Ensaio: O Quinze, de Rachel de Queiroz

September 30, 2017 | Autor: Vanessa Monteiro | Categoría: Portuguese and Brazilian Literature, Literatura brasileira, Rachel de Queiroz, O Quinze
Share Embed


Descripción

CENTRO UNIVERSITÁRIO PADRE ANCHIETA







2


3


4 VANESSA APARECIDA MONTEIRO


































Ensaio


























Jundiaí – SP
2014






CENTRO UNIVERSITÁRIO PADRE ANCHIETA







6


7


8 VANESSA APARECIDA MONTEIRO































Ensaio







Ensaio apresentado à disciplina
Literatura Brasileira V, do curso de
Letras do Centro Universitário Padre
Anchieta, sob a orientação do Prof. Dr.
Jaqueson Luiz da Silva.











Jundiaí – SP
2014

Tem-se lido as obras dos séculos XIX e XX como um forte lugar de
composição da cor local da literatura brasileira. É sabido que estudiosos
como Antonio Candido[1], Alfredo Bosi[2] e Afrânio Coutinho[3] propõem os
escritos como os de José de Alencar como exemplos da feitura da chamada cor
local, seja pela linguagem pitoresca ou pelos cenários que envolvem a
esplêndida natureza brasileira.

Tal forma de composição da literatura brasileira poderia ser lida em
O quinze, de Rachel de Queiroz? A obra cuida de uma matéria amplamente
trabalhada por poetas brasileiros: a seca do nordeste, entretanto, não é a
matéria que faz saltar aos olhos, mas sim como ela é tratada. Por meio de
uma linguagem nada pitoresca e um cenário brasileiro que não é o exaltado
por outros poetas, o narrador onisciente constrói a trajetória de Chico
Bento e sua família, que perde o emprego por conta da seca, em busca de uma
gota de melhora e também o amor de Vicente e Conceição, primos e netos de
Inácia, dona da fazenda onde Chico Bento trabalhava.

Podemos ler a cor local em O quinze em toda a obra, desde suas
personagens até a linguagem, cuidadosamente selecionada para compor a
matéria narrada se pensarmos a cor local como algo que somente se realiza
porque podemos estabelecer as diferenças entre a matéria de poesia das
outras literaturas e a brasileira. Temos a seca como um lugar da cor local,
pois é o que temos para se emprestar e fazer poesia, o mesmo acontece com a
literatura inglesa, francesa, italiana, etc.

A tessitura do romance se dá de forma diversa ao usual quando se
pensa na leitura da cor local justamente por se tratar de um romance, lugar
de composição onde a inversão é a proposta base. Lemos a inversão ao
pensarmos no amor de Vicente e Conceição, que não se concretiza carnalmente
como na maioria dos romances, logo, não são correspondidas as expectativas
do leitor em relação a isso.

A saída de Chico Bento e sua família das ruínas causadas pela seca
pode ser lida como a feitura da poesia, que acontece sempre sobre ruínas,
ou seja, é necessário ter o nada para realizar o todo. Notemos o seguinte
trecho, encontrado na página 60: " Donde vens, Pedros e Paulo? Venho de
Roma. O que há de novo em Roma, Pedros e Paulo?". A fala da negra
curandeira que vem tentar retirar o veneno que mandioca comida crua causou
em um filho de Chico Bento nos remete a Roma, cidade que foi construída
sobre ruínas, assim como a poesia de O quinze, tecida apenas porque a ruína
permitiu.

O romance de Rachel de Queiroz pode ser lido pela crítica literária
como um exemplo de composição da cor local? Pode-se ter certeza de algo: o
próprio texto nos permite pensar os lugares de composição da literatura
brasileira. Portanto, não seria toda a poesia que extrai sua matéria de
lugares de composição brasileiros exemplos da chamada cor local?































Referência:

QUEIROZ, Rachel de. O quinze. Rio de Janeiro. José Olympio. 2010.

-----------------------
[1] CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos
decisivos. São Paulo. Ouro sobre azul. 1958.

[2] BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. Cultrix. São
Paulo. 1970.

[3] COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil. São Paulo. Global. 1997.
Lihat lebih banyak...

Comentarios

Copyright © 2017 DATOSPDF Inc.