Ficha de catálogo nº 7 - Missal Festivo (cisterciense) Alc. 459

July 1, 2017 | Autor: C. Fernandes Barr... | Categoría: Medieval illuminated manuscripts
Share Embed


Descripción

7. Missal Festivo (cisterciense) Scriptorium da abadia de Alcobaça. Alcobaça, 3º quartel séc. XV. 107 ff. Pergaminho. Iluminado. 220x150 mm. Caixa de escrita: 138x100. 1 col. Cadernos de 8 fólios com reclames. Lisboa, Biblioteca Nacional de Portugal, ALC. 459 (Cota Antiga da Torre do Tombo: Caixa Forte 119).

Fotografia: Catarina Fernandes Barreira

O missal é o livro que reúne os textos necessários à celebração da missa e no caso deste missal, só tem as festividades mais significativas do ano litúrgico. Este manuscrito tem no seu início um conjunto de meia dezena de fólios com missas que constituem uma adição ao núcleo do missal (Barreira, 2014). No f.1, aqui ilustrado, começa o Próprio do Tempo, com o assinalar do primeiro domingo do Advento: o tipo de cercadura que enquadra o texto e a inicial evoca as iluminuras dos livros de horas através da presença de flores, folhas de acanto, um vaso de onde emergem caules, intercalados por pequenos pontos dourados contornados a preto de onde irradiam linhas finíssimas. No f.39 temos o cânone da missa com o Te igitur, assinalado com uma cercadura semelhante ao f.1, com a mesma paleta de cores e parte dos elementos vegetais, em particular as folhagens de acanto, mas mais simples. É de destacar a alcachofra estilizada que aparece duas vezes, um motivo reinterpretado no prólogo do Ordinário do Oficio Divino, BNP ALC. 62, assinalado por Peixeiro (1999) (CAT. 08). As iniciais A e T dos fólios referidos ocupam 8 linhas e do ponto de vista cromático e formal evocam as iniciais dos manuscritos iluminados de produção italiana da centúria anterior com as suas folhagens volumosas e carnudas. O Santoral tem início no f.42v com Sto. Estevão e há incoerências a destacar: na ordem da festa da Anunciação que aparece antes da festa de S. Bento e Sto. André deveria «fechar» este Santoral, mas a seguir à sua festividade vem a de Sto. António. O f.88v em vez das 23 linhas habituais tem 26 e a partir do f.89 mais missas: S. Tomé, Exaltação de Sta. Cruz, Sta. Catarina, o Glória e o Credo (com notação musical) e depois o Comum dos mártires e papas. No f.101 nova incoerência, já referida por Horácio Peixeiro (1999): a presença da consagração das Virgens, um texto pertencente a espaços monásticos femininos, o que talvez testemunhe empréstimo a uma casa feminina da ordem.

CATÁLOGO

123

A assinalar os introitos das missas temos iniciais de cor circunscritas com filigrana a ocupar entre cinco a três espaços e todas as outras iniciais, com filigranas em chicote ocupam dois espaços, em alternância cromática azul/vermelho. No interior das iniciais temos motivos como rostos, folhagens, cruzes e concheados. Horácio Peixeiro (1986: 505) foi o primeiro a destacar as semelhanças entre estes dois fólios do missal e os manuscritos de corte, em particular o f.355 do Livro de Horas de D. Duarte. Aires do Nascimento (2012: 281 e 530) aponta ainda um outro manuscrito que também tem aspectos comuns com este missal: o Leal Conselheiro (BNF, Portugais 5), próximo na paleta de cores e nos motivos vegetalistas usados nas cercaduras. Este missal foi utilizado até pelo menos 1644, como o testemunha uma anotação no f. 102v que refere que se pensava que, nessa altura, o missal teria de idade quinhentos anos. A sua decoração iluminada teve impacto nos manuscritos realizados na abadia, em particular o BNP ALC. 62, e testemunha a abertura do scriptorium a influências que circularam entre nós. Por outro lado, a inicial filigranada é um aspecto que caracteriza a maior parte da produção iluminada desta abadia. CATARINA FERNANDES BARREIRA Bibliografia Barreira, 2014; Cepeda, 1994; Peixeiro, 1999, Peixeiro, 1986, Nascimento, 2012.

124

O LIVRO E A ILUMINURA JUDAICA EM PORTUGAL NO FINAL DA IDADE MÉDIA

Lihat lebih banyak...

Comentarios

Copyright © 2017 DATOSPDF Inc.