ECONOMIA SANTA JOANA DOS MATADOUROS

December 4, 2017 | Autor: Yago Machado | Categoría: N/A
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Descripción

RESUMO DA "SANTA JOANA DOS MATADOUROS":

A obra"A Santa Joana dos Matadouros" trata-se de uma peça escrita por Bertolt Brecht durante os anos de 1929 a 1931, no auge da Grande Depressão Econômica de 1929, que provocou a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque. Apesar da distancia temporal que se encontra a obra de nós, tudo que acontece aparenta ser bem atual. Isso decorre do fato de que todos os acontecimentos da história tentam ilustrar o sistema capitalista, seus momentos de crise e a luta constante entre as classes.
A história começa nos matadouros de Chicago (lá é onde ocorrerão os maiores momentos de tensão da narrativa); onde Pedro Paulo Bocarra, o dono do frigorífico de carne, fica horrorizado ao ver o trabalho que banca e decide abandoná-lo, vendendo suas ações ao seu amigo Cridle. No entanto, Cridle não aceita prontamente; ele afirma que só aceitaria compra-las, depois que Bocarra destruir a concorrência, para que ele se mantenha o único no mercado. Bocarra aceita a proposta e resolve que ajudará a minar todos os correntes para Cridle.
Enquanto isso, as Indústrias Lennox (os concorrentes) estão trabalhando incansavelmente numa política de maximização dos lucros, com a ampliação da produção e uma política de arrocho salarial. Isso acaba gerando revolta dos trabalhadores que resolvem protestar diante da fábrica, pedindo salários dignos, e condições menos desumanas de trabalho (eles trabalhavam dozes horas por dia). Contudo, ao mesmo tempo, Bocarra estava agindo para minar concorrente Lennox, baixando os preços da carne à tão ponto que levou a Lennox à falência, deixando setenta mil trabalhadores desempregados.
Em outro núcleo da história, temos os Boinas Pretas, um grupo de pessoas que pregar a religião, Deus como forma de atingir a bondade, a caridade e a salvação. Eles são liderados inicialmente por Joana, e tem como objetivo tentar um acordo entre os empregados e patrões, que não seja prejudicial aos primeiros. Eles possuem uma espécie de jornal que distribuem aos trabalhadores divulgando suas ideias, se autodenominam "soldados de Deus", e também ajudam os operários nesse momento de difícil e turbulência, levando-os sopa para que consigam se alimentar direito. Em certo momento da peça, Joana tenta convencer os trabalhadores que a pobreza matéria não importa, pois não tem como todos ter tudo; mas a pobreza espiritual é a mais grave, e o que falta a eles é fé.
A briga pela concorrência entre Bocarra e Lennox acaba trazendo concorrências desastrosas para o Cridle (o amigo de Bocarra) e para o próprio Bocarra, a baixa de preços faz com que suas ações se desvalorizem, levando também a falência e milhares de trabalhadores ao desemprego. Nesse momento, Joana começa a ficar intrigada com o desespero e a miséria dos trabalhadores e tenta descobrir os culpados por isso; então ela resolve ir sozinha a Bolsa de Carnes, atrás de Bocarra. Na Bolsa de Carnes, Bocarra anuncia que já que Lennox faliu, agora vai repassar o negócio de carnes para Cridle. No entanto, Cridle afirma que a disputa da concorrência levou a queda de todas as ações, por isso não poderia comprar o que Bocarra lhe propunha por 10 milhões, considerava muito caro. Havia também o fator da falta de compradores, a massa de desempregados não era consumidor, não havia quem comprasse as latas de carne. Bocarra fica nervoso com a situação, e aí que chega Joana para falar com ele. Ela põe ele contra a parede, perguntando o porquê de o matadouro ter fechado. Bocarra tenta se esquivar, falando que havia se comovido com a morte de um vitelo; e que não se comoviam com a situação dos operários, pois os pobres eram gente ruim. Para se livrar de Joana, ele dá dinheiro a ela, e pede para Slift (seu corretor) mostrar como realmente são os pobres.
Chegando à região dos matadouros, Slift começa a mostrar várias cenas para Joana. Primeiro, ele mostra um rapaz que havia roubado um paletó e um boné de um homem que havia se acidentado; e diz que daria para ele um dólar e um prato de comida se na hora do almoço, explicasse para mulher do acidentado de onde veio as vestimentas. Depois de relutar, ele aceita a proposta. Em frente à fábrica, eles encontram Dona Luckerniddle (a mulher do acidentado) clamando por notícias do marido, Slift então diz que caso ela parasse de reclamar do marido, ela poderia frequentar a cantina da fábrica por três semanas; depois de relutar, ela aceita. Chegando à cantina, Slift faz uma brincadeira com Joana, pede para ela esperar; enquanto ele convence um trabalhador insatisfeito com suas condições de trabalho a convencer outra pessoa (Joana) a trabalhar no seu lugar; em troca de um cargo mais importante. O trabalhador não pensa duas vezes, e mente sobre o tipo de trabalho só para Joana aceita. No fim, ela fica horrorizada com a atitude do trabalhador; e depois se choca ao ver Dona Luckerniddle na cantina (esta justifica que independente do que aconteceu com o marido, estava faminta). Por fim, para desgosto de Slift, Joana conclui o que contrário do que ele queria: ela ver que o problema não são os pobres, mas sim a exploração que a "gente má" faz deles, essas pessoas são os verdadeiros vilões.
De volta à Bolsa das Carnes, nos deparamos com uma crise de superprodução: de um lado, os atacadistas possuem inúmeras latas de carne congeladas, mas não há consumidor pra comprar; de outro os industriais do enlatado não têm pra quem vender os produtos, já que os atacadistas não querem comprar; consequentemente, os criadores não têm pra quem vender os seus bois e porcos para o abate. Nesse momento, estão todos revoltados com Cridle que põe as cotações do ramo da carne lá em baixo; este culpa Bocarra por tal ato. Ele explica que Bocarra, enquanto fechava um contrato com ele, continuava derrubando o preço da carne; isso levou a queda das ações; e hoje o que valia 10, não vale mais que 3 milhões. Todos começam a se revoltar contra Bocarra, enquanto este exige seu pagamento; até que surge Joana com os Boinas Pretas. Eles começam a pregar a religião e falar que pagarão por tudo que fazem no juízo final; tentando convencê-los que de que o que fazem com os pobres terá retorno, afirmando que os pobres não tem moral, porque ninguém lhes dá nada. Por fim, Joana pressiona Bocarra a não deixar o negócio das carnes ruir para não causar desemprego, mostrando para ele, os "pobres"; com isso, ele resolve comprar a produção de carne enlatada excedente dos industriais, sustentando o mercado.
Depois de um momento, à sós no escritório com Slift, Bocarra conclui que não deveria ter comprado a carne; pois pagou alto preço por algo que já não valia tanto, e poderia terminar liquidado e endividado. Do lado de fora, está Joana com os Boina Pretas, trabalhadores, e criadores; e começam a pressionar Bocarra a comprar o gado excedente dos criadores. Sentindo-se pressionado, e para se livrar da situação, Bocarra resolver comprar todos os gados.
Depois de um tempo, percebendo que os matadouros continuam fechados, que a revolta popular é questão de tempo e após verem que o dinheiro que recebem das esmolas é insuficiente para se sustentarem; os Boinas Pretas junto com seu tenente Snyder resolvem fazer uma proposta aos industriais. Eles pedem oitocentos dólares por mês para os industriais, em troca eles pregariam para os pobres que a desgraça era inevitável, e o sofrimento era o destino, mas que após a morte, eles seriam recompensados; enquanto os ricos castigados. Nesse momento, chega Joana e ela fica revoltada ao perceber que os matadouros continuam fechados, e indagam os industriais o porquê disso. Eles tentam se explicar, mas não conseguem; e Joana reclama e diz que não adianta travarem uma guerra com os criadores, pois não adianta ter carne, se não há estômago para compra-la; logo os trabalhadores precisam retornar ao trabalho. Após acusa-los de desonestidade, os expulsa do estabelecimento dos Boinas Pretas. Snyder fica tremenda irritado com Joana porque ela arruinou o acordo que os Boinas Pretas iam fazer com os industriais; com isso ele expulsa Joana dos Boinas Pretas.
Joana, então, resolve ir atrás de Bocarra; já que não tem para onde ir nem tem dinheiro. Ele lhe faz uma proposta, diz para ela voltar para os Boinas Pretas e avisar que ele pagará o aluguel deles; em troca, os Boinas Pretas teriam que pregar que o sofrimento é o destino, mas que os trabalhadores serão recompensados depois da morte. Joana diz que o dinheiro vai para os Boinas Pretas, mas que ela não voltará para ela, pois não aceita as condições; e que, a partir desse dia, viveria junto dos pobres nos portões das fábricas, esperando elas abrirem, atrás de emprego.
Joana vai se refugiar na neve junto na rua, junto da companhia dos pobre, como Dona Lucerniddle e Gloomb; ele fica indignada quando ver os Boinas Pretas pregando a ideia do sofrimento inevitável; e questiona se não havia ninguém capaz de se revoltar com toda a situação e lutar por algo, e descobre que existem os comunistas. Enquanto isso na Bolsa de Carnes, a lei tarifária do Sul cai, e todos ficam ávidos por lucros. No entanto, se decepcionam ao ver que não possuem nada para vender. Nesse momento, Bocarra exige a parte do acordo que ele combinou: as quarenta mil toneladas de carne enlatadas que haviam comprado dos industriais; estes afirmam que não tem como entregar, pois não há gado pra comprar. Os criadores afirmam que não possuem nada para vender para os industriais, tudo já havia sido vendido. Os industriais se desesperam, mas descobrem que quem havia comprado todo o gado dos criadores era o Bocarra e se irritam com ele.
Enquanto isso, Joana se dirige para um galpão onde sindicalistas estão discursando e resolve se juntar à causa. Em certo momento, um dos dirigentes do sindicato resolve dar uma missão à Joana: pede para ela entregar uma carta nas Indústrias Graham, à três trabalhadores das Indústrias Cridle. Lá na Bolsa de Carnes, a situação não vai nada, as firmas declaram pregão, algumas pedem concordata; a classe média fica abalada, e os industriais são pressionados a comprarem a tal carne, para o mercado não sucumbir. Eles alegam que não tem mais como comprar gado, estão muito acima do preço normal; Bocarra afirma, em contrapartida, que está desapontado, pois tudo que havia feito era para manter os empregos, mas os industriais atrapalham, pois não conseguem cumprir um contrato e entregar as quarenta mil toneladas de carne enlatada. Profundamente agoniado já com a situação, Bocarra manda Slift vender os gados a oitenta para os industriais. Subitamente, ele é avisado que os sindicalistas estão cercando a região do matadouro por detetives; apreensivo, ele pede que a polícia vá reprimi-los, mas pergunta notícias de Joana, só que não tem nenhuma. Ele resolve sair e autoriza Slift a continuar os negócios. Na rua, ao ser abordado por jornalistas, tentando conter a revolta dos sindicalistas, Bocarra afirma que facilitou a vender de carne para os industriais, assim as fábricas vão reabrir e ninguém ficará desempregado.
Na região dos matadouros, Joana chega ao local destinado para entregar às cartas; porém, é abordada por jornalistas, que se referem à ela como Joana Dark dos Boinas Pretas; como Joana Dark, a Virgem dos Matadouros. Profundamente irritada, ela tenta se desvencilhar dos jornalistas, e se junta à multidão que pragueja contra o sistema que os que estão em cima dependem da exploração dos que estão embaixo para continuarem no topo. Os jornalistas voltam e falam que Bocarra facilitou para os industriais, e que as fábricas vão reabri. Joana comemora, e alguns trabalhadores indagam se devem voltar para casa. No entanto, muitos permanecem incrédulos quanto a veracidade da informação; até que o exército começa a avançar para reprimir os revoltosos. A confusão começa a se generalizar, grevistas e dirigentes dos sindicatos saõ presos; Joana começa ficar com medo, e resolve sair correndo.
Enquanto observa a ação do exército, Bocarra recebe a notícia de que foi a ruína: os preços do boi despencaram e não há compradores; pois os industriais foram à falência e saíram do mercado. No início, recebe a notícia perplexo; mas, depois fica aliviado; pois agora poderá viver sem pressão. Após notar a ausência de Joana na região dos matadouros, os trabalhadores se decepcionam. Então, Dona Luckerniddle resolve ir atrás dela. Ao encontra-la, exige que Joana lhe entrega à carta que ela deveria ter entregado aos trabalhadores na Indústria Graham. Ela se recusa, afirmando que o conteúdo das cartas são incitações à violência; Dona Luckerniddle se irrita e avança em cima dela. Joana, então, sai correndo e foge. Correndo, sem rumo, e cansada; Joana descobre que Bocarra levou todos à falência; arrependida, por não ter entregue a carta aos trabalhadores, ela resolve voltar.
Na sede dos Boinas Pretas, aparece um senhor cobrando o aluguel para Snyder, o tenente. Este alega que está esperando o cumprimento do acordo de Bocarra que lhe pagariam certa quantia em troca de pregações favoráveis dos Boinas Pretas. Todavia, eles são surpreendidos quando Bocarra chega lá, pobre; porém arrependido de todas as explorações que ele fez aos trabalhadores. Snyder irritado, expulsa Bocarra, pois continua sem dinheiro para os alugueis.
Andando, Bocarra é abordado por industriais e criadores que estão falidos; até que Graham explica a situação. Este afirma que quando Bocarra saiu da Bolsa de Carnes e deixou Slift tomar de conta, ele elevou demais o preço do gado; aí o Banco Nacional interviu e foi buscar gados e novilhos no exterior. Contudo, isso não fez Slift abaixar os preços; os industriais faliram, aí a carne despencou, e gerou uma falência em massa de criadores, especuladores, etc. Até que Bocarra recebe uma carta de amigos de Nova Iorque, falando que há uma solução, falando que deve ele fazer um acordo com os criadores. Nesse momento, Bocarra começa a receber pressão de vários lados para seguir o conselho dos amigos de Nova Iorque. Ele, então, espertamente, resolve fazer um acordo: vai seguir o conselho, porém vai liderar; primeiro, daria teto, sopa e tudo para os Boina Pretas contanto que eles advogassem na causa deles, afirmando que são gente do bem; ficaria com metade das ações dos industriais; e manda os criadores limitarem a criação, queimando um terço do rebanho. Todos resolvem seguir o que Bocarra falou, exceto Snyder (tenente dos Boinas Pretas) que diz que melhor que queimar parte do rebanho, seria dá-lo aos trabalhadores que necessitam ser dispensados, pois para cortar gastos, um terço teria que ser demitido. Todos concordam visto que a mão de obra tem que estar sob controle, pois eles são os verdadeiros compradores, concordam, no entanto, que nos tempos de crise, para se reabrir os matadouros, teriam que diminuir os salários também.
Exausta, Joana continua sua saga atrás tentando reencontrar os trabalhadores que devia entregar as cartas, mas estes estão presos. No meio do tumulto, ela acaba descobrindo da demissão de alguns trabalhadores e abaixamento dos salários; sem forças mais para lutar, Joana cai inconsciente. Os policiais resolvem leva-la a sede dos Boinas Pretas. Totalmente debilitada, Joana segura a carta e reclama de não ter conseguido atingir seu objetivo. Nos seus momentos finais, ela começa a reclamar do sistema, da exploração dos trabalhadores. Os que estavam presentes no local, Bocarra, os industriais, os Boinas Pretas e seu tenente Snyder; no início, lamentam a morte da santa (como eles se referem à ela) defensora dos pobres; mas, se tornam desconfortáveis a cada palavra que ela vocifera contra eles. Por fim, Joana desfalece e morre. Snyder aproveita da situação, declara ela morta de pneumonia, e transforma ela em mártir, e símbolo da pregação dos Boinas Pretas.


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