Fernão de Sousa, alcaide de Leiria medieval

June 14, 2017 | Autor: Saul António Gomes | Categoría: Portuguese History
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Descripción

Cadernos de Estudos Leirienses – 5 * Setembro 2015

D. Fernão de Sousa, alcaide-mor de Leiria:

apenas (mais) algumas notas documentais Saul António Gomes*

D. Fernão de Sousa, que uma antiga lápide tumular existente na igreja de Santa Maria da Pena, de Leiria, nomeia como Fernão Rodrigues Alardo, recebeu a alcaidaria-mor do castelo desta então vila por carta real datada de 20 de setembro de 1445. Fora reconhecido, pouco antes, como morgado da Romoeira, pelo Regente D. Pedro, tutor do rei D. Afonso V, em 12 de março de 1442. Fernão de Sousa fora, aliás, escudeiro do citado Infante D. Pedro e vassalo real. Sabe-se, todavia, que em 28 de abril de 1442, D. Fernão de Sousa trazia já o cargo de alcaide de Leiria e de Óbidos, da mão de D. Gonçalo de Albuquerque, seu cunhado, uma vez que D. Fernão de Sousa casou com D. Isabel de Albuquerque, irmã daquele. Documentos de 1457 e de 1466 referem-se-lhe como alcaide-mor de Leiria1. Tenha-se presente que os direitos senhoriais da alcaidaria do castelo de Leiria foram passados, pelo rei D. Afonso V, ao Conde de Vila Real, D. Pedro de Meneses, por 1467 ou pouco depois2. A Casa de Vila Real, enquanto donatária de Leiria, privilégio que manteve até 1641, apresentou sempre para alcaides-mores de Leiria, e também da Batalha, descendentes de D. Fernão de Sousa, membros da conhecida genealogia dos Alardo. Datará de 1456 um documento muito fragmentado, do arquivo Almada Lencastre Barros, depositado na Biblioteca Nacional de Portugal - cujo co* Professor Associado com Agregação do Departamento de História, Arqueologia e Artes da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra 1 Saul António Gomes – Introdução à História do castelo de Leiria. 2.ª edição revista e ampliada. Leiria: Câmara Municipal de Leiria, 2004, pp. 188-189. 2 Saul António Gomes – Ob. cit., pp. 178-179.

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nhecimento muito agradeço ao Dr. Pedro Pinto, do Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa – no qual se encontram preciosas informações acerca da partilha dos bens deixados por João Gonçalves de Gomide e D. Leonor de Albuquerque, sua mulher, a seus filhos, Gonçalo de Albuquerque, Pêro de Albuquerque, João de Albuquerque e Isabel de Albuquerque, esta, aliás, mulher de D. Fernão de Sousa, razão por que o alcaide-mor de Leiria surge a intervir nesse processo. O estado de deterioração deste pergaminho não permite a leitura objetiva da data em que foi escrito. Mas isso deve ter sucedido por 1456. Na verdade, o documento insere as ementas de uma carta de venda e de quatro procurações, todas elas envolvendo os herdeiros de D. João Gonçalves e de D. Leonor de Albuquerque, que foram elaboradas em 1455, entre os meses de setembro e de dezembro desse ano. É nesse contexto cronológico que se terá de atribuir como data mais provável de redação do diploma em causa o ano de 1456. Por este diploma, ainda que muito fragmentado, toma-se conhecimento de alguns dados relevantes da vida do alcaide-mor de Leiria e dos seus familiares, os Albuquerque, por afinidade. Fernão de Sousa tinha um irmão, Álvaro de Sousa, detentor de algumas propriedades nos arredores de Leiria. Pelo casamento de Fernão de Sousa com D. Isabel de Albuquerque, tornou-se cunhado dos filhos de João Gonçalves de Gomide, segundo senhor de Vila Verde e, para alguns genealogistas, também alcaide-mor que terá sido de Alenquer, Óbidos e Leiria3. Gonçalo de Albuquerque, João de Albuquerque e Pêro de Albuquerque foram filhos do citado segundo senhor de Vila Verde. João Gonçalves de Gomide era filho de Gonçalo Lourenço de Gomide, o escrivão da puridade d’el-rei D. João I, armado cavaleiro em Ceuta, em 1415, e promotor do estabelecimento, por 1411, dos primeiros moinhos ou engenhos de fabrico de papel em Leiria4. 3

A ter sido alcaide-mor do castelo de Leiria, isso teria de ter ocorrido depois de 1431, em que o cargo era trazido por D. Martim Vasques Leitão e antes de 1437, data putativa da morte de João Gonçalves de Gomide. Em 1442, o alcaide-mor de Leiria era já D. Gonçalo de Albuquerque, seu filho. (Vd. Saul António Gomes – Ob. cit., p. 188. 4 Por carta de privilégio real de 29 de abril de 1411, Lisboa: “(…) Que Gonçalo Lourenço nosso criado escripvam da puridade (…) que ele ouve ora per scambo d’abadesa do moesteiro de Sancta Clara da cidade de Coimbra dous asentamentos velhos que em outro tempo forom moynhos que som em termo e Ribeira da nossa villa de Leirea no Rio que vay pera fora da dicta villa que som anbos de

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João Gonçalves de Gomide cometeu crime de uxoricídio, por 1437, tendo sido condenado à morte pelo rei D. Duarte pouco depois. Os seus descendentes abandonam, então, o apelido Gomide, para assumirem o de Albuquerque, que lhes vinha da sua desditosa mãe, D. Leonor de Albuquerque5. Naquele momento, os filhos ou alguns dos filhos de João Gonçalves de Gomide eram menores, vindo a ser tutorados por D. Fernão de Sousa, o alcaide-mor leiriense, tutoria esta que se mantinha ativa ainda em 14416. Só depois de 1455, todavia, é que os seus filhos e herdeiros procederam a partilhas. Sabe-se, pelo documento que ora se publica, que João de Albuquerque, casado com D. Leonor, vendeu, naquele ano, o seu quinhão nos bens que havia de herdar em Leiria ao irmão Gonçalo de Albuquerque. Este Gonçalo de Albuquerque casou com D. Leonor de Meneses. Em 1442, trazia a alcaidaria-mor do castelo de Leiria7. Às partilhas apresentou-se, ainda, Pêro de Albuquerque, marido de D. Guiomar de Sampaio e D. Isabel de Albuquerque, irmã daqueles, e mulher, como se sabe, de D. Fernão de Sousa, o alcaide-mor do castelo leiriense. Neste auto de partilhas, de cerca de 1456, não se encontra o mais ténue labéu acerca da memória do uxoricida de D. Leonor de Albuquerque. Pelo contrário, são citados caridosa e piedosamente: “Joham Gonçallvez e Dona huum asentamento a par do outro que stam a sua ponte dos Caniços os quãaes soya de trager do dicto moesteiro Afomso Annes Fanqueiro os quães jaziam destroydos ha gram tempo. E que el quer fazer nos dictos asentamentos onde esteverom os dictos moynhos arteficios e engenhos de fazer ferro e serrar madeira e pisar burel ou outras alguãs cousas que se façam com arteficio d’agoa quãaes el entender por sua prol comtanto que nom sejam moynhos de pam. E porquanto no foral da dicta villa de Leirea e seu termo os reis ouvesem a metade da renda que rendesem el nom entendia de fazer os dictos arteficios e engenhos ou alguns delles salvo dando lhos nos por alguum foro razoado porquanto eram cousas sobre que era força de fazer grandes despesas que nom era certo da prol que se lhe dello podia recrecer. E Nos veendo que os asentamentos dos dictos moynhos huum dellos pasava de lxxx (80) annos que era destroydo e ho outro era derribado tal que nom aviamos nenhuum proveito. E porque outrossy entendemos que os arteficios e engenhos que o dicto Gonçalo Lourenço diz que em elles quer fazer seram prol e onrra dos nossos regnos e outrossy da dicta villa de Leirea e de que se a nos recrecera serviço e outrossy querendo fazer graça e mercee ao dicto Gonçalo Lourenço (…) que dem a nos e aos reis que depos nos vierem ho oytavo do que eles renderem (…).” (Torre do Tombo - Chancelaria de D. João I, livro 3, fls. 127-128; Saul A. Gomes - Ob. cit., pp. 317-318). 5 António Baião – Alguns ascendentes de Albuquerque e o seu filho. Lisboa: Academia das Ciências, 1911. 6 Vd. Saul A. Gomes – Ob. cit., p. 328. 7 Vd. Saul A. Gomes – Ob. cit., p. 188.

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Lianor sua molher cuiguas almas Deus ajaa per cuiguas mortes os sobreditos Pero d’Alborqueque e Joham d’Alborqueque seus [de Gonçalo de Albuquerque] irmãaos erdarom os ditos beens”. As propriedades destes, em Leiria, estavam registas num tombo de bens, cadastro que denuncia tanto a boa organização da gestão patrimonial destes senhores, quanto, eventualmente, a obrigação de, havendo herdeiros menores, ser útil proceder-se a inventário judicial de bens (“Os quais beens assy todos partidos como susodito hee e as comfrontaço[e]s de todos elles diserom que som compridamente conteudas em os livros do tonbo que cada huum tem do seu quinham que forom tirradas do principall livro do tombo que delo tinha o sobredito Joham Gonçallvez e Dona Lianor sua molher”). Pela informação compilada no auto de partilhas, os bens dos Albuquerque, em Leiria, distribuíam-se pela vila (onde tinham um pardieiro e outro às Portas do Sol, na cerca da vila gótica, entre outros chãos e assentamentos), pelos seus arrabaldes (Fonte Quente, Ponte Nova, Guimarota, Carrascal, Lagar de D. Sancha (c. Barosa e Parceiros), Mestas, Gândara) e pelo termo (Azoia, Pousadas [Pousos], Cirol, Caldelas, Vidigal (onde tinham uma torre), Ponte de Mem Cavaleiro, Cortes, Alcanada, entre outros lugares, somandose casas, pardieiros, moinhos, olivais, olhalvas, vinhas, casais e herdades. No Porto de Mem Cavaleiro, todavia, tinham uma herdade que um Álvaro Freire lhes trazia sonegada. Nas imediações da Lagoa (próximo de Cortes, provavelmente), algumas das terras destes Albuquerques lindavam com outras de Pêro de Lemos, fidalgo como eles. D. Fernão de Sousa foi um dos protagonistas destas partilhas e da inventariação dos bens em causa. Entronca e enraíza a prestigiosa (e leiriense) Casa dos Alardo, alcaides-mores de Leiria e da Batalha até meados do século XIX. À morte de D. Fernão de Sousa, a alcaidaria-mor de Leiria recaiu em sua filha, D. Catarina de Sousa, trazendo-a algum tempo, todavia, o marido desta, Duarte Galvão8. (Vd. Doc. 2 do apêndice).

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Ricardo Charters d’Azevedo – “Duarte Galvão, alcaide-mor de Leiria”, in Cadernos de Estudos Lleirienses, 1, Leiria (Maio 2014), 105-120.

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Fragmento do auto de partilhas dos bens que haviam sido de João Gonçalves de Gomide e de D. Leonor de Albuquerque, sua mulher (1455-1456).

Doc. 1 [1455 Dezembro, 2 - c. 1456] – Fragmento do auto de partilhas dos bens que haviam sido de João Gonçalves de Gomide, e de D. Leonor de Albuquerque, sua mulher, falecidos, pelos filhos (João, Gonçalo e Pêro de Albuquerque) e por Fernão de Sousa, casado com D. Isabel de Albuquerque, irmã daqueles. Insere ementas dos seguintes documentos: [a] 1455.12.02, Lisboa, casas da Condessa D. Guiomar – Venda de João de Albuquerque, casado com D. Leonor, de todo o seu quinhão dos bens que havia de herdar, a seu irmão, Gonçalo de Albuquerque. [b] 1455.11.18, Vila Verde – Procuração de D. Leonor de Meneses, a seu marido, Gonçalo de Albuquerque. [c] 1455.07.09, Óbidos – Procuração de Pêro de Albuquerque, marido de D. Guiomar de Sampaio, a seu cunhado, Fernão de Sousa. 179

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[d] 1455.08.08, Lisboa, paço dos tabeliães – Procuração de Pêro de Albuquerque a Fernão de Sousa. [e] 1455.11.06, Leiria, castelo da vila – Procuração de D. Isabel a seu marido, Fernão de Sousa, para poder repartir os bens de sua herança. BNP – Arquivo Almada Lencastre Barros, Avenida de Roma, Pacote 82, Maço 95, Pergaminho 231 ... por....em sua ... ao dito Fernam de Souss[a].... oliveiras e... Item o casall do Carasqualll com ...e pertenças. Item ho... Fonte Quente n... sua erdade e arvores. Item a erdade de [Sam] Francisquo que jaz antre o caminho de.... vall bem que ...com olivall das Perei[ras]... Coinbra. Item huum pardieiro na cerqua com seu chão. Item a torre do Vidigall com suas erdades e.... das Quebradas. Item o talho do sall das sentas d’Alcanada. Item olivall da Gandara. Item olivall ao laguall de Dona Sancha. E huuã vinha a Ponte das Mestas que .... todas da Golpelheira com seus matos e derreptos e pertenças. Item os beens d’Azoihã todos assy vinhas como erdades e matos e almoinhas com suas pertenças. Item o ...nas Pousadas. Item o casall do Cirol com todo seu asentamento e derreeptos e pertenças. Item o casall dos Coelhos de que a elle pertencee a meatadee e Alvaro de Soussa seu irmaão a outra meatadee. Item o casall de Sam Jorgue com todo seu asentamento e derreeptos e pertenças. Item a erdade d’Alcanada. Item a erdade de Porto de Mem Cavaleiro que traz sonegada Alvaro Freire que jaz com outra dele Fernam de Sousa. Item huuã olhalva (?) d’erdade que jaz9 a Calçada do Vidiguall. Item huum chão a Ponte do Vidiguall que parte com Joham Neanes Cotelinho. Item huum pardieiro a Porta do Soll. E por todo este quinham que assy acontecee o dito Fernam de Sousa diserom que levava o dito Gonçalo d’Alborqueque [sic] esto que se segue, scilicet, convem a saber, Item huum asentamento de moinhos que he acima das Cortees com sua renda e dereeptos e pertenças. Item todallas erdadees que daredor do dito moinho som. Item outras erdadees que som a fundo das Cortees onde chamão a Lagoa. Item as erdades que jazeem asoo onde mora Alvaro Freirre que se chamão do Barrõo. Item todallas erdades que jazeem em Junquall Gordoo assy dalem do rio como daquem. Item olivall da Gimarota. 9

Repete a palavra “jaz” e risca-a.

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Item huum quinham de moinho que esta a par dos moinhos del Rey acima da Ponte Novaa. Item huuã vinha ao laguar do Muacho com sua ortaa e huum olivall que jaz hi o Forno da Quall. Item os olivães que jazeem ao Pinheiro das Pilhas (?) e com seus matos e pinheirros. Item olivall acerqua onde joguam a besta com huuãs pouquas d’oliveiras que jazeem hi junto as Pedras das Vouguas. Item a quintaa de Caldellas com todo seu asentamento e derreeptos e pertenças. Item as herdades todas da Reixida com seus dereeptos e pertenças. Item as erdades que jazeem ao Porto do Zendro ataa o açudee. Item as erdadees todas do Regenguo com seus derreiptos e pertenças. Item a erdade e vinha e chão que chamão a Lagoa que jaz junto com Pero de Lemos. Os quais beens assy todos partidos como susodito hee e as comfrontaço[e]s de todos elles diserom que som compridamente conteudas em os livros do tonbo que cada huum tem do seu quinham que forom tirradas do principall livro do tombo que delo tinha o sobredito Joham Gonçallvez e Dona Lianor sua molher cuiguas almas Deus ajaa per cuiguas mortes os sobreditos Pero d’Alborqueque e Joham d’Alborqueque seus irmãaos erdarom os ditos beens. E forom partidos em os ditos dous quinões pollos sobreditos per podeer e vertudee de senhas precuraços soficientes que elles delo loguo hi mostrarom, scilicet, convem a sabeer, Gonçalo d’Alborqueque mostrou huua de Joham d’Alborqueque seu irmaão feita em huuã carta de venda que o dito Joham d’Alborqueque fez de todo o seu quinham que em os ditos tonbos aviha d’erdaar ao dito Gonçalo d’Alborqueque e Dona Lianor sua molher. A quall carta parecia seer feita per Andre Affomso pruvico tabeliham em a cidade de Lixboa em as cassas da morada da condessa Dona Giomar aos dous dias do mes de dezenbro da erra do nacimento de Nosso Senhor Jehsus Christo de mill e quatrocentos e cinquoenta e cinquo anos. Em a quall carta de venda antre as outras coussas hera conteudo antre as outras verbaas que o dito Joham d’Alborqueque davaa podeer e autoridade ao dito Gonçalo d’Alborqueque que podesse partir os ditos beens com o dito Pero d’Alborqueque e com dona sua irmãa Dona Isabell. E que possa delles fazeer como de sua coussa propia isenta posysom a quall carta de venda herra soficiente segundo nela esto e outras milhor e mais conpridamente herra conteudo em a quall se contem por testemunhas Afomso Nogeira e Alvaro d’Almeida fidalguos da casa del Rey nosso senhor. E Luis Vãaz escudeiro e feitor da sobredita condessa Dona Guiomar morador na dita cidadee. 181

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E isso mesmo mostrou loguo hi o dito Gonçalo d’Alborqueque huuã precuraçom soficiente da ditã sua molher pera podeer partir os ditos beens a quall parecia seer feitã em Villa Verdee per huum Joham de Rourica hi tabeliham aos dezoito dias do mes de novenbro anno do nacimento de Nosso Senhor Jehsus Christo de mill e quatrocentos e cinquoenta e cinquo anos. Em a quall se contem antre as outras coussas que Dona Lianor de Menesees molher do dito Gonçalo d’Alborqueque lhe davã e outorga[va ... com]prido podeer pera podeer partir os ditos beens e firmaar quaisquer escreturas que sobrelo fosem compridoiras que ella aavia todo por firme estavell destee dia perra todo senpre. Em a quall se contem por testemunhas Ruy e Lopo das Cortees criados de Dom Va [sic] Vasquo prior do Espritall. E Ruy d’Agiar escudeiro do dito Gonçalo d’Alborqueque. E Pedr’Alvarez da Calçada morador em Vila Verdee. E apresentando loguo hi o dito Fernam de Soussa huuã soficiente precuraçom de Pero d’Alborqueque seu cuinhado escrepta em o livro das notas de Joham Neanes Cuitelinho em a quall lhe daava podeer e autoridade pera podeer partir os ditos beens a quall parecia seer escrepta nas costas doutra procuraçom em que Dona Giomar de Sampaio molher delle dito Pero d’Alboquerque soestabelecia o ditõ seu marido por seu precurador e lhe davãa sua autorridade pera partir os ditos beens a quall contava seer feitã em Obidos per Fernam de Syntra hi tabeliham aos nove dias do mes de julho da erra de mill e quatrocentos e cinquoenta e cinquo annos. Em que se contem por testemuinhas Afomso Anes do Cadavall e Nuno d’Alvellos alcaidee e Alvaro Pirez ano [sic] do dito Perro d’Alborqueque. E a precuraçom em que o dito Pero d’Alboquerque fazia o dito Fernam de Soussa seu precurador se contem em ella antre as outras coussas que elle dito Pero d’Alboquerque soestabelecia por seu precurador o dito Fernam de Soussa e lhe dava todollos poderres que lhe a elle dados tinha a ditã sua molher. E que elle assy mesmo lhe dava o seu. E que aviha por firme todo o que polo ditõ Fernam de Soussa fosse feito dito firmado e outorgado na partilha dos ditos beens a quall parecia11 seer feita per Nicollao Eanes tabeliham em a cidade de Lixboa, feita no paço dos tabaleães aos oyto dias do mes 10 11

Riscado “d’Aguy”. Corrigida de “parecicia”.

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d’agosto da era de Nosso Senhor Jehsus Christo de quatrocentos e cinquoenta e cinquo anos. Em a quall se contem por testemuinhas Fernam d’Afomso e Fernam Martinz e Joham Gonçallvez tabaliães. E apresentou hi mais o ditõ Fernam de Soussa huum estromento feito per Joham Neanes Cotelinho tabeliham 12 pruvico nesta mesma. Em o quall se continha antre as outras coussas que Dona Isabell sua molher lhe dava podeer e autoridadee pera podeer partir os ditos beens. O quall mostrava seer feito no castelo da ditã villa aos seis dias do mes de novenbro da erra de quatrocentos e cinquoenta e cinquo anos. Em o quall se contem por testemuinhas Alvaro Affomso Corvinos cuitaleiro. E Fernam d’Afomso d’Atouguia. E Anrique de Gões segundo esto e outras coussas milhor e mais 13 compridamente herra conteudo. E apresentadas assy as ditãs escreturas e precuraço[e]s e poderres em ellas conteudos, os sobreditos Fernam de Soussa e Gonçallo d’Alborqueque diserom que elles aviham por firme estavell a ditã partilha pella guisa que erra feitã [e] em esta escretura he conteuda e decrarradaa e pormeterom de aver por boa e firme estavell deste dia pera todo senpre sem nuunca em nenhuum tempo a contradizerem nem irem contra ella elles nem seus erdeirros em parte nem em todo em juizuo nem fora delle. E por sy e polas partes s’obrigarom so obrigaçom de quallquer que contra ello foor em 14 parte nem, em todo de dar e paguar a parte que por ello estever de pena em nome de pena quinentas coroas de boom ourro e justo pesso do cuinho del Rey de França. Obrigando pera ello todos seus beens moves e de raiz avidos e por aver a terem e manterrem todo o que sussoditõ hee. E que 15 levada a ditã pena ou nom levada a dita partilha escretura seja em sy firme estavell perra senpre perra todo o que sussodictõ hee. E diserom mais que a elles aprazia por nenhuuns delles nom hir em erro que as novidadees deste anno presente de todos estes beens mistiguamente. E o do moinho ... partam irmãamente na eirra. E o vinho e azeite nos laguares. E renda de dineirro levando cada huum de dee[re]ptamente sua ... affora os 12

Riscado” pru”. Riscado: “conpri”. 14 Riscado: “pa”. 15 Palavra riscada. 13

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cinquoenta alqueires do pam que Gonçallo d’Alborqueque ha do moinho que pertenceem a el Rey. Esto outorgarom assy todo ... per... nho de verdadee louvarom e outorgarom assy todo polla guyssa que sussoditõ hee. E pedirom assy.... feito firmado outorgado loguo dia mes e [anno] sussoditõ hee testemuinhas que....tabeliham e Ruy d’Agihar escudeiro... e Fernam d’Afomso.... el Rey nosso senhor.... Doc. 2 [Meados do Séc. XVII] – Genealogia de Duarte Galvão, casado com D. Catarina de Sousa, por cujo casamento foi alcaide-mor de Leiria “algum tempo”. Biblioteca Nacional de Paris – Ms. Portugais, 48, fl. 105v João Galvão filho deste Ruy Galvão foi clerigo e prior de Santa Cruz de Coimbra e depois bispo da dita sidade, e depois arcebispo de Bragua e ouve huma filha que foy freira. Duarte Galvão filho deste Ruy Galvão e yrmão do arcebispo D. João Galvão foy secretario del rey D. Afonso o 5º como seu pay. E foy um tempo alcaide mor de Leiria. Cazou com D. Catarina de Souza filha de Fernão de Souza alcaide mor de Leiria, filho de Diogo Lopes de Souza mordomo mor del rey D. Duarte. E por este cazamento ouve a alcaidaria mor de Leiria. Do qual D. Catarina sua molher ouve a D. Isabel de Albuquerque que casou com Jorge Garces secretario del rey D. Manuel. Per morte desta molher cazou com D. Catarina de Souza filha de João Rodrigues de Vascomselos, senhor de Albuquerque e Pedrogo de que ouve a Ruy Galvão e Jorge Galvão e Manuel Galvão e Fernão de Souza. Todos estes morrerão na Ymdia, solteiros. E Guiomar de Meneses molher de Fernão Fogasa, filho do Veador del rey D. João o 2º, e D. Violante da Silva, molher que foy de Pero Anes do Canto, hum omem onrrado da Ylha 3ª, e D. Phelipa freira em Santa Clara de Lixboa e D. Lucresia freira em Santa Clara do Porto. E ouve bastardo Antonio Galvão.

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