Ecoeficiência e Sustentabilidade Organizacional

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Ecoeficiência e Sustentabilidade Organizacional

 

 

 

 

       

   

Ecoeficiência e Sustentabilidade  Organizacional

               

 

O Relatório de Sustentabilidade - Introdução e Guia Prático        

Manuel Teixeira 24‐09‐2010 

 

 

  1  Introdução á Ecoeficiência e Sustentabilidade Organizacional – Manuel Teixeira - 2010

Ecoeficiência e Sustentabilidade Organizacional

Ecoeficiência e Sustentabilidade Organizacional 8 - Ferramentas para a ecoeficiência e sustentabilidade ............................................................................75

 

8.1 - A análise ambiental inicial - A autoavaliação da ecoeficiência ............................................................75 O processo de avaliação ........................................................................................................................77

Conteúdo

1. Direção Geral .....................................................................................................................................78 A Responsabilidade Social e a Sustentabilidade............................................................................................ 4

2. Desenho e desenvolvimento ............................................................................................................80

Um pouco de história sobre a responsabilidade social ........................................................................... 6

3. Compras ..............................................................................................................................................81

1.2 - A Responsabilidade Social em Portugal ........................................................................................... 8

4. Produção e distribuição .....................................................................................................................82

1.3 - O ambiente como estratégia empresarial ......................................................................................... 9

5. Área financeira ....................................................................................................................................83

1.4 - A Nova Norma Portuguesa de Responsabilidade Social - NP 4469 .........................................12

6. Marketing e comunicações ...............................................................................................................84

2 - A questão da Sustentabilidade .................................................................................................................15

7. Gestão das instalações .......................................................................................................................86

2.1 - O Desenvolvimento Sustentável .....................................................................................................17

Etapa 2 – O Planeamento Estratégico ............................................................................................................87

2.1.1 - A Estratégia da UE para o Desenvolvimento Sustentável (SDS) ......................................19

Conclua o seu perfil de ecoeficiência ..................................................................................................87

2.2 - O Índice de Sustentabilidade Empresarial .....................................................................................22

O Plano estratégico ................................................................................................................................88

3 - Introdução à ACV – Análise do Ciclo de Vida.....................................................................................30

Etapa 3 - Análise do Custo / Benefício..........................................................................................................90

3.1 - Porquê introduzir o conceito ACV na sua organização?.............................................................33

O propósito .............................................................................................................................................90

3.2 - O que fazer e o que evitar quando começar com a ACV............................................................35

A análise de custo - benefício ...............................................................................................................90

3.3 - Alguns pontos de referência dos standards da ISO para a ACV ...............................................37

Os próximos passos ...............................................................................................................................91

3.4 - A definição dos objetivo s e do âmbito da ACV ..........................................................................38

9 – O Relatório de Sustentabilidade .............................................................................................................93

3.5 - A necessidade da definição dos objetivo s e do campo de ação ................................................39

A Finalidade de um Relatório de Sustentabilidade ................................................................................93

3.6 - Procedimento geral para o cálculo dos eco-indicadores ..............................................................40

Orientações sobre a Estrutura de Relatórios da GRI ...........................................................................94 O Sustainability Balanced Scorecard ........................................................................................................96

4 - As Bases de Dados - O Ecoinvent Centre..................................................................................................42 4.1 - Principais vantagens da Ecoinvent..................................................................................................44

 

5 - Ecoeficiência: por onde começar? ..........................................................................................................47

 

5.1. Aspetos fundamentais da Ecoeficiência ..........................................................................................48 5.2 - Ecoeficiência ao longo da cadeia de valor: a ACV .......................................................................50 5.3 - Evolução do conceito: a Ecologia Industrial.................................................................................53

   

 

5.4 - Como tornarmo-nos Ecoeficientes? ...............................................................................................56 6 - A Avaliação do Ciclo de Vida (Life Cycle Assessment) ......................................................................59 6.1 - O que é a Avaliação do Ciclo de vida? ...........................................................................................59 6.2 - Porquê usar a ACV? ..........................................................................................................................60 6.3 - ACV: Cinco passos para a Ecoeficiência .......................................................................................61 7 – Os Indicadores de ecoeficiência .............................................................................................................66 7.1 – Os IEE e o crescimento verde........................................................................................................68 7.2 - Definição básica de indicadores de ecoeficiência .........................................................................69 7.3 - Indicadores de sustentabilidade .......................................................................................................71 7.4 - Indicadores geralmente aplicáveis ...................................................................................................72 2  Introdução á Ecoeficiência e Sustentabilidade Organizacional – Manuel Teixeira - 2010

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São diversos os fatores que deram origem à necessidade de se observar uma responsabilidade acrescida das organizações. Num contexto de globalização e de mutação industrial em larga escala, emergiram novas preocupações e expectativas dos cidadãos, dos consumidores, das autoridades públicas e dos investidores.

   

A Responsabilidade Social e a Sustentabilidade    

     

    

A Responsabilidade Social das Empresas, é definida pelo nível de integração voluntária, em termos de preocupações sociais e ambientais, por parte das empresas, nas suas operações e na sua interação com as outras partes interessadas.

As empresas de hoje surgem como agentes transformadores de larga escala através dos seus, por vezes, vastos recursos financeiros, tecnológicos e económicos, acabando por exercerem uma influência constante e muito forte sobre os recursos humanos, a sociedade e o meio ambiente em geral.

 

Em: O Livro Verde para a Responsabilidade Social das Empresas, Publicado pela Comissão Europeia.

    Seguindo esta perspetiva, a responsabilidade social é um conceito, segundo o qual, as empresas decidem, numa base voluntária, contribuir para uma sociedade mais justa e para um ambiente mais limpo. A gestão das empresas deve ser norteada não apenas para o cumprimento de interesses dos seus proprietários, mas também pelos de outros detentores de interesses tais como, a título de exemplo, os trabalhadores, as comunidades locais, os clientes, os fornecedores, as autoridades públicas, os concorrentes e a sociedade em geral. Este conceito de conceito de responsabilidade social deve ser entendido a dois níveis: 1. Ao nível interno que se relaciona com os trabalhadores e, mais genericamente, com todas as partes interessadas afetadas pela empresa e que, por seu turno, podem influenciar os seus resultados.

Como consequência, as empresas procuram, cada vez mais, colaborar de algum modo para o fortalecimento destas áreas, com posturas mais focalizadas na ética, na transparência e na justiça social. Os empresários, neste novo papel, tornam-se cada vez mais aptos a compreender e participar nas mudanças estruturais da relação de forças nas áreas ambiental, económica e social. A responsabilidade social corporativa tem-se apresentado como um tema cada vez mais importante no comportamento das organizações, exercendo impactos na definição dos objetivos, missão, valores, cultura, estratégias e no próprio significado atual das empresas. Por seu turno, a sustentabilidade corporativa deve ser vista como uma abordagem de negócios, para agregar valor á empresa, aos seus produtos e à sua marca. Como tal, responsabilidade social e sustentabilidade inserem-se no capítulo da Governança Corporativa.

2. Ao nível externo que leva em conta as consequências das ações de determinada organização sobre as suas variáveis externas, nomeadamente, o ambiente, os seus parceiros de negócio e meio envolvente.

O próprio conceito de competitividade está associado à sustentabilidade do negócio, que só será plena quando estendida ao longo de toda a cadeia 5 

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produtiva. Constata-se, assim, que a força económica está intrinsecamente ligada à preservação do meio ambiente, o que representa uma mudança de cultura no mundo corporativo e, consequentemente, pressupõe um trabalho integrado com as diversas partes interessadas. A sustentabilidade é um conceito que depende de todos: empresas, governos, sociedade e indivíduos. Deve ser entendida como uma abordagem sistémica a qual postula que todos os elementos influenciam e são influenciados reciprocamente.    

Supremo Tribunal decidiu a favor de Dodge, entendendo que as corporações existem para o benefício dos seus acionistas e que os quadros superiores devem assumir como principal objetivo garantir o lucro, não podendo usá-lo para outros fins.

Um pouco de história sobre a responsabilidade social   As ações solidárias, de benemerência, de voluntariado e do mecenato datam da Idade Média. O mecenato, prática comum na Roma antiga, foi fundamental para o desenvolvimento da produção intelectual e artística do renascimento bem como dos grandes descobrimentos. A maioria dos mecenas eram elementos da burguesia, homens enriquecidos com o comércio. O investimento do mecenas era recuperado com o prestígio social obtido, facto que contribuía com a divulgação das catividades das suas empresas ou instituições que representava. Como podemos observar, já naquela época, havia a intenção em agregar valor social à marca da empresa. Já no século XIX, nos Estados Unidos e Europa, a responsabilidade social era comummente aceite, nomeadamente quando o direito de conduzir os negócios de forma corporativa era uma questão de prerrogativa do Estado ou Monarquia e não um interesse económico privado. Os monarcas autorizavam os alvarás para as corporações de capital aberto que prometessem benefícios públicos, tais como a exploração e colonização do Novo Mundo. As primeiras corporações nas colónias americanas foram fundadas com o objetivo da prestação de serviços de construção, transporte e infraestruturas, sendo reguladas quanto ao seu tamanho, tipo e estrutura de capital. Mais tarde, ainda em plena revolução industrial, a questão da responsabilidade e discricionariedade dos dirigentes de empresas abertas veio à tona publicamente pelo julgamento, na Justiça Americana, do caso Dodge versus Ford. Tratava-se da amplitude da autoridade de Henry Ford, presidente e accionista maioritário da Ford Motor Company, em tomar decisões que contrariavam os interesses de um grupo de acionistas liderados por John e Horace Dodge. Em 1916, argumentando a realização de objetos sociais, Ford decidiu não distribuir parte dos dividendos aos acionistas e investiu na capacidade de produção, no aumento de salários e num fundo de reserva para uma esperada diminuição de receitas devido à redução dos preços dos carros. É lógico que o

A ideia de que a empresa deveria responder apenas aos seus acionistas começou a receber fortes críticas durante a Segunda Guerra Mundial. Nessa época, diversas mudanças começaram a acontecer nos Estados Unidos, principalmente pelo trabalho de Berle e Means, (The Modern Corporation and Private Property - Berle e Means, 1932), diversas decisões nos Tribunais Americanos foram favoráveis às ações filantrópicas das corporações. Outro facto (em 1953), trouxe a público a discussão sobre a inserção da empresa na sociedade e as suas responsabilidades: o caso da A.P. Smith Manufacturing Company Co. versus os seus acionistas, que contestavam a doação de recursos financeiros à Universidade de Princeton. Nesse período, a Justiça estabeleceu a lei da filantropia corporativa, que determinava que uma corporação poderia e deveria promover o desenvolvimento social. Nos anos 60, muitos autores europeus passaram a destacar-se pela discussão dos problemas sociais e respetivas possíveis soluções. Nos Estados Unidos as empresas já se preocupavam com a questão ambiental e em divulgar as suas atividades no campo social. Só na década de 70 é que a preocupação com o como e quando a empresa deveria responder pelas suas obrigações sociais, começou a ter relevância. Nessa época, a demonstração para a sociedade das ações empresariais passou a ser de extrema importância. A França foi o primeiro país do mundo a ter uma lei que obriga as empresas que tenham mais de 300 funcionários a elaborar e publicar o seu Balanço Social. O seu principal objetivo prende-se com a necessidade de informar o pessoal sobre o clima social na empresa e a evolução dos seus efetivos; em geral, estabelecer o desempenho da empresa no domínio social. Na década de 90, com uma maior participação de diversos autores na questão da responsabilidade social, entrou em cena a discussão sobre os temas ética e moral nas empresas, o que contribui de modo significativo para a conceptualização da responsabilidade social.      

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  1.2 - A Responsabilidade Social em Portugal   Responsabilidade Social, Desenvolvimento Sustentável e Cidadania Empresarial, são expressões que começaram a ser muito utilizadas, nomeadamente no diálogo empresarial, mas que para o cidadão comum, normalmente pouco esclarecido por falta de curiosidade e também por falta de informação disponível adequada, podem ser encaradas como mais uma "moda".

    1.3 - O ambiente como estratégia empresarial

"O ambiente de uma organização é composto por forças e instituições externas a ela e que podem afetar o seu desempenho".

A ideia de uma Responsabilidade Social das empresas não é nova, e, como já referimos, já em 1920 Henry Ford defendia que as empresas tinham de participar no bem-estar coletivo. Esta ideia ressurgiu nos últimos anos, não como uma moda, mas sim como um valor que devido às modificações do meio envolvente foi crescendo e evoluindo até adquirir uma dimensão universal.

O ambiente normalmente inclui fornecedores, clientes, concorrentes, sindicados, organismos governamentais regulamentares e grupos de interesses especiais. O ambiente de cada organização é diferente. Em qualquer momento, o seu carácter preciso depende do "nicho" que a empresa demarcou para si mesma em relação à gama de produtos ou serviços que oferece e os mercados a que atende. Por isso o nível de competitividade de determinada empresa pode ser definida, num sentido amplo, como a sua capacidade de desenvolver e sustentar vantagens competitivas que lhe permitam enfrentar essa realidade. Esta capacidade competitiva empresarial é condicionada por um vasto conjunto de fatores internos e externos à empresa.

A Comissão Europeia, no Livro Verde que lançou em 2001 sobre o tema, definiu a Responsabilidade Social como " um comportamento que as empresas adotam voluntariamente e para além das prescrições legais, porque consideram ser esse o seu interesse a longo prazo ". Simplificando, pode falar-se de uma convergência de conceitos entre Desenvolvimento Sustentável, Responsabilidade Social e Cidadania Empresarial para expressar uma e a mesma ideia, uma atitude por parte das empresas que tem em conta não só os aspetos económicos mas também os aspetos sociais e ambientais.

Ao nível interno, a competitividade empresarial resulta, em última instância, de decisões estratégicas, através das quais são definidas as suas políticas de investimento, de marketing, tecnológica, de gestão da produção, financeira, de recursos humanos etc. O objetivo de tais decisões deve ter como objetivo padrões de preço, qualidade e prazos de entrega competitivos com os padrões vigentes nos mercados alvo pela empresa.

A situação portuguesa assemelha-se em muitos aspetos ao panorama internacional, constatando-se desde logo ainda existir um fraco envolvimento por parte dos diversos stackholders (partes interessadas), assim como uma fraca integração das preocupações e expectativas dos mesmos, ainda pouco significativa integração da responsabilidade social no sistema de gestão, participação e consulta da empresa e uma notória confusão sobre o que é efetivamente Responsabilidade Social.

O fator ambiental, por sua vez, vem demonstrando a necessidade de adaptação das empresas e consequentemente as direciona para novos caminhos na sua expansão. As empresas devem mudar os seus paradigmas, mudando a sua visão empresarial, objetivo s, estratégias de investimentos e de marketing, tendo como pano de fundo a melhoria contínua do seu produto, adaptando-o à nova realidade do mercado global e corretamente ecológico.

No que concerne à avaliação da prestação das empresas, na vertente da certificação, verifica-se que o número de empresas em Portugal certificadas é ainda muito reduzido, e tem sido feita de acordo com a norma NP 4469, a qual tem suscitado problemas de aplicação, nomeadamente no que se refere à consulta das diversas partes interessadas aquando do processo de avaliação.  

Ao longo das últimas décadas, pode-se afirmar que os recursos naturais tem sido tratados apenas como matéria-prima para o processo produtivo, principalmente no processo produtivo industrial. O que aconteceu é que este modelo, do modo como foi idealizado, não é sustentável a longo prazo. É comummente aceite que os recursos naturais não são inesgotáveis e, portanto, finitos, se mal utilizados.

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Assume-se que as reservas naturais são finitas e que as soluções ocorrem através de tecnologias mais adequadas ao meio ambiente. Deve-se atender às necessidades básicas usando o princípio da reciclagem. Esta nova abordagem foi construída, em grande parte, a partir dos resultados da Cimeira da Terra - ECO-921, onde a noção de desenvolvimento sustentável se alastrou e se estruturou. Porém, o que a noção e os conceitos de sustentabilidade trazem como novo desafio são os caminhos para a gestão ambiental.

visão sobre as práticas de responsabilidade social e empresarial e a sua gestão do desempenho. Em Portugal, temos do IPQ a norma NP 4469-1: 2008 Sistema de gestão da responsabilidade social. A certificação em responsabilidade social é orientada para o incremento da capacidade competitiva de qualquer organização que voluntariamente garanta a componente ética do seu processo e ciclo produtivo, prevendo a adequação à legislação nacional, através do cumprimento de requisitos associados a:   

Nesse aspeto, as empresas têm um papel extremamente relevante. Através de uma prática empresarial sustentável, provocando mudanças nos valores e na orientação dos seus sistemas operacionais, estarão engajadas à ideia do desenvolvimento sustentável e da preservação do meio ambiente.

    

Na sociedade de mercado, a empresa é a unidade básica de organização económica. As empresas são o motor central do desenvolvimento económico e devem ser, também, um motor vital do desenvolvimento sustentável. Para isto, é imprescindível que elas definam adequadamente a sua relação com a sociedade e com o meio ambiente. O conceito que melhor define esta relação é o de Responsabilidade Social Corporativa – Corporate Social Responsability (CSR) – definido pela World Business Council for Sustainable Development (WBCSD)2 como: “a decisão da empresa de contribuir ao desenvolvimento sustentável, trabalhando com os seus empregados, as suas famílias e a comunidade local, assim como com a sociedade no seu conjunto, para melhorar a qualidade de vida”. A responsabilidade social faz com que a “empresa sustentável” se converta numa peça chave na arquitetura do desenvolvimento sustentável. Posto isto, várias normas, diretrizes e padrões foram criados, como a Norma AA 10003, a SA 80004 e a NP 4469, contribuindo para criar um modelo de                                                              1 A Conferência das Nações Unidas para o Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como ECO 92, realizou-se no Rio de Janeiro entre 3 e 14 de Junho de 1992. Teve como objectivo reconciliar o desenvolvimento económico com a proteção do ambiente. A presença de 117 chefes de Estado (a maior reunião de líderes de sempre) comprovou o interesse posto ao mais alto nível político na defesa do planeta. De facto, a Cimeira significou o despertar definitivo das nações para as questões ambientais. 2 Consultar em: http://www.bcsdportugal.org 3 A série de normas AA 1000 define melhores práticas para prestação de contas a fim de assegurar a qualidade da contabilidade, auditoria e relato social ético de todos os tipos de organizações (públicas, privadas e ONGs de todos os portes). Os padrões de processo da AA 1000 associam a definição e a integração dos valores da organização com o desenvolvimento das metas de desempenho e com a avaliação e comunicação do desempenho organizacional. Por meio desse processo, focado no engajamento da organização com as partes interessadas, vincula questões sociais e éticas à gestão estratégica e operações do negócio. 4 A SA 8000 é uma norma internacional de avaliação da responsabilidade social para empresas fornecedoras e vendedoras, baseada em convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e noutras convenções



Trabalho Infantil; Trabalho Forçado; Segurança e Saúde; Liberdade de Associação e Direito à Negociação Coletiva; Discriminação; Práticas Disciplinares; Horário de Trabalho; Remuneração; Sistema de Gestão.

. Entre as vantagens da implementação de um sistema de gestão da responsabilidade social, destacam-se a implementação de boas práticas de ética empresarial, com a satisfação de todas as partes interessadas, a melhoria da eficiência e eficácia dos processos, a redução de custos, o aumento da produtividade e competitividade e a contribuição para um desenvolvimento sustentável. Para a certificação do sistema de gestão de responsabilidade social de acordo com a NP 4469-1: 2008, não existem ainda Organismos de Certificação acreditados para o efeito, pelo Instituto Português de Acreditação (IPAC) no âmbito do Sistema Português da Qualidade (SPQ)5. Na União Europeia, temos o Livro Verde que divide as áreas de conteúdo da Responsabilidade Social Corporativa em dois grandes blocos, sendo que o primeiro é relativo a aspetos internos e o segundo a aspetos externos. Na dimensão interna, ao nível da empresa, as práticas socialmente responsáveis implicam, fundamentalmente, os trabalhadores e prendem-se com questões como o investimento no capital humano, a saúde, a segurança e a gestão da mudança, enquanto as práticas ambientalmente responsáveis se relacionam sobretudo com a gestão dos recursos naturais explorados no processo de produção. Estes aspetos possibilitam a gestão da mudança e a harmonização do desenvolvimento social com uma competitividade                                                              das Nações Unidas (ONU). Foi desenvolvida em Outubro de 1997 pelo Órgão de Creditação do Conselho de Prioridades Económicas (CEPAA), ligada a ONU, reunindo ONG, empresas e sindicatos. 5 Informação retirada do site do IPQ, em: http://www.ipq.pt/custompage.aspx?modid=35&pagid=4059

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Responsabilidade Social. Esta norma possibilita estabelecer a diferença entre quem realmente faz Responsabilidade Social e quem faz marketing e relações públicas baseadas em apoio a causas, filantropia ou mecenato. Ainda que estas ações sejam muito importantes, não podem automaticamente ser consideradas de Responsabilidade Social, uma vez que o conceito está associado à forma como a organização realiza o seu negócio e aos impactes positivos e negativos que gera.

reforçada. Quanto à dimensão externa, a responsabilidade social de uma empresa ultrapassa a esfera da própria empresa e estende-se à comunidade local, envolvendo, para além dos trabalhadores e acionistas, um vasto espectro de outras partes interessadas: parceiros comerciais e fornecedores, clientes, autoridades públicas e ONG que exercem a sua atividade junto das comunidades locais ou no domínio do ambiente, conforme demonstrado na seguinte figura.

Para todos os que pensam em termos de sustentabilidade, existem diversos elementos que não devem ser esquecidos, para além da importância de participar em ações de carácter caritativo. O conceito de Responsabilidade Social abrange os impactes ambientais, a eventual destruição dos fornecedores, a igualdade de género e no trabalho, a saúde dos clientes, a prosperidade das comunidades de suporte, etc. A certificação permite não só uma concreta melhoria dos processos e dos impactes como a declaração pública das boas práticas. Quais as mais-valias fora de Portugal? A NP 4469-1:2008 segue a mesma metodologia de normas internacionais. Tem um valor próprio pelo que diferencia as empresas portuguesas em relação a outros países onde este tipo de instrumentos não exista ou seja ignorado. Quando um investidor estrangeiro pesquisa o nosso mercado, observa o seu quadro legislativo e administrativo e a forma como os negócios se organizam e realizam. Sendo a confiança um dos elementos centrais de qualquer contrato, a Norma ajuda as Empresas a captarem a confiança dos investidores e clientes, através da garantia emitida pela Entidade Certificadora.

Figura 2: Os meus possíveis stakholders

1.4 - A Nova Norma Portuguesa de Responsabilidade Social - NP 4469

A APEE, Associação Portuguesa de Ética Empresarial, tem organizado múltiplas reuniões com todas as partes interessadas, onde estas questões têm sido debatidas, tendo como grandes temas as questões da Ética das Organizações, Sustentabilidade e Responsabilidade Social - que atravessam todos os eventos e suscitam respostas conforme os diferentes pontos de vista das partes interessadas.

A Comissão Técnica 164 (iniciativa da Associação Portuguesa de Ética Empresarial – APEE – com o apoio da Bureau Veritas), responsável pela elaboração da Norma Portuguesa de Responsabilidade Social, deu por concluída, em Março de 2008, a primeira Norma Portuguesa de Responsabilidade Social - NP 4469-1:2008. A NP 4469-1:2008 define um sistema de gestão, baseado no ciclo PDCA, que auxilia a organização a criar e manter a sua política e práticas de 13 

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2 - A questão da Sustentabilidade

Capítulo 2 2 - A questão da Sustentabilidade ................................................................................................. 15 2.1 O Desenvolvimento Sustentável ........................................................................................ 17 2.1.1 - A Estratégia da UE para o Desenvolvimento Sustentável (SDS) ....................... 19 2.2 O Índice de Sustentabilidade Empresarial ........................................................................ 22

O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu no final do século XX, pela constatação de que o desenvolvimento económico também tem que levar em conta o equilíbrio ecológico e a preservação da qualidade de vida das populações humanas a nível global. A ideia de desenvolvimento sustentável tem por base o princípio de que o Homem deve gastar os recursos naturais de acordo com a capacidade de renovação desses recursos, de modo a evitar o seu esgotamento (fig. 2.1). Assim, entende-se por desenvolvimento sustentável aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras fazerem o mesmo.

       

Figura 2.1 – Utilização dos recursos naturais

 

A sustentabilidade assenta nos seguintes princípios ou regras de gestão de recursos6:

   

 A exploração dos recursos renováveis não deve exceder ritmos de regeneração;  As emissões de resíduos poluentes devem ser reduzidas ao mínimo e não devem exceder a capacidade de absorção e de regeneração dos ecossistemas;  Os recursos não renováveis devem ser explorados de um modo quase sustentável limitando o seu ritmo de esgotamento ao ritmo de criação de substitutos renováveis.  Sempre que possível deverá ser feita a reutilização e a reciclagem dos resíduos resultantes da utilização de recursos não renováveis. Os

             

                                                             6 Referência ao “Manual de boas práticas de eficiência energética” publicado pela BCSD Portugal – Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável que é uma associação sem fins lucrativos, criada em Outubro de 2001 pela iniciativa das empresas Sonae, Cimpor e Soporcel, associadas ao WBCSD – World Business Council for Sustainable Development, em conjunto com mais 33 empresas de primeira linha da economia nacional. Consultar em: www.bcsdportugal.org.

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   

resíduos de algumas atividades económicas podem em muitos casos servir como matérias--primas de outras atividades. Os processos económicos, sociais e ambientais estão fortemente interligados; O desenvolvimento sustentável vai para além da conservação ambiental; As atividades desenvolvidas no presente e no médio prazo devem garantir a satisfação global as necessidades das gerações futuras; O desenvolvimento sustentável apela a mudanças estruturais a longo prazo na economia e no sistema social, com o objetivo de reduzir o consumo dos recursos naturais mantendo o potencial económico e a coesão social.

2.1 - O Desenvolvimento Sustentável Como vimos, a sustentabilidade é um conceito sistémico, relacionado com a continuidade dos aspetos económicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana. Propõe assumir-se como um meio de configurar a civilização e a atividade humanas, de forma que a sociedade, os seus membros e as suas economias possam preencher as suas necessidades e expressar o seu maior potencial no presente, e simultaneamente serem capazes de preservarem a biodiversidade e os ecossistemas naturais, planeando e agindo de forma a atingir a pro-eficiência na manutenção indefinida destes ideais. A sustentabilidade abrange vários níveis de organização, desde a vizinhança local até ao planeta como um todo, e para que um empreendimento humano seja sustentável, tem de ter em vista os seguintes quatro requisitos essenciais:

A atividade económica, o meio ambiente e o bem-estar global da sociedade formam o tripé básico no qual se apoia a ideia de desenvolvimento sustentável. O desenvolvimento sustentável só pode ser alcançado se estes três eixos evoluírem de forma harmoniosa.

 

Assim, o conceito de desenvolvimento sustentável pode ser representado pela fig. 1.2 em que os três círculos representam as dimensões ambiental, económica e social associadas, sendo de salientar os seguintes aspetos:

 

Ecologicamente correto; Economicamente viável; Socialmente justo; e Culturalmente aceite.

O conceito de desenvolvimento sustentável é, por conseguinte, um conceito sistémico que se traduz num modelo de desenvolvimento global que incorpora os aspetos de desenvolvimento ambiental e foi usado pela primeira vez em 1987, no Relatório Brundtland7, um relatório elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, criado em 1983 pela Assembleia das Nações Unidas

Figura 2.3 – Impacto / benefício da ecoeficiência                                                              7 Relatório Brundtland é o documento intitulado Nosso Futuro Comum, publicado em 1987, no qual o conceito “desenvolvimento sustentável” é concebido como “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir as suas próprias necessidades”. O Relatório Brundtland – elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, faz parte de uma série de iniciativas, anteriores à Agenda 21, as quais reafirmam uma visão crítica do modelo de desenvolvimento adotado pelos países industrializados e reproduzido pelas nações em desenvolvimento, e que realçam os riscos do uso excessivo dos recursos naturais sem considerar a capacidade de suporte dos respetivos ecossistemas. O relatório aponta para a incompatibilidade entre desenvolvimento sustentável e os padrões de produção e consumo vigentes.

Figura 2.2 – Dimensão ambiental, económica e social do desenvolvimento sustentável

16  Introdução á Ecoeficiência e Sustentabilidade Organizacional – Manuel Teixeira - 2010

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2.1.1 - A Estratégia da UE para o Desenvolvimento Sustentável (SDS8)

A definição mais usada para o desenvolvimento sustentável é:

O Conselho Europeu de Junho de 2006 adotou uma ambiciosa, abrangente e renovada SDS para uma UE alargada. Baseia-se na Estratégia de Gotemburgo de 2001 e é o resultado de um processo de revisão extensiva que começou em 2004.

O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e económico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais. — Relatório Brundtland O campo do desenvolvimento sustentável pode ser conceptualmente dividido em três dimensões: a sustentabilidade ambiental, sustentabilidade económica e social (sociopolítica), muitas vezes contextualizada numa política de sustentabilidade baseada nos chamados 7 compromissos para um desenvolvimento sustentável:  

 

A SDS renovada da UE define uma estratégia única e coerente sobre como a UE poderá mais eficazmente assumir o seu compromisso de longa data para enfrentar os desafios do desenvolvimento sustentável. Ela reconhece a necessidade da mudança gradual nos nossos atuais e insustentáveis padrões de consumo e de produção e avançar para uma abordagem mais integrada da política de decisões. Reafirma também a necessidade de uma solidariedade global e reconhece a importância de reforçar o nosso trabalho com os parceiros fora da UE, incluindo os países em rápido desenvolvimento que terão um impacto significativo sobre o desenvolvimento sustentável global. Contexto O objetivo global da Estratégia Europeia do Desenvolvimento Sustentável é identificar e desenvolver ações que permitam à UE atingir uma melhoria contínua a longo prazo da qualidade de vida através da criação de comunidades sustentáveis capazes de gerir e utilizar os recursos de forma eficiente, capaz de atingir o ecológico e o potencial de inovação social da economia e, no final, capaz de garantir prosperidade, proteção ambiental e a coesão social. Mais recentemente, a Comissão adotou, em julho de 2009, a revisão de 2009 da UE SDS. A estratégia define objetivos globais e ações concretas para sete desafios prioritários., muitos dos quais são predominantemente ambientais:       

Figura 2.4 - Os sete compromissos para um desenvolvimento sustentável

Mudança climática e a energia limpa Transporte sustentável Consumo sustentável e produção Conservação e gestão dos recursos naturais Saúde Pública A inclusão social, demografia e migração A pobreza global e os desafios do desenvolvimento sustentável

Para melhorar as sinergias e reduzir os trade-offs, uma abordagem mais integrada à formulação de políticas foi proposta, baseada numa melhor regulamentação (avaliações de impacto) e sobre os Princípios Orientadores para o                                                              8

Sustainable Development Strategy.

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Desenvolvimento Sustentável (adotados pelo Conselho Europeu de Junho de 2005 – ver caixa). A dimensão externa do desenvolvimento sustentável (por exemplo, o uso dos recursos globais e questões relacionadas com o desenvolvimento internacional), tem em conta a política interna, através da integração de considerações em DS nas políticas externas da UE.

Promover uma economia próspera, inovadora, rica em conhecimento, uma economia competitiva e eco eficiente, que proporcione elevados padrões de vida, e o pleno emprego de alta qualidade em toda a União Europeia.

A SDS da UE quer ser uma estratégia para toda a UE. Assim, propõe mecanismos para melhorar a coordenação com outros níveis de governos e exorta as empresas, as ONGs e os cidadãos a se envolverem mais em trabalhar para o desenvolvimento sustentável. Um exemplo disso é o lançamento de um processo voluntário para “análises comparativas das estratégias nacionais de desenvolvimento sustentável”9 , que visa melhorar a partilha de boas práticas.

4 – CUMPRIR AS NOSSAS RESPONSABILIDADE INTERNACIONAIS Encorajar o estabelecimento e defender a estabilidade das instituições democráticas em todo o mundo, baseada na paz, segurança e liberdade. Promover ativamente o desenvolvimento sustentável mundial e assegurar que as políticas internas e externas da União Europeia são compatíveis com o desenvolvimento sustentável global assim como com os seus compromissos internacionais.

Princípios orientadores das políticas

1- PROMOÇÃO E DEFESA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Colocar os seres humanos no centro das políticas da União Europeia, promovendo os direitos fundamentais, combatendo todas as formas de discriminação e contribuindo para a redução da pobreza no mundo. 2- EQUIDADE INTRA E INTER GERAÇÕES Atender as necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas necessidades, na UE e fora da UE.

Projeto de Declaração da UE sobre os Princípios Orientadores para o Desenvolvimento Sustentável10 O desenvolvimento sustentável é um objetivo fundamental para todas as políticas comunitárias, estabelecido no Tratado. Visa a melhoria contínua da qualidade de vida na terra das atuais e futuras gerações. Trata-se de salvaguardar a capacidade da Terra de sustentar a vida em toda a sua diversidade. É baseado nos princípios da democracia e do Estado de Direito e o respeito dos direitos fundamentais, incluindo a liberdade e a igualdade de oportunidades para todos. É gerador de solidariedade entre gerações. Pretende-se promover uma economia dinâmica com um elevado nível de emprego e educação, de proteção da saúde, da coesão social e territorial e de proteção do ambiente num mundo pacífico e seguro, respeitando a diversidade cultural. Para atingir estes objetivo s na Europa e no mundo, a União Europeia e os seus Estados-membros se comprometeram a respeito e a prosseguir, por conta própria e com os parceiros, os objetivo s e princípios seguintes: Principais Objetivos 1 - PROTECÇÃO AMBIENTAL Salvaguardar a capacidade da Terra de sustentar a vida em toda a sua diversidade, respeitar os limites dos recursos naturais do planeta e assegurar um elevado nível de proteção e melhoria da qualidade do meio ambiente. Prevenir e reduzir a poluição ambiental e promover a produção e consumo sustentáveis para quebrar a ligação entre crescimento económico e degradação ambiental. 2 - CAPITAL SOCIAL E COESÃO Promover uma sociedade democrática, inclusiva, coesa, saudável, segura e justa, com respeito pelos direitos fundamentais e a diversidade cultural, igualdade de oportunidades e combatendo a discriminação sob todas as suas formas. 3 - PROSPERIDADE ECONÓMICA                                                              Consultar em: http://ec.europa.eu/environment/pdf/nsds.pdf Bruxelas, 25.5.2005, COM (2005) 218 final, COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO CONSELHO E AO PARLAMENTO EUROPEU, Projeto de Declaração sobre os Princípios Orientadores para o Desenvolvimento Sustentável, COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO CONSELHO E AO PARLAMENTO EUROPEU. Série D Declaração sobre os Princípios Orientadores do Desenvolvimento Sustentável  

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3 - SOCIEDADE ABERTA E DEMOCRÁTICA Garantia dos direitos dos cidadãos de acesso à informação e assegurar o acesso à justiça. Desenvolver canais de consulta e participação para todas as partes interessadas e às associações. 4 - PARTICIPAÇÃO DOS CIDADÃOS Aumentar a participação dos cidadãos na tomada de decisão. Promover a educação e sensibilização do público para o desenvolvimento sustentável. Informar os cidadãos sobre o seu impacto sobre o meio ambiente e as suas possibilidades de fazer escolhas mais sustentáveis. 5 - ENVOLVIMENTO DAS EMPRESAS E DEMAIS PARCEIROS SOCIAIS Intensificar o diálogo social, responsabilidade social e parcerias público-privadas para promover a cooperação e as responsabilidades comuns para alcançar a produção e o consumo sustentáveis. 6 - POLÍTICA DE COERÊNCIA E DE GOVERNANÇA Promover a coerência entre todas as políticas da União Europeia e da coerência entre ações locais, regionais, nacionais e globais a fim de aumentar sua contribuição para o desenvolvimento sustentável. 7 - POLÍTICA DE INTEGRAÇÃO Promover a integração das considerações económicas, sociais e ambientais para que sejam coerentes e se reforcem mutuamente através da plena utilização dos instrumentos para uma melhor regulamentação, tais como a avaliação equilibrada de impacto e consulta dos interessados. 8 - USAR O MELHOR CONHECIMENTO DISPONÍVEL Garantir que as políticas são desenvolvidas, implementadas e avaliadas com base nos melhores conhecimentos disponíveis e que sejam economicamente sólidas e rentáveis. 9 - PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO Dê uma abordagem de precaução quando há incerteza científica, a fim de evitar potenciais danos à saúde humana ou ao meio ambiente e assumir medidas preventivas. 10 – PRINCÍPIO DO POLUIDOR PAGADOR Garantir que os preços reflitam os custos reais das atividades associadas com a produção e o consumo para a sociedade e que os poluidores paguem os danos que causam à saúde humana e ao meio ambiente.

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2.2 - O Índice de Sustentabilidade Empresarial O Índice de Sustentabilidade Empresarial é uma espécie de "selo de qualidade" e isto porque, hoje em dia, os investidores conscientes são caracterizados em dois grandes grupos:  O investidor pragmático, aquele que compra ações de empresas listadas em índices de sustentabilidade porque acredita que essas empresas têm mais hipóteses de permanecerem produtivas no longo prazo e que sofrerão menos passivos judiciais com ações trabalhistas, ambientais e sociais.  O Investidor orientado, aquele que, por compromisso pessoal, decide privilegiar as empresas que atuam de forma sustentável, com respeito aos valores éticos, ambientais e sociais. Ele não se quer envolver com empresas que poluem ou que têm problemas com direitos humanos. Está disposto a pagar um maior valor pela ação de empresas que privilegiam os três pilares de sustentabilidade - económico, ambiental e social, ou seja, o Triple Bottom Line11.

O Triple bottom line Ou designadamente People, Planet, Profit são os resultados de uma empresa medidos em termos sociais, ambientais e económicos. São apresentados nos relatórios corporativos das empresas comprometidas com o desenvolvimento sustentável. Por enquanto, são medições ainda de carácter voluntário. Atualmente, na Europa Ocidental, mais de 70% das multinacionais fazem este tipo de relatórios e, nos Estados Unidos, mesmo com uma percentagem menor (pouco acima dos 40%), tem um crescimento vertiginoso.

Figura 2.5 - os resultados de uma empresa medidos em termos sociais, ambientais e económicos

A imagem do tripé é perfeita para entender a sustentabilidade. No tripé estão contidos os aspetos económicos, ambientais e sociais, que devem interagir, de forma holística, para satisfazer o conceito. Pelo parâmetro passado, uma empresa era sustentável se estivesse economicamente saudável, ou seja, tivesse um bom património e um lucro sempre crescente, mesmo que houvesse dívidas. Para um país, o conceito incluía um viés social. Afinal, o desenvolvimento teria que incluir uma repartição da riqueza gerada pelo crescimento económico, seja por meio da criação de mais emprego, seja por mais serviços sociais para a população em geral. Este critério, na maioria das vezes, é medido pelo Produto Interno Bruto (PIB) do país, o que para a nova abordagem é um indicador limitado. A perna ecológica do tripé trouxe, então, um problema e uma constatação. Se os empresários e os governantes não tivessem em atenção o aspeto ambiental podiam arriscar-se a ficarem sem matéria-prima e eventualmente, sem consumidores, além do fantasma de contribuírem para a destruição do planeta.

Em todos os casos, as empresas que apresentam esta conta tripla de resultados perceberam que no futuro imediato o consumidor se tornará cada vez mais responsável e exigirá saber qual é o impacto económico, ambiental e social que geram os produtos que aquele premeia com a sua compra.

                                                             11 Referência a  John Elkington. Co‐fundador da SustainAbility em 1987. Criador da Triple Bottom line.  Autoridade mundial em responsabilidade social empresarial e desenvolvimento sustentável. Autor e co‐ autor de 16 livros, incluindo o livro publicado em 1988 que vendeu um milhão de cópias Green  Consumer Guide e Cannibals with Forks: The Triple Bottom Line of 21st Century Business. É membro das  maiores organizações mundiais na área da Sustentabilidade. Membro do Dow Jones, entre muitos  outros. 

Assim, o triple bottom line ficou também conhecido como os 3 Ps (People, Planet and Proift, ou, em português, PPL - Pessoas, Planeta e Lucro). É importante verificar que estes conceitos podem ser aplicados tanto de forma macro, para um país ou o próprio planeta, como micro, na sua cidade, empresa ou casa: People – Refere-se ao tratamento do capital humano de uma empresa ou sociedade em geral. Além de salários justos e estar adequado à legislação

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laboral, é preciso pensar noutros aspetos tal como o bem-estar dos seus funcionários, propiciando, por exemplo, um ambiente de trabalho agradável, pensando na saúde do trabalhador e da sua família. Além disso, é imprescindível ver como a atividade económica afeta as comunidades em redor. Não adianta, por exemplo, uma indústria mineira pagar bem aos seus funcionários, se não presta nenhuma assistência para com as pessoas que são afetadas indiretamente com a exploração (ex: uma comunidade local que é afetada social, económica e culturalmente pela presença de um empreendimento desse tipo). Neste capítulo, estão também incluídas outras questões gerais da sociedade tais como a educação, a violência e o lazer ou tempos livres. Planet – Refere-se ao capital natural de uma empresa ou sociedade. É a perna ambiental do tripé. Aqui assim como nos outros itens, é importante pensar no pequeno, médio e longo prazo. Por princípio, praticamente toda atividade económica tem um impacto ambiental negativo. Por conseguinte, a empresa ou a sociedade deve pensar em formas de amenizar esses impactos e compensar o que não é possível amenizar. Deste modo, uma empresa que usa determinada matéria-prima deve planear formas de repor os recursos ou, se não for possível, diminuir ao máximo possível o uso desse material, assim como saber medir a pegada de carbono12 do seu processo produtivo, que, por outras palavras, quer dizer a quantidade de CO2 emitido pelas suas ações. Além disso, obviamente, deve ser tido em conta a adequação à legislação ambiental e a vários princípios discutidos atualmente como o Protocolo de Kyoto. Profit – Trata-se do lucro. É resultado económico positivo de uma determinada empresa. Quando se leva em conta o triple bottom line, esta perna do tripé deve ter em conta os outros dois aspetos referidos acima. Consequentemente, ao longo dos últimos anos, começaram a surgir alguns métodos para tentar medir a sustentabilidade:  O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), medido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), não é exatamente um índice de sustentabilidade, mas ajudou a dimensionar estes novos métodos, onde temos como um bom exemplo

 O Indicador de Progresso Genuíno (GPI) que baseado no cálculo do PIB agrega outros dados que podem influenciar para cima ou para baixo o valor (do PIB) - Ver caixa.

O GPI é calculado pelas organizações não-governamentais tais como a Redefining Progress13, baseadas na metodologia do Friends of the Earth14. Neste indicador, são medidos dados tais como: Distribuição da receita – mede o quanto do PIB vai para as classes menos favorecidas. Trabalho doméstico e voluntário – como o que a dona de casa faz não rende dinheiro, o seu trabalho não entra nas estatísticas tradicionais. Aqui, ele conta. Assim como o trabalho voluntário. Nível educacional – Quanto maior o nível educacional da população, maior o índice GPI. Custo do crime – A violência contra o homem, a natureza e a propriedade privada é um grande desperdício de recursos duma sociedade. Por isso, esse custo deve ser subtraído. Exaustão de recursos – Ligado diretamente à questão ambiental, contabiliza as perdas de recursos naturais ocorridas em casos como o do da desflorestação ou da exploração de jazidas minerais. Poluição – Poluição das cidades, rios cheios de poluentes, barulho. Tudo isto gera custos, os quais irão ter um impacto negativo no índice. Degradação ambiental a longo prazo – Mudanças climáticas, lixo nuclear, buraco da camada de ozono. Os custos destes problemas contemporâneos também são contabilizados. Diminuição do tempo de lazer – Nas grandes cidades, o tempo para descansar e se divertir é cada vez mais escasso, ou seja, é importante saber o quanto a falta deste tempo de ócio pode custar para a vida das pessoas, da comunidade ou do país. Gastos defensivos – Este item mede os custos de defesa contra vários problemas de ordem ambiental e/ou social, seja a erosão ou um acidente de carro. Tempo de vida útil dos bens de consumo e da infraestrutura pública – Os índices tradicionais medem o investimento em infraestruturas e os gastos com consumo, mas não estimam o desgaste e a manutenção desses mesmos produtos. O GPI, sim. Dependência de ativos externos – Nos cálculos tradicionais, tal como no PIB, a maioria dos empréstimos internacionais são considerados positivos. Já no GPI, quando o empréstimo é para investimentos, pode ser considerado positivo. Se o empréstimo é para o consumo, torna-se negativo.

Mas as empresas também têm tentado trabalhar o conceito. Várias Bolsas de valores, em várias partes do mundo têm criado fundos e índices que levam em conta o triple bottom line. É o caso do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bolsa de Valores de São Paulo, Bovespa (no Brasil), ou no caso

                                                             As pegadas dão pistas sobre de onde vimos e para onde vamos. As impressões das pegadas dão-nos informações sobre os animais que as deixam. As pegadas reais oferecem detalhes sobre o tamanho, peso e velocidade, ao passo que as pegadas de carbono medem quanto dióxido de carbono (CO2) nós produzimos apenas por levarmos as nossas vidas diárias. Uma ida ao trabalho de carro, um movimento do interruptor de luz e um voo para fora da cidade, tudo isso utiliza combustíveis fósseis, como o petróleo, o carvão e o gás. Quando os combustíveis fósseis são queimados, eles emitem Gases do Efeito Estufa (GEE), como o CO2, que contribuem para o aquecimento global.

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Ver em: http://www.rprogress.org/about_us/about_us.htm   Ver em: http://www.foe.co.uk/ 

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português, o Prémio de Desenvolvimento Sustentável15, uma iniciativa da Heidrick & Struggles na área da sustentabilidade, tendo como parceiro o Diário Económico e o BCSD Portugal. Este prémio pretende premiar as entidades que passaram da teoria à prática e abraçaram efetivamente o desafio do desenvolvimento sustentável e baseiase no preenchimento de um questionário simplificado que tem por base os critérios do Dow Jones Sustainability Index16, tomando em consideração o “triple bottom line”, adaptado à realidade das práticas de sustentabilidade em Portugal.

Figura 2.7 – Ranking geral - 1º Quartil (por lugar no ranking - 2009)

Figura 2.8 – Vencedores ranking geral (2009)

Figura 2.6 – O estado da arte em Portugal, baseado no Dow Jones Sustainability Index. Fonte: Premio Desenvolvimento Sustentável Portugal

A importância dada pelos investidores a este índice é reflexo de uma preocupação crescente das empresas e grupos económicos com um mundo sustentável. A sua performance financeira está, desta forma, intrinsecamente associada ao cumprimento de requisitos de sustentabilidade que atravessam todas as áreas da vida empresarial e que cruzam aspetos económicos, sociais e ambientais. A inclusão de uma empresa no DJSI dá-lhe diversos benefícios, tangíveis e intangíveis, nomeadamente:

                                                             Consultar em: http://www.bcsdportugal.org/content/index.php?action=articlesDetailFo&rec=1373 O Dow Jones Sustainability Index World é um indicador de performance financeira. Foi lançado em 1999 como o primeiro indicador da performance financeira das empresas líderes em sustentabilidade a nível global. As empresas que constam deste Índice, indexado à bolsa de Nova Iorque, são classificadas como as mais capazes de criar valor para os acionistas, a longo prazo, através de uma gestão dos riscos associados tanto a fatores económicos, como ambientais e sociais. Fonte: Wikipedia.com

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 Reconhecimento público da liderança industrial em áreas estratégicas de dimensão económica, ambiental e social.

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 Reconhecimento de importantes grupos de interesse tais como legisladores, clientes e empregados.  Resultados visíveis imediatos e de grande impacto, tanto internamente como externamente, vistos os resultados serem publicamente anunciados e as empresas ficarem associadas ao símbolo oficial “Member of DJSI”.  Benefícios financeiros como resultado dos investimentos baseados no Índice. Muitas empresas adotam também outros critérios associados a estes novos índices de sustentabilidade, tais como:

Capítulo 3 3 - Introdução à ACV – Análise do Ciclo de Vida..................................................................... 30 3.1 - Porquê introduzir o conceito ACV na sua organização? ............................................. 33 3.2 - O que fazer e o que evitar quando começar com a ACV ............................................ 35 3.3 - Alguns pontos de referência dos standards da ISO para a ACV ................................ 37 3.4 - A definição dos objetivo s e do âmbito da ACV........................................................... 38

 Dimensão da natureza do produto – empresas que têm produtos que causam dependência física ou ameaçam a integridade do consumidor não devem ser consideradas.  Governança corporativa – o mesmo se aplica a empresas que adotam o modelo de Governança que basicamente amplia a transparência dos dados divulgados pela empresa.  Plano de contingência – as empresas devem estar preparadas para problemas ocasionais que condicionem a sua produção.  Dimensão ambiental – além de atender às exigências da legislação ambiental, é importante que as empresas pensem e procurem melhorias que ajudam a amenizar os impactos das suas ações.  Dimensão social – Além de atender às exigências da legislação laboral, as empresas devem incluir políticas de inclusão da diversidade social (como a integração racial ou dos portadores de necessidades especiais), além de apostar em políticas que procurem inibir a corrupção.

3.5 - A necessidade da definição dos objetivo s e do campo de ação ................................. 39 3.6 - Procedimento geral para o cálculo dos eco-indicadores .............................................. 40

Em termos globais, a sociedade contemporânea tem tentado medir a sustentabilidade para poder dimensionar melhor o problema e poder criar planos alternativos para as atuais e futuras gerações. A questão implica no entanto (como já referimos – no âmbito do projeto da UE), numa internacionalização destas normalizações e na confiabilidade dos dados, o que só poderá acontecer quando todos adotarem as mesmas regras.

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3 - Introdução à ACV – Análise do Ciclo de Vida A Análise de Ciclo de Vida (ACV) é a compilação e avaliação das entradas, saídas e dos potenciais impactos ambientais de um sistema de produto ao longo do seu ciclo de vida (a “cradle-to-grave analysis” – expressão usada no Inglês). O termo “ciclo de vida” refere-se à maioria das atividades no decurso da vida do produto desde a sua fabricação, utilização, manutenção e deposição final, incluindo a aquisição de matéria-prima necessária para a fabricação do produto. A ACV, na ótica da gestão de processos, inclui também critérios alinhados com os conceitos de melhoria contínua e inovação, através da aplicação de tecnologias limpas e do conceito da ecoeficiência como principais ferramentas.

camada de ozono, eutrofização17, poluentes humano-toxicológicos e ecotoxicológicos, destruição de habitats, desertificação, uso da terra bem como o esgotamento dos minerais e combustíveis fósseis. De acordo com as normas ISO 14040 e 14044, uma avaliação do ciclo de vida é efetuada com base em quatro fases distintas.

Objetivo s e âmbito Na primeira fase, o praticante da ACV formula e especifica o objetivo e o âmbito do estudo em relação à aplicação pretendida. O objeto de estudo é descrito como a unidade funcional. Além de descrever a unidade funcional, o objetivo e o âmbito deverão aportar a abordagem geral usada para estabelecer os limites do sistema. O limite do sistema determina quais os processos que estão incluídos no ciclo e devem refletir o objetivo do estudo. Nos últimos anos, surgiram duas abordagens adicionais para a delimitação do sistema. Estas são frequentemente referidas como modelagem “consequencial” e modelagem “atribucional”. Finalmente a fase do objetivo e do âmbito inclui uma descrição do método aplicado para avaliar o potencial impacto ambiental, assim como que categorias de impacto estão incluídas.

Análise de Inventário

Figura 3.1 – Ilustração das fases do ciclo. Estas são frequentemente interdependentes, em que os resultados de uma fase irão informar como as outras fases são concluídas.

O termo “ciclo de vida” refere-se à ideia de que uma avaliação justa e holística requer a avaliação da produção de matérias-primas, fabricação, distribuição, utilização e eliminação, incluindo todas as etapas intervenientes e necessárias associadas com o transporte ou causados pela existência do produto. A soma de todos os passos - ou fases - é o ciclo de vida do produto. O conceito também pode ser usado para otimizar o desempenho ambiental de um produto único (eco design) ou para otimizar o desempenho ambiental de uma empresa. As categorias mais comuns de avaliação de danos são o aquecimento global (gases de efeito de estufa), acidificação, smog, empobrecimento da

Esta segunda fase denominada de “Análise de Inventário” envolve a recolha de dados e modelagem do sistema de produto, bem como a descrição e verificação dos dados. Este processo abrange todos os dados relacionados com o ambiente (por ex., CO2) questões técnicas (por ex., produtos químicos intermediários) para todos os processos relevantes da unidade, dentro dos limites do estudo que compõem o sistema de produto. Entradas de materiais, energia, produtos químicos e “outros”, assim como saídas de emissões para a atmosfera, emissões de água ou resíduos sólidos são exemplos de quantidades em termos de entradas e saídas. Outros tipos de trocas ou intervenções tais como a radiação ou o uso da terra também podem e devem ser incluídos. Geralmente os inventários e modelagens das avaliações do ciclo de vida são realizados com o suporte de pacotes de software específico. Dependendo do                                                              17 Em ecologia, chama-se eutrofização ou eutroficação ao fenómeno causado pelo excesso de nutrientes (compostos químicos ricos em fósforo ou nitrogénio) numa massa de água, provocando um aumento excessivo de algas. Estas, por sua vez, fomentam o desenvolvimento dos consumidores primários e eventualmente de outros elementos da cadeia alimentar nesse ecossistema. Este aumento da biomassa pode levar a uma diminuição do oxigénio dissolvido, provocando a morte e consequente decomposição de muitos organismos, diminuindo a qualidade da água e eventualmente a alteração profunda do ecossistema.

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pacote de software utilizado, é possível modelar o custo e o impacto social da avaliação do ciclo de vida em paralelo com o ciclo de vida ambiental. Os dados devem estar relacionadas com a unidade funcional definida na fase do objetivo e âmbito. Os dados podem ser apresentados em tabelas e algumas interpretações podem já ser feitas nesta fase. O resultado do inventário é um ICV (Inventário de Ciclo de Vida) que fornece informações sobre todas as entradas e saídas sob a forma de fluxo elementar de e para o ambiente de todos os processos da unidade envolvida no estudo. Figura 3.2 - O Life Cycle Assessment como ferramenta do Desenvolvimento Sustentável

Avaliação de Impactos 3.1 - Porquê introduzir o conceito ACV na sua organização?

A terceira fase “Avaliação de impacto “ destina-se a avaliar a contribuição para as diversas categorias de impacto, tais como o aquecimento global, acidificação, etc. O primeiro passo é denominado de caracterização. Aqui, o impacto potencial é calculado com base nos resultados do ICV. Os próximos passos são a normalização e a ponderação, mas estes são ambos voluntários de acordo com a norma ISO. A normalização fornece uma base para comparação de diferentes tipos de categorias de impacto ambiental (todos os impactos tem a mesma unidade). A ponderação implica atribuir um fator de ponderação a cada categoria de impacto em função da importância relativa.

Inicialmente, as aplicações mais importantes da Avaliação do Ciclo de Vida, como técnica para a avaliação dos aspetos ambientais associados a um produto ao longo do seu ciclo de vida, incidiam:  Na análise da contribuição dos estágios do ciclo de vida para a carga ambiental global, geralmente com a finalidade de dar prioridade à melhoria de produtos ou processos, e  Na comparação entre produtos para comunicações internas ou outros processos internos da empresa.

Interpretação A fase da "interpretação" pressupõe uma análise das principais contribuições, uma análise de sensibilidade e a análise do grau de incerteza. Esta etapa levanos a concluir se a ambição associada com o objetivo e o âmbito inicial pode ser cumprida. Mais importante ainda: o que pode ser aprendido da ACV? Todas as possíveis conclusões são elaboradas durante esta fase. Às vezes é necessária uma revisão crítica e independente, especialmente quando são feitas comparações com dados que são oriundos do domínio público. A ACV como ferramenta de análise para uma gestão ambiental sustentável está direitamente associada com a Gestão do Ciclo de Vida (LCM), contribuindo, deste modo, para o Desenvolvimento Sustentável (DS) (Figura 3.2).

A ACV é uma técnica relativamente jovem, tornou-se popular no início dos anos noventa. Inicialmente, muitos pensavam que a ACV seria uma boa ferramenta para apoiar as reivindicações ambientais que, por sua vez, poderiam ser usadas diretamente pelo departamento de marketing. Porém, ao longo dos anos, tem ficado claro que esta não é a melhor aplicação para a ACV, embora seja naturalmente importante comunicar os resultados de uma forma cuidadosa e bem equilibrada. O conceito de análise do ciclo de vida tem-se tornado no foco das políticas ambientais e uma política ambiental ideal seria aquela que incorporasse as diversas dimensões da vida humana em sociedade, o que inclui as suas dimensões sociais, ambientais, políticas e econômicas. O planeamento deve então ser orientado em torno do princípio da sustentabilidade, entendido aqui como o princípio que fornece as bases sólidas para um estilo de desenvolvimento humano que preserve a qualidade de vida da espécie no planeta. A dimensão ambiental tem passado assim, de forma gradual, a integrar de modo relevante a política de desenvolvimento das nações em geral e das

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empresas em particular. A adoção da perspetiva ambiental significa reconhecer que todos os processos de ajustes sectoriais e de crescimento estão condicionados pelo contexto biofísico local, nacional e global. Um bom exemplo é o conceito do IPP (Integrated Product Policy 18- política integrada de produtos), conforme anunciado pela União Europeia, mas também na Ásia (no caso da China, temos o conceito da economia circular – ver caixa) e em muitos outros países do continente Americano, estão a desenvolver-se estratégias que permitam a promoção do conceito de análise do ciclo de vida como um conceito-chave para a competitividade das empresas, no âmbito da gestão estratégica.

3.2 - O que fazer e o que evitar quando começar com a ACV Um estudo interessante sobre como a ACV é utilizada (Frankl and Rubik 200020) mostra que os motivos mais comuns para a aplicação direta da ACV, é para fins internos, tais como o aperfeiçoamento do produto, suporte para opções estratégicas e benchmarking. A Comunicação externa é também mencionada como aplicação, mas muitas vezes essa comunicação é indireta. O relatório da ACV geralmente não é publicado, mas as principais conclusões são relatadas.

A Economia Circular Este conceito – fortemente defendido na China (tem sido transcrito, inclusive, para a legislação) – refere-se a uma economia que assume como objetivo fundamental a redução do consumo de recursos e a geração de resíduos, assim como a reutilização dos resíduos e a sua reciclagem ao longo de todo o processo de produção, circulação e consumo. Pode também ser visto como o resultado da operacionalização de uma determinada dimensão de uma economia verde19. Promove a ideia de que investir em tecnologias eficientes em termos de gestão de recursos / reciclagem dos resíduos cria expectativas, não só em termos de geração de novas fontes de receita e emprego, mas também em termos de melhorias na eficiência na alocação de recursos e na gestão de resíduos. Outro desenvolvimento, são os relatórios de sustentabilidade. Atualmente, a maioria das empresas do Fortune 500 apresentam relatórios sobre os aspetos da sustentabilidade das suas operações. A ACV fornece a melhor base em termos científicos e de forma quantificada para a abordagem a estes novos conceitos. Em muitos casos a ACV acaba por alimentar as discussões e comunicações internas e externas das empresas. Ser ativo em termos de ACV significa ser capaz de comunicar os impactos ambientais dos produtos e processos dos seus negócios.

Figura 3.3 - Fases de uma Análise de Ciclo de Vida e possíveis aplicações diretas (Fonte: ISO 14040:2006)

A armadilha mais frequente na implementação da ACV acaba por ser a falta de uma definição clara da sua finalidade e aplicação. Em muitas empresas, o departamento de marketing é o iniciador, ao demonstrar os benefícios ambientais dos produtos, mas geralmente o departamento de marketing descobre que os resultados da ACV são difíceis de comunicar. Por vezes, outros departamentos, geralmente o R&D ou o Departamento do Ambiente (quando existe), assumem o papel de iniciador, e isso pode criar alguma confusão com respeito à exata finalidade do projeto de ACV.

                                                             18

Consultar em: http://www.cfsd.org.uk/ipp-epd/index.html

Uma economia verde é entendida, geralmente, como um sistema económico que é compatível com o ambiente natural, é ambientalmente amigável, é ecológico e para muitos grupos, também é socialmente justo. 19

                                                             20 Paolo Frankl - University of Rome I “La Sapienza”, Italy Visiting Researcher, Center for the Management of Environmental Resources (CMER) at INSEAD, Fontainebleau (France). Frieder Rubik - Institut für ökologische Wirtschaftsforschung GmbH, (IOW) Heidelberg (Germany).

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possíveis após a recolha dos dados mais comummente usados em termos de materiais e processos que são relevantes para a empresa. Os materiais mais comummente usados já estão incluídos nas bases de dados da ACV. No entanto, se os produtos na sua empresa exigem outros produtos ou materiais especiais, então é possível que tenha que investir na recolha de dados para estes processos e materiais. 3.3 - Alguns pontos de referência dos standards da ISO para a ACV Existiam quatro normas ISO especificamente concebidas para aplicar na ACV:  ISO 14040: Princípios e estrutura  ISO 14041: Definição de objetivo s e âmbito e análise de inventário  ISO 14042: Avaliação do impacto do ciclo de vida  ISO 14043: Interpretação

Figura 3.4 - Aplicações da ACV

O padrão mais frequentemente encontrado nas fases iniciais da implementação da ACV é o arranque de um projeto ad-hoc. O objetivo mais importante é aprender o que é a ACV, o que se pode aprender com ela e perceber o grau de fiabilidade dos resultados que surgem. Esta atitude de aprendizagem é muito importante. A aprendizagem é muitas vezes mais importante do que o resultado da primeira ACV. De acordo com o estudo de Frankl e Rubik, uma situação interessante ocorre se a primeira ACV dá resultados estranhos ou inesperados. Nalgumas organizações, o resultado é visto como uma razão para desqualificar a utilidade da ACV como uma ferramenta. Outras organizações usam o resultado não esperado como uma experiência de aprendizagem positiva. Após deste primeiro estudo ser feito as empresas decidem se querem continuar e adotar uma abordagem mais estruturada. Os fatores de sucesso na implementação da ACV são: • Uma clara descrição da razão em usar a ACV. • Uma clara definição da forma como as diversas ACVs serão comunicadas interna e externamente. • Um orçamento razoável

Atualmente e desde início de 2006 dois projetos de normas foram publicados, os quais substituíram aquelas quatro:  ISO/DIS 14040: Princípios e estrutura  ISO/DIS 14044: Requisitos e diretrizes A atual norma 14044:2006 substitui a 14041, 14042 e 14043, mas acabou por não sugerir grandes alterações no conteúdo. As normas ISO são definidas numa linguagem bastante vaga, o que torna difícil ver se uma ACV foi desenvolvida de acordo com o padrão. Tirando a norma 14000, não é possível obter uma certificação oficial que ateste se uma ACV, metodologia ou software de ACV, tal como o GaBi421 estejam de                                                              GaBi (http://www.gabi-software.com) A versão GaBi 4, é uma ferramenta para construir balanços de ciclo de vida que suporta o manuseamento de grande quantidade de dados e com modelação do ciclo de vida do produto. Este software calcula balanços de diferentes tipos e ajuda a agregar os resultados. As suas principais características são: • É baseado num conceito modular. Isto significa que planos, processos, fluxos e suas funcionalidades estabelecem unidades modulares; • Dados de análise de impacto, inventário e modelos de ponderação estão separados pelo que os módulos são facilmente manuseados e depois interligados para o cálculo ACV; • Várias fases do ciclo de vida (produção, utilização e deposição) podem ser capturados em módulos e depois modificados separadamente; • Outra característica da estrutura modular é que o software e a base de dados são unidades independentes. Dentro da base de dados toda a informação é guardada, p.ex, modelos de produto e perfis ecológicos. As bases de dados GaBi são sempre construídas com uma estrutura básica definida. O próprio software  21

Nas fases iniciais de desenvolvimento da ACV, foi dado muita ênfase aos estudos longos, detalhados e geralmente muito caros. Com base na nossa própria experiência, temos vindo a assistir a uma tendência clara para uma maior triagem e simplificação dos estudos. Estudos mais curtos são agora

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acordo com a norma ISO. Assim, nenhum fabricante de software pode reivindicar que as ACV elaboradas com uma determinada ferramenta de software estejam, automaticamente, em conformidade com as normas. A consequência mais importante em desejar adotar uma norma ISO é a necessidade de cuidadosa documentação sobre questões em termos de objetivo s e âmbito e interpretação. Como praticante de ACV, tem uma escolha bastante ampla de formas alternativas para executar a sua ACV, desde que documente com cuidado tudo o que faz. Uma segunda consequência que pode ser necessária para se cumprir a norma é incluir uma revisão por peritos independentes, conforme descrito na ISO 14040. É da sua responsabilidade estar em conformidade com estas normas ou desviar-se delas (deliberadamente). Se se desviar, é lógico que não poderá alegar que a sua ACV tenha sido feita de acordo com as normas internacionais, e será ainda mais difícil convencer os outros da fiabilidade dos seus resultados. 3.4 - A definição dos objetivo s e do âmbito da ACV

mecanismo ambiental. Por exemplo, uma emissão de SO222 poderia resultar numa maior acidez. Maior acidez pode causar alterações no solo que resultam na morte de árvores, etc. Ao usar vários mecanismos ambientais, o resultado do ICM (Inventário do Ciclo de vida) pode ser traduzido numa série de categorias de impacto, como a acidificação, mudança climática etc. Geralmente e altamente controversa é a ponderação das categorias de impacto, já que esta é uma questão subjetiva. 3.5 - A necessidade da definição dos objetivo s e do campo de ação Como com todos os modelos da realidade, devemos compreender que um modelo é uma mera simplificação da realidade, e como acontece com todas as simplificações, isso significa que, de alguma forma, a realidade irá ser distorcida. O desafio para o praticante da ACV é, deste modo, que consiga desenvolver os modelos de tal forma que as simplificações, noutras palavras, as distorções não influenciem muito o resultado. A melhor maneira de lidar com este problema é, antes de iniciar, definir com muito cuidado o objetivo e o âmbito do estudo da ACV. Na fase do objetivo e âmbito são descritas as escolhas (muitas vezes subjetivas) mais importantes, tais como:

Como vimos, um estudo de ACV consiste em quatro etapas:

• A razão para a execução da ACV e as questões que precisam ser respondidas. • Uma definição precisa do produto, do seu ciclo de vida e a função que o define. • Nos casos de produtos que irão ser comparados, deve ser definida uma base de comparação (unidade funcional). • Uma descrição dos limites do sistema. • Uma descrição de como serão tratados eventuais problemas alocados. • Que dados e requisitos de qualidade dos mesmos. • Presunções e limitações. • Os requisitos relativos aos procedimentos da análise do inventário do ciclo de vida (AICV) e subsequente interpretação a ser usada. • Quais os público-alvo pré-definidos e qual a forma para a comunicação dos resultados. • Se aplicável, como será feita uma revisão mais detalhada. • O tipo e formato do relatório necessário ao estudo.

1. Definir o objetivo e o âmbito do estudo. 2. Criar um modelo do ciclo de vida de produto com todos os influxos e exfluxos ambientais. Este esforço de recolha de dados é normalmente referido como o estágio do inventário (ICM) do ciclo de vida. 3. Compreender a relevância ambiental de todos os influxos e exfluxos; este processo é conhecido como a fase da avaliação do impacto do ciclo de vida (IACV). 4. A interpretação do estudo. A principal técnica usada na ACV é a de modelagem. Na fase de inventário, um modelo é construído a partir do complexo sistema técnico que é usado para produzir, transportar, usar e dispor de um produto. Isto resulta numa folha de fluxo ou árvore de processo com todos os processos relevantes. Para cada processo, todos os influxos e as saídas relevantes são recolhidas. O resultado é geralmente uma longa lista de entradas e saídas que muitas vezes é difícil de interpretar. Na fase de avaliação de impacto do ciclo de vida, um modelo completamente diferente é usado para descrever a pertinência das entradas e saídas. Para isso, é usado um modelo de um determinado                                                             

A definição do objetivo e âmbito é um guia que ajuda a garantir a consistência da ACV. Mas não deve ser usado como um documento estático. Durante a análise                                                              Dióxido de Enxofre (SO2), é um gás incolor, muito solúvel na água. Fontes: Naturais, atividade vulcânica e/ou descargas elétricas na atmosfera. Antropogénicas: queima de combustíveis fósseis nas indústrias, pequenas quantidades resultantes da queima de combustíveis fósseis nos veículos a diesel.

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disponibiliza ao utilizador a interface para a base de dados. Via interface do utilizador, os dados  armazenados podem ser lidos e modificados. 

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do ciclo de vida, podemos fazer ajustes caso as opções iniciais não se afigurem como as ideais ou viáveis. No entanto, estas adaptações devem ser feitas de forma consciente e refletida.

Capítulo 4 3.6 - Procedimento geral para o cálculo dos eco-indicadores Os Eco-indicadores normalmente utilizados na ACV são calculados com base numa metodologia especialmente desenvolvida. Os detalhes desta metodologia podem ser encontrados no relatório da metodologia Eco-indicador 99, que está disponível em www.pre.nl. Para calcular a pontuação do Ecoindicador, são necessários três passos:

4. As Bases de Dados - O Ecoinvent Centre ................................................................................... 42 4.1 Principais vantagens da Ecoinvent .................................................................................... 44

1. Inventário das emissões relevantes, extrações de recursos e uso do solo em todos os processos que constituem o ciclo de vida de um produto. Este é um procedimento padrão da ACV 2. Cálculo dos danos que estes fluxos causam à saúde humana, qualidade dos ecossistemas e recursos 3. Ponderação destas três categorias de danos.

Figura 3.5 - Procedimento geral para o cálculo dos eco-indicadores. As caixas mais claras referem-se aos processos, as caixas de cor mais escura referem-se aos resultados intermédios.

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4 - As Bases de Dados - O Ecoinvent Centre A força de um software ACV está nas suas bases de dados. Para que seja possível construir e analisar modelos de ACV de forma efetiva, transparente e de alta qualidade c com dados de inventário amplamente aceites, são necessários materiais e processos que sejam comummente usados, entre as quais, a base de dados Suíça Ecoinvent, amplamente conhecida. A Ecoinvent é uma base de dados completa que abrange 2700 processos. O seu primeiro lançamento foi em 2003 (ver www.ecoinvent.ch). Esta base de dados tem sido o resultado de um esforço muito grande de institutos suíços para atualizar e integrar a bem conhecida ETH-ESU 9623, a BUWAL 25024 e várias outras bases de dados. O Ecoinvent Centre - um centro de competência da ETHZ25, EPFL26, PSI27, Empa28 e ART29 - é líder mundial no fornecimento de dados de inventário (ICV) de ciclo de vida, consistentes e transparentes, de qualidade reconhecida com a base de dados ecoinvent data V2. 2, e oferece dados e serviços de base científica, industrial e internacional para a avaliação do ciclo de vida (ACV) e para a gestão (GCV) do ciclo de vida. A ecoinvent data v2.2 ...  Contém dados internacionais de inventário de ciclo de vida industriais em fornecimento de energia, extração de recursos, fornecimento de materiais, produtos químicos, metais, agricultura, serviços de gestão de resíduos e serviços de transporte.

 É usada por mais de 2500 usuários em mais de 40 países em todo o mundo e está incluída nas ferramentas de software líderes em LCA, bem como em várias ferramentas de design ecológico para o desenvolvimento e construção, gestão de resíduos ou design do produto.  É a principal solução nas organizações de referência em termos de política integrada aos produtos (IPP), declaração de produto ambiental (EPD), avaliação de ciclo de vida (ACV), gestão de ciclo de vida (LCM) e design para o ambiente (DfE). Os componentes de processo contêm dados de incerteza para permitir a análise de Monte Carlo 30. Os dados estão disponíveis para os seguintes sectores: – – – – – – – –

Energia Transportes Materiais de construção Produtos químicos Agentes de limpeza Papel e cartão Agricultura Gestão de resíduos

Os dados da Ecoinvent estão totalmente documentados, com relatórios pdf disponibilizados pela eco-invent centre e no CD-ROM ecoinvent (fornecido com a base de dados).

                                                             ETH-ESU (1996) ETH-ESU 96 is a database focusing on energy, with data on electricity generation and related processes like transport, processing and waste treatment. The database includes 1200 unit processes and 1200 system (results) processes. Extensive documentation is also provided. The database is produced by ETH-ESU, Switzerland, and is a licensed database. 24 Buwal 250 (1997) - The focus of this database is on packaging materials, including data on packaging materials (plastic, carton, paper, glass, tin plated steel, aluminium), energy, transport and waste treatment. BUWAL 250 (2nd edition) is a fully documented and licensed database. 25 ETH Zurich - Eidgenössische Technische Hochschule Zürich, is a science and technology university with an outstanding research record. 26 The EPFL, Ecole Polytechnique Federale de Lausanne, in Switzerland. 23

27

The Paul Scherrer Institute, PSI, is the largest research centre for natural and engineering sciences within Switzerland.

The Swiss Federal Laboratories for Materials Testing and Research or Empa (German acronym for "Eidgenössische Materialprüfungs- und Forschungsanstalt") is a Swiss research institution for applied materials sciences and technology. 29 Agroscope Reckenholz Tänikon (ART) forms the Unit of the Federal Research Stations (Agroscope) together with Agroscope Changins-Wädenswil (ACW) and Agroscope Liebefeld-Posieux (ALP). Agroscope is part of the Swiss Federal Office for Agriculture (FOA) of the Swiss Federal Department of Economic Affairs (FDEA). ART is the result of the merger of Agroscope FAL Reckenholz and FAT Tänikon 28

                                                             30 A simulação de Monte Carlo é uma técnica matemática informatizada que permite às pessoas representar riscos na análise quantitativa e tomada de decisão. A técnica é amplamente usada por profissionais em diferentes áreas como finanças, gestão de projectos, energia, produção, engenharia, investigação e desenvolvimento, seguros, óleo & gás, transporte e o ambiente. A Simulação de Monte Carlo fornece ao tomador de decisões uma variedade de possíveis resultados e as probabilidades que irão ocorrer em qualquer opção de acção. Ele mostra as possibilidades extremas — os resultados mais arrojados e decisões mais conservadoras — juntamente com todas as consequências possíveis com base em decisões conciliadoras. A técnica foi utilizada pela primeira vez por cientistas quando trabalhavam na bomba atómica (Los Alamos); foi nomeada como Monte Carlo, nome da cidade-estância do Mónaco conhecida pelos seus casinos. Desde a sua introdução na II Guerra Mundial, a simulação de Monte Carlo tem sido usada para modelar uma vasta variedade de sistemas físicos e conceptuais.

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• As emissões são especificadas em subdivisões, por exemplo uma emissão para o ar pode ser especificada como emissão em áreas densamente povoadas, altas ou baixas, ou estratosfera. Embora no presente os métodos de avaliação de impacto dificilmente podem lidar com esta especificação, espera-se que no futuro, os métodos de avaliação de impacto, façam uso destas subdivisões. • Inclui os bens de capital (bens de produção) como padrão, o que é muito importante para os sistemas de energia, como a eólica e a hídrica, mas também para os sistemas de transporte. • Vem num novo formato EcoSpold32, que se tornou um padrão de facto e que está (mas não totalmente) em conformidade com a norma ISO 14048. • Será atualizada regularmente pelo ecoinvent centre. Figura 4.1 - A figura acima mostra as organizações Suíças que juntaram esforços para a criação do conjunto de bases de dados Ecoinvent. Consulte www.ecoinvent.ch para mais informação.

4.1 - Principais vantagens da Ecoinvent

Em particular, se precisar de dados no contexto Europeu, de certeza que irá perceber esta base de dados como um recurso muito rico e que satisfaz as necessidades de quase tudo em termos de dados de suporte. A base de dados abrange também algumas outras áreas, como por exemplo, para processos de exploração mineira (mineração).

Como já referido, o conjunto de dados Ecoinvent é amplamente descrito no site da organização www.ecoinvent.org. No entanto iremos resumir aqui, algumas das suas características principais: • Abrange uma gama muito ampla de dados. • Disponível como processos unidade e de sistema. • Aplicação coerente em termos de alocação e limites do sistema (system boundaries and allocation). • Bem documentada, tem disponível um CD com uma extensa experiência de relatórios de suporte. • Especificação consistente dos dados de incerteza, através de distribuição lognormal31 com desvio padrão.

                                                            

                                                             Em probabilidade e em estatística, a distribuição log-normal é uma distribuição de probabilidade de qualquer variável aleatória com o seu logaritmo normalmente distribuído (a base de uma função logarítmica não é importante já que, loga X está distribuído normalmente se e só se logb X está distribuído normalmente).

31

Se X é uma variável aleatória com uma distribuição normal, então exp(X) tem uma distribuição log-normal. "Log-normal" também se escreve "log normal" ou "lognormal". 32 EcoSpold é um formato de intercâmbio de dados comum usado para dados de inventário de ciclo de vida e métodos de avaliação de impacto de ciclo de vida. É baseado em XML (eXtended Markup Language) e tecnologias (esquema XSLT, XSL) relacionadas. O formato é totalmente ISO/TS 14048 compatível.

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5 - Ecoeficiência: por onde começar?

Capítulo 5 5- Ecoeficiência: por onde começar? ........................................................................................... 47 5.1. Aspetos fundamentais da Ecoeficiência ........................................................................... 48 5.2. Ecoeficiência ao longo da cadeia de valor: a LCVA....................................................... 50 5.3 - Evolução conceito: a Ecologia Industrial ....................................................................... 53 5.4. Como tornarmo-nos Eco-eficientes? ............................................................................... 56

Qual é o espírito da ecoeficiência? Uma possível resposta: combinar a criação ou melhoria do valor económico da empresa ou instituição com a promoção da redução do impacto ambiental e do consumo de recursos naturais. Nesta perspetiva, um [sistema] ecoeficiente é aquele que consegue produzir mais e melhor, com menores recursos e menores resíduos. Para tal, pressupõem-se sete elementos fundamentais para a ecoeficiência: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8.

Minimizar a intensidade de materiais dos bens e serviços Minimizar a intensidade energética de bens e serviços Minimizar a dispersão de tóxicos Fomentar a reciclagem dos materiais Maximizar a utilização sustentável de recursos renováveis Estender a durabilidade dos produtos Aumentar a intensidade de serviço dos bens e serviços Promover a educação dos consumidores para um uso mais racional dos recursos naturais e energéticos

A ecoeficiência é um fator essencial para o desempenho geral do negócio porque ajuda as empresas a entender que podem produzir mais bens e serviços aplicando menos recursos e diminuindo o impacto ecológico, deste modo melhorar em duas vertentes essenciais: no seu desempenho ambiental e na sua linha operativa. 46  Introdução á Ecoeficiência e Sustentabilidade Organizacional – Manuel Teixeira - 2010

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O World Business Council on Sustainable Development (WBCSD) cunhou o termo em 1992. A ideia da ecoeficiência, como um dos principais motores da excelência empresarial talvez tenha sido introduzida pelo empresário suíço Stephan Schmidheiny33, nesse mesmo ano, através do seu livro “Mudando o Rumo”. Neste capítulo, o objetivo é desenvolver uma pequena introdução ao conceito de ecoeficiência, algumas das suas principais manifestações e talvez ainda mais importante, fazer passar a ideia de como as empresas se possam tornar mais ecológicos-eficientes. Identificar a relação positiva entre as melhorias ambientais e os benefícios económicos, é primeira base da ecoeficiência e aproveita o potencial para melhorar a economia através das melhorias ambientais.

Figura 5.1 – Os impactos económicos e respetivos benefícios da RSC.

5.1. Aspetos fundamentais da Ecoeficiência A essência da ecoeficiência reside em criar, ou entregar, mais com menos. E na essência da RSC (Responsabilidade Social Corporativa) ou triple bottom line34 está a criação de valor acrescentado de forma transparente e honesta. O WBCSD em Genebra, é uma coligação de cerca de 125 empresas líderes de nível internacional que partilham este compromisso com o ambiente. O crescimento económico e o desenvolvimento sustentável estão na base de um conjunto de ações em áreas-chave para uma orientação de base sobre a ecoeficiência.

Figura 5.2 – Os impactos sociais e respetivos benefícios da RSC.

                                                             Em 1990 Stephan Schmidheiny foi nomeado conselheiro principal do Secretário-geral para o Comércio e Indústria da Conferência sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas (UNCED), mais conhecida como Conferencia da Terra, que se realizou no Rio de Janeiro, em 1992. Com o objectivo de cumprir a sua missão, Stephan Schmidheiny criou um fórum mundial para líderes empresariais. O conselho desenvolveu conceitos, tais como a eco-eficiência e brindou uma perspectiva empresarial sobre o desenvolvimento sustentável. Em 1992, Stephan Schmidheiny e o WBCSD (World Business Council for Sustainable Development) publicaram o livro Changing Course: A Global Business Perspective on Development and the Environment (Mudando o Rumo: Uma Perspetiva Global do Empresariado para o Desenvolvimento e o Meio Ambiente, México, 1992), que foi traduzido em 15 idiomas.

33

O termo "The Triple Bottom Line ' foi atribuído a John Elkington, autor de"Cannibals with Forks: The Triple Bottom Line of 21st Century Business"e Simon Zadek da Accountability 1000 (http://www.accountability.org.uk). Um relatório de triple bottom line define a contabilização do desempenho do negócio em termos do seu impacto sobre a economia, o ambiente e a sociedade. O termo "Relatório de responsabilidade social" é frequentemente utilizado em vez de um relatório de triple bottom line, mas os dois são intercambiáveis. A teoria por detrás do triple bottom line assume que é do interesse da empresa, atuar como zeladora da questão ambiental, da sociedade e da economia. 34

Figura 5.3 – Os impactos ambientais e respetivos benefícios da RSC.

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Talvez o fator com maior relevância para o funcionamento das empresas (indústrias) em economias como a nossa, resida na essência combinada por detrás dos seguintes componentes: 1. Que as empresas sejam capazes de aproveitar o seu talento e a sua criatividade para implementar novas tecnologias, 2. Que sejam capazes de desenvolver melhorias ao longo de toda a cadeia de valor e, por último, 3. Que sejam capazes de introduzir, nos mercados onde atuam, novos produtos de valor acrescentado. 5.2 - Ecoeficiência ao longo da cadeia de valor: a ACV Figura 5.4 - Prahalad's Bottom of the Pyramid - popularmente conhecida por BoP.

Atualmente, o conceito de ecoeficiência tem-se expandido para incluir a exploração de oportunidades de negócio a serem desenvolvidas a partir de estratégias de desenvolvimento sustentável, uma ideia que ganhou popularidade com o professor de Harvard, a teoria da base da pirâmide de Prahalad (Prahalad's Bottom of the Pyramid - popularmente conhecida por BoP). Em termos económicos, o fundo da pirâmide é o maior, mas também o mais pobre grupo socioeconómico. Em termos globais, este é o grupo dos quatro mil milhões de pessoas que vivem com menos de 2 USD$ por dia, tipicamente em países em vias de desenvolvimento. Prahalad propõe que as empresas e organizações, os governos, e as agências para o desenvolvimento, deixam de pensar os pobres como vítimas, e, preferivelmente, os passem a ver como empreendedores resilientes e criativos, assim como consumidores exigentes em termos de produtos de valor acrescentado. Também concluí que existem tremendos benefícios para as multinacionais que escolham servir as necessidades destes mercados de forma responsável (e sustentável). Há também uma diminuição da pobreza e aumento dos benefícios se as multinacionais trabalharem com a sociedade civil, com as organizações e os governos locais, na modelagem e criação de novos negócios locais.

A Ecoeficiência, pode ser trabalhada ao longo de toda a Cadeia de fornecimento (supply chain), incluindo os utilizadores finais – daí, como exemplo, o enfoque no tipo de embalagem minimalista com base na perceção que o processamento pós-venda é parte do custo de produção. Nalguns mercados desenvolvidos, as empresas já estão a desenvolver produtos e serviços que permitem que os clientes cortem no consumo de recursos e reduzam, quer coletivamente quer individualmente, o impacto ambiental, conseguindo, simultaneamente, satisfazer as suas necessidades, muitas vezes, de uma forma mais eficaz e a um melhor preço. Os empresários em potência (Budding entrepreneurs) dos países em desenvolvimento podem oferecer todas as opções acima descritas - mas o que acontece muitas vezes, é que a qualidade se torna numa vítima. Sem a procura, por parte do consumidor, de padrões rigorosos, porquê fornecê-los? É aqui onde um maior empowerment do consumidor, sob a forma de mais informação, é vital para as empresas líder que acreditam na cadeia de valor associada á produção dos seus produtos. Estas devem ajudar os consumidores a compreender e a darem preferência a bens de qualidade e que sejam eticamente produzidos. Não é um trabalho fácil, é importante a existência de uma estratégia de negócios de longo prazo. No entanto, muitas das empresas que investiram o seu tempo e energia em projetos de criatividade, de forma honesta, em termos de criação de valor, já estão a colher os respetivos benefícios. Nomeadamente, ao oferecerem serviços de uma forma que atenda as expectativas de todas as partes interessadas nos aspetos ambientais, económicos e sociais (triple bottom line) irão criar uma base sólida para aumentar o valor para o acionista a longo prazo.

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A título de exemplo, muitas empresas usam a ferramenta de avaliação do valor do ciclo de vida para facilitar uma "tomada de decisões integrada, que leva em conta os benefícios e impactos de longo prazo do triple bottom-line, e não apenas paybacks de curto prazo". Os gestores de topo ou diretores departamentais, muitas vezes acabam por se focalizarem demasiado em medidas de redução de custos, o que realmente pode dificultar a realização do triple bottom line e outros aspetos essenciais a longo prazo, nomeadamente da área financeira. Uma aplicação pró-ativa do pensamento associado com a triple bottom line ou a análise do ciclo de vida, torna uma empresa mais sustentável em termos de energia, enquanto se focaliza na contínua melhora do desempenho nas suas operações e produtos. Este possível alinhamento permite uma tomada de decisões mais específica e mais gratificante, pelos parâmetros do triple bottom line, nomeadamente a questão das preocupações sociais e prioridades em termos de impacto sobre o projeto e respetiva implementação, incluindo a segurança e as diferentes perspetivas da Comunidade. O assumir deste pensamento (atitude) facilita, de forma mais ecoeficiente, o desenvolvimento de um "design de processos e operações com base em oportunidades orientadas para a redução de custos e impactos ambientais e, consequentemente, para uma melhora do valor líquido". E quais são os benefícios? Numa primeira instância, uma redução do risco ao nível do impacto ambiental, criado pelas decisões da empresa em operações / atividades diretas quer a montante quer a jusante. Temos também um "reduzido risco de negócio em termos de passivos socioeconómicos ou ambientais ocultos, e/ou em termos das entidades reguladoras e das expectativas das diversas partes interessadas (stakeholders) ".

5.3 - Evolução do conceito: a Ecologia Industrial Uma das manifestações mais promissoras dos movimentos da ecoeficiência é o da ecologia industrial (EI). O Royal Institute of Technology da Suécia, a título de exemplo define-o simplesmente como um estudo interdisciplinar de tecnologia, sociedade e ecologia. Segundo o Dr. Getachew Assefa35, "A Ecologia Industrial vê os sistemas industriais (uma fábrica, uma eco-região ou a economia nacional ou global, a título de exemplo) como sendo parte da biosfera”. Este autor considera os tais sistemas como partes de um ecossistema, mas com base em infraestruturas de capital em vez de capital natural. É essencialmente com a mudança dos processos industriais de sistemas lineares abertos para sistemas de circuito fechado (o que significa que nenhuma saída é considerada como perda, em vez disso transformam-se em entradas de uma outra indústria) que surge uma ecologia. Em vez de os recursos e investimentos de capital se moverem através de sistemas onde no final se tornam em resíduos, a EI transforma estes sistemas onde os resíduos se transformam em entradas em novos processos. Getachew Assefa afirma que os sistemas naturais não têm nenhum desperdício – propõe, portanto, a modelagem dos sistemas produzidos pelo homem observando os naturais, tornando-os, deste modo, sustentáveis. Assefa chama a este processo uma forma de biomimetismo36, ao usar o organismo biológico como base para a criação dos sistemas industriais, fechando, assim, os ciclos de materiais. Mas, estes objetivo s sem desperdícios requerem uma cooperação muito intensiva e pró-ativa entre indústrias. Além disso, na ecologia industrial, é muito significativa a análise do ciclo de vida da energia, com o intuito de avaliar o impacto ambiental.                                                                      Departamento de ecologia industrial do Instituto Sueco Royal Institute of Technology . Consultar: http://www.ima.kth.se/personal/getachew/about_me.htm

35

36 A biomimética é uma área da ciência que tem por objectivo o estudo das estruturas biológicas e das suas funções, procurando aprender com a Natureza (e não sobre ela) e utilizar esse conhecimento em diferentes domínios da ciência. A designação desta recente e promissora área de estudo científico provém da combinação das palavras gregas bíos, que significa vida e mímesis que significa imitação. Dito de modo simples, a biomimética é a imitação da vida.

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Biomimetismo - Inspiração pela Natureza!  

 

 

“O Homem desde sempre encontrou na Natureza fonte de inspiração para resolver os seus desafios e contrariedades. A Biónica surge nos dias de hoje como um último reforço na procura criativa de novos materiais e abordagens, potenciada pela atual situação ambiental que se vive por todo o planeta. No entanto só agora designers, engenheiros e cientistas começam a compreender melhor esta metodologia, e o meio que nos rodeia... A biomimética observa a Natureza e procura estimular novas ideias para finalmente produzir sistemas sintéticos similares aos encontrados nos sistemas biológicos. Este estudo permite desenvolver ou aperfeiçoar novas soluções de engenharia, sendo que os biomimeticistas encontram na Natureza um modelo perfeito de inspiração e de imitação.   O cientista Stephen Wainwright afirmou que a "biomimética ultrapassará a biologia molecular e a substituirá como a mais desafiadora e importante ciência biológica do Século XXI". O professor Mehmet Sarikaya afirmou: "Estamos no limiar de uma revolução de materiais equivalente à que houve na Idade do Ferro e na Revolução Industrial. Estamos a entrar rapidamente numa nova era de materiais. Penso que, dentro de um século, a biomimética modificará significativamente o nosso modo de vida." Segundo a citação de Phil Gates, em Wild Technology: "Muitas das nossas melhores invenções foram copiadas de outros seres vivos ou já são utilizadas por eles."

  A Mercedes-Benz copiou a forma do peixe caixa para o conceito de carro Biónico. Observando a aerodinâmica e a eficiência da forma do peixe, decidiu implementar estes recursos a esse modelo. O resultado é um veículo com um coeficiente de fricção 65% mais baixo do que qualquer outro convencional da época (2005).

São também descritas quatro principais considerações em termos de design sustentável, definido como "a arte de criar objetos físicos e simultaneamente respeitar os princípios da sustentabilidade económica, social e ecológica": 1. Eficiência energética: isto implica principalmente um menor uso global de energia nos processos de fabricação. 2. Materiais de baixo impacto: não tóxicos, utilização de materiais reciclados, produzidos de forma sustentável. 3. Qualidade e durabilidade: melhor qualidade e produtos de longa duração, prolongamento de produtos com ciclos de vida positivos. 4. Design orientado para a reutilização e reciclagem: um design que estimule um bom desempenho no “pós-venda” comercial. O quarto ponto é um desafio, para o qual, os países desenvolvidos parecem estar especialmente bem posicionados para explorar. Por exemplo, o resíduo orgânico de uma empresa de alimentos transforma-se no elemento de “entrada” para uma empresa de rações; o vapor de água dos resíduos das unidades do ar condicionado da fábrica é canalizado para potenciar os seus equipamentos de cozinha industriais, e assim por diante.

 

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5.4 - Como tornarmo-nos Ecoeficientes? Um dos objetivos deste texto é que o ajude a compreender porque é que os indicadores ecológicos-eficientes se assumem como a principal ferramenta para desenvolver o triple bottom line. Na língua dos seis sigma, o “low-hanging fruit37”está aqui; isto é onde a criatividade e empenho combinados com pequena entrada de capital pode, quase de imediato, permitir ganhos financeiros. O WBCSD reforça os seguintes pontos de partida, abaixo indicados, para que as empresas incorporem gráficos de ecoeficiência nas suas estratégias de negócio - como muitas já foram forçadas a fazer devido á vertiginosa subida dos custos dos combustíveis. Assim, enquanto ainda estamos a tempo, devemos: 1. Reduzir a intensidade do material de bens e serviços - usar muito menos para fazer um produto ou entregar um serviço; 2. Reduzir a intensidade energética de bens e serviços; 3. Melhorar as possibilidades de reciclagem e opções de todos os materiais utilizados. 4. Escolher um critério de TBL com base em métodos de produção, serviço, eliminação ou recuperação; 5. Aumentar a recuperação de mineral, usando menos imputes, como energia e água e reciclar mais, reduzindo as emissões; 6. Utilizar novas tecnologias, menos entradas por unidade de produto, como água e energia; 7. Reciclar mais e reduzir as emissões tóxicas; 8. Maximizar o uso de recursos renováveis e reciclados, particularmente recursos geográficos estratégicos – por exemplo, em Portugal, a energia eólica e solar são abundantemente disponíveis – mas ainda muito desperdiçadas.

A ENCNB - Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e da Biodiversidade, é, reconhecidamente, um instrumento fundamental para a prossecução de uma política integrada num domínio cada vez mais importante da política de ambiente e nuclear para a própria estratégia de desenvolvimento sustentável. A ENCNB - para vigorar até ao ano 2010, assume três objetivo s gerais: 1. Conservar a Natureza e a diversidade biológica, incluindo os elementos notáveis da geologia, geomorfologia e paleontologia; 2. Promover a utilização sustentável dos recursos biológicos; 3. Contribuir para a prossecução dos objetivos visados pelos processos de cooperação internacional na área da conservação da Natureza em que Portugal está envolvido, em especial os objetivos definidos na Convenção sobre a Diversidade Biológica, aprovada para ratificação pelo Decreto n.º 21/93, de 29 de Junho, designadamente a conservação da biodiversidade, a utilização sustentável dos seus componentes e a partilha justa e equitativa dos benefícios provenientes da utilização dos recursos genéticos.

No essencial, o ponto-chave da ecoeficiência está na sua integração na estratégia de negócio das organizações, e que estas continuem a defender e a apoiar as medidas que recompensem a ecoeficiência, como a estratégia de conservação nacional que Portugal tem continuamente recomendado, desde a conferência do Rio (1992)38.                                                              Expressão popular inglesa que geralmente significa selecionar os alvos mais fáceis com o mínimo de esforço (frutos pendurados a baixa altura). 38 O reconhecimento da necessidade de uma acção internacional concertada para fazer frente ao grave fenómeno da perda e redução da biodiversidade levou à elaboração da Convenção sobre a Diversidade Biológica, aberta para assinatura na chamada «Conferência do Rio» ou Conferência das Nações Unidas sobre  Ambiente e Desenvolvimento, que teve lugar no Rio de Janeiro, em 1992. Portugal ratificou esta Convenção em 1993 (Decreto n.º 21/93, de 21 de Junho). 37

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6 - A Avaliação do Ciclo de Vida (Life Cycle Assessment)

Capítulo 6 6 - A Avaliação do Ciclo de Vida (Life Cycle Assessment) ...................................................... 59 6.1 - O que é a Avaliação do Ciclo de vida?............................................................................ 59 6.2 - Porquê usar a ACV? .......................................................................................................... 60 6.3 - ACV: Cinco passos para a Ecoeficiência ........................................................................ 61

O que é o eco-balanço de um produto? Os produtos em si não poluem: são as fábricas que os produzem, os caminhões que os transportam, os utilizadores que os usam e o incinerador que os queimam. Vai precisar de estar alinhado com o conceito de análise do ciclo de vida para entender o impacto que os produtos têm sobre o ambiente. Se quiser ser mais preciso, precisa da avaliação do ciclo de vida (ACV) para quantificar e equilibrar os impactos desses produtos. A ACV é muitas vezes criticada como sendo complexa e demorada. Nós pensamos que não tem que ser. É um conceito escalável: pode escolher o quanto detalhadas e precisas deseja que sejam. As possibilidades são vastas: pode ter como base um estudo extremamente completo, compatível com a norma ISO, ou apenas um rastreio que leva somente alguns dias a executar. Um factor importante é a quantidade de dados (indicadores) que irá precisar, já estar disponível na base de dados da sua ferramenta a utilizar para a ACV. 6.1 - O que é a Avaliação do Ciclo de vida? A avaliação do ciclo de vida (ACV) modela a complexa interação entre um produto e o seu ambiente desde o “berço ao túmulo” - from cradle to grave, na expressão inglesa. É também conhecida como análise de ciclo de vida ou ecobalanço. Há duas etapas principais numa ACV: 1. Descrever quais as emissões que irão ocorrer e quais matérias-primas serão usadas durante a vida de um produto. Esta fase é geralmente conhecida como a etapa de inventário. 2. Avalie quais são os impactos destas emissões e o consumo de matériasprimas. Esta fase é conhecida como a etapa de avaliação do impacto.

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  

Quantificação de emissões ambientais para a atmosfera, corpos de água e solos associados a cada processo ou estágio do ciclo de vida de um produto; Avaliação dos impactos na saúde e no meio ambiente das emissões associadas a um dado produto; Identificação de oportunidades de melhoria da ecoeficiência e da eficiência económica; Conceção e desenvolvimento de produtos.

6.3 - ACV: Cinco passos para a Ecoeficiência Figura 6.1 – Estrutura de um Scorecard de sustentabilidade.

A metodologia da ACV é descrita em detalhes pela SETAC41 e pelo Instituto de Ciências Ambientais - CML (da Universidade de Leiden42). No código de prática da SETAC, recomenda-se que a ACV seja dividida em cinco fases:

6.2 - Porquê usar a ACV?

1. Planeamento · Declaração de objetivo s · Definição do produto e alternativas · Escolha dos limites do sistema · Escolha de parâmetros ambientais · Escolha do método de agregação e avaliação · Estratégia para recolha de dados

Os governos centrais e os seus diversos clientes simplesmente esperam, cada vez mais, que as empresas prestem atenção às propriedades ambientais de todos os produtos. O EMAS39, o BSI40 e a série ISO 14000 exigem a melhoria contínua do seu sistema de gestão ambiental. A ACV e a sua utilização para a melhoria de processo / produto é a melhor maneira de atender a esta questão. A ACV pode ser utilizada para:  

2. Rastreio · Execução prévia da ACV · Ajustamento do plano

Avaliação dos impactos ambientais associados a um dado produto; Análise das trocas ambientais associadas aos produtos e processos para licenciamento ou persuasão dos decisores (órgãos ambientais, comunidade, etc);

3. Recolha de dados e tratamento · Medições, entrevistas, pesquisa de literatura, cálculos teóricos, pesquisa de base de dados. · Interpretação qualificada · Computação da tabela de inventário.

                                                             39 O Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria (EMAS) é um mecanismo voluntário destinado a empresas e organizações que querem comprometer-se a avaliar, gerir e melhorar o seu desempenho ambiental, possibilitando evidenciar, perante terceiros e de acordo com os respetivos referenciais, a credibilidade do seu sistema de gestão ambiental e do seu desempenho ambiental. Deste modo, o EMAS é estabelecido numa organização visando a avaliação e melhoria do desempenho ambiental e o fornecimento de informação relevante ao público e outras partes interessadas em termos de prestação ambiental e de comunicação da mesma. A Agência Portuguesa do Ambiente é o Organismo Competente no âmbito do EMAS, ao abrigo do Decreto-Lei n.º 142/02, de 20 de Maio, que designa as entidades responsáveis pelo exercício das funções previstas no Regulamento n.º 761/2001, de 19 de Março, agora revogado pelo Regulamento (CE) nº 1221/2009 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 25 de Novembro, e que entrou em vigor em 11 de Janeiro de 2010. Para as organizações que já se encontram registadas no EMAS, este novo Regulamento estabelece prazos para a sua adaptação. Neste sentido, disponibiliza-se o plano de transição homologado pelo Diretor-geral da APA. Consultar o: Plano de Transição para o novo Regulamento n.º 1221/2009. 40 British Standards Institution. Consultar em: http://www.bsigroup.com.

                                                             A Society of Environmental Toxicology and Chemistry (SETAC) é uma sociedade profissional sem fins lucrativos, de nível mundial, composta por indivíduos e instituições comprometidas com: • O estudo, análise e solução de problemas ambientais • Na gestão e regulamentação dos recursos naturais • Educação ambiental • Investigação e desenvolvimento Consultar em: http://www.setac.org/ 42 http://cml.leiden.edu/organisation/ 41

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4. Avaliação · Classificação da tabela de inventário em categorias de impacto · Agregação dentro da categoria (caracterização) · Normalização · Medição de peso relativo das diferentes categorias (avaliação) 5. Interpretação · Análise de sensibilidade · Avaliação da prioridade das melhorias e respetiva viabilidade. É geralmente reconhecido que a primeira fase é extremamente importante. O resultado da ACV depende fortemente das decisões tomadas nesta fase. O rastreio na ACV é um passo útil para verificar e validar os objetivos definidos. Após a fase do Rastreio é muito mais fácil planear e executar o restante do projeto. Para isso, existe um conjunto vasto de ferramentas (aplicações e bases de dados) para pôr em prática o projeto. Destacamos as seguintes, reconhecidas pela Comissão Europeia: Nome e versão

Fornecedor

AirConLCA

Centre for Water and Waste Technology

AIST-LCA Ver.4

National Institute of Advanced Industrial Science and Technology (AIST)

BEES 3.0d

National Institute of Standards and Technology (NIST)

ECODESIGN X-Pro v1.0

EcoMundo

ecoinvent waste disposal inventory tools v1.0

Doka Life Cycle Assessments (Doka Okobilanzen)

Instrumentos

Life cycle assessment (LCA), Life cycle inventory (LCI), Life cycle impact assessment (LCIA), Life cycle costing (LCC) Complience checks, Life cycle assessment (LCA), Life cycle inventory (LCI), Life cycle impact assessment (LCIA)

Life cycle inventory (LCI)

Athena Sustainable Materials Institute

Life cycle assessment (LCA), Life cycle impact assessment (LCIA), Design for environment (DfE, DfR)

EuPmanager

SIMPPLE

Life cycle assessment (LCA), Life cycle inventory (LCI), Life cycle impact assessment (LCIA), Design for environment (DfE, DfR)

GaBi DfX

PE International GmbH

Life cycle management (LCM), Complience checks, Life cycle assessment (LCA), Life cycle inventory (LCI), Life cycle work environment (LCWE), Product stewardship, supply chain management, Life cycle impact assessment (LCIA), Life cycle sustainability assessment (LCS), Life cycle costing (LCC), Design for environment (DfE, DfR), Substance/material flow analysis (SFA/MFA)

Japanese, Spanish, Portuguese, Danish, Thai, Italian, Chinese, German, English

LCA Evaluator 2.0

GreenDeltaTC

Life cycle management (LCM), Life cycle assessment (LCA), Life cycle impact assessment (LCIA)

English

LCAmanager

SIMPPLE

Life cycle assessment (LCA), Life cycle inventory (LCI), Life cycle impact assessment (LCIA), Design for environment (DfE, DfR), Substance/material flow analysis (SFA/MFA)

SALCAbiodiversity 1.0

Agroscope ReckenholzTänikon Research Station ART

Life cycle inventory (LCI), Life cycle impact assessment (LCIA)

German

SALCA-heavy metals 1.0

Agroscope ReckenholzTänikon Research Station ART

Life cycle inventory (LCI)

German

SALCA-soil quality 1.1

Agroscope ReckenholzTänikon Research Station ART

Life cycle inventory (LCI), Life cycle impact assessment (LCIA)

German

Linguagem do interface English

Life cycle management (LCM), Life cycle assessment (LCA), Life cycle inventory (LCI), Product stewardship, supply chain management, Life cycle impact assessment (LCIA)

Environmental Impact Estimator V3.0.2

Japanese

English

English

English

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English

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SimaPro 7

PRé Consultants B.V.

Life cycle management (LCM), Life cycle assessment (LCA), Life cycle inventory (LCI), Life cycle work environment (LCWE), Product stewardship, supply chain management, Life cycle impact assessment (LCIA), Life cycle sustainability assessment (LCS), Life cycle costing (LCC), Design for environment (DfE, DfR), Life cycleengineering (LCE), Substance/material flow analysis (SFA/MFA)

Ecoeficiência e Sustentabilidade Organizacional

Japanese, Spanish, Danish, Greek, French, Italian, German, Dutch, English

Capítulo 7 7 – Os Indicadores de ecoeficiência ............................................................................................. 66 7.1 – Os IEE e o crescimento verde ........................................................................................ 68 7.2 - Definição básica de indicadores de ecoeficiência .......................................................... 69 7.3 - Indicadores de sustentabilidade ....................................................................................... 71 7.4 - Indicadores geralmente aplicáveis ................................................................................... 72

É cada vez mais uma prática estratégica das empresas a divulgação dos seus desempenhos sociais e ambientais, em conjunto com os seus relatórios financeiros. A boa comunicação ajuda a gerir as expectativas dos vários interessados que fiscalizam o seu negócio, desde investidores, auditores e reguladores até às organizações não-governamentais e os media. A produção de um relatório de responsabilidade corporativa que comunique com sucesso o seu desempenho a diferentes públicos pode ser um desafio. O Sustainability Scorecard Communicator43, ajuda as empresas a compreenderem os padrões e a estabelecerem um conjunto de boas práticas para a criação de relatórios sobre sustentabilidade organizacional. Os relatórios sobre sustentabilidade atendem à necessidade de uma abordagem mais holística para o desenvolvimento de relatórios corporativos sobre desempenho, além da divulgação puramente financeira. A criação de relatórios avançados também pode aperfeiçoar a gestão interna, permitindo que o gestor se possa expandir para além da base sobre a qual as decisões de negócio são tomadas.

Figura 6.2 – As cinco fases da ACV

                                                             43 O Sustainability Scorecard Communicator é uma solução desenvolvida pela plataforma XBSC Navigator da Balancedmaps, Lda 64  Introdução á Ecoeficiência e Sustentabilidade Organizacional – Manuel Teixeira - 2010

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7 – Os Indicadores de ecoeficiência

Assumindo-se como uma ferramenta prática para o sector empresarial, o conceito de IEE (Indicador de ecoeficiência) centra-se na prática do uso mais eficiente dos recursos e, simultaneamente, alcançar o progresso económico e ambiental através de menor poluição e consumo de recursos. Deste modo, a ecoeficiência é uma expressão mais genérica do conceito de eficiência dos recursos – minimizar os recursos utilizados na produção de uma unidade de produção – e produtividade dos recursos, a eficiência das atividades económicas na criação de valor acrescentado através da utilização de recursos. Incorpora também a produção de resíduos. A este respeito, o WBCSD sugere que o conceito de ecoeficiência deve ser aplicado ao longo de todas as operações da empresa: reduzir o consumo de recursos, reduzindo o impacto no meio ambiente, mas aumentar o valor do produto ou serviço. 44

Embora a ecoeficiência seja uma ferramenta útil para que o sector empresarial obtenha maior valor com menores impactos ambientais adversos, deve também ser aplicada para além dos padrões de produção e de sector de negócio. A adoção dos princípios de ecoeficiência nos padrões de produção pode ser mandatada por políticas/regulamentações governamentais, instrumentos de mercado e melhorias tecnológicas. No entanto, a melhoria da ecoeficiência nos modelos de consumo será, por ventura, muito mais complexa e desafiadora do que nos padrões de produção devido às características próprias da cultura da sociedade e respetivos sistemas socioeconómicos existentes.

                                                             44 Referência e transcrição de alguns conteúdos do documento: Eco-efficiency Indicators:Measuring Resourceuse Efficiency and the Impact of Economic Activities on the Environment. United Nations publication. Copyright© United Nations 2009. ST/ESCAP/2561 (A reprodução e difusão de material desta publicação para fins não comerciais, educacionais ou outros estão autorizados sem prévia autorização por escrito dos detentores de copyright desde que a fonte seja plenamente reconhecida).

Se aplicarmos o princípio da ecoeficiência apenas ao nível micro, não são atenuadas as enormes pressões sobre o capital natural. Em especial, uma das possíveis consequências não intencionais das políticas de ecoeficiência a nível micro é o efeito ricochete. O efeito ricochete é, na sua essência, a perda de potenciais ganhos de eficiência quando um ganho de eficiência do recurso corresponde a uma menor melhoria na utilização desse mesmo recurso. Noutras palavras, o efeito ricochete significa que a melhoria de eficiência da utilização de recursos por unidade é ultrapassada pelo aumento absoluto da procura de bens e pela deterioração da eficiência no consumo de recursos. Assim, o conceito de ecoeficiência deve ser aplicado a ambos padrões de produção e consumo, bem como aos níveis macro. Uma série de medidas ou indicadores tem vindo a ser sugeridos nos últimos anos, tais como a pegada ecológica, sustentabilidade e outros indicadores e índices, mas nenhum tem demonstrado, de forma clara, o caminho para o crescimento económico com um menor consumo de recursos e poluição, um ingrediente-chave e simultaneamente pré-requisito para o desenvolvimento sustentável. Mesmo índices ambientais populares, tais como o índice de sustentabilidade ambiental e o índice de desempenho ambiental (desenvolvido pelo Earth Institute, CIESEN, Columbia e universidades de Yale) ainda se focalizam principalmente no ambiente, com poucas considerações sobre a relação entre o ambiente e a economia. A sua maior contribuição é, no entanto, a simplicidade e facilidade de compreensão para o decisor político pouco familiarizado com as questões ambientais e para o público em geral. A este respeito, os IEE devem estar particularmente preparados para responder aos diferentes desafios da sustentabilidade no âmbito da concretização dos objetivo s económicos e ecológicos. Estes desafios incluem: 1. Impactos da actividade económica no ambiente (por exemplo, o consumo de recursos, as emissões de poluição, resíduos); 2. Efeitos da produtividade dos recursos na economia (por exemplo, eficiência económica). 3. Impactos da degradação ambiental sobre a produtividade económica (por exemplo, uma redução na capacidade de absorção, perda de cobertura florestal).

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O grande objetivo dos IEE é fornecer aos governos um instrumento prático para medir o seu desempenho no contexto da ecoeficiência e aproveitar o conceito de ecoeficiência para aplicar com pertinência, políticas socioeconómicas relativas à sustentabilidade ambiental.

A estratégia visou analisar medidas de crescimento verde na OCDE, bem como nos principais países não-membros e teve plenamente em conta a estratégia de inovação da OCDE, a “OECD Environmental Outlook” para 2030, o trabalho da OCDE sobre a economia nas mudanças climáticas, os resultados da Conferência de Copenhaga sobre mudanças climáticas de Dezembro de 2009 e as entradas da AIE48. Ficou definido o desenvolvimento e entrega de um relatório intercalar sobre os progressos no MCM49 de 2010.

7.1 – Os IEE e o crescimento verde

7.2 - Definição básica de indicadores de ecoeficiência

4.

Efeitos de melhoria ambiental na sociedade (por exemplo, os custos dos congestionamentos, melhoria no bem-estar, os custos sociais).

A UNESCAP está a desenvolver indicadores de ecoeficiência (IdEE) para melhor explicar a relação entre a actividade económica e o uso de recursos e os respetivos impactos ambientais para assim avaliar mais eficazmente as políticas económicas e, deste modo, ajudar os decisores políticos a melhorar a ecoeficiência do crescimento económico. Os IdEEs vão medir o modo como o ambiente é usado para a actividade económica e como é afetado por essa mesma actividade económica. Os IdEEs são politicamente mais relevantes do que muitas outras iniciativas em termos de indicadores, uma vez que estão a ser desenvolvidos em conjunto com académicos e decisores políticos de toda a região, os quais têm vindo a utilizar indicadores para avaliar a elaboração de políticas tanto nacionais como internacionais. 45

Esta abordagem foi assumida pelos Ministros representantes dos respetivos governos que compõem a OCDE46 em 200947 (onde se inclui Portugal), no intuito de se promover o DESENVOLVIMENTO, como um projeto horizontal, de uma estratégia de crescimento de verde (Green Grouth) para alcançar a recuperação económica e o crescimento económico ambientalmente e socialmente sustentáveis. A OCDE e suas comissões, foi assim, exortada a priorizar o seu trabalho dentro das suas áreas de especialização, de modo a apoiar as políticas de crescimento verde (Paris - Julho 2009 - Declaração da OCDE sobre o crescimento verde).

Tornar operacional o conceito de crescimento verde para as políticas públicas exige um sistema de medição capaz de capturar o padrão de qualidade do crescimento económico ao longo do tempo. Sem indicadores ou um quadro conceptual para orientação dos decisores políticos, o “crescimento verde” como uma mudança de paradigma na elaboração das políticas acabará por se afirmar como uma meta inatingível. Por isso, o uso de IEE tem sido identificado como uma das principais ferramentas para medir o crescimento verde. Os IdEEs podem ser usados para: 1. Medir a ecoeficiência dos diferentes sectores do país. 2. Comparar a ecoeficiência do crescimento económico de diferentes países 3. Identificar estratégias de melhoria para a obtenção de benefícios económicos 4. Acompanhar as tendências da ecoeficiência ao longo do tempo. O IdEE é projetado para capturar a eficiência ecológica de crescimento através da medição da eficiência da actividade económica, tanto em termos de consumo como de produção (utilização de recursos) e os seus impactos ambientais correspondentes. O conceito pressupõe um conjunto de indicadores, que vão muito para além de simples índices de desempenho económico.

                                                             Canal oficial da Comissão das Nações Unidas para a área Económica e social para a Ásia e o Pacífico. Organização para a cooperação e desenvolvimento económico. 47 Reunião do Conselho de nível ministerial, 24-25 Junho 2009. DECLARAÇÃO SOBRE O CRESCIMENTO VERDE (GREEN GROUTH). Aprovada na reunião do Conselho de nível ministerial em 25 de Junho de 2009) 45

A figura 7-1 sugere a definição conceptual do IdEE. O indicador de ecoeficiência pode ser derivada, observando a intensidade da utilização de recursos, a intensidade dos impactos ambientais ou ambos. O IdEE é definido como:

46

                                                             48 49

Agência Internacional de Energia. Meeting of the Council at Ministerial (OCDE).

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Ecoeficiência e Sustentabilidade Organizacional

7.3 - Indicadores de sustentabilidade Figura 7-1 – A definição conceptual do IdEE.

Onde, os custos ambientais podem ser: • Emissões de poluição (emissões de CO2 ou SOx, procura bioquímica de oxigénio, etc.). • Utilização de recursos (energia ou água utilizada) • Custo associado com uma “questão” ambiental (ex: custos de congestionamento de tráfego) Output económico pode ser: • Valor acrescentado / benefício (PIB per capita)/ VAB por trabalhador. • Unidade de produto ou serviço (por km, por m2) • Custo associado com uma “questão” ambiental (ex: custos de congestionamento de tráfego) A aplicação de indicadores de ecoeficiência nos sectores empresariais é geralmente baseada na relação do valor de produto ou serviço e o seu impacto ambiental. A maioria dos indicadores centra-se sobre o consumo de energia, materiais e água e a emissão de emissão de gases, águas residuais e a poluição com efeito de estufa. Muitas empresas integram a ecoeficiência na sua estratégia de negócios, incluindo nas suas estratégias operacionais, inovação de produtos e de marketing. Empresas como a Toyota e a Toshiba implementaram a ecoeficiência na sua produção e operações para avaliar e comunicar aos seus diversos públicos, o desempenho ambiental dos seus produtos e respetivos resultados. A Ecoeficiência está também a ser promovida para influenciar o comportamento de compra dos consumidores, nomeadamente, na orientação destes para a aquisição de determinados produtos disponíveis no mercado.

Os indicadores de sustentabilidade são essenciais para ilustrar aos decisores políticos e ao público em geral a relação e respetivos “trade-offs” entre as três dimensões do desenvolvimento sustentável. São também cruciais para monitorizar, ao longo do tempo, o progresso e o desempenho em termos de objetivo s económicos, sociais e ecológicos, e avaliar as implicações futuras das decisões e orientação políticas atuais. No entanto, capturar a dinâmica do desenvolvimento sustentável e apresentálo em termos de indicadores de medição, que por sua vez, poderiam ser interpretadas de forma inequívoca e facilmente comunicados aos decisores políticos, continua a ser uma tarefa altamente desafiadora. Mais de 10 indicadores amplamente reconhecido são usados na discussão das políticas de desenvolvimento sustentável (e.g. HDI, ESI, EPI, EF)50. Uma característica comum a estes indicadores de sustentabilidade é o facto de serem apresentados num índice agregado (indicador composto) o que facilita a comparação do desempenho entre países na concretização dos seus objetivo s económicos e ecológicos. Embora tenham sido extremamente úteis para promover a sensibilização sobre estes temas, muitos destes indicadores de sustentabilidade enfrentam críticas de decisores políticos e académicos. Um dos principais desafios dos indicadores de sustentabilidade reside, na forma de um índice agregado, na possibilidade de uma avaliação abrangente das mudanças nas condições económicas, ambientais e sociais, mas que ainda falha de alguma forma a este respeito. Os IdEE apresentam um conjunto de indicadores que mostram a relação entre a actividade económica, o uso de recursos e o impacto ambiental de modo que possam ser avaliadas, com maior eficácia, as políticas económicas e assim apoiar os decisores políticos na melhoria da ecoeficiência do crescimento económico. Em vez de apresentarem um único índice, os IdEE oferecem uma ampla gama de indicadores para todos os sectores da economia e estabelecem, de forma clara, o padrão e a relação entre a actividade económica e as questões ambientais.

                                                            

Figura 7-2 – A ecoeficiência no sector empresarial.

Alguns dos índices de sustentabilidade amplamente aplicados incluem: o Índice de Desenvolvimento Humano, o Índice de Sustentabilidade Ambiental, a Pegada Ecológica, o índice Planeta Vivo, o Índice de Desenvolvimento das Cidades, o Índice de Vulnerabilidade Ambiental, etc.

50

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Introdução á Ecoeficiência e Sustentabilidade Organizacional – Manuel Teixeira - 2010

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Ecoeficiência e Sustentabilidade Organizacional Produção

Intensidade energética [J/PIB]

7.4 - Indicadores geralmente aplicáveis

Intensidade de água

Desde a sua criação, o objetivo primordial do conceito de IdEE foi o de dar suporte às políticas quer nacionais quer sectoriais. Nesta perspetiva, o conjunto de IdEE pode ser dividido em indicadores gerais, abrangendo questões quer económicas quer sectoriais e indicadores específicos, abrangendo outras questões relevantes, identificados pelos decisores políticos. No entanto, o conjunto de IdEE deve deixar espaço para a flexibilidade de incorporação de novos indicadores ou a não adoção dos já existentes, de acordo com a sua relevância ambiental e objetivo s económicos e ecológicos.

Serviços públicos e do sector privado, mas abertos ou acessíveis ao público. Sector dos transportes (utilização de veículos, não de produção de veículos)

[m3/PIB]

Intensidade de CO2 [t/PIB] Intensidade de CBO [t/PIB]

Intensidade de materiais [DMI/PIB]

Intensidade dos resíduos sólidos [t/PIB]

Intensidade energética [J/PIB]

Intensidade de CO2 [t/PIB]

Intensidade de água [m3/PIB]

Intensidade águas residuais [m3/PIB]

Intensidade de utilização da terra [km2/PIB] Intensidade dos resíduos sólidos urbanos [t/PIB] Intensidade de combustível [J/PIB] Intensidade de CO2 [t/PIB]

* A Intensidade de utilização de energia é definida como a energia utilizada para a actividade económica por

unidade de PIB.

Notas:

Indicadores gerais:  Indicadores económicos: indicadores que representam o nível micro e macro de ecoeficiência do crescimento económico e social.  Indicadores sectoriais: agricultura, indústria, manufatura, sector público, serviços e transportes. Indicadores específicos:  Intensidade ou a produtividade associada com a utilização de recursos: indicadores de abastecimento e consumo de energia, uso de recursos não renováveis, consumo de recurso renováveis, utilização dos solos para construção, etc.

Importa, portanto, concluir que o conceito de indicador de ecoeficiência é projetado para capturar a eficiência ecológica de crescimento através da medição da eficiência da actividade económica, tanto em termos de consumo e de produção (utilização de recursos) como dos seus impactos ambientais correspondentes.

Quadro 7.3 - Conjunto de IdEE tendo a saída monetária como numerador Intensidade de utilização de recursos Indicadores económicos gerais Intensidade de água [m3/PIB] Intensidade energética [J/PIB]

Intensidade de impacto ambiental Intensidade emissões para a água [t/PIB] Intensidade Emissões para o ar [t/PIB]

Nesta perspetiva, o objetivo final do indicador de ecoeficiência é fornecer aos governos e demais organizações, públicas ou privadas, um instrumento prático para a medição do desempenho no contexto da ecoeficiência e aproveitar o conceito de ecoeficiência para a definição de políticas socioeconómicas associadas à sustentabilidade ambiental.

Intensidade de utilização da terra [km2/PIB] Intensidade de emissões de gás natural [t/PIB] Intensidade materiais [DMI/PIB]

Indicadores sectoriais Agricultura

Intensidade de água [m3/PIB]

Intensidade de CO2 [t/PIB]

Intensidade energética [J/PIB]

Intensidade de CH4 [t/PIB]

1. O quadro dos IdEE e os indicadores selecionados, tendo em conta as considerações acima (usando o PIB como numerador), reflete as discussões da segunda “IdEE Expert Group meeting” das Nações Unidas (ESCAP), realizada em Abril de 2008, que foi organizada no âmbito do projeto intitulado "continuar o crescimento verde (Green Grouth), através da melhoria da ecoeficiência do crescimento económico na Ásia e no Pacífico". 2. DMI refere-se à entrada direta de material. 3. Emissões para a água incluem procura de oxigénio biológico (BOD), e oxigénio químico (COD). 4. Emissões para a atmosfera incluem as seguintes poluições (o gás natural - GHG - não está incluído): NOx, SOx, CO, etc. 5. As emissões de GHG (gás natural) incluem dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), Perfluorocarboneto, hidrofluorocarboneto e hexafluoreto de enxofre. Enquanto a unidade de emissões de CO2 é tonelada de CO2, a unidade de tonelada de CO2 equivalente é usada para outras moléculas. 6. São usados os seguintes códigos ISIC51 (versão 3. 1): Agricultura: 1-5; produção: 15-37 (indústria, 10-45, incluem produção); serviços: 50-99.

Intensidade de utilização da terra [km2/PIB] Indústria

Intensidade energética [J/PIB]

Intensidade de CO2 [t/PIB]

Intensidade de água [m3/PIB]

Intensidade de resíduos sólidos [t/PIB]

                                                             51 “The International Standard of Industrial Classification of All Economic Activities (ISIC) code” foi desenvolvido pela ONU como uma modelo padrão de classificação das atividades económicas. Consultar em: http://www.esds.ac.uk/international/support/user_guides/unido/isic_guide.asp

Intensidade materiais [DMI/PIB]

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8 - Ferramentas para a ecoeficiência e sustentabilidade

Capítulo 8 8 - Ferramentas para a ecoeficiência e sustentabilidade ............................................................ 75 8.1 - A análise ambiental inicial - A autoavaliação da ecoeficiência ............................................. 75 O processo de avaliação ........................................................................................................ 77 1. Direção Geral ...................................................................................................................... 78

8.1 - A análise ambiental inicial - A autoavaliação da ecoeficiência Neste capítulo é apresentada uma ferramenta para a elaboração de um inquérito de autoavaliação sobre ecoeficiência e sustentabilidade organizacional.

2. Desenho e desenvolvimento............................................................................................. 80 3. Compras ............................................................................................................................... 81 4. Produção e distribuição ..................................................................................................... 82 5. Área financeira .................................................................................................................... 83 6. Marketing e comunicações ................................................................................................ 84 7. Gestão das instalações ....................................................................................................... 86 Etapa 2 – O Planeamento Estratégico ............................................................................................ 87 Conclua o seu perfil de ecoeficiência ................................................................................... 87 O Plano estratégico ................................................................................................................ 88 Etapa 3 - Análise do Custo / Benefício .......................................................................................... 90 O propósito ............................................................................................................................. 90 A análise de custo - benefício ............................................................................................... 90 Os próximos passos ............................................................................................................... 91

A ecoeficiência vincula os aspetos ecológicos e económicos da sua organização. Descrição Esta ferramenta foi desenvolvida para ajudar as pequenas e médias empresas ao desenvolvimento de um programa de ecoeficiência personalizado e adaptado às suas necessidades de negócio. O processo envolve três etapas: 1. Autoavaliação – determina o nível atual da actividade de ecoeficiência na sua empresa. 2. Planeamento estratégico – fornece uma estrutura para desenvolver um programa personalizado para a ecoeficiência. 74  Introdução á Ecoeficiência e Sustentabilidade Organizacional – Manuel Teixeira - 2010

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3. Análise de custo benefício – ajuda-o a obter o melhor impacto para o seu desafio de ecoeficiência. Este processo de três etapas está disponível através de uma folha de cálculo, fácil de usar e que pode ser solicitada ao autor deste trabalho, e descrita a seguir:

compras, área financeira, marketing e comunicação, produção e distribuição e gestão das instalações. Próximos passos Reunir as várias folhas de dados dos membros da equipa de trabalho. As pontuações devem ser verificadas pelo gestor de projeto antes de prosseguir para a etapa 2 – Planeamento Estratégico.

Etapa 1 - Visão geral por área de competência Importa aqui observar os seguintes pontos: Objetivo O objetivo desta etapa é determinar em que medida as práticas e ferramentas da ecoeficiência estão a ser usadas na sua organização e, especificamente em que área de competência / função de negócio, conforme descrito na imagem seguinte.

Figura 8.1 – Áreas funcionais para análise

Definir um gestor de projeto O gestor de projeto deve ser definido para acompanhar e supervisionar os vários membros da equipa associada com o projeto, distribuir tarefas, recolher e verificar as respostas e gerir as possíveis consultas. O gestor de projeto deve ser um membro dos quadros superiores e com um excelente conhecimento da organização, incluindo as suas áreas de negócios, processos de fabrico e atividades ambientais. Ele ou ela deve estar familiarizado(a) com todo o processo das três etapas para a ecoeficiência. Criar o seu grupo de trabalho De seguida, o gestor do projeto deve distribuir as várias folhas de cálculo aos vários indivíduos que possam trazer inputs assim como uma avaliação objetiva das atividades atuais da empresa dentro de cada uma das seguintes funções de negócio: Direção Geral, design de produto e desenvolvimento,

Figura 8.2 – A avaliação global do desempenho

O processo de avaliação A avaliação global do desempenho é classificada em quatro níveis: defensiva, acomodada, ativa e pró-ativa, numa escala de 0 a 100%. De acordo com a classificação final, o programa sugere uma determinada orientação para a empresa de acordo com a tabela seguinte:

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Defensiva O WBCSD define a ecoeficiência do seguinte modo: “A ecoeficiência atinge-se através da disponibilização de bens e serviços a preços competitivos, que, por um lado, satisfaçam as necessidades humanas e contribuam para a qualidade de vida e, por outro, reduzam progressivamente o impacto ecológico e a intensidade de utilização de recursos ao longo do ciclo de vida, até atingirem um nível, que, pelo menos, seja compatível com a capacidade de renovação estimada para o planeta Terra.” Nesta perspetiva, ecoeficiência é o conceito-chave, que pode ajudar as empresas, indivíduos, órgãos de soberania e outras organizações a tornarem-se mais sustentáveis. Reúne os ingredientes essenciais - progresso económico e ecológico - os quais são necessários para o crescimento da prosperidade económica, com uma utilização mais eficiente dos recursos e com uma diminuição de emissões de substâncias que possam ter consequências adversas para o ambiente.

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Acomodada Uma empresa acomodada nunca será uma empresa criativa. A ideia de que não vale apena mudar porque sempre se fez assim é meio caminho andado para tropeçar no primeiro percalço que se encontre no caminho. A gestão da criatividade e da inovação passa por questionar constantemente tudo, prevendo as dificuldades que podem ocorrer no futuro. A possibilidade de incluir preocupações ambientais - desenvolvimento sustentável - nas suas estratégias empresariais, através de práticas ecologicamente adequadas, pode tornar-se decisiva para a manutenção do seu negócio nas próximas décadas. Por isso, as inovações que visam à melhoria dos processos produtivos, a diminuição dos custos e a um menor consumo energético tornam-se imprescindíveis para a manutenção da lucratividade e da competitividade da sua empresa.

Ativa

Proactiva

Os principais objetivo s das empresas neste estágio relacionam-se com a necessidade de minimizar riscos ambientais e evitar custos. As ferramentas utilizadas nesta fase incluem a implementação de medidas de redução da poluição na fonte, a realização de auditorias ambientais e a implementação de sistemas de gestão ambiental. As empresas adotam uma estratégia mais sistematizada e organizada na abordagem dos aspetos ambientais das suas atividades, obtendo-se assim uma melhoria progressiva do seu desempenho ambiental. A certificação de sistemas de gestão ambiental, segundo a norma ISO 14001, ou o registo no Sistema Comunitário de Eco-gestão e Auditoria (EMAS) são passos importantes que as empresas devem dar nesta fase.

As empresas que tomam uma atitude proactiva e encaram os requisitos ambientais como oportunidades para inovarem, melhorando os seus processos e produtos, conseguem frequentemente obter uma melhor posição competitiva, reduzindo custos e/ou aumentando o valor dos seus produtos. Geralmente são empresas que abandonaram a lógica de antagonismo (win-loose) e adotaram uma perspetiva de cooperação (win-win) na abordagem das relações entre os objetivo s ambientais e as estratégias empresariais. Esta atitude permite às empresas procurar soluções mais eficientes para a resolução dos seus problemas ambientais, reduzindo assim os custos decorrentes da gestão destes aspetos. Nesta fase, as empresas adotam uma atitude proactiva face à política ambiental, indo por vezes para além do simples cumprimento da legislação.

Figura 8.3 – Orientação sugerida de acordo com pontuação da empresa

O processo de avaliação em si, é realizado com base num questionário orientado a cada área de competência da empresa / organização. Deve responder sim, não ou não aplicável (NA) para cada uma das instruções a indicadas, e a possível resposta deve refletir as condições atuais da empresa.

Figura 8.4 – Inquérito direcionada para a Direção Geral

1. Direção Geral A primeira secção da avaliação centra-se sobre as atividades e o compromisso da gestão da empresa, um critério básico para que se consiga uma maior eficiência ecológica.

Depois de responder ao inquérito, deve ser analisado o resultado final e identificados os “drivers” – fatores críticos de sucesso, assim como as metas associadas, a implementar com vista a sanar eventuais deficits encontrados na organização (ver figura seguinte). Este processo será repetido por cada área de competência da empresa.

Melhorar o desempenho financeiro e a competitividade através da ecoeficiência requer liderança de gestão. A concessão de incentivos e comunicação do compromisso com a ecoeficiência são fatores necessários para motivar os colaboradores, envolver as partes interessadas e aumentar a produtividade e a inovação. 78  Introdução á Ecoeficiência e Sustentabilidade Organizacional – Manuel Teixeira - 2010

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Figura 8.5 – Lista de fatores críticos de sucesso da área Direção Geral

2. Desenho e desenvolvimento Esta secção da avaliação irá ajudá-lo a formar uma imagem para saber se a sua empresa está orientada para uma gestão ambiental baseada na análise do ciclo de vida do produto (ACV). A conceção (desenho) do produto pode ter uma grande influência na perspetiva económica da produção, no impacto ambiental do processo de produção e no próprio produto. Cerca de 80% do impacto ambiental e dos custos de um produto a longo prazo são estabelecidos durante a fase da conceção. Conceção e desenvolvimento, portanto, são considerações muito importantes quando orientadas para o fornecimento de produtos com melhorias inovadoras, para a diminuição dos custos e o aumento da produtividade e para a criação de valor para os clientes.

Figura 8.6 – Inquérito direcionada para a área Desenho & Desenvolvimento

Figura 8.7 – Lista de fatores críticos de sucesso da área Desenho & Desenvolvimento

3. Compras As seguintes questões referem-se à atitude da empresa em relação aos seus fornecedores. A otimizar a oferta não só vai aumentar a eficiência dos seus produtos, como também afetará o desempenho ambiental das outras empresas, impulsionando a eficiência e a inovação ao longo da cadeia de abastecimento. Ao otimizar o custo total dos bens ou fornecimentos (incluindo os custos de utilização e eliminação), as empresas podem aumentar a eficiência da gestão operacional e dos materiais. Uma relação entre comprador e fornecedor que 80  Introdução á Ecoeficiência e Sustentabilidade Organizacional – Manuel Teixeira - 2010

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incentive a discussão da ecoeficiência aumentará a probabilidade de melhorar o desempenho ambiental, a eficiência da cadeia de abastecimento e a inovação.

Figura 8.8 – Inquérito direcionada para a área das Compras

Figura 8.10 – Inquérito direcionada para a área da produção e distribuição Figura 8.9 – Lista de fatores críticos de sucesso da área das Compras

4. Produção e distribuição A ecoeficiência trata sobre os imputes (matérias-primas e energia) e saídas (produtos, resíduos, emissões), caracterizando um processo de produção e o ciclo de vida de um determinado produto. Ao otimizar estas características, podem ser alcançadas consideráveis reduções em termos de impacto e custos ambientais. A ecoeficiência tem a ver com “fazer mais com menos”. Isto só é conseguido através da otimização das entradas (energia e material) e saídas (produtos e resíduos) dos processos de produção e distribuição. Ao perscrutar a eficiência das suas entradas e saídas fornece o estímulo para a criação de soluções inovadoras e de produtividade.

Figura 8.11 – Lista de fatores críticos de sucesso da área da produção e distribuição

5. Área financeira O cálculo dos custos ambientais é uma tarefa difícil, mas serve como base para melhorias ou para a avaliação dos diferentes cenários e investimentos. A

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quinta secção da avaliação do desempenho tenta clarificar a fase na qual a sua empresa está neste domínio.

seguintes questões vão mostrar o quanto a sua empresa está ciente das possibilidades de comunicação sobre questões de natureza ambiental.

Identificar e controlar os custos ambientais pode fornecer um estímulo para melhorias em termos de ecoeficiência. Informar as outras funções de negócios destes custos pode levar a melhoria nos produtos, produção e instalações, ao encorajar a inovação e promover uma maior consciência no tema. Os sistemas contabilísticos também podem ser usados para avaliar a redução de custos e/ou receitas de fontes ambientais, de uma maior eficiência e produtividade.

Um número crescente de consumidores (indivíduos e instituições) em Portugal e no exterior está a comprar "verde". O fornecimento de informações ambientais sobre os seus produtos e serviços pode satisfazer as necessidades de informação deste segmento de mercado e de outras partes interessadas (por exemplo, fornecedores, seguradoras, investidores e trabalhadores). Aumentar a consciência neste ponto, irá contribuir para a afirmação da sua empresa como uma organização que está empenhada na inovação, na eficiência e no desempenho ambiental.

Figura 8.12 – Inquérito direcionada para a área financeira

Figura 8.14 – Inquérito direcionada para a área do Marketing & Comunicações

Figura 8.13 – Lista de fatores críticos de sucesso da área financeira

6. Marketing e comunicações Com o marketing adequado a sua empresa pode fazer o melhor uso do seu melhorado desempenho ambiental, uma vez que uma imagem "verde" pode ajudar a encontrar possibilidades de novos mercados e pode trazer vantagens competitivas. Se já tem conquistas com o seu desempenho ambiental, as

Figura 8.15 – Lista de fatores críticos de sucesso da área do Marketing & Comunicações

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7. Gestão das instalações Num número grande de empresas, grande parte da poluição / más práticas ambientais, é atribuível a uma má gestão das próprias instalações. Uma vez que tais fatores são facilmente identificáveis, é relativamente fácil e barato eliminá-los e alcançar melhores resultados na utilização de materiais e consumo de energia. A última secção da sua avaliação irá revelar o nível de racionalidade da gestão das suas instalações.

Figura 8.17 – Lista de fatores críticos de sucesso da área da Gestão das instalações

A otimização energética e dos fluxos de materiais na operação e manutenção das instalações pode levar a reduzir os custos gerais. Além disso, as instalações e sistemas de aquecimento e ventilação assim como sistemas de produção altamente eficientes, podem fornecer ganhos de produtividade através de uma melhor saúde e bem-estar dos colaboradores.

Etapa 2 – O Planeamento Estratégico

Objetivo A primeira etapa fornece uma estimativa da atual actividade de ecoeficiência junto da sua empresa. O objetivo desta etapa é usar os resultados da autoavaliação e ajudá-lo a planear uma estratégia de ecoeficiência adaptada às necessidades da sua empresa.

Figura 8.16 – Inquérito direcionada para a área da Gestão das instalações

Conclua o seu perfil de ecoeficiência Depois de concluir o processo de autoavaliação nas diversas tabelas apresentadas na etapa 1, a tabela “diagrama desempenho” calcula e fornece86 

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lhe a pontuação média da sua organização. O gráfico apresentado, assim como a orientação subjacente, irá ser útil ao auxiliar na comunicação dos resultados da sua autoavaliação de ecoeficiência.

Figura 8.17 – Diagrama do desempenho

O Plano estratégico Reveja e discuta o seu perfil de ecoeficiência com a sua equipa de projeto e a Direção Geral. Compare a pontuação média da sua empresa com a pontuação correspondente das três principais estratégias de ecoeficiência na mesma folha – coping, informada ou pró-ativa. No mínimo, a sua equipa deve procurar responder às seguintes questões chave: 1. A empresa, em termos globais, é, coping, informada ou pró-ativa? Quais são os nossos “drivers“ internos e externos? (isto é, onde estamos?) 2. Quais as áreas prioritárias onde nos devemos concentrar para melhoria? Quais são as nossas metas? (isto é, onde queremos ir?) 3. Que ações específicas devemos pôr em prática? (isto é, como vamos chegar lá?) Nota: Ao desenvolver uma lista de possíveis ações para resolver as suas áreas prioritárias, pode e deve considerar incluir algumas das atividades de ecoeficiência enumeradas nas tabelas de autoavaliação da etapa 1. Figura 8.18 – Possíveis estratégias para a ecoeficiência

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Etapa 3 - Análise do Custo / Benefício O propósito Na etapa 2 (estratégias para a ecoeficiência), acabou por realizar um exercício de planeamento estratégico projetado para fornecer um maior enfoque na sua atuação ao nível da ecoeficiência. Através da etapa 2 conseguiu identificar os “drivers” internos e externos mais importantes que afetam a sua empresa (listaFCS), as respetivas metas associadas com esses “drivers” e um número de possíveis ações de ecoeficiência para a concretização dessas referidas metas. A finalidade da etapa 3 é determinar quais, de entre as potenciais ações, aquelas que podem fornecer á sua empresa o maior benefício com o menor custo.

• Monetária • Necessidades de investimento, custos, fluxos de receita, alocação de custos exatos de funcionamento • Pessoal (colaboradores) • Formação, conhecimento, moral, retenção de funcionários, saúde e segurança, absentismo • Produção • Eficiência, inventário, equipamentos, custos de entrada

• Ambiental • Emissões tóxicas, os custos de gestão de resíduos, responsabilidade legal, multas. • Clientes e investidores • Novos mercados, necessidades de informação, imagem corporativa, diferenciação de mercado, preços, produtos concorrentes • Produto • Durabilidade, requisitos de energia, facilidade de manutenção, custos operacionais de utilização

Depois de enumerar os custos e benefícios para cada ação, atribua uma classificação numérica de 3, 2 ou 1 (alta, média ou baixa) para descrever os custos e benefícios totais. Por último, calcule a relação custo benefício utilizando a fórmula apresentada. O resultado será: Maior que 1: Os benefícios são maiores que os custos; a ação deve ser dada como de alta prioridade. Igual a 1: Os benefícios são iguais aos custos; a este tipo de ação deve ser dada uma prioridade mais baixa; ou, Menos que 1: os custos são maiores do que os benefícios; estas ações só devem ser implementadas por motivos excecionais, geralmente não financeiros.

Figura 8.19 – Lista Geral de FCS

Os próximos passos Quando a sua matriz estiver completa, pode querer examinar as opções com melhor classificação com mais detalhe. A implementação das ações com o rácio custo/benefício mais alto é o próximo passo para aumentar a ecoeficiência na sua empresa. É importante ter em mente que a monitorização do progresso das suas ações, através da definição de metas e da medição do impacto são também importantes considerações para a concretização dos seus objetivo s de ecoeficiência.

A análise de custo - benefício Preencha a folha de Excel com o conjunto de possíveis ações. Com a colaboração dos membros da sua equipa e a Direção, identifique todos os custos previsíveis e benefícios associados por cada ação. Possíveis aspetos a ser considerados em termos de análise custo / benefício, podem incluir: 90  Introdução á Ecoeficiência e Sustentabilidade Organizacional – Manuel Teixeira - 2010

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Capítulo 9

9 – O Relatório de Sustentabilidade

9 – O Relatório de Sustentabilidade ............................................................................................. 93

O trabalho pioneiro da ONG norte--americana CERES na criação de relatórios ambientais normalizados, foi reforçado pelos programas governamentais sobre relatórios ambientais e pelo nascimento dos relatórios de sustentabilidade. Estes últimos surgem como um fenómeno identificável com o lançamento do GRI52 (Global Reporting Initiative) nos finais de 1997. Depois de quatro anos a desenvolver o conceito através de um processo internacional e multistakeholder, o GRI constituiu-se, em Abril de 2002, como uma instituição independente nas Nações Unidas.

A Finalidade de um Relatório de Sustentabilidade ................................................................ 93 Orientações sobre a Estrutura de Relatórios da GRI ............................................................ 94 O Sustainability Balanced Scorecard ........................................................................................ 96

A sociedade concede às empresas a faculdade de operarem e a sustentabilidade é cada vez mais a moeda de troca que se lhes é exigida, em tudo que tenha a ver com a responsabilidade individual e institucional e com as gerações atuais e futuras. Os indicadores de sustentabilidade são a ferramenta crucial que permite às empresas identificar, medir e comunicar a forma de colocar em prática esta responsabilidade. A Finalidade de um Relatório de Sustentabilidade Elaborar relatórios de sustentabilidade é a prática de medir, divulgar e prestar contas para stakeholders internos e externos do desempenho organizacional com vista ao desenvolvimento sustentável. “Relatório de sustentabilidade” 53 é um termo genérico considerado sinónimo de outros relatórios cujo objetivo é descrever os impactos económicos, ambientais e sociais (tripple bottom line) de uma determinada organização, como o relatório de responsabilidade social empresarial, o balanço social etc. Este tipo de documento deve oferecer uma descrição equilibrada e reflectida do desempenho de sustentabilidade da organização relatora, incluindo informações tanto positivas como negativas. Um relatório de sustentabilidade baseado nas Directrizes da GRI divulga os resultados obtidos dentro do período relatado, no contexto dos compromissos, da estratégia e da forma de gestão da organização. Entre outros propósitos, pode ser usado como:

                                                             52 Global Reporting Initiative (GRI) é uma organização baseada em rede que foi pioneira no desenvolvimento da plataforma de “reporting da sustentabilidade” mais amplamente utilizada no mundo e comprometeu-se com a sua melhoria contínua e aplicação em todo o mundo.

53 Referência a: Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade – GRI © 2000-2006 Global Reporting Initiative. Versão em português pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, em parceria com a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje).

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Ecoeficiência e Sustentabilidade Organizacional

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1. Padrão de referência (benchmarking) e de avaliação do desempenho de sustentabilidade considerando o contexto legal, normas, códigos, padrões de desempenho e outras iniciativas voluntárias; 2. Demonstração de como a organização influencia e é influenciada por expectativas de desenvolvimento sustentável; 3. Comparação de desempenho dentro da organização e entre organizações diferentes ao longo do tempo. Orientações sobre a Estrutura de Relatórios da GRI As Diretrizes para Elaboração de Relatórios de Sustentabilidade da GRI consistem de princípios para a definição do conteúdo do relatório e a garantia da qualidade das informações relatadas. Incluem também o conteúdo do relatório, composto de indicadores de desempenho e outros itens de divulgação, além de orientações sobre temas técnicos específicos relativos à elaboração do relatório. Conteúdo do Relatório As Diretrizes identificam as informações a ser divulgadas, que são relevantes e essenciais para a maioria das organizações e do interesse da maior parte dos stakeholders, em três categorias de conteúdo que deve ser incluído no relatório de sustentabilidade:

1. Estas entidades poderão ser incluídas por meio do uso de indicadores de desempenho operacional, indicadores de desempenho de gestão ou descrições narrativas. 2. A organização deverá incluir, no mínimo, as seguintes entidades e abordagens em seu relatório: a. As entidades sobre as quais a organização exerça controlo deverão ser abordadas por meio de indicadores de desempenho operacional; b. As entidades sobre as quais a organização exerça influência significativa deverão ser abordadas por meio de informes sobre desempenho de gestão. 3. Os limites para conteúdos narrativos deverão incluir organizações que estejam associadas a desafios fundamentais para a organização relatora, em razão de seus impactos expressivos, embora esta não exerça controlo ou influência significativa sobre elas. 4. O relatório deverá contemplar todas as organizações de sua abrangência. Em seu processo de elaboração, a organização poderá escolher não coletar dados relativos a uma organização ou grupo de organizações, desde que tal decisão não altere significativamente o resultado final de um informe ou indicador.

1. Perfil - Informações que estabelecem o contexto geral para a compreensão do desempenho organizacional, tais como sua estratégia, perfil e Governança; 2. Forma de Gestão − Conteúdo que descreve o modo como a organização trata determinado conjunto de temas para fornecer o contexto para a compreensão do desempenho numa área específica; 3. Indicadores de Desempenho – Informações comparáveis sobre o desempenho económico, ambiental e social da organização. Orientações para o Estabelecimento do Limite do Relatório O relatório de sustentabilidade deverá incluir no seu limite todas as entidades que gerem impactos de sustentabilidade significativos (reais e potenciais) e/ou todas as entidades sobre as quais a organização relatora exerça controlo ou influência expressivos sobre políticas e práticas financeiras e operacionais. Figura 9.1 - Árvore de Decisão para o estabelecimento da Abrangência do Relatório

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Ecoeficiência e Sustentabilidade Organizacional

Ecoeficiência e Sustentabilidade Organizacional

O Sustainability Balanced Scorecard A integração dos aspetos relacionados com o desenvolvimento sustentável no processo estratégico traz grandes vantagens para qualquer organização. A primeira delas e a principal, é que desta forma o sistema de gestão dos aspetos relevantes para a sustentabilidade não segue em paralelo com o resto dos sistemas da empresa mas, pelo contrário, reforça as capacidades estratégicas da empresa.

Ao implementarmos o Sustainability Scorecard Communicator 54 conseguimos, não só, apoio para o desenvolvimento do relatório de sustentabilidade, mas também apoiar a sua execução de forma contínua, através de: 1. Um modelo instigador e coerente que interliga as principais atividades do negócio (e medidas de desempenho) para os mais altos valores e visão da organização, como um todo; 2. Uma estrutura simples e genérica que é aplicável transversalmente em todos os sectores e tipos de organização; e que

O Balanced Scorecard é um modelo de gestão que tem como função facilitar a implementação de objetivo s estratégicos transferindoos para um plano de ação. Este modelo foi desenvolvido por Robert Kaplan e David Norton que em 1992 criaram uma ferramenta que permitiria gerir mais além dos indicadores financeiros de uma organização, assumindo-se ao longo dos anos, como uma ferramenta de excelência da gestão para a avaliação das quatro perspetivas do desempenho organizacional: financeira, clientes, processos internos e aprendizagem e crescimento.

3. Acaba por estar intimamente relacionado com uma ferramenta de gestão existente no mercado e que já é bem conhecida (e compreendida) por muitos da comunidade empresarial (o próprio BSC como instrumento de Gestão Estratégica).

Este processo é desenvolvido através de um sistema vinculado de objetivo s, indicadores, metas e iniciativas que não só descrevem coletivamente a estratégia da organização, mas também como essa estratégia pode ser alcançada. Muitas organizações, no entanto, têm adaptado a abordagem tradicional de Balanced Scorecard para ajudar no planeamento e na tomada de decisão em torno do desenvolvimento sustentável e da sustentabilidade. Nesta ótica, o Balanced Scorecard pode ter duas funções principais: Porto, Setembro de 2010 

1. Para medir o desempenho de uma determinada lista de perspetivas (com base num número definido de indicadores chave de desempenho); e 2. Para orientar o desenvolvimento, a comunicação e a implementação da estratégia associada. Por conseguinte, temos vindo a assistir à expansão do uso do Balanced Scorecard, como a base de um sistema de gestão estratégica integrado e iterativo, moldado para abordar as questões de gestão da sustentabilidade.

 

                                                             Nota do autor: Num próximo trabalho será abordado o tema “Sustainability Scorecard Communicator” no âmbito do tema Sustentabilidade Organizacional e o Balanced Scorecard.

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