FAÍSCA, Carlos Manuel; SILVA, Ana Isabel, «O património molinológico pré-industrial de Ponte de Sor: os moinhos hidráulicos de rodízio da Ribeira de Sor e seus afluentes». IN III Encontro Nacional de Molinologia, 2015, p. 36-43

June 15, 2017 | Autor: Carlos Manuel Faísca | Categoría: History, Alentejo, Moinhos Hidráulicos
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O património molinológico pré-industrial de Ponte de Sor: os moinhos hidráulicos de rodízio da Ribeira de Sor e seus afluentes

Carlos Manuel Faísca (Município de Ponte de Sor e U. Extremadura) Ana Isabel Silva (Município de Ponte de Sor e FLUC)

Resumo: Os moinhos, sobretudo de água, marcam a paisagem natural do atual concelho de Ponte de Sor desde, pelo menos, meados do século XIII e mantiveram um papel económico e social ativo até à segunda metade do século XX. Neste artigo faz-se uma breve introdução histórica à existência destas estruturas no concelho de Ponte de Sor para, em seguida, se apresentar em traços gerais o projeto para o Museu Municipal da Moagem e do Arroz que, esperançosamente, integrará um moinho de água de rodízio oitocentista. Abstract: The mills, especially the watermills, mark the natural landscape of the current municipality of Ponte de Sor since, at least, mid-thirteenth century and remained as an important economic asset with a prominent social role until the second half of the twentieth century. This article makes a brief historical introduction to the existence of these structures in the municipality of Ponte de Sor and presents the main ideas of the project for the Municipal Museum of Milling and Rice which, hopefully, will include a nineteenth century rotating water mill.

Introdução Devido a um conjunto de fatores históricos e geográficos, foram surgindo, ao longo dos séculos, dezenas de moinhos de água junto às margens da Ribeira de Sor e dos seus afluentes, com uma função socioeconómica importantíssima e que apenas cessou na segunda metade do século XX. Aproveitando a resiliência física destas construções, o Município de Ponte de Sor pretende construir um centro de interpretação dos moinhos de água de rodízio que aborde não só o passado histórico deste património edificado, mas também o património natural que os rodeia. Assim, este artigo inicia-se com uma breve caracterização geográfica ao concelho de Ponte de Sor, seguindo-se uma breve abordagem ao passado histórico destas estruturas,

e termina com a apresentação sumária do projeto para o Museu Municipal da Moagem e do Arroz de Ponte de Sor. Este procurará aliar a moagem pré-industrial, materializada nos moinhos de água de rodízio, à moagem e descasque de arroz industrial da Fábrica de Moagem de Cereais e de Descasque de Arroz de Ponte de Sor, atual Centro de Artes e Cultura de Ponte de Sor, onde se conserva, em bom estado, grande parte da maquinaria que data de 1920.

Caracterização geográfica do concelho de Ponte de Sor Abrangendo uma área de 839,7 Km2 – ligeiramente superior à da Ilha da Madeira –, o território administrado localmente a partir de Ponte de Sor resulta da agregação, efetuada em dois momentos distintos no século XIX, de outros tantos espaços municipais de Antigo Regime – os extintos concelhos de Montargil e de Galveias –, ao concelho de Ponte de Sor que, desta forma, mais que duplicou a sua superfície. Situado numa região de dupla transição, não só entre o litoral e o interior, mas também entre o sul e o centro, isto é, entre o Alentejo e o Ribatejo, o concelho de Ponte de Sor é caracterizado por um relevo pouco acentuado, já que a sua estrutura orográfica se resume a um vale longitudinal, por onde corre, numa orientação NE-SO, a Ribeira de Sor, ladeada por elevações de encostas mais ou menos abruptas, mas que nunca atingem cotas superiores a 300 metros. O referido curso de água é o mais importante do concelho e, já no concelho de Coruche, reúnese à Ribeira de Raia, constituindo o Rio Sorraia, afluente da margem esquerda do Tejo. À Ribeira de Sor, por sua vez, aflui um grande número de cursos de água secundários, alguns com um caudal apreciável, como é o caso, por exemplo, da Ribeira de Longomel, da Ribeira de Vale de Boi ou da Ribeira das Vinhas, sendo que 90% da superfície do concelho se encontra na Bacia Hidrográfica da Ribeira de Sor (Cunha, 2001 [1952], p. 8). O clima e o regime de pluviosidade são, com algumas atenuantes por estarem sujeitos a uma certa influência Atlântica, de estilo mediterrânico, predominando os verões quentes e secos e os invernos mais ou menos húmidos e frios, existindo uma grande irregularidade da precipitação, quer em quantidade, quer na sua distribuição, fora da época do estio, já que durante este é praticamente inexistente. Da ação humana resultou a maior alteração paisagística da região, com a criação do lago artificial da albufeira de Montargil, contendo uma capacidade de armazenamento de 164 milhões de metros cúbicos de água. Este aproveitamento hidroelétrico da Ribeira de Sor, concluído em 1958, insere-se no plano de regadio do Vale do Sorraia, datado da década de 1930, e pretendia, como objetivo principal,

possibilitar a ação da Junta de Colonização Interna na beneficiação e futuro parcelamento dos latifúndios existentes a jusante da Barragem de Montargil (Baptista, 1993). Figura 1 – Rede Hidrográfica (a verde) do concelho de Ponte de Sor Hydrographic network (in green) of Ponte de Sor Municipality

Fonte: Cunha, 2001 [1952]

Com

uma

rede

hidrográfica

razoável

e

situando-se

numa

região

historicamente de grande produção de cereais, sobretudo após a instituição de um regime de proteção cerealífero na década de 1890 e que se irá manter até finais do século XX (Reis, 1979; Costa, Lains e Miranda, 2011, p. 306-307), o concelho de Ponte de Sor ofereceu boas condições para a disseminação de moinhos de água, que, conforme iremos verificar, foram uma presença constante ao longo dos últimos setecentos e cinquenta anos.

Os moinhos de água de rodízio do concelho de Ponte de Sor: uma abordagem histórica

A referência mais antiga de que dispomos à existência de moinhos nos cursos de água da região de Ponte de Sor encontra-se numa carta régia datada de 13 de

julho de 1256, pela qual D. Afonso III confirmava ao seu Chanceler, Estêvão Anes, as doações que lhe tinham sido feitas pelo concelho de Abrantes, entre as quais os “(…) molendinos quos habetis in Ripa de Soor (…)”, isto é, os moinhos que o Chanceler possuía na Ribeira de Sor1. Séculos depois, o Foral Manuelino de Longomel e Margem, outorgado a 1 de julho de 1518, mencionava as “(…) moendas e engenhos das águas do dito Julgado e termo (…)”, localizadas na Ribeira de Longomel e pertencentes ao senhorio, a Casa de Bragança, não podendo ser construídas sem a sua licença2. Já no século XVIII, o pároco da freguesia de Ponte de Sor encarregado de responder ao inquérito das Memórias Paroquiais de 1758, ao descrever a Ribeira de Sor e os seus afluentes, dava conta da existência de mais de uma dezena de moinhos, com destaque mais uma vez para a Ribeira de Longomel, onde, apenas ao longo do percurso que fazia pelo termo de Ponte de Sor, se encontravam seis moinhos, dois lagares e um pisão. Aliás, a mesma fonte atribuía ao “(…) embaraço dos açudes dos três moinhos existentes (…)” o facto da Ribeira de Sor não ser navegável enquanto corria pelo termo da Vila, acrescendo a pouca água que levava, não sendo “(…) de curso arrebatado, senão nas enchentes (…)”, que, por sua vez, duravam pouco3. Paradoxalmente, o Pároco de Montargil, nas Memórias Paroquiais daquela vila situada a pouco mais de 20 quilómetros a jusante de Ponte de Sor, atestava que a Ribeira de Sor era o curso de água mais caudaloso entre o Rio Tejo e o Guadiana, mantendo durante todo o ano as suas águas, “(…) com que continuamente moem os moinhos (…)”, ao contrário de outros rios da região, que secavam no verão, impossibilitando o funcionamento da moagem. Tal faria acorrer a esta zona habitantes de “(…) muitas terras da Província de Alentejo (…)”, para moer os seus cereais e produzir o seu pão4. Ainda em meados do século XVIII, as águas da Ribeira de Sor podiam ser livremente usadas para fins agrícolas ou como força motriz para a moagem, exceto no caso de Montargil, cujos moleiros pagavam uma pensão de 7,5 alqueires de trigo por cada pedra ou mó que moesse esse cereal, prestação devida ao Comendador da vila, ao qual pertencia o direito de exploração das águas 5. Na década seguinte, o livro de lançamento da Décima6 de 1764, identificava, no concelho de Ponte de Sor, quando os de Montargil e de Galveias ainda mantinham a sua

1

Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT), Chancelaria de D. Afonso III, Livro 1, fls. 107 v. e 108. ANTT, Leitura Nova, Livro de Forais Novos, Entre-Tejo-e-Odiana, fl. 111. 3 ANTT, Memórias Paroquiais de 1758, vol. 29, n.º 216, p. 1480. 4 ANTT, Memórias Paroquiais de 1758, vol. 24, n.º 194, p. 1415-1417. 5 Idem. 6 A Décima era um imposto cobrado localmente mas devido à administração central, que consistia na coleta de 10% sobre uma estimativa do rendimento líquido dos indivíduos, discriminando-se habitualmente, nos respetivos livros de registo, entre outros aspetos, a profissão dos contribuintes. 2

autonomia, oito moleiros, dois dos quais trabalhariam, aparentemente, em moinhos que ainda estariam em funcionamento em meados do século XX7. De facto, as referências históricas à existência de moinhos de água no território do atual concelho de Ponte de Sor multiplicam-se e, na década de 30 do século XIX, sabemos que a utilização da água da Ribeira de Longomel estava regulamentada através de posturas e deliberações municipais, havendo dias próprios para a rega, em particular da cultura do milho, e outros para deixar que a corrente ativasse os moinhos que se situavam a jusante; era inclusivamente proibida a construção de açudes que impedissem a chegada da água aos moinhos. O desrespeito por estas normas motivou reclamações junto da Administração do Concelho, contra os lavradores da Ribeira de Longomel, que regavam nos dias proibidos e erguiam açudes, o que, ao inviabilizar o funcionamento da moagem, gerava escassez de farinha em Ponte de Sor8. Já em 1850, dados estatísticos oficiais permitem-nos saber que havia então, na Ribeira de Longomel, “(…) doze moinhos de fazer farinha, cada hum com duas e mais pedras a moer (…)”9; e que, no concelho de Ponte de Sor, havia dezasseis moleiros, produzindo anualmente 50 moios de farinha ou «pão», com um valor total de cerca de 900.000 réis10. No entanto, é apenas a partir de meados do século XIX que conseguimos identificar documentalmente, sem quaisquer dúvidas, alguns dos moinhos cujas construções ainda não se encontram totalmente arruinadas, bem como as lógicas de exploração económica presentes. Estas estruturas consistiam num bem imóvel, frequentemente aforado ou arrendado pelos seus proprietários a terceiros que estivessem interessados em explorá-los. Assim aconteceu em vários casos no concelho de Ponte de Sor, conforme documentam os cartórios notariais do século XIX, pelo menos. O chamado «Moinho do Paul do Azevedo», por exemplo, moinho de água ou «de fazer farinha» com um pedaço de terra anexo, situado na Herdade do Paul, freguesia de Montargil, pertencente à família Menezes, do Morgado de Ponte de Sor, foi arrendado e depois aforado a vários indivíduos ao longo da centúria de 7

Arquivo Histórico Municipal de Ponte de Sor (AHMPS), Livro de lançamento da Décima de 1764. Falamos dos moinhos de água de Salteiros e de Vale de Boi que, segundo alguns registos orais, ainda laboraram no século XX. 8 AHMPS, Correspondência recebida na Administração do Concelho de Ponte de Sor, 1837 e 1839, ofícios dirigidos pelo presidente da Câmara Municipal de Ponte de Sor ao administrador do concelho, 22 de julho de 1837 e 12 de agosto de 1839. 9 AHMPS, Correspondência recebida na Administração do Concelho de Ponte de Sor e proveniente da Comissão Geológica e Mineralógica do Reino, 1850-1852, resposta a um inquérito da Comissão, escrita em Ponte de Sor, c. 1850. 10 AHMPS, Correspondência recebida na Administração do Concelho de Ponte de Sor e proveniente do Governo Civil de Portalegre, 1849, estatística elaborada em Ponte de Sor, 15 de dezembro de 1849. 50 moios de farinha, uma unidade de volume de Antigo Regime, correspondem a 802.764 litros no atual sistema métrico-decimal. Cálculo efetuado a partir de Silveira, 1868, p. 197.

oitocentos11. Quanto aos moinhos que ainda hoje podemos visitar, tratam-se do Moinho da Pontinha, arrendado em 188912, e do Moinho Novo, comprado em 1886 e arrendado também em 188913, mas que sabemos já laborar quase trinta anos antes, em 186114. Estes últimos são dois dos três moinhos conhecidos como «de Tramaga», localidade do concelho de Ponte de Sor que lhes fica próxima; o terceiro, localizado mais a montante, é o Moinho da Sobreira, cuja envolvente natural era um espaço privilegiado de passeio e lazer, incluindo prática balnear e de pesca, junto do respetivo açude, de habitantes de Ponte de Sor e de regiões vizinhas, no início do século XX. Os «Moinhos de Tramaga» ainda hoje existem, embora o seu estado de conservação levante algumas inquietações. Em 1920, foi construída em Ponte de Sor uma Fábrica de Moagem de Cereais e Descasque de Arroz, propriedade da firma Sociedade Industrial, Lda., que incluía, para além de uma secção de moagem de farinha espoada, uma secção de moagem de farinha em rama, usada pelos moleiros da região na estação quente ou em anos mais secos, quando não havia água suficiente nas ribeiras para a laboração dos moinhos. O sistema, complementar da moagem tradicional, funcionava também à maquia, ou seja, os moleiros deixavam na Fábrica uma percentagem do cereal moído como forma de pagamento15.

11

Traslado de escritura de aforamento em perpétuo fateusim do Moinho do Paul do Azevedo, 1823 novembro 19, Lisboa; traslado de escritura de reconhecimento de foreiro e obrigação, 1849 julho 11, Lisboa; escritura de compra e venda de um moinho de água e hortas contíguas, 1863 fevereiro 24, Ponte de Sor; traslado de escritura de compra e venda de domínios diretos, com quitação e obrigações, 1898 setembro 15, Ponte de Sor. Arquivo particular de João Maria Goes, cuja possibilidade de consulta agradecemos. 12 Arquivo Distrital de Portalegre (ADP), Cartório Notarial de Ponte de Sor, CNPSR 06/001/0077, escritura de 28 de maio de 1889, fls. 28-32. 13 ADP, Cartório Notarial de Ponte de Sor, CNPSR 06/001/0066, escritura de compra e venda de 17 de setembro de 1886, fls. 45v-48. ADP, Cartório Notarial de Ponte de Sor, CNPSR 06/001/0077, escritura de arrendamento de 29 de maio de 1889, fls. 32-36. 14 ADP, Cartório Notarial de Ponte de Sor, CNPSR06/001/0011, escritura de compra e venda de 9 de setembro de 1861, fl. 4 v. 15 AHMPS, Fundo da Sociedade Industrial, Lda.

Figura 2 – Secção de Moagem de Farinha em Rama / Milling Flour Section

Fonte: Fotografia dos autores, 2015.

Não obstante esta solução industrial, os moinhos de água de rodízio continuaram a moer por mais quatro décadas, como atestam diferentes fontes. Assim, por exemplo, em 1941, um recenseamento eleitoral identificava 19 moleiros, muitos dos quais como residentes em moinhos que, estando hoje abandonados ou arruinados, conseguimos ainda identificar16. Já em 1952, a Junta de Colonização Interna, no inquérito agroflorestal que fez ao concelho de Ponte de Sor, contabilizou no território municipal 45 moinhos de água, sendo 27 na freguesia de Ponte de Sor, 17 na de Montargil e apenas 1 na de Galveias. Estes equipamentos, apetrechados na totalidade com 113 casais de mós, moíam anualmente cerca de 615 toneladas de milho, 250 de trigo e 33 de centeio; todos laboravam mais de 200 dias no ano e, quatro deles, mais de 300 dias. A maquia ou pagamento cobrado pelos moleiros era ainda, como historicamente, de 10% do cereal moído (Cunha, 2001 [1952]).

16

AHMPS, Correspondência recebida na Câmara Municipal de Ponte de Sor. 1941.

Figura 3 – Moinho da Sobreira (século XX). Sobreira Watermill (XXth century)

Fonte: Silva, Faísca e Carapinha (2011).

No citado relatório afirmava-se já que a maioria dos moinhos ia tendo cada vez menos trabalho, uma vez que os lavradores, produtores dos cereais, preferiam comprar diariamente nas padarias pão fresco, a fabricá-lo nos seus fornos semanalmente. De qualquer forma, num contexto em que entretanto surgira a moagem industrial, os moinhos tradicionais desempenharam ainda durante algum tempo um papel económico importante, quer porque continuavam a abastecer o sector tradicional da panificação de farinha em rama, mais grosseira (usada na produção do chamado “pão rural”), quer porque constituíam uma válvula de escape para os lavradores quando as fábricas tinham excesso de cereal (Cunha, 2001 [1952]). O final destas estruturas como componentes económicos do setor secundário estava anunciado e nas duas décadas seguintes quase todos foram abandonados. Porém, temos a ambição de lhes dar uma nova vida.

Projeto do Museu Municipal da Moagem e do Arroz de Ponte de Sor A criação do Museu Municipal da Moagem e do Arroz de Ponte de Sor – designação provisória – tem, como objetivos principais, o aproveitamento de um conjunto de bens culturais de elevado interesse histórico e patrimonial, tendo em vista a fruição cultural por parte da população local, bem como a promoção turística do concelho de Ponte de Sor. Neste sentido, está pensada uma estrutura polinucleada, composta por um núcleo central, situado no Centro de Artes e Cultura de Ponte de Sor – uma antiga Fábrica de Moagem de Cereais e de Descasque de Arroz –, onde se abordará, num determinado espaço, a História do concelho de Ponte

de Sor e, noutro espaço onde se encontra um secador de arroz industrial, a História da cultura e do processamento industrial do arroz. Existirão, a jusante, três núcleos satélites: a secção industrial de descasque de arroz, a secção industrial de moagem de farinha em rama e o moinho de água de rodízio da Zona Ribeirinha de Ponte de Sor. Neste último, para onde o visitante será encaminhado a partir da secção industrial de moagem de farinha em rama, pretende-se instalar um centro interpretativo dos moinhos de água de rodízio da Ribeira de Sor e seus afluentes, não só com informação explicativa sobre estas estruturas enquanto património histórico, mas também relativa ao património natural que as envolve. De facto, os moinhos e os respetivos açudes, essenciais para que as águas ganhassem a força necessária a fazer girar os rodízios, enquadram-se numa rara paisagem verdejante, onde converge grande parte da biodiversidade da região. Figura 4 – Moinho da Pontinha atualmente / Pontinha Watermill nowadays

Fonte: Fotografia dos autores, 2015.

Assim, podem encontrar-se nas imediações dos moinhos diversos tipos de aves, algumas espécies de peixes de rio e, ocasionalmente, lontras. Para além disto, a poucos metros das margens da Ribeira de Sor, inicia-se uma extensa zona de montado de sobro, uma paisagem cultural única, sobre a qual existe a intenção de inscrição como Património Natural da Humanidade. Por último, pretende-se que os três casais de mós deste moinho moam novamente. Assim, aliar-se-á o património histórico-cultural ao património natural, onde o viajante pode descobrir como se moíam os cereais panificáveis até meados do século XX, enquanto frui da natureza

através de percursos pedestres já existentes, com a possibilidade de realizar um piquenique ou de mergulhar junto a qualquer um dos açudes. Figura 5 – Açude do Moinho da Sobreira atualmente / Sobreira Watermill dam nowadays

Fonte: Fotografia dos autores, 2015.

Bibliografia ANDRADE, Primo Pedro da Conceição Freire de – Cinzas do Passado. 2.ª ed.: revisão crítica por Ana Isabel Silva. Ponte de Sor: Município de Ponte de Sor, 2010. BAPTISTA, Fernando Oliveira – A Política agrária do Estado Novo. Lisboa: Edições Afrontamento, 1993. COSTA, Leonor; MIRANDA, Susana Münch; LAINS, Pedro – História Económica de Portugal: 1143-2010. 3.ª ed. Lisboa: Esfera dos Livros, 2014. CUNHA, José Correia da – Concelho de Ponte de Sor. A Economia Agrária em meados do século XX. Lisboa: Câmara Municipal de Ponte de Sor, 2001. Obra comentada da edição original de 1952 publicada pela Junta de Colonização Interna. REIS, Jaime – A «Lei da Fome»: as origens do proteccionismo cerealífero no Alentejo. Análise Social. 15:60 (1979) 745-793. SILVA, Ana Isabel; FAÍSCA, Carlos Manuel; CARAPINHA, Rui – Município de Ponte de Sor: Encontro de Memórias = Municipality of Ponte de Sor: Meeting of memories. Ponte de Sor: Município de Ponte de Sor, 2012.

SILVA, Ana Isabel; FAÍSCA, Carlos Manuel – A orizicultura em Ponte de Sor: Economia e Saúde Pública (1850-1950). Abelterium. 2:1 (2014) 107-120.

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