i n a r i o social ha o p e r a d o c o m o c o n d i c i ó n d e posibilidad d e la existencia y d u r a c i ó n del ethos d e la d o m i n a c i ó n m a s c u l i n a . S e trata de lo q u e p u e d e n d e n o m i n a r s e trabajos o m e c a n i s m o s d e des-historización o esencialización, que d a n lugar a l o que tan ac e r tadame nte el s o c i ó l o g o francés Pierre Bourdieu llamó «la paradoja de la doxa»'. Esta n o c i ó n refiere a u n p r o c e s o d e «transformación d e la historia e n naturaleza, d e la arbitrariedad cultural e n natural» , u n a suerte d e inversión del vínculo entre las c a u s a s y los efectos, que lleva a que u n a construcción social devenga naturalizada y termine o p e r a n d o c o m o f u n d a m e n t o natural, tanto de la división q u e está e n la realidad, c o m o de la repres e n t a c i ó n q u e n o s h a c e m o s d e ella. E s la propia s o c i e d a d la q u e suele desarrollar l o s m e d i o s para q u e se olvide q u e la «doxa» e s tal; familia, Estado, legislación, escuela, iglesia h a n c o m p o r t a d o , m u c h a s veces en la historia, d i n á m i c a s que van propiciando la disol u c i ó n d e las huellas q u e delatan la c o n s t r u c c i ó n social e histórica p r e c i s a m e n t e c o m o una construcción. 2

Cuando se miran las c o s a s desde esta perspectiva, s e explican a l g u n o s f e n ó m e n o s q u e n o p o r el h e c h o de s e r tantas v e c e s d e n u n c i a d o s dejan de tener todavía cierta fuerza y p r e s e n c i a entre n o s o t r o s . Primero, el paradigma de la d o m i n a c i ó n m a s c u l i n a h a implic a d o u n m o d o de estar y d e ser e n el m u n d o , de vivir la vida, internalizado e n y por n o s o tros, ge ne r ador d e u n ethos q u e alimenta d i s p o s i c i o n e s q u e —fortalecidas por la socializ a c i ó n — d e v i e n e n p r e d i s p o s i c i o n e s . S e g u n d o , tal p a r a d i g m a crea c o n d i c i o n e s para q u e l o s d o m i n a d o s introyecten la d o m i n a c i ó n , la mistifiquen, llegando a c o m p r e n d e r l a , a considerarla u n sino, a verse y p o s i c i o n a r s e c o m o sujetos d e s d e esas c o o r d e n a d a s . Tercero, la e n o r m e fuerza del orden m a s c u l i n o s e evidencia, también, e n que históricamente ha p r e s c i n d i d o d e c u a l q u i e r justificación exhaustiva, e n q u e ni siquiera h a s e n t i d o la n e c e s i d a d d e elaborarla ni ofrecerla: la visión androcéntrica (machista) s e ha i m p u e s t o c o m o neutra s i n esfuerzo a l g u n o de l e g i t i m a c i ó n crítica. H a s i d o u n a variante histórica m á s del s u e ñ o d o g m á t i c o e n q u e los seres h u m a n o s n o s u b i c a m o s c o n n o p o c a frecuencia e n el despliegue y c o m p r e n s i ó n de la vida.

FILOSOFÍA Y ETHOS

DE LA DOMINACIÓN MASCULINA: LOS LIMITES DE LA CRITICIDAD

Existen r a z o n e s para e s t i m a r que la filosofía h a s i d o u n a disciplina que, e n variadas o p o r t u n i d a d e s , h a c u m p l i d o c o n de smi ti fi c ar y d e n u n c i a r e s q u e m a s d e d o m i n a c i ó n . D e s e n m a s c a r a r la «paradoja d e la doxa» — q u e o c u p a distintos discursos y á m b i t o s , n o s ó l o l o s relativos al t e m a de g é n e r o — podría considerarse u n a d e las funciones ejercidas por n o p o c o s filósofos e n la historia, e s p e c i a l m e n t e d e s d e la m o d e r n i d a d a nuestros días. El texto d e N i e t z s c h e Sobre verdad y mentira en sentido extramoral, p u e d e ser considerad o u n e j e m p l o d e este espíritu crítico. E n cierto pasaje de e s e breve escrito, el p e n s a d o r a l e m á n s e pregunta: «¿Es el lenguaje la expresión a d e c u a d a d e todas las realidades?». Y r e s p o n d e a renglón s e g u i d o l o siguiente: «solamente m e d i a n t e el olvido p u e d e el h o m -

BOURDIEU, P., La dominación Ibtd., p. 14.

masculina,

PENSAMIENTO, vol. 62 (2006), núm. 233

Anagrama, Barcelona, 2000, p. 11.

pp. 345-354

M. FIGUEROA, FILOSOFÍA Y DOMINACIÓN

347

MASCULINA

bre al guna v e z llegar a i m a g i n a r s e q u e está e n p o s e s i ó n d e u n a "verdad" e n el grado q u e se acaba d e señalar» '. S i n d u d a q u e u n corolario natural a este p l a n t e a m i e n t o consistiría e n inscribir l o s d i s c u r s o s h u m a n o s e n u n h o r i z o n t e e n q u e q u e d a n s u s p e n d i d a s , o bajo s o s p e c h a , las p r e t e n s i o n e s de n e c e s i d a d d e l o s m i s m o s . A j u i c i o d e N i e t z s c h e , la historia d e la verdad e s la historia de u n a v o l u n t a d d e verdad q u e t o m a al h o m b r e — s u s intereses, s u s m i e d o s — c o m o m e d i d a d e todas las c o s a s y q u e e n su p r o c e d i m i e n t o olvida que las metáforas intuitivas originales n o s o n m á s que metáforas, para terminar t o m á n d o l a s p o r las c o s a s m i s m a s . La definición de verdad q u e el p e n s a d o r a l e m á n postula, o, para g u s t o d e a l g u n o s , diagnostica, implica e s t o claramente: la verdad sería «un ejército d e metáforas e n movim i e n t o , m e t o n i m i a s , a n t r o p o m o r f i s m o s , e n r e s u m i d a s c u e n t a s , u n a s u m a d e relaciones h u m a n a s q u e h a n s i d o realzadas, extrapoladas y a d o r n a d a s p o é t i c a y r e t ó r i c a m e n t e y que, d e s p u é s d e u n p r o l o n g a d o u s o , u n p u e b l o c o n s i d e r a firmes, c a n ó n i c a s y vinculantes; las verdades s o n i l u s i o n e s d e las q u e s e h a olvidado q u e l o s o n , metáforas q u e s e h a n vuelto gastadas y s i n fuerza sensible, m o n e d a s q u e h a n perdido s u troquelado y n o s o n ahora y a c o n s i d e r a d a s c o m o m o n e d a s , s i n o c o m o m e t a l » . 4

Cabe tener presente este texto, porque el m i s m o autor que invita a n o perder d e vista que nuestras representaciones d e la realidad las h e m o s construido sin seguridad de corresp o n d e n c i a , s i n garantía alguna d e q u e s e a n reflejo fiel del ser a u t é n t i c o d e las c o s a s , es el q u e ahora, e n el t e m a d e la mujer, n o s advierte l o siguiente: « N o acertar e n el problem a b á s i c o "varón y mujer", negar el a n t a g o n i s m o p r o f u n d o q u e hay entre l o s d o s y la n e c e s i d a d d e u n a t e n s i ó n t r e m e n d a m e n t e hostil, s o ñ a r aquí tal v e z c o n d e r e c h o s iguales, e d u c a c i ó n igual, e x i g e n c i a s y o b l i g a c i o n e s iguales: e s t o c o n s t i t u y e u n s i g n o típico de superficialidad [...] U n h o m b r e que p o s e a profundidad, tanto e n s u espíritu c o m o e n s u s apetitos, q u e tenga t a m b i é n aquella profundidad de la benevolencia que e s capaz d e rigor y dureza, n o p u e d e pe nsa r n u n c a sobre la mujer m á s q u e de m a n e r a oriental: tiene q u e c o n c e b i r a la mujer c o m o p o s e s i ó n , c o m o p r o p i e d a d encerrable bajo llave, c o m o algo p r e d e s t i n a d o a servir y q u e alcanza su perfección e n la servidumbre» \ Y l a n z a n d o u n a fuerte crítica a s u é p o c a , declara: «Hasta s e quiere convertir a las mujeres e n librepensadores y e n literatos: c o m o si la mujer vista sin piedad n o fuera para el h o m b r e u n a c o s a p e r f e c t a m e n t e c h o c a n t e y ridicula [...] S e las vuelve día a d í a m á s histéricas y m á s i n c a p a c e s para c u m p l i r s u primera y última función, e c h a r al m u n d o hijos r o bust o s [...] Lo q u e a pesar del t e m o r q u e p u e d a e x p e r i m e n t a r el varón, excita la piedad p o r esta gata peligrosa y bella q u e s e l l a m a mujer, e s q u e parece m á s apta para sufrir, m á s frágil, m á s sedienta d e a m o r q u e n i n g ú n otro a n i m a l » . Sirvan e s t o s pasajes para indicar q u e la filosofía m i s m a n o ha e s c a p a d o a la paradoja d e la d o x a androcéntrica, q u e hasta la filosofía d e la s o s p e c h a s u p o n e u n e g o m a s c u lino, y q u e i n c l u s o e n ella e s e e g o q u e d a fuera d e s o s p e c h a e n la c o n s t r u c c i ó n d e la imagen de la mujer. D i c h o d e otro m o d o , el paradigma de la d o m i n a c i ó n masculina ha estado presente e n la propia filosofía, s e ñ a l a n d o u n límite a la criticidad q u e ésta h a ejercido h i s t ó r i c a m e n t e sobre sí m i s m a . A este respecto, N i e t z s c h e s ó l o representa u n e j e m p l o y está lejos, m u y lejos, d e s e r el ú n i c o citable entre l o s filósofos. Lenta, tardía, y s ó l o parc i a l m e n t e , la filosofía s e h a abierto a revisar s u i m p l a n t a c i ó n e n la óptica fundamentalm e n t e m a s c u l i n a , y, a g r e g u e m o s , n o s parece q u e este h a s i d o u n p r o c e s o s u s c i t a d o o exi6

J

' 5

6

NIETZSCHE, F., Sobre verdad y mentira en sentido extramoral,

Tecnos, Madrid, 1990, p. 21.

Ibíd., p. 24. NIETZSCHE, F., Más allá del bien y del mal, Alianza, Madrid, 1989, p. 186.

Ibíd., p. 189.

PENSAMIENTO, vol. 62 (2006), num. 233

pp. 345-354

348

M. FTGUEROA, FILOSOFÍA Y DOMINACIÓN

MASCULINA

gido d e s d e fuera. Las palabras del propio N i e t z s c h e resultan —¡oh paradoja!— sugerentes e n este caso: «algunas c o s a s e s m á s fácil pensarlas que vivirlas» . 7

DUSSEL Y RORTY: PUNTOS DE CERCANÍA

Enrique Dussel y Richard Rorty, autores que pertenecen a tradiciones filosóficas m u y distintas, representan, s i n e m b a r g o , e j e m p l o s del c a m b i o d e situación q u e está t e n i e n d o en la literatura filosófica l o relativo al t e m a d e género. Tanto la filosofía d e la liberación c o m o el n e o p r a g m a t i s m o , representan perspectivas sensibles al t e m a de la d o m i n a c i ó n p a d e c i d a por la mujer. A pesar de q u e s u s proyectos s o n t e m á t i c a m e n t e m á s a m p l i o s , estos autores h a n prestado a t e n c i ó n a este a s u n t o ofreciendo p l a n t e a m i e n t o s dirigidos d i r e c t a m e n t e a u n a s u p e r a c i ó n efectiva de la d o m i n a c i ó n masculina. Se trata de d o s p e n s a d o r e s críticos al p e n s a m i e n t o filosófico tradicional y c o n s c i e n tes d e q u e éste tendría u n carácter cultural e h i s t ó r i c a m e n t e arraigado. E n Dussel, las categorías Centro-Periferia / Totalidad-Exterioridad / D o m i n a d o r - D o m i n a d o / InclusiónExclusión, operan c o m o claves hermenéuticas y principios para la crítica del p e n s a m i e n t o y la cultura occidental. E n Rorty, la lectura d e la tradición y d e los p r o b l e m a s d e la realidad s e p r o p o n e n d e s d e u n a n t i e s e n c i a l i s m o y u n antirrepresentacionismo, e s t o significa, desde el rechazo a la pretensión del p e n s a m i e n t o filosófico tradicional de lograr ubicar su discurso e n u n punto de visión neutro, inmutable, ahistórico, acultural, que reflejaría las estructuras ú l t i m a s d e la realidad o la e s e n c i a del ser h u m a n o . A m b o s , p o r ú l t i m o , m i d e n y evalúan la historia de las prácticas y de las ideas a partir d e u n n u e v o criterio, q u e ya n o e s s ó l o e p i s t e m o l ó g i c o , s i n o ético y político: la existencia d e la víctima. Para Dussel, se trata d e articular u n p e n s a m i e n t o y u n a praxis que sirvan para la liberación del o p r i m i d o . Para Rorty, la filosofía tiene la m i s i ó n de contribuir a la c o n f i g u r a c i ó n d e lo q u e él d e n o m i n a u n a s o c i e d a d decente, e n t e n d i e n d o por tal, u n a e n q u e las instituciones n o h u m i l l e n a las p e r s o n a s y éstas n o s e h u m i l l e n u n a s a otras, u n a s o c i e d a d e n q u e s e trabaje para erradicar el dolor y la h u m i l l a c i ó n .

LA FILOSOFÍA DE ENRIQUE DUSSEL: ELEMENTOS PARA UNA NUEVA ERÓTICA

8

El argentino Enrique D u s s e l e s r e c o n o c i d o c o m o u n o de l o s e x p o n e n t e s m á s representativos e i m p o r t a n t e s d e la l l a m a d a filosofía de la liberación'. S u p r o d u c c i ó n e s m u y vasta y ya a c o m i e n z o s d e los a ñ o s setenta escribe contra lo que d e n o m i n a d o m i n a c i ó n m a c h i s t a d e la mujer, dirigiendo u n a crítica al p e n s a m i e n t o filosófico tradicional p o r inscribirse c ó m p l i c e m e n t e e n esta d o m i n a c i ó n y m o s t r a n d o , a d e m á s , que la liberación

NIETZSCHE, F., Aforismos y otros escritos filosóficos, Andrómeda, Buenos Aires, 1972, p. 93. Una excelente presentación de la obra de Dussel puede verse en BEORLEGUI, C , Historia del pensamiento filosófico latinoamericano, Universidad de Deusto, Bilbao, 2004. 7

1

' Tuve la oportunidad de asistir al homenaje que la Fundación ICALA tributó, en la ciudad de Río Cuarto, Argentina, durante los primeros días de noviembre de 2003, a los fundadores de la Filosofía de la Liberación, cumplidos treinta años desde la fundación de la misma; autores en plena producción intelectual. Estuvieron presentes, entre otros, Enrique Dussel, Juan Carlos Scannone, Horacio Cerutti, Arturo A. Roig, Raúl Fornet Betancourt, Ricardo Maliandi, Julio De Zan, Aníbal Fornari. E n esa oportunidad, Dussel me contó con algún detalle el plan de su próxima obra, una Política de la Liberación, texto que de seguro habrá que vincular a la tematización que ha hecho sobre la erótica machista.

PENSAMIENTO, vol. 62 (2006), núm. 233

pp. 345-354

M. FIGUEROA, FILOSOFÍA

Y DOMINACIÓN

MASCULINA

349

de la mujer e s u n c a s o q u e m e r e c e especial a t e n c i ó n e n l o s esfuerzos d e l o que él considera definitorio e n la filosofía q u e surge d e s d e el Tercer M u n d o : «Conducir a la praxis de liberación del o p r i m i d o » . Los planteamientos que se sintetizan a continuación, conectan c o n l o s e l e m e n t o s centrales d e s u propuesta: 10

1. U n a d e las ideas que le interesa resaltar al p e n s a d o r l a t i n o a m e r i c a n o , y e n la que insiste a m e n u d o , e s q u e la liberación i m p l i c a a la mujer y al h o m b r e . A m b o s requieren relacionarse y redescubrirse fuera del e s q u e m a opresivo d e la d o m i n a c i ó n d e g é n e r o que ha regido h i s t ó r i c a m e n t e . E s t o n o significa, a m i juicio, q u e Dussel pretenda igualar a h o m b r e s y mujeres e n la vivencia del d a ñ o que la situación conlleva; s ó l o implica, d i c h o de u n m o d o h e g e l i a n o , abrirse a considerar q u e la liberación e s u n a n e c e s i d a d para el d o m i n a d o , pero t a m b i é n para el d o m i n a d o r , e n tanto viven cerrados a posibilidades d e vida m á s plena: «La mujer ha s i d o o p r i m i d a c o m o otros tantos, p o r u n d o m i n a d o r autócrata e injusto, por u n a totalidad s i n alteridad. La mujer n o e s la ú n i c a oprimida, s i n o que hay m u c h o s o p r i m i d o s , m u c h o s v a r o n e s o p r i m i d o s por estructuras totalizantes, p o r e s t o la liberación d e la mujer n o s e va a dar s ó l o por la mujer, s i n o va a ser u n a liberac i ó n integral del h o m b r e , d o n d e t a m b i é n el varón s e va a liberar, porque n o d e b e creerse q u e está e n m e j o r situación. El varón t a m b i é n s e h a h e c h o u n "burro d e trabajo"; el "proveedor" tiene d o s e m p l e o s y trabaja dieciséis horas por día; n o p u e d e tener la satisfacción d e estar e n s u casa, d e ver crecer a s u s hijos, de jugar m á s t i e m p o c o n ellos, y n o p u e d e llorar c u a n d o está triste, p o r q u e "no e s d e h o m b r e el llorar"; e s decir, él t a m b i é n está alienado» ". 2. La d o m i n a c i ó n e s u n f e n ó m e n o c o m p l e j o q u e e s n e c e s a r i o contextualizar, piensa Dussel. La experiencia del o p r i m i d o e s u n a experiencia q u e suele tener d i m e n s i o n e s s i m b ó l i c a s y materiales. La filosofía d e la liberación insistirá e n q u e e s u n a e x i g e n c i a ética visualizar e sa c o m p l e j i d a d . La o p r e s i ó n d e g é n e r o s e inscribe e n América Latina en c o n d i c i o n e s sociales q u e entrañan p r o l o n g a d a s s i t u a c i o n e s d e injusticia, d e inequidad política, social y e c o n ó m i c a . La mujer l a t i n o a m e r i c a n a e s u n a mujer concreta, c o n d e m a n d a s y carencias concretas, e s u n a mujer del Tercer M u n d o c o n t o d o lo q u e ello implica (el á m b i t o d o m é s t i c o al q u e e s relegada, e n la m a y o r í a d e l o s c a s o s , e s u n a casa c o n suerte d e 3 0 m , c o n suerte e s u n a casa). U n desafío f u n d a m e n t a l e n la s u p e r a c i ó n de los e s q u e m a s d e d o m i n a c i ó n consistirá e n r o m p e r c o n toda abstracción elusiva d e las p r o b l e m á t i c a s efectivas, abrirse al r e c o n o c i m i e n t o d e l o s rostros c o n c r e t o s de l o s sujetos e s p e c i a l m e n t e afectados: la mujer indígena, la inmigrante, la madre soltera, la trabajadora temporera, la v í c t i m a d e v i o l e n c i a física p o r parte del h o m b r e , la e m p l e a d a d o m é s t i c a , la mujer s i n e d u c a c i ó n , e t c . l2

2

Dussel e s enfático al c o n c l u i r q u e el trayecto d e liberación n o s o l a m e n t e l o tendrá que h a c e r la mujer, s i n o toda la s o c i e d a d , y a que «es la s o c i e d a d total la que e s injusta y es u n a s o c i e d a d totalitaria que n o permite la irrupción del otro c o m o otro, porque el otro m e p u e d e increpar s u s e x i g e n c i a s de justicia. Si al otro lo t e n g o m e t i d o dentro del t o d o , nada s a b e de s u o p r e s i ó n » . La liberación d e la mujer s u p o n e la liberación del h o m b r e c o m o especie, y n o s e podrá lograr la d e la mujer sin q u e c o n c o m i t a n t e m e n t e n o se instaure u n orden m á s j u s t o e n t o d o s l o s niveles. l3

10

DUSSEL, E., Praxis latinoamericana

y filosofía

de la liberación,

Nueva América, Bogotá, Colombia,

1983, p. 31. "

DUSSEL, E., Liberación

de la mujer y erótica

latinoamericana,

Editorial Nueva América, Bogotá,

Colombia, 1983, p. 23. 12

"

Ibíd., pp. 37-47. Ibíd., p. 23.

PENSAMIENTO, vol. 62 (2006), núm. 233

pp. 345-354

350

M. FIGUEROA. FILOSOFÍA

Y DOMINACIÓN

MASCULINA

3. E n la e l a b o r a c i ó n de su filosofía, Dussel ha d e t e r m i n a d o un m o m e n t o que operaría c o m o dispositivo m e t o d o l ó g i c o y c o m o p r i s m a intelectual y moral del p e n s a m i e n to crítico: el m o m e n t o o m é t o d o analéctico. Éste consiste en c o m e n z a r por la afirmación de la exterioridad, es decir, de q u i e n está m á s allá del s i s t e m a vigente (categorial, social, ideológico), del otro, del n o incluido, del oprimido; en este caso, de la mujer que sufre la o p r e s i ó n m a c h i s t a . El c o n c e p t o «analéctico» es u n n e o l o g i s m o que surge de c o m b i n a r el v o c a b l o griego ana, que significa «más allá», c o n la n o c i ó n de dialéctica; es una c o n tracción de ana-dialéctica. Con esta expresión, Dussel quiere representar que la dialéctica e n j u e g o n o es s ó l o negativa, sino, primera y originariamente, positiva. El m é t o d o afirma p r i m e r o la exterioridad de aquello que queda excluido del s i s t e m a o totalidad; d e s d e ella niega la n e g a c i ó n , y e m p r e n d e el paso desde la totalidad dada hacia la totalidad futura. La totalidad nueva o buscada, representaría la s u p e r a c i ó n de la existente por la p r e s e n c i a del otro (en este c a s o la mujer) que viene a fecundar a n a l ó g i c a m e n t e c o n su inclusión a la totalidad ( m a s c u l i n a ) o p r e s o r a . 14

4. Por ú l t i m o , el p e n s a d o r l a t i n o a m e r i c a n o dedicará u n a parte importante de su propuesta filosófica a dibujar una erótica distinta —«erótica de la liberación» la llamará— que efectivamente signifique la posibilidad de pe nsa r la m a s c u l i n i d a d y la feminidad libres de d o m i n a c i ó n , y la relación entre h o m b r e y mujer c o m o auténtica oportunidad de h u m a n i z a c i ó n . A su j u i c i o , n o habrá s u p e r a c i ó n de la d o m i n a c i ó n de g é n e r o mientras n o se p r o d u z c a u n a «subversión del e s q u e m a interpretativo de la realidad psíquica y erótica tradicional» La vida erótica sana, sostiene Dussel, implica una apertura servicial respecto al otro, la desnaturalización o desviación erótica por excelencia consistiría e n totalización narcisista del otro. La n o r m a l i d a d es la correcta alteridad y la enfermedad es la totalización o n e g a c i ó n de la alteridad, la i n d i s p o s i c i ó n al otro, la n o disponibilidad frente a él, el negarse a la acogida, a la m a n i f e s t a c i ó n del otro c o m o otro Desde Platón a Sartre, éros ha sido entendido c o m o a m o r sexual, c o m o un a m o r donde la «mirada» es esencial, d o n d e prevalece la pulsión egoísta. El «eros mirada» tiende a fijar al otro c o m o objeto ". Dussel postula, quizás reflejando el influjo del cristianismo en su persona, que hay u n eros alterativo o ágape, que es el que debe ser r e c o n o c i d o y p r o m o vido en la sociedad y en la cultura: un eros —señala— «que tiene en consideración al "otro" c o m o otro. Que privilegiaría el oído, la justicia, el tacto y el contacto». Platón habla de la belleza del éros c o m o mirada, mientras que si t o m a m o s el bíblico Cantar de los cantares, ya en los primeros versículos se lee: «Yo te b e s o c o n los b e s o s de mi boca». ¿Por qué esa reduplicación? Porque el b e s o es el contacto de una parte del rostro; el otro ya n o es visto, s i n o que es sentido, experimentado, es todo u n otro éros, otra descripción de la sexualidad. Esta m a n e r a de la sexualidad es d e s c o n o c i d a por el h o m b r e m o d e r n o , y por e s o se ha p o d i d o hacer de la mujer u n objeto. En el b e s o n o hay objeto, sino intimidad de la unidad alcanzada. Pero, al m i s m o tiempo, este rostro-a-rostro, boca-a-boca, es también u n r e c o n o c i m i e n t o de la justicia del otro c o m o otro, y en vez de ser un buscarse a sí m i s m o , el eros alterativo o el ágape lo que hace es reconocer al otro c o m o otro y c u m p l e c o n la justicia; es decir, c u m p l e c o n las exigencias que provienen del otro» '". DUSSEL, E., Praxis latinoamericana y filosofia de la liberación, 1983, p. 97. " DUSSEL, E., Liberación de la mujer y erótica latinoamericana, Colombia, p. 63. " ídem. " Ibíd., p. 26. '« Ibid., pp. 26-27. 14

PENSAMIENTO, vol. 62 (2006), num. 233

Nueva América, Bogotá, Colombia, Editorial Nueva América, Bogotá,

pp. 345-354

M. FIGUEROA, FILOSOFÍA Y DOMINACIÓN

351

MASCULINA

E n este eros s e vivenciaría la solicitud d e la gratuidad, la s u p e r a c i ó n de u n a totalidad egoísta y cerrada, la d i s p o s i c i ó n a a c o g e r al otro, a entregarse servicialmente a él, a formular la pregunta del r e c o n o c i m i e n t o , directa, sencilla: ¿Qué necesitas? ¿Qué ne c e sitas para ser m á s p l e n a m e n t e ? ¿ C ó m o p u e d o ayudar a q u e tu vida s e a para ti u n a vida a m a b l e , d i g n a de s e r vivida p o r ti, para ti? E n el p a r a d i g m a d e la d o m i n a c i ó n existe u n éros q u e entrega satisfacción, pero u n i lateralmente, p o r tanto, u n e r o s s i n auténtica plenitud, u n éros d e la n e g a c i ó n . Superar este p a r a d i g m a significa recrear u n e r o s afirmativo, q u e s e traduce e n actitudes y prácticas d e afirmación, a c o g i d a y p r o m o c i ó n del otro e n c u a n t o otro.

RORTY: ELEMENTOS PRAGMATISTAS PARA SUPERAR LA DOMINACIÓN

Richard Rorty representa u n resurgir v i g o r o s o del p r a g m a t i s m o n o r t e a m e r i c a n o . S u obra, d o t a d a d e u n a gran originalidad, e s , s i n duda, protagonista relevante e n el debate filosófico c o n t e m p o r á n e o , g i r a n d o , f u n d a m e n t a l m e n t e , e n t o r n o al objetivo d e «renovar» la filosofía, d e otorgarle u n s e n t i d o e m i n e n t e m e n t e práctico, alejado de las pretens i o n e s metafísicas y e p i s t e m o l ó g i c a s d e carácter fundacionalista. El antirrepresentacionismo y el a n t i e s e n c i a l i s m o s o n rasgos que caracterizan el pragm a t i s m o rortyano y q u e s e traducen e n la invitación a dejar atrás el pathos de la epistem o l o g í a , d e n o m i n a d o r c o m ú n e n la tradición filosófica, q u e n o s instalaría e n la pretensión de que nosotros, seres condicionados, p o d e m o s desplegar nuestra existencia o nuestro c o n o c i m i e n t o de acuerdo a algo incondicionado, llámese «esencia invariable de las cosas», «ley natural», «estructura ú l t i m a d e la racionalidad o del lenguaje», «naturaleza h u m a na», o d e c u a l q u i e r otro m o d o " . E s t a p r e t e n s i ó n estaría d e s t i n a d a a verificar p e r m a n e n t e m e n t e la imposibilidad d e s u satisfacción, porque n o p o d e m o s escapar d e la c o n tingencia d e t o d o d i s c u r s o h u m a n o , d e la c o n t e x t u a l i d a d e n q u e e s t a m o s s i t u a d o s o n o s h e m o s f o r m a d o , ni d e la finitud d e nuestra propia razón. Por tanto, n o p o d e m o s contar c o n justificaciones q u e s e eleven c o n i n d e p e n d e n c i a absoluta d e su contexto, q u e pued a n asegurarnos, e n el aquí y ahora, s u validez universal garantizada e n el futuro, su justeza representacional c o n respecto a cierta estructura fundamental e invariable d e la realidad. S i m p l e m e n t e n o t e n e m o s a c c e s o a tal estructura, c o m o indica H. P u t n a m , en u n a frase que Rorty gusta citar, «la perspectiva del oj o d e Dios n o s está v e d a d a » . 20

De e s t o , Rorty saca c o n c l u s i o n e s prácticas o éticas q u e s e sintetizan e n su p r o p u e s t a de s u s t i t u i r u n p e n s a m i e n t o q u e s e g u í a p o r la b ú s q u e d a d e criterios c a r t e s i a n o s d e certeza, p o r o t r o q u e s e articula p o r el afán d e s o l i d a r i d a d . A s u j u i c i o , el d e s a f í o e s r e c o n o c e r q u e n o e xi ste n a d a m á s p r o f u n d o ni m á s e l e v a d o q u e e s e f o n d o referencial c o n s t i t u i d o p o r la intersubjetividad a la q u e e s t a m o s l i g a d o s , q u e n o habría m á s verdad q u e aquella q u e s e g a n a e n u n e n c u e n t r o libre y abierto c o n otras p e r s o n a s , q u e n o existiría a u t o r i d a d d i s t i n t a a la d e l c o n s e n s o l o g r a d o p o r m e d i o d e u n a c o m u n i c a c i ó n n o d i s t o r s i o n a d a , ni u n a r e s p o n s a b i l i d a d s u p e r i o r a la q u e t e n e m o s frente a o t r o s e r e s h u m a n o s . R e c o n o c e r e s t o i m p l i c a r í a d i s p o n e r s e a trabajar p o r s o c i e d a d e s m á s i n c l u s i v a s y d i s p u e s t a s a p r o p i c i a r e n s u interior el d i á l o g o y la d i s c u s i ó n s o b r e t o d o lo q u e afecta la c o n v i v e n c i a , d i s p u e s t a s a e s c u c h a r d e s c r i p c i o n e s d e n u e v a s m a n e r a s 21

" 20

21

RORTY, R., La filosofía y el espejo de la naturaleza, Cátedra, Madrid, 1995. PUTNAM, H., Reason, Truth and History, Cambridge University Press, 1981, p. 59. RORTY, R., Contingency, Irony and Solidarity, Cambridge University Press, New York, 1989.

PENSAMIENTO, vol. 62 (2006), num. 233

pp. 345-354

352

M. FIGUEROA, FILOSOFÍA Y DOMINACIÓN

MASCULINA

de ver y h a c e r las c o s a s , d i s p u e s t a s , e n r e s u m i d a s c u e n t a s , a erradicar l o q u e p r o d u c e dolor y humillación. Lo d i c h o , a u n q u e breve, n o s da u n cierto m a r c o para situar lo que será la propuesta de Rorty. Y si b i e n e s cierto q u e la p r o b l e m á t i c a de g é n e r o n o e s central e n s u pensam i e n t o , e n u n texto titulado Feminismo y pragmatismo proyecta a este c a m p o ideas y s u g e r e n c i a s que p u e d e n considerarse útiles para superar el e s q u e m a de d o m i n a c i ó n e n que las mujeres h a n t e n i d o que vivir durante siglos. S u p l a n t e a m i e n t o p u e d e sintetizarse e n l o s siguientes puntos: 22

1. Rorty cree e n la n e c e s i d a d de introducir c a m b i o s e n el lenguaje. La experiencia histórica indicaría que las injusticias, m u c h a s veces n o percibidas c o m o tales, ni siquiera p o r q u i e n e s las p a d e c e n , s e d e v e l a n c u a n d o a l g u i e n inventa u n papel q u e hasta el m o m e n t o n a d i e había d e s e m p e ñ a d o y l o presenta y defiende verbalmente: « S o l a m e n t e si alguien tiene u n s u e ñ o , y u n a voz para describirlo, l o que parecía naturaleza e m p e z a rá a mostrarse c o m o cultura, y lo que parecía destino, c o m o una aberración moral. Pues hasta e s e m o m e n t o el ú n i c o lenguaje disponible será el del opresor, y casi t o d o s los opresores h a n t e n i d o s i e m p r e la astucia de enseñarles a l o s o p r i m i d o s u n lenguaje e n el q u e el d i s c u r s o de éstos s u e n e i n s e n s a t o — i n c l u s o para ellos m i s m o s — si c o n él se describen en cuanto oprimidos» . 23

Rorty sintoniza c o n la idea de Catherine MacKinnon, quien postula la ampliación del e s p a c i o lógico c o m o c o n d i c i ó n de los esfuerzos por concebir la justicia . Modificar el lenguaje tiene sentido e n la m e d i d a de que a través d e tales modificaciones s e p u e d e n facilitar reacciones e m o c i o n a l e s nuevas y s e puede hacer sentir repulsión y rabia, d o n d e antes la gente s ó l o sentía indiferencia o resignación. «Entiendo por lenguaje n u e v o — so st i e ne Rorty— n o sólo palabras nuevas, s i n o t a m b i é n la desviación creativa e n el u s o de las ya existentes: utilizar palabras familiares de u n m o d o que al principio s u e n e insensato. Algo que se considerara tradicionalmente una aberración moral se podría convertir e n objeto de satisfacción general, o a la inversa, c o m o resultado de la creciente popularidad de u n a descripción alternativa d e l o que sucede. Tal popularidad s e extiende al espacio lógico al hacer que parezca sensata la descripción de situaciones que antes era tenida por insensata. Por ejemplo, h u b o u n t i e m p o e n el que habría resultado insensato describir la s o d o mía h o m o s e x u a l c o m o u n a expresión c o n m o v e d o r a de devoción hacia otro, o describir a una mujer t o m a n d o e n s u s m a n o s los ingredientes de la Eucaristía c o m o i m a g e n de la relación entre la Virgen y su Hijo. Pero tales descripciones c o m i e n z a n hoy a adquirir popularidad» . 24

25

2. Fiel a s u antirrepresentacionismo, Rorty sostendrá q u e este c a m b i o e n las desc r i p c i o n e s n o pasa p o r reflejar los rasgos intrínsecos (esencia) de los seres h u m a n o s o el orden moral verdadero: « N o d e b e m o s hablar m á s d e la n e c e s i d a d de avanzar d e s d e una p e r c e p c i ó n distorsionada de la realidad moral hacia otra n o distorsionada, y d e b e m o s hablar en s u lugar de la n e c e s i d a d de modificar nuestras prácticas para que p u e d a n tener e n c u e n t a d e s c r i p c i o n e s nuevas d e lo que ha v e n i d o s u c e d i e n d o . Ahí e s d o n d e la filosofía pragmatista podría serle de utilidad a la política feminista. Pues el p r a g m a t i s m o redescribe el progreso, tanto intelectual c o m o moral, a base de sustituir las metáforas d e una p e r c e p c i ó n progresivamente m e n o s distorsionada por metáforas del desarrollo evoluti-

Paidós, Barcelona, 2000, pp. 243-275.

2 2

RORTY, R . , Verdad y progreso,

23

Ibid., p. 245. MACKINNON, C , «On Exceptionality», en: Feminism

24

Unmodified:

Discourses

on Life and Law, Har-

vard University Press, 1987. 25

Ibid., p. 246.

PENSAMIENTO, vol. 62 (2006), num. 233

pp. 345-354

M. FIGUEROA, FILOSOFÍA Y DOMINACIÓN

353

MASCULINA

vo. Con n u e s t r o a b a n d o n o de la e x p l i c a c i ó n r e p r e s e n t a c i o n i s t a del c o n o c i m i e n t o , los pragmatistas a b a n d o n a m o s t a m b i é n la distinción apariencia-realidad a favor de una dist i n c i ó n entre c r e e n c i a s que sirven a u n o s p r o p ó s i t o s y c r e e n c i a s que sirven a otros: por e j e m p l o , los p r o p ó s i t o s de u n g r u p o y los de otro g r u p o d i s t i n t o » . U n a de las c o n s e c u e n c i a s de este p l a n t e a m i e n t o es que, e n t o n c e s , los conflictos qued a n e x p u e s t o s a agudizarse, ya que es m u y probable que n o p u e d a establecerse u n a disc u s i ó n sobre la b a s e c o m p a r t i d a de «premisas plausibles y n e u t r a l e s » . E n tal situación, es lógico preguntarse ¿qué c a b e hacer?, ¿desde d ó n d e se p u e d e hablar?, ¿qué p u e d e guiar las r e d e s c r i p c i o n e s ? Rorty p r o p o n e q u e el a b a n d o n o de las c o m p a r a c i o n e s entre apariencia superficial y realidad profunda, c u y a realización s u p o n d r í a u n p u n t o neutro y ahistórico inaccesible a los seres h u m a n o s , p u e d e dejar p a s o a c o m p a r a c i o n e s entre u n presente d o l o r o s o y u n futuro p o s i b l e m e n t e m e n o s d o l o r o s o que p e r c i b i m o s o proyect a m o s , a u n q u e sea todavía v a g a m e n t e . 26

2?

E n esta perspectiva, el p r a g m a t i s m o rortyano postulará la i m p o r t a n c i a de t o d o s los m e d i o s c a p a c e s de describir las c o n s e c u e n c i a s que tienen ciertas leyes, instituciones, cost u m b r e s o c r e e n c i a s sobre la vida de a l g u n a s p e r s o n a s , p o r e j e m p l o , sobre las mujeres, y que i m p l i c a n c o n d i c i o n e s para q u e e x p e r i m e n t e n dolor y h u m i l l a c i ó n . La literatura, el cine, los reportajes periodísticos, tienen, para Rorty, la c apac i dad de patentizar c o n eficacia lo que e n u n a s o c i e d a d m e r e c e ser s u p e r a d o , transformado o, s i m p l e m e n t e , errad i c a d o . A d e m á s , el ejercicio de la i m a g i n a c i ó n para visualizar s i t u a c i o n e s distintas a las existentes se ofrecerá c o m o importante fuente de a r g u m e n t o s esgrimibles en la crítica del o r d e n y de las prácticas vigentes: « N o a c u s e s — p r o p o n e Rorty— a la práctica social actual o al lenguaje a c t u a l m e n t e e n circulación de n o ser fieles a la realidad, de captar m a l las c o s a s . N o l o s critiques c o m o fruto de la ideología o del prejuicio, d o n d e é s t o s se c o n t r a p o n e n t á c i t a m e n t e a tu p r o p i o e m p l e o de u n a facultad rastreadora de verd a d e s l l a m a d a r a z ó n , o de u n m é t o d o neutral l l a m a d o o b s e r v a c i ó n d e s i n t e r e s a d a . Ni siquiera los critiques c o m o injustos, si se s u p o n e que injusto significa algo m á s que "incoherente i n c l u s o c o n s u s p r o p i o s términos". E n v e z de apelar d e s d e las actuales apariencias transitorias a la realidad p e r m a n e n t e , apela a una práctica futura percibida a ú n s ó l o de u n a m a n e r a m u y tenue. A b a n d o n a las a p e l a c i o n e s a criterios neutrales así c o m o la afirmación de que algo grande, c o m o la naturaleza, o la razón, o la historia, o la ley moral, está del lado de los o p r i m i d o s . E n lugar de ello, limítate a hacer c o m p a r a c i o n e s peyorativas entre el presente real y u n futuro p o s i b l e » . 2S

29

3 . El a n t i e s e n c i a l i s m o rortyano s e tr aduc e e n la invitación a n o vincular la l u c h a de los f e m i n i s m o s , ni la crítica al orden social vigente, c o n la d e t e r m i n a c i ó n del y o auténtico de la mujer o c o n lo que sería s u i d e n t i d a d e s e n c i al . A j u i c i o del n e o p r a g m a t i s m o , las f e m i n i s t a s n o d e b i e r a n c o n c e b i r s u labor c o m o la e l a b o r a c i ó n de d e s c r i p c i o n e s m á s e xac tas de lo que las mujeres r e a l m e n t e s o n , s i n o c o m o u n a tarea i magi nati va de creac i ó n del s e n t i d o que p u e d e tener el ser mujer. La c o n t r i b u c i ó n de u n f e m i n i s m o pragm a t i s t a n o estaría en erradicar l o s c o n s t r u c t o s s o c i a l e s para e n c o n t r a r algo q u e n o se a u n c o n s t r u c t o social, s i n o e n «ayudar a las mujeres a salir de las t r a m p a s que los h o m bres les h a n fabricado, a o b t e n e r el p o d e r del que a c t u a l m e n t e c a r e c e n y a crearse u n a identidad moral c o m o mujeres» . 30

Ibíd., Ibíd., Ibíd., Ibíd., Ibíd.,

p. 248. p. 249. pp. 264-265. pp. 262-263. p. 254.

PENSAMIENTO, vol. 62 (2006), núm. 233

pp. 345-354

354

M. FIGUEROA, FILOSOFIA Y DOMINACIÓN

MASCULINA

S e trata, para Rorty, de renunciar a los e m p e ñ o s por llegar, g e n e a l ó g i c a o d e c o n s tructivamente, al y o n e g a d o e n la historia d e la d o m i n a c i ó n , y abrirse, m á s bien, a u n ejercicio proyectivo c a p a z de operar creativamente e n la configuración d e m o d o s posibles d e ser q u e permitan a las mujeres vivir libres d e la d o m i n a c i ó n masculina: « N o s o tros — l o s p r a g m a t i s t a s — n o p o d e m o s manejar la n o c i ó n de u n a realidad profunda q u e s u b y a c e ignorada en las apariencias superficiales. De m o d o que no t e n e m o s m á s remedio q u e t o m a r n o s en serio la idea, que autores c o m o Charles Taylor han vuelto familiar, de que la interpretación abarca a todo: q u e lo que u n ser h u m a n o es, a efectos morales, resulta e n b u e n a m e d i d a u n a c u e s t i ó n de c ó m o se describa él o ella» ".

A MODO DE CONCLUSIÓN: LA ATENCIÓN COMO VIRTUD SOCIAL

Es posible postular q u e las filosofías que aquí h e m o s e s b o z a d o e n la temática específica de la d o m i n a c i ó n m a s c u l i n a —tanto la filosofía de la liberación de Enrique Dussel, c o m o el n e o p r a g m a t i s m o de Richard Rorty— configuran su especificidad en el c o n texto del p e n s a m i e n t o filosófico c o n t e m p o r á n e o e n el h e c h o d e q u e e n ellas se da el ejercicio d e u n a virtud especial: la virtud ética de la atención. En a m b o s autores —entre los q u e existen diferencias que aquí n o a n a l i z a m o s — la a t e n c i ó n se dirige a los q u e form a n la «exterioridad» al sistema, a los excluidos, a los que sufren y s o n desatendidos. La a t e n c i ó n n o sería afán c o n t e m p l a t i v o , s i n o afán práctico de inclusión. En a m b a s filosofías, i n c l u s i ó n e s la palabra guía, es la actitud ética, es el proyecto político. Una de las m á s p r o f u n d a s p e n s a d o r a s religiosas del siglo xx, S i m o n e Weil, s o s t e nía q u e «todas las v e c e s q u e s e presta v e r d a d e r a m e n t e a t e n c i ó n se destruye el mal e n sí m i s m o . La a t e n c i ó n e s u n a forma de la justicia porque c o n s i s t e e n vigilar para q u e n o se haga d a ñ o a los s e r e s h u m a n o s » . Weil p e n s a b a q u e la a t e n c i ó n e s lo q u e c o n s tituye la facultad creadora del h o m b r e , llegó a afirmar q u e la m a g n i t u d del g e n i o crea d o r e n u n a é p o c a e s r i g u r o s a m e n t e p r o p o r c i o n a l a la m a g n i t u d de a t e n c i ó n e x t r e m a en d i c h a é p o c a . Vivida c o m o actitud, c o m o d i s p o s i c i ó n del espíritu, pero t a m b i é n c o m o virtud social y política, la a t e n c i ó n p u e d e contribuir a generar u n ethos de la d i s p o s i c i ó n al otro c o m o legítimo otro, u n tipo d e sociedad dispuesta a hacerse p e r m a n e n t e m e n t e preguntas c o m o las siguientes: ¿existe u n a v o z que n o e s t e m o s escuchando? ¿Existe entre nosotros alguien que p u e d a reclamarnos d e s a t e n c i ó n frente a su p a d e c i m i e n t o o humillación? Preguntas que p u e d e n p o n e r n o s e n el c a m i n o de superar la d o m i n a c i ó n m a s c u l i n a todavía existente, pero t a m b i é n todas e s a s otras formas d e opresión y m e n o s c a b o q u e privan a nuestras s o c i e d a d e s de alcanzar u n a m a y o r altura h u m a n a . 32

Alameda 1869 Santiago-Chile [email protected]

MAXIMILIANO FlGUEROA M U Ñ O Z

[Artículo aprobado para publicación en octubre de 2004]

Ibid., p. 266. WEIL, S„ Atiente de Dieu, La Colombe, París, 1950, p. 189. PENSAMIENTO, vol. 62 (2006), num. 233

pp. 345-354

Lihat lebih banyak...

Comentarios

Copyright © 2017 DATOSPDF Inc.