CONFIESO QUE HE BEBIDO… COMPARACIÓN DE DOS FORTINES DE LA FRONTERA SUR EN RELACIÓN CON LA PROVISIÓN Y EL CONSUMO DE BEBIDAS ALCOHÓLICAS (1860-1885)

July 27, 2017 | Autor: Virginia Pineau | Categoría: Historical Archaeology
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Arqueología Suramericana / Arqueologia Sul-americana 5, 2, julio/julho 2009

A ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO CERÂMICA DOS ASURINI DO XINGU: UMA REFLEXÃO ETNOARQUEOLÓGICA SOBRE VARIABILIDADE E PADRONIZAÇÃO ARTEFATUAL Fabíola Andréa Silva Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo

Este artigo apresenta alguns resultados da pesquisa etnoarqueológica sobre tecnologia cerâmica entre os Asurini do Xingu, povo indígena amazônico Tupi que vive às margens do rio Xingu, Pará, Brasil. Com base nos dados coletados, pretendemos demonstrar a relação entre a organização social da produção cerâmica e a padronização/variabilidade formal e quantitativa desses artefatos ao longo do tempo. Pretende-se evidenciar que, no contexto Asurini, a estrutura de ensino-aprendizagem, a identidade social, a habilidade e a criatividade da ceramista, bem como a intensidade e escala de produção das vasilhas são aspectos que influenciam diretamente na variabilidade formal e quantitativa de seus conjuntos cerâmicos, sincrônica e diacronicamente. Este artículo presenta algunos resultados de la investigación etnoarqueológica de la tecnología cerámica de los Asurini do Xingu, una población indígena amazónica tupí del río Xingú, Pará, Brasil. Con base en los datos recolectados se demuestra la relación entre la organización social de la producción cerámica y la normativización/variabilidad formal y cuantitativa de estos artefactos en el tiempo. Se pretende demonstrar que en el contexto Asurini la estructura de enseñanza y aprendizaje, la identidad social, la capacidad y la creatividad del ollero, así como la intensidad y la escala de la producción de las vasijas, son aspectos que influyen, directamente, en la variabilidad formal y cuantitativa de los conjuntos cerámicos en términos sincrónicos y diacrónicos. This article presents some of the results of our ethnoarchaeological research on ceramic technology conducted among the Asurini do Xingu, an Amazonian Tupi indigenous population from the Xingu River, Pará, Brazil. The data demonstrate the relationship between the social organization of ceramic production and standardization/formal and quantitative variability of these artifacts over time. It is intended to show that in the Asurini context the structure of teaching and learning, social identity, ability and creativity of the ceramist as well as the intensity and scale of vessel production

are aspects that directly influence the formal and quantitative variability of ceramic assemblages in synchronic and diachronic terms. Palavras claves: etnoarqueologia, Asurini do Xingu, tecnologia cerâmica / Palabras clave: etnoarqueología, Asurini del Xingú, tecnología cerámica /

Key words: etnoarchaeology, Asurini do Xingu, ceramic technology.

Introdução Os estudos etnoarqueológicos são importantes para fortalecer as interpretações a respeito do passado e para aprimorar as metodologias de investigação dos registros arqueológicos. Através de estudos de caso ou de abordagens interculturais, os etnoarqueólogos evidenciam a complexidade da relação entre o comportamento humano e a cultura material. Por um lado, revelam a imensa variabilidade dos contextos culturais e das ações humanas e, por outro, procuram as possíveis regularidades e correlatos materiais dessas ações em termos interculturais. Os estudos específicos ou comparativos fazem da etnoarqueologia um campo de pesquisa que possibilita aprofundar o entendimento sobre o modo como as pessoas se relacionam com o mundo material, construindo seus modos de vida e identidades (Roux 2007; Silva 2009). Este artigo apresenta alguns dados relativos à pesquisa etnoarqueológica que temos realizado entre os Asurini do Xingu, uma população indígena amazônica, falante de língua Tupi e que vive em uma aldeia às margens do rio Xingu, no Estado do Pará, Brasil (Figura 1). São dados descritivos e quantitativos relativos ao conjunto artefatual cerâmico. Meu objetivo é demonstrar, neste contexto cultural, como é a relação entre a organização social da produção cerâmica e a padronização/variabilidade formal e quantitativa desses artefatos ao longo do tempo. Pretende-se evidenciar que, entre 122

os Asurini, assim como foi observado em outros contextos etnográficos, a estrutura de ensino-aprendizagem, a identidade social, a habilidade e a criatividade do artesão, bem como a intensidade e escala de produção das vasilhas são aspectos que influenciam diretamente na variabilidade formal e quantitativa de seus conjuntos cerâmicos, sincrônica e diacronicamente. Neste sentido, embora minha pesquisa trate de um contexto cultural específico, os dados Asurini podem integrar ativamente o debate intercultural sobre a relação entre padronização e especialização da produção cerâmica. Também podem participar do debate sobre os processos responsáveis pela mudança nas características desse tipo de conjunto artefatual, ao longo do tempo. Cabe ressaltar que um dos principais objetivos da etnoarqueologia é coletar dados etnográficos que auxiliem os arqueólogos a desvendar as causas e significados da variabilidade artefatual encontrada no registro arqueológico.

Os Asurini do Xingu Os Asurini do Xingu são agricultores com uma dieta diversificada que inclui, além de cultivares, produtos da caça, pesca e coleta, bem como alimentos industrializados. As mulheres plantam as roças e processam os alimentos. Os homens são responsáveis pela derrubada da mata e limpeza dos locais das roças, mas suas principais atividades de subsistência são a caça, a pesca e a coleta. No cotidiano, esta dinâmica entre apreensão, produção,

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Figura 1. Mapa de localização da T.I. Asurini do Xingu

processamento e consumo de alimentos acontece, principalmente, no interior do grupo doméstico, a unidade social e de produção econômica mais fundamental da sua estrutura social. Os grupos domésticos são as famílias nucleares – com relações de afinidade e consangüinidade –, que estaFabíola Andréa Silva

belecem entre si relações de cooperação e reciprocidade nas diferentes atividades sociais e econômicas (Silva 2008, 2009). Os Asurini possuem dois rituais que são realizados ao longo do ano: o maraka e o ture. O maraka é um complexo ritual de várias etapas destinadas à proteção 123

e terapia contra as doenças, onde os homens desempenham a função de xamã e as mulheres cantam e dançam, sendo responsáveis pelo processamento dos mingaus a partir dos quais os seres sobrenaturais transmitem o moynga (remédio) que restaura o ynga (força vital) do corpo daqueles que participam da performance ritual. O ture é um complexo ritual com várias etapas onde os ritos são associados com a guerra, a morte e a iniciação dos jovens guerreiros, sendo que as mulheres desempenham a função de xamã e os homens são responsáveis pelas performances musicais com as flautas e pela tatuagem dos jovens iniciados; neste ritual o ynga (força vital) é transmitido aos participantes, através da ingestão do mingau fermentado produzido pelas mulheres (Müller 1990; Silva 2000). A cultura material Asurini é diversificada na produção de objetos e caracterizada por um apurado apelo estético. Os homens fazem os objetos utilitários em madeira, dos trançados, dos adornos corporais em sementes, dentes, ossos, fibras vegetais e penas, das armas e das ferramentas. As mulheres produzem objetos utilitários e adornos corporais em fibra de algodão, a pintura corporal, os instrumentos e ferramentas de uso feminino e os vasilhames cerâmicos (Müller 1990; Silva 2000). As primeiras informações sobre os Asurini datam do século 19, mas eles só foram oficialmente contatados em 1971 pela FUNAI (Fundação Nacional do Índio), órgão responsável pela proteção e gerenciamento dos povos indígenas no Brasil. O contato com a população não índia foi catastrófico para os Asurini, que foram contagiados por doenças infecto-contagiosas (p.ex. gripe, tuberculose e malária), e quase foram dizimados, sobrevivendo 52 indivíduos na década de 1980 (Müller 1990). A atenção e programas de prevenção dos órgãos de 124

saúde possibilitaram a recuperação demográfica paulatina, que atualmente conta com 148 indivíduos. Meu primeiro encontro com esta população ocorreu em 1996 (Silva 2000). Desde então, retornei anualmente à sua aldeia para continuar a pesquisa etnoarqueológica, em etapas que duram em média 30 dias. São 13 anos de trabalho, totalizando 16 meses de permanência entre os Asurini. Os dados deste artigo foram coletados em diferentes etapas de campo, nos anos de 1997, 1998, 2001, 2002, 2003, 2005 e 2006.

A cerâmica dos Asurini do Xingu O conjunto de vasilhas cerâmicas dos Asurini pode ser divido em quatro classes gerais utilizadas no processamento, consumo e armazenagem de alimentos e líquidos1 (Figura 2): (a) panelas de cozinhar (japepa’i, japepa’i/ja’eniwa, jape’e e jape’ei); (b) panelas para servir ( ja’e, ja’ekuia, piriapara e ywua); (c) pratos para consumir (kume, uira, jarati, pekia e uã); e (d) potes para transportar e armazenar líquidos (japu, yawa, yawi, kavioi, jukupyapyra e pupijanekanawa). A produção de vasilhas cerâmicas é uma atividade constante no cotidiano feminino, mas o seu uso tradicional tem sido paulatinamente reduzido e abandonado. As vasilhas utilizadas para servir alimentos e armazenar e transportar líquidos, por exemplo, têm sido substituídas por panelas de alumínio e artefatos de plástico (jarras, pratos, copos, bacias) e garrafas térmicas. Assim, a produção das vasilhas de servir, 1 A nomenclatura êmica das vasilhas cerâmicas está de acordo com as informações das mulheres Asurini, no entanto, a divisão das mesmas em classes funcionais está embasada nas observações de campo etnográficas sobre a relação entre a forma e a função das vasilhas (Muller 1990; Silva 2000).

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Figura 2. Conjunto de vasilhas Asurini do Xingu

armazenar e transportar vem sendo restringida, principalmente, para a venda. Os tipos de vasilhas que ainda conservam o uso tradicional são o japepa’i e o japepa’i/ ja’eniwa, ja’e, jape’e e o jape’ei que são usadas, no cotidiano ou nos rituais, para cozinhar e servir os mingaus, torrar a farinha e fazer beijus. Contudo, mesmo estas vasilhas estão sofrendo diminuição na sua utilização, também substituídas por vasilhas industrializadas. As Figuras 3, 4, 5, 6, 7 e 8 revelam a crescente diminuição

na freqüência de utilização dos vasilhames de tipo japepa’i e jape’e, entre 1997 e 2006. Apesar dessa substituição, a produção de cerâmica ainda é uma atividade muito importante. A perícia na arte da olaria proporciona à mulher Asurini um grande reconhecimento social, sendo que as vasilhas representam seu patrimônio pessoal. É possível dizer que a mulher Asurini se identifica com os seus vasilhames ou, como apontou Lévi-Strauss (1986:164) “se metamorfoseia em seu produto; de fisicamente exterior se converte em moralmente integrada a este.”

Figura 3. Freqüência de vasilhas em uso por unidade doméstica (1997) Fabíola Andréa Silva

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Figura 4. Freqüência de vasilhas em uso por unidade doméstica (2001)

Figura 5. Freqüência de vasilhas em uso por unidade doméstica (2002)

Figura 6. Freqüência de vasilhas em uso por unidade doméstica (2003) 126

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Figura 7. Freqüência de vasilhas em uso por unidade doméstica (2005)

Figura 8. Freqüência de vasilhas em uso por unidade doméstica (2006)

A produção cerâmica é eminentemente feminina. O aprendizado ocorre no grupo doméstico pela transmissão dos conhecimentos das mais velhas (avó, mãe, tia) às mais jovens. Como a regra de casamento entre os Asurini é a uxorilocalidade, as mulheres ligadas por laços de consagüinidade convivem por toda a sua vida no mesmo grupo doméstico. Os homens (pais, maridos, irmãos) podem auxiliar as mulheres de seu grupo doméstico nas tarefas de transportar as matérias-primas necessárias à confecção dos vasilhames (p.ex. argila, cascas de árvores para a

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queima, pigmentos, etc), de seus locais de coleta para a aldeia (Figura 9). O processo de ensino-aprendizagem da tecnologia cerâmica é baseado no incentivo à observação e exercício prático e repetitivo de elaboração das vasilhas. Conforme salientou Ingold (2001), o conhecimento de uma tecnologia é passado entre as gerações pelo engajamento do noviço. Ele incorpora o conhecimento, ou seja, é a conjunção da mente e do corpo que definem juntos a habilidade para reproduzir alguma coisa. Assim, percepção e ação estão no cerne da aquisição e prática do conhecimento. 127

Figura 9. Mãe e filha produzindo vasilhas cerâmica

Assim como em outras populações ceramistas, o ensino da confecção da vasilha Asurini é extremamente controlado. Implica, de um lado, na constante verbalização e demonstração das instrutoras, sobre os procedimentos técnicos e os resultados a serem alcançados em cada etapa produtiva. De outro lado, a aprendiz procura imitar e reproduzir cada etapa produtiva (p. ex.: Bunzel 1972; Arnold 1985, 1989; Longacre 1999). Nas sociedades tradicionais a aprendizagem da tecnologia cerâmica possui várias etapas de ensino, desde o condicionamento corporal até a aquisição de conhecimento sobre as matérias-primas, os processos físico-químicos da manufatura e da queima e decoração das vasilhas. Dado o longo tempo necessário para aprender a fazer cerâmica usando o conhecimento e as técnicas tradicionais, o mais efetivo e eficiente aprendizado ocorre durante a infância quando a musculatura ainda está em processo de desenvolvi128

mento. O aprendizado na infância é eficaz porque a criança pode reforçar hábitos motores por um longo período antes de se tornar adulta. Aprender esta atividade artesanal quando criança também é eficaz porque fazer potes cerâmicos não compete com atividades de subsistência, como quando se é adulto. O aprendizado do fazer cerâmica é então melhor conduzido no grupo doméstico durante a infância, quando as habilidades e o conhecimento podem ser praticados e reforçados diariamente (Arnold 1989:180-181). O aprendizado da confecção cerâmica na infância Asurini que, geralmente, inicia ao redor dos 5 anos de idade, é realizado com miniaturas de vasilhames. Tendo em vista que o domínio na elaboração do corpo das vasilhas é uma etapa difícil da aprendizagem, a elaboração de miniaturas facilita à criança o entendimento das regras e proporções formais das vasilhas, um aspecto que é extremamente rígido na tecnologia Asurini.

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Embora os estudos etnoarqueológicos sobre o processo de aprendizado infantil da tecnologia cerâmica não sejam abundantes, eles começam a influenciar as interpretações dos arqueólogos. O aparecimento de miniaturas de vasilhas nos contextos arqueológicos vem sendo interpretado com maior freqüência como um índice de aprendizado infantil. Além da miniaturização, outros traços dos vasilhames também foram atribuídos às crianças e aprendizes, como as características e o acabamento dos motivos decorativos. (p. ex. Crown 1999). No contexto Asurini, quando se observa uma vasilha de uma ceramista inexperiente, logo se percebe algum tipo de falha nos seus traços construtivos. O corpo da vasilha pode ser mal elaborado ou, então, o alisamento da superfície estar muito grosseiro. O contorno da borda costuma ser irregular e, no caso da resina de jatobá, que é passada na face externa das vasilhas pintadas, há pequenas falhas e asperezas devido à imperícia da ceramista na hora da sua aplicação (Figura 10a, b). Outro dado importante a ser consideração na pesquisa do processo de ensinoaprendizagem da cerâmica Asurini, se refere ao conhecimento e domínio da

classificação formal das vasilhas. Às vezes as mais jovens têm dificuldade para definir a nomenclatura de um determinado vasilhame e precisam consultar as mais velhas para ter certeza do nome de um determinado tipo. É preciso que elas saibam elaborar o seu instrumental de trabalho e selecionar e processar a matéria-prima. Por exemplo, uma etapa produtiva que requer experiência, é umedecer o barro para trabalhar, pois se está muito úmido, os roletes grudam nas mãos dificultando a sobreposição, além de gerar irregularidades na forma do vasilhame. Em resumo, o processo de aprendizagem da cerâmica é longo e bem planejado, terminando quando a aprendiz tem autonomia para realizar todas as etapas e domina as diferentes técnicas de trabalho. Quanto mais velha, é maior o compromisso em dominar este saber e transmiti-lo às novas gerações. Um dos aspectos que dificulta o aprendizado é a procriação, pois os filhos impedem por vários períodos o livre exercício e o esmero nesta atividade. Talvez, por isso, elas sejam incentivadas a aprender a fazer cerâmica desde muito cedo, antes de se tornarem mães. De qualquer modo, porém, a perícia na atividade oleira só é alcançada

Figura 10. (A) Vasilha de ceramista experiente; (B) vasilha de ceramista aprendiz. Fabíola Andréa Silva

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com o decorrer dos anos e são justamente as mulheres mais velhas, na faixa dos 50 anos ou mais, aquelas consideradas as melhores ceramistas da aldeia. Durante a etapa de campo de 1998, fiz o estudo métrico dos vasilhames do tipo japepa’i para definir como este processo de ensino-aprendizagem e a habilidade das ceramistas se refletiam no conjunto de vasilhas. Foram registradas e medidas 149 vasilhas, particularizando os dados de cada ceramista. As variáveis consideradas nas medições foram: altura total da vasilha, altura do pescoço e gargalo, diâmetro de abertura da borda e espessura da parede da borda. Os dados foram analisados com o programa estatístico SPSS que me permitiu correlacionar estas diferentes variáveis e, ao mesmo tempo, estabelecer conjuntos de vasilhas cujas características apresentavam semelhanças entre si.2 O resultado foi a demonstração de que no japepa’i 2 Realizei análise de correlação de variáveis e de conglomerados (clusters). Primeiro, testando as relações existentes entre diferentes variáveis (altura, diâmetro, espessura), a partir das quais elaboram-se diagramas de dispersão. Através deles pode-se ter uma idéia da direção desta relação (positiva ou negativa), da forma (linear ou curvilínea) e da intensidade (nuvem de pontos mais densa ou menos densa em torno da reta) (cf. Shennan 1992:123-127). Depois, verificando a semelhança existente entre as vasilhas cerâmicas. O objetivo foi verificar a semelhança entre os objetos, em diferentes níveis, para que os resultados sejam representados em dendrograma para demonstrar a relação de similaridade entre objetos e grupos de objetos. O princípio é correlacionar uma série de vasilhas que formam grupos conforme suas similaridades. Nos primeiros níveis agrupam-se os indivíduos com maior semelhança e aos poucos vão unindo-se os grupos de acordo com critérios de similaridade mais gerais até que todos se agrupem num conjunto único (Shennan 1992:215). 130

existia uma correlação significativa entre gargalo, espessura, altura e diâmetro. Havia uma harmonização e proporcionalidade entre estes diferentes atributos da vasilha. Ao mesmo tempo, esta análise estatística demonstrou uma grande semelhança, em torno de 90%, entre as vasilhas do tipo japepa’i (Figura 11). Para resumir, o dendrograma mostrou que as Asurini apresentavam uma grande padronização tecnológica no seu modo de produzir esses vasilhames cerâmicos. Longacre (1999) ressalta que vários autores apontaram que a padronização dos conjuntos cerâmicos resultaria da constante repetição das ações no processo de produção cerâmica, por especialistas dedicados, exclusivamente, a esta atividade. No entanto, este autor mostra que não é apenas isto que explica o decréscimo de variabilidade nos conjuntos cerâmicos, pois o desenvolvimento das habilidades das ceramistas ao longo da vida, também é fator fundamental na padronização e que “a habilidade se desenvolve como resultado da experiência, acumulada ao longo do tempo... a ceramista mais velha, mais experiente, parece ser mais hábil para alcançar suas expectativas com grande precisão ao contrário da mais jovem, menos experiente” (Longacre 1999:53). O caso Asurini corrobora a constatação da relação entre organização social da produção, desenvolvimento de habilidades e padronização cerâmica. Em 1998, quando estabeleci a primeira análise estatística dos vasilhames japepa’i e constatei a grande semelhança entre eles, a população contava com 19 ceramistas, com idades entre 35 e 60 anos, que apresentavam um alto nível de habilidade e grande produtividade cerâmica. Naquela época havia apenas 7 ceramistas jovens, entre 12 e 18 anos e que não eram muito produtivas. Em 2006 repeti a análise estatística e constatei que a padronização das

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Figura 11. Dendrograma da vasilha tipo japepa´i (1998). Na esquerda da figura estão representadas as vasilhas por ceramista e na direita os grupos de vasilhas correlacionados em termos das variáveis medidas (altura total da vasilha, altura do pescoço e gargalo, diâmetro de abertura da borda e espessura da parede da borda). A semelhança das vasilhas é atestada pelo agrupamento das vasilhas em grandes conjuntos desde os primeiros níveis do dendrograma.

vasilhas japepa’i se apresentava em torno de 60%, ou seja, 30% menor que em 1998 (Figura 12). Isto poderia ser explicado pelo fato de que em 2006, o número de ceramistas jovens (20 com menos de 35 anos) era maior que o das mais velhas (13 com mais de 35 anos). Além disso, as mais jovens eram as mais produtivas naquele momento, mas ao mesmo tempo, apresentavam menor habilidade técnica. Outro aspecto que influenciou a mudança no conjunto artefatual cerâ-

mico dos Asurini foi a intensificação do comércio, a partir de 2005, que afetou diretamente a demanda produtiva das vasilhas. A mudança ocorreu, especialmente, em relação à freqüência de tipos e tamanhos. Desde 1998 percebe-se a diminuição na demanda produtiva dos tipos maiores jape’e e japepa’i, e o aumento na produção de vasilhas menores (p.ex. jape’ei, yavi, japu’i, kume’i, ja’ei e japepai’i). Respectivamente, estes tipos correspondem à miniaturização das

Figura 12. Dendrograma da vasilha japepa´i (2006). No eixo (X) da figura estão representadas as vasilhas por ceramista e no eixo (Y) os grupos de vasilhas correlacionadas em termos das variáveis medidas (altura total da vasilha, altura do pescoço e gargalo, diâmetro de abertura da borda e espessura da parede da borda). A diferença entre os grupos de vasilhas é atestada pelos agrupamentos diversificados de vasilhas ao longo de todos os níveis do dendrograma. Fabíola Andréa Silva

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Figura 13. Freqüência de tipos de vasilhas na aldeia Asurini (1998)

Figura 14. Freqüência de tipos de vasilhas na aldeia Asurini (2001)

Figura 15. Freqüência de tipos de vasilhas na aldeia Asurini (2002)

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Figura 16. Freqüência de tipos de vasilhas na aldeia Asurini (2003)

Figura 17. Freqüência de tipos de vasilhas na aldeia Asurini (2005)

Figura 18. Freqüência de tipos de vasilhas na aldeia Asurini (2006) Fabíola Andréa Silva

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vasilhas: japepa’i, utilizada tradicionalmente para cozinhar os alimentos; yava, utilizada para transportar água; ja’e, utilizada para servir alimentos; japu, utilizada para armazenar mel; kume, utilizada para servir alimento; jape’e, utilizada para torrar farinha. As Figuras 13, 14, 15, 16, 17 e 18 mostram que, nos dois últimos anos, a produção destas miniaturas de vasilhas foi maior e, especialmente, as do tipo japepai’i.3 O acréscimo na demanda produtiva de certos tipos de vasilhas proporcionou um aumento na intensidade produtiva das jovens ceramistas e ampliou a variabilidade formal do conjunto cerâmico (Figura 12). Simultaneamente, elevou a quantidade de vasilhas pequenas (Figuras 17 e 18). As jovens ceramistas têm maior facilidade e interesse em produzir vasilhas de tamanho menor, sendo mais engajadas na produção comercial; obviamente, o retorno financeiro é um dos principais motivadores deste engajamento produtivo. No entanto, apesar dessas mudanças no conjunto artefatual, a cadeia operatória de produção não foi modificada, nem tampouco a organização social da produção que continuou sendo realizada no escopo do grupo doméstico. Esta constatação possibilita voltar à questão, discutida acima, sobre a relação entre organização social da produção e padronização cerâmica. Segundo Arnold (1999:80), não existe uma relação direta 3 O aumento da demanda produtiva coincidiu com o fato do projeto Awaeté ter sido implantado na aldeia por Raimundo Alberto Ampuero e Sueli Melo de Castro Menezes, ambos profissionais da UVA (Universidade do Vale do Acaraú). O projeto, segundo os dois autores, visa valorizar a produção artesanal Asurini, especialmente a sua cerâmica e arte gráfica. Além disso, eles pedem às ceramistas, especialmente as mais jovens, que façam vasilhas menores, para facilitar o transporte até os locais de venda. 134

entre padronização cerâmica e a intensidade da produção. No caso Asurini, a padronização é diretamente relacionada à habilidade das ceramistas. Assim, apesar da intensidade de produção das vasilhas pequenas ter aumentado, não ocorreu uma padronização das formas. Ao contrário, houve maior diversificação formal nas correlações entre as variáveis: altura total da vasilha, altura do pescoço e gargalo, diâmetro de abertura da borda e espessura da parede da borda. Atualmente, a maioria das artesãs mais produtivas é jovem e estas ainda estão desenvolvendo suas capacidades como ceramistas. Considerando o sistema tradicional de ensino-aprendizagem Asurini, é possível que no futuro a produção das vasilhas para a venda seja tão padronizada quanto àquelas japepa’i em 1998. É importante ressaltar, no entanto, que a padronização de uma tecnologia cerâmica não impede que as ceramistas exerçam sua criatividade individual na confecção de suas vasilhas. No contexto Asurini, durante todas as etapas de pesquisa, as ceramistas sempre disseram reconhecer seus vasilhames dentre os de outras ceramistas. Segundo elas, os traços de identificação estão no acabamento da borda, do fundo e do corpo. Este reconhecimento passa por traços extremamente sutis que, muitas vezes, são de difícil verbalização para as ceramistas. Jamais consegui identificar estas diferenças e elas próprias têm dificuldade para fazê-lo. Estrategicamente, elas costumam ter o cuidado de guardar separadamente suas vasilhas dentro das casas ou estruturas anexas, a fim de que estas não se misturem com as de outras mulheres do seu grupo doméstico. Parece ser na pintura dos vasilhames, porém, que a sua individualidade se manifesta mais claramente. A mulher aprende junto ao seu grupo doméstico um repertório de variações do padrão

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tayngava, sendo que é nas recombinações deste repertório que ela exerce a sua criatividade. A palavra tayngava pode ser traduzida como imagem ou representação de algo ou alguém (t – indicativo de algo ou alguém; ayngava – imagem, representação, desenho). No contexto ritual, tayngava é o nome dado a uma entidade sobrenatural que é representada por um pequeno boneco feito de madeira, na forma de uma figura humana estilizada e que permanece junto aos objetos xamânicos durante a performance ritual. Na cerâmica e na pintura corporal este padrão estrutural aparece como uma figura geométrica constituída de linhas interligadas que formam ângulos de 90º, reproduzindo uma imagem corporal estilizada. Este padrão estrutural é recombinado de diferentes formas, dando origem aos vários padrões de desenho Asurini (Müller 1990, 1992). Assim, a partir de uma determinada estrutura de referência oferecida pela tradição cultural, as Asurini podem fazer suas escolhas individuais e fazer da confecção dos objetos cerâmicos, também, “um veículo de experiência pessoal” (Bunzel 1972:52). Ou seja, “não há contradição entre criatividade individual e protótipos tradicionais” (Roe 1995:45). Outro dado importante com relação às diferenças individuais na produção cerâmica, diz respeito ao fato de que algumas ceramistas são mais hábeis na elaboração das pinturas das vasilhas do que outras. As ceramistas muito jovens (menos de 15 anos) apresentam falhas nos seus desenhos, pois não dominam plenamente a técnica de reprodução dos mesmos e o seu repertório de motivos. As ceramistas que apresentam em torno de 20 a 50 anos, por sua vez, desempenham bem a atividade de pintar as vasilhas. Esta habilidade das ceramistas maduras, porém, vai se perdendo com o decorrer da idade, devido à falência de sua capacidade visual que as impede de Fabíola Andréa Silva

reproduzir com a mesma maestria os traços mais delicados dos desenhos. No âmbito da seqüência operatória, as Asurini ressaltam que aprender a construir o vasilhame é sempre mais difícil que aprender a fazer a pintura. Ao longo dos anos percebi que isso, em parte, resulta do fato de que as meninas são incentivadas desde muito cedo a pintar os potes produzidos pelas mulheres do seu grupo doméstico. Além disso, as meninas treinam a elaboração da arte gráfica nos seus próprios corpos e, segundo elas, aprendem os movimentos da pintura passando os dedos sobre os motivos que lhes foram aplicados na pele pelas mulheres mais velhas. Nos últimos anos, o aprendizado do grafismo tem sido reforçado nas atividades escolares com o uso do papel que é o novo suporte para esse treinamento.

Conclusão Podemos dizer a etnoarqueologia comparece de forma expressiva com seus dados e reflexões nas interpretações arqueológicas sobre os processos de produção, uso, distribuição, descarte, classificação e variação dos artefatos cerâmicos. Além de contribuir na interpretação dos artefatos cerâmicos em si, os estudos etnoarqueológicos auxiliam as reflexões sobre a relação entre a cultura material e a definição de fronteiras sociais e étnicas, bem como sobre os processos de transformação cultural. Finalmente, não se pode esquecer que eles também possibilitam o resgate e a preservação de conhecimentos tradicionais que aos poucos vêm desaparecendo do cenário mundial e que se constituem em verdadeiros patrimônios da criatividade humana (p.ex. Longacre 1991; Skibo e Feinman 1999; Hegmon 2000). A pesquisa junto aos Asurini do Xingu – um dos últimos grupos Tupi que pratica a tecnologia cerâmica - possibilita produzir 135

dados que podem auxiliar nas interpretações relativas à variabilidade formal e quantitativa dos conjuntos cerâmicos arqueológicos de forma generalizada e, em especial, aos conjuntos cerâmicos atribuídos aos vários povos Tupi do passado. Ao mesmo tempo, vem se somar aos estudos etnoarqueológicos sobre os processos de ensino-aprendizagem desta tecnologia entre as populações ceramistas tradicionais, acrescentando subsídios ao debate sobre os aspectos prescritivos e performáticos das tradições tecnológicas. Compreender como ocorreram os processos de continuidade e mudança dos comportamentos tecnológicos é parte fundamental da agenda arqueológica. Os estudos arqueológicos concernentes ao problema da variabilidade dos conjuntos artefatuais cerâmicos implícita ou explicitamente procuram responder questões relacionadas com a organização da produção. O nível de especialização da produção cerâmica, a constituição e organização das unidades sociais de produção e a intensidade e demanda da produção são alguns dos principais temas de interesse dos arqueólogos. Os trabalhos etnoarqueológicos, no entanto, têm evidenciado que o entendimento das questões que subjazem

estes temas de pesquisa não são fáceis de ser respondidas, pois as dinâmicas contextuais relativas à organização da produção cerâmica são complexas e sujeitas a diferentes variáveis culturais (Costin 2000). Por causa disso, insistimos que os estudos etnoarqueológicos sobre a tecnologia cerâmica devem continuar a ser realizados a fim de ampliar os dados já existentes, ao mesmo tempo devemos incrementar o diálogo entre etnoarqueólogos e arqueólogos e os estudos comparativos devem ser ampliados. Sem dúvida, ainda existe um imenso campo de pesquisas e um universo cheio de grandes mestres indígenas para enriquecer o nosso conhecimento sobre uma das mais importantes descobertas tecnológicas do homem. Agradecimentos Agradeço aos Asurini do Xingu pela acolhida e companheirismo durante todos esses anos de pesquisa. Ao CNPq e à FAPESP, pelo auxílio financeiro para o seu desenvolvimento. Aos avaliadores da Arqueología Suramericana e a Francisco Silva Noelli pela revisão do texto e sugestões.

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Fabíola Andréa Silva

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Arqueología Suramericana / Arqueologia Sul-americana 5, 2, julio/julho 2009

CONFIESO QUE HE BEBIDO… COMPARACIÓN DE DOS FORTINES DE LA FRONTERA SUR EN RELACIÓN CON LA PROVISIÓN Y EL CONSUMO DE BEBIDAS ALCOHÓLICAS (1860-1885) Virginia Pineau Carlos Landa Universidad de Buenos Aires-CONICET El estudio arqueológico de sitios militares de la segunda mitad del siglo XIX permite obtener información respecto a las relaciones entre sus ocupantes y comprender cómo hacían uso de la cultura material. Este trabajo analiza y compara las prácticas sociales relacionadas con el consumo de bebidas alcohólicas de las tropas acantonadas en dos fortines de la frontera sur: Miñana y La Perra. El primero se ubica en el centro de la provincia de Buenos Aires en el actual Partido de Azul. Fue ocupado durante la década de 1860 como parte de la expansión de la frontera, llevada a cabo inicialmente por el gobierno de Buenos Aires durante el conflicto con la Confederación. El Fortín La Perra se ubica en el centro de la actual provincia de La Pampa. El sitio fue ocupado solamente durante el año 1883. Se trata de un asentamiento militar post conquista del Desierto, cuya función fue controlar y vigilar los territorios recientemente conquistados e incorporados al sistema capitalista. Los conceptos teóricos “estrategia” y “táctica” desarrollados por Michael de Certeau resultan relevantes para comprender el modo como las imposiciones políticas propias del sistema de orden en los fortines eran paralelas a acciones colectivas como respuestas activas ante estos constreñimientos. O estudo arqueológico de sítios militares da segunda metade do século XIX permite obter informação a respeito das relações entre seus ocupantes e compreender como faziam uso de sua cultura material. Este trabalho analisa e compara as práticas sociais relacionadas com o consumo de bebidas alcoólicas das tropas acantonadas em dois fortes da fronteira sul: Miñana e La Perra. O primeiro se localiza no centro da província de Buenos Aires no atual Partido de Azul. Foi ocupado durante a década de 1860 como parte da expansão da fronteira, levada a cabo inicialmente pelo governo de Buenos Aires durante o conflito com a Confederação. La Perra se localiza no centro da atual província La Pampa. O sítio foi ocupado somente durante o ano de 1883. Trata-se de um assentamento militar pós-conquista do Deserto, cuja função foi controlar e vigiar os territórios recentemente conquistados e incorporados ao sistema capitalista. Os conceitos teóricos “estratégia” e “tática” desenvoltos por Michael de Certeau resultam relevantes para compreender o modo como as imposições políticas próprias do sistema de ordem nos fortes eram paralelas às ações coletivas como respostas ativas diante destes constrangimentos. The archaeological study of military sites of the second part of the 19th century gives information on the relationships among its occupants and how they used material culture. This work

analyzes and compares social practices related to the consumption of alcoholic beverages by the troops stationed in two military forts of the southern frontier: Miñana and La Perra. The latter was located in the center of Buenos Aires province, in current Partido de Azul. It was occupied during the 1860’s as a part of the frontier expansion initially carried out by the government of Buenos Aires during the Confederation war. La Perra is located in the center of La Pampa province. It was only occupied in 1883 as a military post after the so-called Desert Conquest for controlling and watching over the recently conquered territories, incorporated into capitalism. The concepts “strategy” and “tactic” developed by Michel de Certeau are useful to understand how military impositions were faced by collective actions. Palabras claves: fortines, bebidas alcohólicas, táctica, estrategia / Palavras claves: fortes, bebidas alcoólicas, tática, estratégia / Key words: forts, alcoholic beverages, tactics, strategies.

Introducción El estudio arqueológico de sitios militares establecidos en la Frontera Sur de la actual República Argentina correspondientes a la segunda mitad del siglo XIX permite obtener información acerca de las relaciones entre sus ocupantes, posibilitando a la vez comprender cómo hacían uso de la cultura material. Este trabajo emprende el análisis de las prácticas sociales relacionadas al consumo de bebidas alcohólicas en las tropas acantonadas en dos instalaciones militares de frontera (Figura 1). El Fortín Miñana se emplazó dentro de los límites del actual Partido de Azul. Dependiente de la comandancia de Azul durante la segunda mitad del siglo XIX, formaba parte de la antigua línea de fronteras de la sección sur. El sitio consta de dos estructuras: una, de forma circular, que habría funcionado como lugar de habitación de la tropa; y la otra, de forma triangular, que habría servido como corral para los animales del fortín (Ramos y Gómez 1994; Gómez 1999, 2007). El Fortín La Perra, ubicado en el centro de la actual provincia de La Pampa, permaneció ocupado solamente durante 1883. El asentamiento se constituyó como tal luego de la “Conquista del Desierto,”1 1 Serie de campañas militares llevadas a cabo contra los grupos aborígenes por las Virginia Pineau y Carlos Landa

cumpliendo la función de controlar y vigilar los territorios recientemente conquistados e incorporados al sistema capitalista, tanto local como global (Tapia 1999; Tapia y Pineau 2004). Los grupos que permanecieron y realizaron sus actividades en ambos sitios se caracterizaban por su aislamiento y marginalidad. Se trataba de soldados que habían sido reclutados de diversas maneras y destinados a las distintas fronteras, muchas veces situadas en parajes alejados de los centros urbanos. Para abordar esta investigación, consideramos de gran utilidad los conceptos operativos de “estrategia” y “táctica” elaborados por Michel de Certeau (1984, 1999a), quien desarrolló su producción intelectual en Francia durante las décadas comprendidas entre 1960 y 1980. Abarcando temáticas vinculadas a diversas ciencias sociales como historia, antropología, lingüística, psicología y sociología (entre otras), abordó tópicos como las prácticas sociales, cotidianas y espaciales, y el consumo, entre otros. Cabe destacarse que las temáticas mencionadas también fueron trabajadas por diversos pensadores contemporáneos y compatriotas suyos como Michel Foucault (1992, 2002) y Pierre Bourdieu (1977, 1984). tropas militares al mando del General Julio A. Roca entre 1878 y 1879. 139

Figura1. Mapa de la zona central de Argentina con la línea de Frontera Sur y los sitios arqueológicos mencionados en el trabajo.

Contexto histórico Los primeros años de la década de 1860 se caracterizaron por la existencia de diversos y sucesivos conflictos armados internos. Sucesos históricos como los levantamientos y represiones de las montoneras norteñas2 y, específicamente, la guerra civil entre el estado de Buenos Aires y la Confederación Argentina se hicieron sentir en la cotidianeidad de los asentamientos militares de frontera. En este contexto y ante las situaciones mencionadas los diferentes gobiernos (tanto de la Provincia de Buenos Aires, en un principio, como los de la República Argentina, poco después) optaron por destinar la mayoría de los recursos humanos, bélicos y alimenticios (pertrechos militares, racionamiento y “vicios”) a los conflictos mencionados anteriormente. Ante esta situación el habitual abastecimiento de los asentamientos castrenses en las fronteras con los indígenas mermó, quedando paulatinamente 2

Grupos de caballería conformados por gauchos armados por su cuenta nucleados en torno a la figura de un caudillo.

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desguarnecidos. La Guardia Nacional e “indios amigos” tomaron la posta de la tropa de línea que actuaría en las represiones montoneras y, posteriormente, en el conflicto internacional llamado Guerra del Paraguay (1865-1870). Hacia fines de la década de 1870 se produjo un cambio en las políticas seguidas con el aborigen por parte de los diferentes gobiernos. Varias son las razones que podrían esgrimirse. En primer lugar, la formación y disciplinamiento de un Ejército Nacional consolidado al finalizar la guerra con el Paraguay. En segundo lugar, la adquisición y uso de nuevas tecnologías como el telégrafo, el ferrocarril, las armas de retrocarga (rifles y carabinas Rémington). Finalmente, la conclusión de la represión de los levantamientos montoneros de Vicente “Chacho” Peñaloza y Ricardo López posibilitó al gobierno nacional concentrarse en la problemática de frontera. En 1878, luego de la muerte de Adolfo Alsina cuya política contra el indio podría considerarse defensiva, el Ministerio de Guerra fue ocupado por Julio Argentino

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Roca, quien se encargó de proyectar una guerra ofensiva contra el indio y trasladar las fronteras hacia el Río Negro.3 Los oficiales de Roca atacaron las principales tolderías ranqueles, matando o tomando prisioneros a sus caciques y sometiendo a sus tribus, incluso trasladando, forzosamente, a sus miembros hacia otras regiones del país donde fueron, a veces, servidumbre y, otras veces, empleados como mano de obra en ingenios azucareros o incorporados al Ejército, Marina o fuerzas de seguridad. El 25 de mayo de 1879 la primera columna expedicionaria tomó posesión de la isla de Choele Choel sobre el Río Negro, en una fecha cargada de simbolismo para el joven Estado-nación.4 La primera acción de la tropa en el Río Negro fue escuchar misa; el General Roca ponía así de manifiesto que la campaña era civilizatoria y religiosa, dándole un cierto tinte de cruzada que la prensa oficialista supo aprovechar. El proyecto de Roca no sólo debe comprenderse como un plan de campaña política cuyo objetivo era la presidencia de la nación; también debe enmarcarse en el proceso de consolidación y expansión del Estado-nación argentino dentro de la lógica capitalista mundial. La demanda de nuevas y grandes cantidades de tierras para cultivo o dedicadas a la ganadería con el fin de incorporarlas a la economía de mercado a escala global era una necesidad imperante para el gobierno. Siguiendo a Johnson el capitalismo no debe entenderse sólo como un sistema económico sino, también, como un sistema total que involucra aspectos sociales, culturales 3 Este plan de avance de la frontera contra el indio fue proyectado varias veces desde fines del siglo XVIII tanto por autoridades virreinales como por gobiernos criollos. 4 Esta fecha recuerda la constitución del primer gobierno criollo efectivo. Virginia Pineau y Carlos Landa

e ideológicos. Este sistema, lejos de ser homogéneo, varía localmente “sin afectar, necesariamente, las relaciones básicas que forman la totalidad” (Johnson 1996:9). Hacia septiembre de 1879 la resistencia indígena fue devastada y las tropas se replegaron hacia sus guarniciones originales. Entre 1881 y 1885 el grueso del ejército y los recursos nacionales fueron destinados a varios frentes. Buenos Aires fue uno de ellos debido a la “revolución” comandada por Carlos Tejedor en 1880; otra gran parte de la tropa fue destinada a las brigadas para realizar las campañas al Nahuel Huapi (1881) y a los Andes o “País de las Manzanas” (1882-1885). Ante esta situación los puestos militares de las nuevas fronteras pampeanas vieron reducido su caudal militar. Grupos de gauchos y aborígenes aprovecharon esta coyuntura y se organizaron, comenzando a atacar a las poblaciones fronterizas, inclusive a los fortines desguarnecidos. En respuesta a estas ofensivas el Ministerio de Guerra al mando del General Benjamín Victorica, en 1882, envío nuevas tropas para la vigilancia de los territorios ya conquistados (Tapia 1999). Bajo la premisa de asegurar las comunicaciones, el control y la vigilancia en la zona central de la pampa se procedió a la construcción de asentamientos militares entre el Fortín Victorica y el Fortín General Acha; uno de ellos fue el Fortín La Perra.

Lineamientos teóricos El capitalismo es un sistema total que incorpora nuevos territorios, convirtiéndolos en espacios donde el poder se encuentra siempre presente de manera real o aparente. La frontera pampeanabonaerense de la segunda mitad del siglo XIX no escapó a esta situación. A medida que los territorios eran conquistados se repartían a escasos latifundistas de la sociedad tradicional o a miembros de 141

la élite gubernamental, características que generalmente iban de la mano. Este espacio se encontraba controlado por fortines guarnecidos por diferentes actores sociales (oficiales de línea, tropa de línea, guardias nacionales e indios amigos). Los conceptos teóricos “estrategia” y “táctica” desarrollados por Michel de Certeau son de particular utilidad para estudiar las prácticas sociales propias de los cuerpos acantonados en los fortines. Sin embargo, hasta el momento no han sido utilizados para estudiar las problemáticas de frontera. En la Arqueología histórica argentina, dichos conceptos fueron empleados por Zarankin y Senatore (1999) para dar cuenta de la ocupación y utilización del continente antártico por parte de empresas que se dedicaban a la explotación de recursos marinos. Allí, los autores establecen entre los conceptos de “estrategia” y “táctica” y “dominación” y “resistencia” una relación estrecha y directa. Sin embargo, de Certeau considera a esta dicotomía como una construcción propia de las ciencias sociales, ciencias elitistas que ven resistencias o pasividades ante la imposición del poder, y explican, de esta manera, la otredad siempre escurridiza: La “pasividad,” la “resistencia,” son conceptos relativos a un lugar particular donde uno se acredita representar el “progreso,” donde uno posee los medios de ejercer el intervencionismo conquistador ... (de Certeau 1999b:195).

Estos lugares no son fijos ni estipulados sino que —como desarrollaremos más adelante— no es posible adscribir a un grupo determinado (ya sea la oficialidad o la tropa) algunos de estos conceptos en forma taxativa. De Certeau toma y resignifica los conceptos desarrollados por el militar Carl von Clausewitz en su libro De la guerra (1970). En dicho libro Clausewitz 142

considera a la guerra como un acto para la consecución de fines políticos; la relación entre táctica y estrategia procederá de los objetivos planteados para una batalla. Lo que caracteriza al nivel de la táctica son los combates. Por medio de ellos (básicamente su disposición y conducción) se persigue la victoria. La estrategia busca lograr el fin político de la guerra y para ello utiliza como instrumento la combinación de las victorias tácticas. El concepto de estrategia fue definido por de Certeau (1999a:42) como el …cálculo (o la manipulación) de las relaciones de fuerza que se hace posible desde que un sujeto de voluntad y de poder (una empresa, un ejército, una ciudad, una institución científica) resulta aislable. La estrategia postula un lugar susceptible de ser circunscrito como algo propio y de ser la base donde administrar las relaciones con una exterioridad de metas o de amenaza (los clientes o los competidores, los enemigos, el campo alrededor de la ciudad, los objetivos y objetos de la investigación, etc).

El Ejército nacional, entonces, puede entenderse como una institución generada desde el poder, con un lugar propio y con metas y objetivos que responden en este caso a la expansión de un proyecto de Estado-nación. Por lo tanto, la institución castrense puede ser concebida como un corpus constituido que genera y busca imponer diferentes tipos de prácticas (tanto discursivas como no discursivas) y es a través de esas prácticas en donde las estrategias se corporizan y manifiestan. Por otro lado, el concepto de táctica es definido como …la acción calculada que determina la ausencia de un lugar propio. Por tanto ninguna delimitación de la exterioridad le proporciona una condición de autonomía. La táctica no tiene más lugar que el del otro. Además, debe actuar con el terreno que le impone y

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organiza la ley de una fuerza extraña. No tiene el medio de mantenerse en sí misma, a distancia, en una posición de retirada, de previsión y de recogimiento de sí: es movimiento “en el interior de campo de visión del enemigo”… y está dentro del espacio controlado por éste… Obra poco a poco. Aprovecha las ‘ocasiones’ y depende de ella, sin base donde acumular los beneficios, aumentar lo propio y prever las salidas. No guarda lo que gana. Este no lugar le permite, sin duda, la movilidad, pero con una docilidad respecto a los azares del tiempo, para tomar al vuelo las posibilidades que ofrece el instante. Necesita utilizar, vigilante, las fallas que las coyunturas particulares abren a la vigilancia del poder propietario… En suma, la táctica es un arte del débil (De Certau 1999a:43).

El Ejército no representa un todo homogéneo: está constituido por claras escisiones jerárquicas en donde una de las partes (la gran mayoría) debe acatar y obedecer estrictamente las órdenes impuestas por otros (una minoría). Estas diferencias se ven acentuadas y a la vez, desdibujadas —sin que esto signifique una contradicción— en el contexto marginal de los asentamientos militares de frontera. Quién es el fuerte y quién el débil estaría dado en función del contexto y de lo relacional.

Analíticamente, vamos a dividir al ejército en oficialidad y tropa. Sin embargo, ninguno de los dos conceptos (táctica y estrategia) puede ser atribuido exclusivamente a un grupo particular. Si bien nosotros queremos dar cuenta de la relación entre oficialidad y tropa en torno al consumo de alcohol, no implica que dentro de cada uno de los grupos y/o entre otros grupos no se dieran relaciones estratégicas-tácticas. Coincidimos con Chartier (1995:129) en que

Virginia Pineau y Carlos Landa

…las estrategias presuponen lugares e instituciones, producen objetos, normas, modelos, acumulan y capitalizan; las tácticas, desprovistas de lugar propio, sin dominio del tiempo, son “maneras de hacer” o, mejor dicho, “de hacer con.”

Ambos conceptos teóricos nos sirven como herramientas para dar cuenta de las prácticas representadas en la cultura material de los fortines y, más específicamente, del rol que cumplió el alcohol en las relaciones sociales entre la oficialidad y la tropa.

Metodología Desde el punto de vista metodológico, utilizaremos datos provenientes de documentos escritos y del registro arqueológico de los dos fortines. Para ello, relevamos la documentación presente en el Servicio Histórico del Ejército y los relatos editados de algunos viajeros y militares que participaron directamente en la vida de frontera. Toda la documentación recopilada (documentación escrita y relatos editados) no alude en forma directa al consumo del alcohol en los fortines analizados en este trabajo, sólo son documentos que informan de manera contextual o indirecta (Ramos 2000). Si bien dicha documentación no es específica, nos permite contextualizar la problemática planteada. Este corpus de información, a pesar de dar cuenta de la cotidianeidad de la vida de frontera, no puede ser utilizado en forma directa en nuestro análisis, pues representaría un claro sesgo epistémico y metodológico. Los documentos son útiles como disparadores de nuevos interrogantes en lo relativo a las prácticas sociales, relacionadas al consumo de alcohol: ¿cómo, dónde, cuándo y quiénes consumían bebidas espirituosas en asentamientos militares de frontera? ¿Cómo se proveían de las mismas? 143

Resulta interesante destacar que en la documentación analizada hasta el momento existe una clara diferenciación. Si bien las fuentes documentales editadas de viajeros y militares en campaña dan cuenta del consumo de alcohol en los fuertes y fortines: “…ya en un fortín llegó la carreta de un pulpero. Protecio Funes había cazado algunos bichos, cambió las plumas por ginebra. Y se emborrachó. Escandalizó el fortín. Hubo que atarlo” (Álvaro Yunque, citado por Scunio 1980:75): sin embargo, la documentación oficial perteneciente al Servicio Histórico del Ejército consultada hasta el momento (partes militares, partes de campaña, memorias, detalles, revistas, licitaciones de proveedores, entre otros) llamativamente no menciona la provisión y consumo de bebidas entre los miembros de la institución castrense. Aún más, son abundantes los hallazgos arqueológicos relacionados con la práctica del consumo de alcohol en diversos asentamientos militares de frontera (e.g., Berón y Porfiri 1989; Curtoni 1997; Gómez 1999; Langiano et al. 1998; Mugueta y Merci 1999; Pineau y Spota 2007). Los fortines Miñana y La Perra, por lo tanto, no constituyen una excepción. Para este trabajo, contamos con el análisis del registro arqueológico de ambos fortines vinculados con el consumo de bebidas etílicas.

Caracterización de los asentamientos militares de frontera y sus ocupantes El Fortín Miñana fue un asentamiento militar de campaña de la línea de Frontera Sud de la provincia de Buenos Aires, siendo cabecera de la misma la Comandancia de Azul. Miñana permaneció ocupado entre los años de 1860 a 1863 y su función fue la de proteger las estancias y poblaciones cercanas. Este sitio se encuentra ubicado a 50 km al sur de la ciudad de Azul y a 17 km 144

al noroeste de Chillar y cercano al arroyo Azul. Se trataba de un fortín de planta circular con su correspondiente foso; adosada a dicho círculo, se encontraba una estructura triangular que posiblemente haya cumplido la función de corral. El asentamiento contaba con estructuras habitacionales de adobe y según fuentes del Servicio Histórico del Ejército, el Fortín Miñana tenía en 1861 una dotación de 21 Guardias Nacionales (Gómez 1999, 2007). Las investigaciones arqueológicas en el Fortín Miñana se iniciaron en 1992. estuvieron a cargo de Facundo Gómez y de Mariano Ramos. La estrategia de excavación llevada a cabo fue la denominada decapado. Se dividió el sitio en 3 superficies de excavación (dos se corresponden con el área circular y una con un sector del área del foso) que en total forman una superficie de 44 m2 (11 cuadrículas de 4 m2 cada una de ellas) (Ramos y Gómez 1994; Gómez 1999) A diferencia del Fortín Miñana aún no se ha encontrado documentación histórica que mencione, describa o caracterice al Fortín La Perra (sólo aparece como topónimo en documentos cartográficos). No obstante, las fuentes, documentos y literatura de frontera son abundantes en cuanto a la construcción, forma, función y cantidad de tropa de las diversas líneas de fortines en la provincia de Buenos Aires y en La Pampa. El Fortín La Perra, se situaba a medio camino entre los fortines Victorica y General Acha. Su ubicación en la cima de una colina le otorgaba una excelente visión panorámica del paisaje, lo que permitía su control y vigilancia. Su breve ocupación, falta de estructuras y pequeña guarnición implicaría (según Tapia 1999) que las actividades castrenses desarrolladas en el sitio reflejarían la idea de un puesto de vigilancia o atalaya. Las fuerzas militares apostadas en estos puestos sería escasa (Olascoaga 1974). Las guarniciones esta-

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rían compuestas por un oficial al mando de 8 a 15 hombres y sólo los fortines de mayor importancia superaban los 30 soldados. En el sitio debió acantonarse una pequeña guarnición (4 a 8 soldados con su oficial de mando). El Fortín La Perra fue excavado en dos campañas (1999 y 2000). Se plantearon 6 cuadrículas —30m2 excavados (Tapia y Pineau 2004)— en función del material recuperado en superficie: [L]a dispersión de los materiales vítreos y òseos que se ha registrado en las diferentes áreas excavadas permite delimitar dos áreas de actividades diferentes en la ocupación: una en donde se observa una alta densidad de materiales d vidrio y otra donde predominan los restos faunísticos (Tapia y Pineau 2004:394).

El Estado-nación invirtió grandes sumas de dinero con el fin de efectivizar la ocupación del territorio, otrora dominado por diversas sociedades indígenas autónomas. Este dinero se tradujo en recursos, bienes y artefactos para el ejército de línea, ya que éste constituía el brazo armado del Estado-nación en expansión. Rouquié (1981) caracteriza su oficialidad como constituida por el poder político: se debía tener recomendaciones de personas importantes para alistarse como cadete y generalmente, los ingresantes buscaban hacer carrera militar para poder luego alcanzar algún logro político. De esta manera, la oficialidad castrense se encontraba atada a los vaivenes políticos del país y para los oficiales, como regla general, el ejército no era una actividad permanente. En lo que respecta a la tropa, Buffa y Bulnes (1979: 305) consideran que “… el ejército quedaba así integrado por voluntarios, enganchados y destinados.” Los voluntarios servían por un plazo de dos años, el enganchado firmaba un contrato con el gobierno, recibía una paga y servía por un período de cinco años; Virginia Pineau y Carlos Landa

el enganche se generaba frecuentemente con los extranjeros que se sumaban a las tropas en calidad de mercenarios, y por último, los más numerosos: los destinados, denominados “vagos y mal entretenidos,” los gauchos sin patrones o sin conchabar (gauchos sin empleo o trabajo asalariado), los infractores condenados por la justicia (justa o injustamente) y los desertores de la Guardia Nacional o del ejército. El gran caudal de hombres que conformaba las dotaciones de esta clase de asentamientos militares provenía del mecanismo coercitivo que constituía este sistema de leva. Las fuentes suelen mencionar que los años en el servicio se extendían infinitamente y que la paga se retrasaba años, pero a pesar de ello, describen a esta tropa como abnegada, sacrificada, heroica y noble, al decir de Prado (1960: 127) “pobres y buenos milicos.” Esto puede ser debido a que esos documentos fueron escritos por oficiales militares al mando de la tropa y que los usaron para exaltar el rol que desempeñaron como oficiales fronterizos ante sus superiores. Tanto las fuentes como las evidencias arqueológicas indican que además de mal paga, la tropa estaba mal alimentada y mal vestida. El estudio del registro faunístico proveniente de estos tipos de asentamientos militares indican que la tropa subsistía principalmente con especies autóctonas, cazadas en las inmediaciones del sitio (Gómez 1999). La tropa acantonada en ambos sitios debió encontrarse en estas condiciones. Sin embargo existen diferencias notables. El Fortín Miñana se encontraba próximo a las estancias y a la Comandancia de Azul, posibilitando a sus ocupantes un mayor contacto con la sociedad de la campaña. En el caso del Fortín La Perra debe sumársele la completa situación de aislamiento por lo que “sus ocupantes debieron pasar sus días en una atmósfera de desarraigo y marginalidad” (Tapia y Pineau 2004:398). 145

Los días debieron ser monótonos, con muy bajas temperaturas en inviernos y con sol abrasador en verano. El único contacto con otros individuos provenía de las “descubiertas” (patrullas provenientes de fortines aledaños) y posiblemente cuando les enviaban provisiones.

Discusión: bebiendo en el fortín A partir de los conceptos teóricos caracterizados precedentemente, analizaremos el registro arqueológico de ambos fortines y el registro documental relacionado con el consumo de alcohol en contextos militares fronterizos. Intentaremos comprender cómo las imposiciones políticas propias del sistema, que ordenaban los fortines, podrían relacionarse con acciones colectivas que respondían de manera activa ante estos constreñimientos. El material arqueológico recuperado en Fortín Miñana se distribuye de la siguiente manera: fauna 61%, vidrio 22.5%, lítico 10.4%, metal 4.5% y finalmente otros, que representa únicamente el 1% del total de la muestra (Figura 2). En él fueron recuperados fragmentos vítreos, de gres cerámico y precintos de metal que constituyen claros indicadores del consumo de bebidas alcohólicas (dos de ellos de la marca “Ginebra Criolla del Plata”). Hasta el momento se

Figura 2. Porcentaje de materiales arqueológicos recuperados en el Fortín Miñana (por materia prima) 146

determinó la presencia de ginebra, cerveza y vino (Gómez 1999). La cercanía de este fortín con la población de Azul y con estancias cercanas le confería un espectro amplio respecto a las formas de aprovisionamiento de bebidas alcohólicas no provistas por el ejército, al menos de forma oficial. Facundo Gómez (1999) sugiere que dichos elementos también pueden haber sido incorporados al registro a través del comercio con pulperos que se desplazaban hasta el fortín, ya que se encontraron bienes intercambiables como plumas de ñandú: Los fortines y cantones de las líneas de fronteras eran visitados de manera irregular por “vivanderos,” vendedores ambulantes que conducían aquellas mercaderías y “vicios” que el soldado necesitaba y que no proveía el ejército (Auza 1971:148, citado por Gómez 1999:91).

Una posibilidad más remota es que las dotaciones de los fortines a través de enlaces lograran abastecerse de bebidas alcohólicas provenientes de la pulpería más cercana, canjeándolos por productos extraídos en las cercanías del asentamiento como cueros, plumas de ñandú, etc. (ya sea por caza o comercio con indígenas) u ofreciendo sus próximos pagos a cuenta. En el Fortín La Perra (Figura 3) la muestra de vidrio analizada corresponde a 1595 fragmentos (el 27% del total de materiales recuperados). La variabilidad de tipos de bebidas etílicas es significativa. “Se destaca la presencia de botellas de ginebra (74%), luego le siguen las de whisky (8%), de vinos finos, licores y/o champañas (8%), de vinos envasados en botella y en damajuana (6%)” (Tapia y Pineau 2004:397). Dadas las características de gran aislamiento de este fortín, los mecanismos de obtención de bebidas alcohólicas eran reducidos. A modo de ejemplo, para el

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Figura 3. Porcentaje de materiales arqueológicos recuperados en el Fortín La Perra (por materia prima)

año 1879 el Coronel Eduardo Racedo, al mando de la 3ª División Expedicionaria durante la Campaña del Desierto, en su trayectoria desde el sur de Córdoba hasta el corazón de la actual provincia de La Pampa relata en su memoria de qué manera diversos comerciantes se aproximaban a los fortines: Mayo 6.- Al salir el sol del día siguiente, se dio principio al trabajo de un fortín que a las 5 de la tarde estuvo terminado completamente. A esta misma hora llegaron los carros de proveeduría, pero como era tan tarde ya, se hizo imposible atribuir el razonamiento correspondiente a los Cuerpos. Juntamente con estos carros, vinieron también 8 más, llenos de mercaderías que un vivandero llevaba para expender en la División (Racedo 1940:40).

Tácticas y estrategias en los fortines Las estrategias son desarrolladas por el poder en un espacio que le es propio. La estrategia …postula un lugar susceptible de circunscribirse como un lugar propio y luego servir de base a un manejo de sus relaciones con una exterioridad distinta. La racionalidad política, económica o científica se construye de acuerdo con este modelo estratégico (De Certeau 1999a:xlil-l).

Virginia Pineau y Carlos Landa

La institución castrense constituye este espacio propio como parte de las políticas expansivas del Estado-nación que busca incorporar nuevos territorios. Tomando lo expuesto por de Certeau, el Ejército, como brazo armado de la nación, y sus preceptos sirven como base en las formas de relacionarse con los diferentes grupos sociales, habitantes de los espacios que buscan someter —en nuestro caso indios y gauchos— quienes, casualmente, conformaban el grueso de la tropa. La omisión discursiva en lo que respecta a la provisión y al consumo de alcohol por parte del ejército en sus documentos oficiales es llamativa. Al confrontarlos con fuentes escritas por viajeros, científicos e, incluso, militares en sus diarios personales es evidente una contradicción. En los relatos se da cuenta de consumo de bebidas etílicas, incluso por parte de la oficialidad y de castigos a soldados ebrios: Sin saber cómo, nos encontramos cada uno, jefes y oficiales, particulares y tropa, con un cigarro encendido en la boca, con una atado de ellos en una mano y en la otra… un frasco colosal de ginebra (marca “Llave”) (Zeballos 2004:337). …había también numerosos casos de insubordinación, causados por las borracheras que habitualmente terminaban con algunos sablazos. Solía pagarse a la tropa cada 3 meses; durante los días siguientes a la paga, los soldados, dueños de repente de una suma de dinero bastante sustanciosa, se dedicaban a beber en abundancia y le faltaban luego el respeto a los oficiales. Estos últimos, a fin de mantener la disciplina, se ensañaban brutalmente con esos pobres diablos enloquecidos por la bebida que trataban de olvidar en un momento de embriaguez largos meses de privaciones, de sufrimiento, de miseria. De manera que los sablazos llovían en abundancia y días hubo en

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que tuve que curar a más de 5 heridos más o menos mutilados (Armaignac 1974:175).

Los severos castigos proporcionados a la tropa beoda por parte de la oficialidad nos hablan de una prohibición de hecho, aunque no contemos con reglamentos donde esta práctica fuera condenada. En el reglamento que regía al ejército “Ordenanzas de S. M. para el régimen, disciplina, subordinación y servicios de sus ejércitos” dictadas en 1768, (heredadas del Virreinato del Río de la Plata y vigentes hasta 1895) no constan penas para aquellos soldados que consumieran alcohol (Palombo 1981). Sin embargo, la ausencia de este tipo de prohibición en forma escrita no implica que la misma no ocurriese. Como señalan Gómez y Spota (2006:176-177):

una táctica de los oficiales con el objetivo de volver armónica la convivencia con la tropa en estos lugares de aislamiento y marginalidad, para evitar las deserciones, en donde incluso la vida propia de los oficiales se vería amenazada? ¿O por el contrario, el consumo de alcohol en los fortines constituye una táctica de la tropa, un claro desafío a las autoridades, una continuación de costumbres inveteradas? De Certeau llama

La necesidad estatal de recurrir a este doble comportamiento aparece al tomar en cuenta la política de control y disciplinamiento que se buscaba implementar sobre los individuos destinados al servicio militar de frontera. Si bien se instaba a los soldados a consumir alcohol, se munía a la oficialidad de los mecanismos legales necesarios para ejercer suplicios físicos sobre la tropa ante la ingesta de bebida.

…“táctica” a un cálculo que no puede contar con un lugar propio… [que] no tiene más lugar que el del otro… No dispone de una base donde capitalizar sus ventajas, preparar sus expansiones y asegurar una independencia en relación con las circunstancias… debido a su no lugar, la táctica depende del tiempo, atenta a “coger al vuelo” las posibilidades de provecho. Lo que gana no lo conserva. Necesita constantemente jugar con los acontecimientos para hacer de ellos “ocasiones.” Sin cesar, el débil debe sacar provecho de fuerzas que le resultan ajenas. Lo hace en momentos oportunos en que combina elementos heterogéneos… pero su síntesis intelectual tiene como forma no un discurso, sino la decisión misma, acto y manera de aprovechar la ocasión (De Certeau 1999a: L).

Teniendo en cuenta la discursiva oficial del ejército, el alcohol no era provisto formalmente. Sin embargo, tanto en las fuentes no oficiales como en los registros arqueológicos recuperados en diversas investigaciones, ambos mencionados anteriormente, puede apreciarse la obtención y el consumo de bebidas de diferentes tenores etílicos así como también los descartes de sus envases contenedores y artefactos asociados. Esta situación no puede haber sido ajena a la mirada de la oficialidad comandante de fuertes y fortines o de las campañas expedicionarias. ¿Qué explicación le podemos dar a esta contradicción? ¿Es esta tolerancia

El esquema desarrollado por De Certeau es taxativo; las estrategias son producidas y generadas desde el poder y las tácticas constituyen siempre las armas de los débiles: “…la táctica se encuentra determinada por la ausencia de poder, como la estrategia se encuentra organizada por un principio de poder” (De Certau 1999a:44). El poder es una relación que varía siempre en función de contextos particulares. No constituyen esencias a priori. Aunque en los asentamientos militares el poder estatal se encuentra corporizado en la oficialidad castrense y los sometidos o débiles estarían constituidos por los individuos que conforman la tropa esta relación va

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a estar ligada a diversas variables que hacen difusa esta línea divisoria: el mayor o menor alejamiento de centros poblados, el mayor o el menor contacto con otros militares, proveedores y otros grupos, la proporción de cantidad de tropa en relación a la cantidad de oficiales, entre otras. Los asentamientos militares de frontera constituyeron contextos en donde la oficialidad podría haber empleado tácticas (sensu de Certeau) con el objetivo de llevar a cabo la estrategia oficial. Es decir que en los asentamientos militares de frontera el poder corporizado en la oficialidad es negociado y legitimado permanentemente. Este doble juego entre tolerar y castigar el consumo de alcohol podría ser visto como una táctica, tanto en el sentido de Clausewitz, donde en función de una estrategia se busca implementar tácticas que permitan su consumación exitosa, como en el sentido de De Certeau, donde la táctica se lleva a cabo “al vuelo,” aprovechando la oportunidad. Aún más, la tolerancia al consumo de alcohol también se ve plasmada en la regulación del abastecimiento a partir de la habilitación de los oficiales de ventas de mercaderías por parte de pulperos y vivanderos: Para evitar abusos que empezaban a desarrollarse en el campamento, ordené que ninguno de los vivanderos allí existentes, podían comprar objeto alguno, sin el permiso correspondiente, el cual debía ser otorgado por el jefe de Detall General (Racedo 1940:96).

La ingesta de alcohol por parte de la tropa acarrearía también beneficios a la oficialidad debido a que “el vino transporta, enajena y permite refugiarse en un mundo optativo, porque ayuda a soportar los pesares que la vida impone a los hombres” (Ramos y Sokolovsky 2002:13). En el contexto de la vida de frontera estos pesares eran abundantes: falta de pago y alimentos, desarraigo, soledad, monotonía, Virginia Pineau y Carlos Landa

peligro ante ataques indígenas, castigos físicos y psicológicos, avatares climáticos, etc. Por otra parte, podemos sugerir que la tropa podía poner en juego diversas tácticas en su relación con la oficialidad: el amotinamiento, el asesinato del oficial, la deserción y el consumo de alcohol, entre otras. En lo que respecta a nuestro trabajo el consumo de alcohol por parte de la tropa continuaba aun ante la posibilidad de ser severamente castigado. Este accionar no deja de constituir un flagrante desafío a la autoridad; sin embargo, cabría preguntar si estas prácticas responden a acciones conscientes o inconscientes por parte de la tropa.

Conclusión Nos propusimos analizar y comparar las prácticas sociales relacionadas con el consumo de bebidas alcohólicas de las tropas acantonadas en dos asentamientos militares de la Frontera Sur durante la segunda mitad del siglo XIX. Para este análisis tuvimos en cuenta la documentación oficial del Ejército Argentino (partes, memorias, proveedurías) y relatos de viajeros, comerciantes, científicos y militares (específicamente diarios particulares o anecdotarios). También tuvimos en cuenta los datos provenientes de los registros arqueológicos de Fortín Miñana y Fortín La Perra. Durante el desarrollo del trabajo percibimos dos claras contradicciones con respecto a dicho consumo en los asentamientos militares de frontera. La primera de ellas puede percibirse dentro del vasto registro escrito consultado. Los documentos oficiales del Ejército no mencionan el aprovisionamiento ni el consumo de alcohol en los establecimientos castrenses fronterizos. No obstante, al cotejarlos con los relatos escritos de viajeros, científicos e incluso militares en sus memorias que 149

estuvieron en los asentamientos de frontera, se describen las formas de obtención de las bebidas y de su consumo y los castigos consecuentes. La segunda contradicción deriva del entrecruzamiento de los datos provistos por dos líneas de información diferentes: el registro documental escrito y el registro arqueológico. Si bien existe un silencio en la documentación militar oficial, las bebidas alcohólicas están presentes en el registro arqueológico como lo demuestran los trabajos citados anteriormente. Finalmente, los términos de estrategia y táctica desarrollados por Michel de Certeau fueron utilizados como herramientas teórico-conceptuales para analizar su aplicabilidad en nuestro caso de estudio. Consideramos que estos conceptos son útiles para pensar la dinámica de las relaciones sociales acaecidas entre los diferentes grupos que habitaban los fuertes y fortines de la Frontera Sur. Sin

embargo, percibimos que esta realidad es más compleja que la división taxativa y esquemática entre poderosos y débiles planteada por de Certeau. Esto no invalida la utilidad de estos conceptos, no obstante nos obliga como investigadores a evaluar su aplicabilidad a cada caso específico. Agradecimientos El presente trabajo forma parte de los objetivos de investigación del Proyecto UBACyT F 187 dirigido por la Dra. Ana Aguerre y la Dra. Alicia Tapia a quienes les agradecemos su continuo y constante apoyo. A Facundo Gómez, José María Vaquer y David Chiecchio por la lectura de este manuscrito y sus opiniones, críticas y sugerencias. A Emanuel Montanari y a Julio Spota por ayudarnos a bucear en el mar de las citas y por su amistad. A Paola Balboa por leer con su ojo profesional una última versión de este trabajo. Desde ya, los conceptos vertidos en este trabajo son de nuestra exclusiva responsabilidad.

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MÁS ALLÁ DE LO QUE SE ESCRIBE: LA ARQUEOLOGÍA COMO METÁFORA EN LOS MEDIOS GRÁFICOS Virginia Mariana Salerno Universidad de Buenos Aires-CONICET

Alejandra Pupio Universidad Nacional del Sur Quizá la historia universal es la historia de la diversa entonación de algunas metáforas. La esfera de Pascal, J. L. Borges, 1951

Las metáforas establecen relaciones y asignan significados en un imaginario compartido; por ello ocupan un rol central en el modo como percibimos la realidad. En este artículo se analizan las metáforas sobre arqueología, presentes en los diarios argentinos Página 12 y Clarín, de circulación nacional, entre 1994 y 2005, utilizando herramientas teóricas y metodológicas de la antropología y de la lingüística cognitiva. El objetivo es discutir las representaciones sociales sobre la arqueología y el trabajo del arqueólogo/a; los temas con mayor representatividad; y las representaciones de la alteridad que se sustentan. As metáforas estabelecem relações e atribuem significados num imaginário compartilhado; portanto, ocupam um papel central na maneira como percebemos a realidade. Este artigo discute as metáforas arqueológicas presentes nos jornais argentinos Clarín e Página 12, de circulação nacional, entre 1994 e 2005, utilizando ferramentas teóricas e metodológicas da antropologia e da lingüística cognitiva. O objetivo é discutir as representações sociais sobre a arqueologia e o trabalho do arqueólogo/a; os temas com maior representação; e as representações da alteridade que lhes dão suporte. Metaphors establish relationships and assign meanings in a shared mentality; for that reason they play a central role in how we perceive reality. This paper analyzes the metaphors about archaeology in two national Argentinean newspapers, Página 12 and Clarín, from 1994 to 2005, using theoretical and methodological tools from anthropology and cognitive linguistics. It aims to discuss the social representations about archaeology and the work of archaeologists; the more widely discusses topics; and the representations of alterity put forward. Palabras clave: representaciones sociales, arqueología, metáforas, medios de comunicación escritos / Palavras clave: representações sociais, arqueologia, metáforas, mídia escrita / Key words: social representations, archaeology, metaphors, written media.

Introducción El conocimiento de la arqueología y los resultados derivados de su ejercicio trascienden las fronteras de circulación del campo disciplinar a través de múltiples registros materiales discusivos. Entre ellos nos interesa destacar el discurso periodístico pues como producto cultural es un agente educativo informal que transmite y pone a disposición información, ampliando el entorno visual y perceptivo de los receptores. El objetivo de este trabajo es determinar los rasgos que asume en la prensa escrita argentina la construcción de representaciones sociales sobre la arqueología a través del análisis de las metáforas que circulan sobre este tema. El análisis de los discursos sociales es un lugar privilegiado de acceso a las representaciones en tanto construyen, en el nivel de enunciación, una imagen del enunciador y una imagen del destinatario a partir de operaciones discursivas diversas. Los rasgos del discurso pueden ser solamente síntomas o manifestaciones fragmentadas de aspectos más amplios que texto y habla. En este sentido es interesante analizar las representaciones sobre la arqueología ya que no necesariamente las características actuales de la disciplina y los temas que desarrolla coinciden con las representaciones del público (Micó 2006). Las representaciones sociales trascienden el campo disciplinar que las originó en contextos políticos, económicos e históricos específicos y pasan a formar parte del campo social, resignificándose de acuerdo a situaciones sociales concretas (Moscovici y Hewstone 1983). Desde su origen la arqueología reforzó la concepción de una ciencia de otro humano en otro tiempo distinto al del humano occidental (Fabian 1983). Por eso las interpretaciones acerca del rol de la arqueología en la construcción de los “otros” culturales y de la amplia difusión de estos conceptos más 154

allá de las fronteras disciplinares permite comprender el uso de las metáforas como un mecanismo para representar la alteridad. En este uso metafórico el discurso sustentado por los arqueólogos legitimó la posición del nosotros occidental moderno a partir del cual se construyeron distintas relaciones de alteridad que promovieron la alienación de lo diferente (Hernando 2002). Entendemos las metáforas como un proceso cognitivo que permite construir nuevos significados a partir de la conexión de dos dominios conceptuales que, usualmente, no están relacionados (Lakoff y Johnson 1998). En el discurso periodístico estas figuras constituyen un potente mecanismo para la coherencia y la cohesión textual aunque su presencia como recurso retórico no sea abundante ya que requiere un tiempo de realización que, en muchos casos, no se ajusta con los plazos del discurso periodístico (Van Dijk 1990). Las metáforas estimulan la atención del lector porque presentan el discurso de forma inédita; también establecen relaciones y asignan significados en un imaginario compartido por los agentes involucrados en el proceso de comunicación (Moscovici y Hewstone 1983; Jodelet 1986; Chartier 1995; Burke 2001). El análisis de los sistemas de asociaciones metafóricas permite aproximarnos a las representaciones sociales que circulan sobre la arqueología, el trabajo del/a arqueólogo/a, los temas que se presentan y su frecuencia de aparición, así como las representaciones de la alteridad. Para los propósitos de este trabajo nos centraremos en la función de las metáforas, especialmente en su capacidad para determinar una cierta imagen del mundo, siguiendo la línea teórica propuesta por Lakoff y Johnson (1998). Presentaremos el análisis de las metáforas sobre arqueología en dos diarios argentinos de distribución nacional, Clarín y Página 12, en

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un período de trece años —1994 a 2005. Estos diarios han sido elegidos para este estudio porque se encuentran entre los que tienen mayor tirada dentro del país y con sus estilos apuntan a diferentes audiencias. Mientras que Clarín registra lectores entre todos los sectores socioeconómicos Página 12 es leído, principalmente, por individuos de la clase media universitaria. Si bien en los últimos años han surgido otros periódicos nacionales que han captado la audiencia típica de Pagina 12 para el recorte temporal de este trabajo este diario es de utilidad. El estilo de Clarín, fundado en 1945, tiene un tratamiento “objetivista de la realidad.” Siguiendo a Fernández (2001) este tipo de tratamiento busca brindar información de forma “neutral,” despojada de cargas subjetivas del periodista, asumiendo que el rol del medio de comunicación es transmitir mensajes; para ello se utilizan reglas de redacción preestablecidas en un manual de estilo. De esta manera en Clarín la mayor cantidad de notas busca mantener el género informativo y las fotografías, entendidas como “otra manera de informar” (Clarín 1997), se utilizan sólo si aportan información nueva respecto a la que ofrece el texto. Página 12 comenzó a editarse en 1987, a pocos años del retorno de la democracia en Argentina. Este diario sostiene un estilo periodístico ligado al movimiento del nuevo periodismo norteamericano (Petris 1998). Esta corriente discute la asunción de neutralidad y tratamiento de la información en los medios pues sostiene que interpretan la realidad a la vez que informan; en este estilo la subjetividad periodística es parte de la redacción (Peñaranda 2000). Página 12 no tiene manual de estilo y en el caudal de sus notas se encuentran opiniones, relatos en primera persona, entrevistas en profundidad y el uso de fotografías transformadas. Virginia Mariana Salerno y Alejandra Pupio

Herramientas conceptuales y metodológicas Las representaciones como recurso metafórico en los medios masivos de comunicación son un tema que involucra a distintas disciplinas científicas, entre las que se encuentra la arqueología (Tilley 1999). En este trabajo integramos herramientas teóricas y metodológicas de la antropología y de la lingüística cognitiva. Esta última indaga cómo el lenguaje es comprendido a través de las imágenes mentales en un nivel conceptual; por eso el foco de estudio no son las palabras sino las representaciones conceptuales (Kimmel 2002). Lakoff y Johnson (1998) señalan que las metáforas presentan una perspectiva particular de la realidad, organizando un grupo de conceptos a través de un vínculo analógico con nociones de otro orden comprendidas previamente. La metáfora modela la experiencia humana y ocupa un rol central en la manera como percibimos la realidad a través de la creatividad que se despliega en las relaciones metafóricas (Lakoff y Johnson 1998; Kimmel 2002). De acuerdo a esta perspectiva todo lenguaje puede considerarse metafórico; sin embargo, Lakoff y Johnson (1998) proponen que el uso del discurso metafórico puede diferenciarse de otro tipo de discurso. Esto ocurre porque durante el proceso cognitivo activado a través de la metáfora se ponen en relación dos ámbitos conceptuales que, habitualmente, no están relacionados. Aunque los mecanismos de creación metafórica son más bien conceptuales y no estrictamente lingüísticos los conceptos se materializan en el lenguaje verbal y visual. Por eso a través del análisis lingüístico se puede acceder a estos mecanismos. Es necesario recordar que la misma metáfora puede expresarse lingüísticamente de 155

maneras diferentes según el contexto de uso (Lakoff 1992). Estas figuras retóricas se caracterizan por reemplazar en el discurso un elemento por otro proveniente de un ámbito diferente y en esto consiste su especificidad: un nuevo punto de vista es entendido dentro de otro que ya existía, generando nuevas ideas acerca de algo. En este proceso hay una cierta complicidad entre los agentes involucrados ya que las valoraciones culturales resultan fundamentales para una interpretación acertada. Por lo tanto las relaciones metafóricas se construyen en actividad simultánea (en interacción) entre dos ámbitos usualmente desconectados. Dos dominios conforman la metáfora: origen y meta. La metáfora consiste en aplicar al dominio meta un sistema de implicancias acompañantes características del dominio origen. La metáfora puede entenderse como la proyección de una ontología de un dominio hacia otro. Estas proyecciones entre dominios pueden ir en ambas direcciones pues la interacción es recursiva (Kimmel 2002); sin embargo, la posibilidad de observar esta doble dirección está relacionada con el contexto sociocultural de uso de las metáforas y el paso del tiempo. Las metáforas seleccionadas para este trabajo utilizan conceptos de la arqueología como dominio origen para proyectarlos a diversos dominios metas, construyendo nuevos significados. Estos significados se relacionan con estados, sentimientos, características e ideas abstractas que se busca resaltar en el discurso periodístico. Analizaremos, en primer lugar, los tipos de metáforas —de escritura alfabética o visual— y su ubicación en las secciones del diario. También identificaremos y caracterizaremos las partes constitutivas de las metáforas, esto es, señalaremos los dos dominios conceptuales que se relacionan en el proceso de estructuración 156

metafórica: el dominio origen, del que se parte, es más conocido y estructurado; el dominio meta ha recibido menos estructuración lingüística y conceptual (Lakoff y Johnson 1998). En segundo lugar exploraremos los sistemas de implicancias construidos sobre las partes involucradas. Estos son los rasgos que tienen en común y que constituyen las proyecciones y los temas metafóricos en el total de la muestra. Mediante este análisis buscaremos evaluar las representaciones sobre la arqueología que se difunden en los medios de comunicación. Esperamos dar cuenta de la manera como diversos dominios metas son proyectados y estructurados a partir de los conocimientos construidos sobre la arqueología como dominio origen. Así se constituyen y ponen en circulación nuevos sentidos sobre la arqueología como ciencia, la evolución humana, los cambios a través del tiempo y la sucesión de hitos como motor de la historia.

Las metáforas en las publicaciones periódicas Las metáforas que seleccionamos son aquellas que ponen en relación conceptos arqueológicos con dominios conceptuales habitualmente no relacionados. Su presencia en los diarios analizados es continua en el tiempo, registrándose un total de veinticuatro, siendo su uso más frecuente en el diario Página 12 (Tabla 1). Teniendo en cuenta la diferencia de formatos y la complejidad de las metáforas visuales hemos diferenciado entre metáforas de escritura alfabética y visual, de acuerdo a lo que predomina en su presentación (Tabla 2). Mientras en Página 12 predomina la metáfora de escritura alfabética en Clarín predomina la metáfora visual. Esta diferente representación de metáforas responde, tal como se señaló anteriormente, a distintas políticas edito-

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Tabla 1

Virginia Mariana Salerno y Alejandra Pupio

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Tabla 2

Tabla 3

riales como consecuencia de la historia y estilo de cada diario (Petris 1998). Las metáforas se presentan en notas periodísticas de distintas secciones: información política nacional (2), sociales (2), científicas (1), notas especiales de contratapa (4); la mayor cantidad se concentra en notas de publicidades (7), culturales y espectáculos (8). 158

En algunos casos imágenes y leyendas conforman la metáfora. Kimmel (2002) advierte que las imágenes metafóricas facilitan el procesamiento de la experiencia vivida, las representaciones conceptuales y la expresión de los conocimientos que se generan. Es justamente la naturaleza visual de las metáforas lo que les otorga tanta fuerza en los procesos cognitivos.

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Con todo, es necesario aclarar que las siete metáforas visuales corresponden a publicidades. Las veinticuatro metáforas tienen como dominio meta una diversidad temática importante aunque la mayoría se agrupa en tres grandes temas: publicidad, notas culturales y publicaciones de espectáculos. Para facilitar la lectura de este trabajo las notas han sido numeradas siguiendo la Tabla 3, donde el lector puede observar la información específica de cada nota con la fecha de publicación, su ubicación en la sección del diario, el título, el dominio meta y origen que da forma a la proyección metafórica. A pesar de la diversidad de los temas objeto de las notas o publicidades periodísticas las características de los dominios origen proyectados a los dominios meta permiten agrupar a las metáforas en tres tipos.

Metáforas de la arqueología En este tipo de metáforas se observa la recurrencia de tres dominios origen: la arqueología como ciencia, el arqueólogo y los objetos estudiados por esta disciplina. Sus características son proyectadas a dominios meta que abordan diversos temas; entre ellos se destacan el valor otorgado a un conjunto de materiales fílmicos y discográficos como evidencia del pasado. Un caso distinto es el de dos notas que abordan como dominio meta a valores intangibles que han quedado en el pasado: derechos laborales y frases cotidianas fuera de uso.

A. La arqueología como ciencia Un primer aspecto que caracteriza al concepto de arqueología es que éste es asociado a la acción. La arqueología es acción, es un modo particular de hacer que involucra los actos de rescatar y recuperar la memoria. Esta imagen aparece en tres notas cuyo dominio meta hace referencia Virginia Mariana Salerno y Alejandra Pupio

a la conservación y puesta en valor de archivos radiofónicos, cinematográficos y documentales como material que identifica la memoria de un colectivo: Un ejercicio arqueológico para rescatar a la Niní de la radio… esto es una excepción porque nuestro país, lo sabemos, no ha mantenido un resguardo de la tradición artística, como en este caso. Pero en otros campos tampoco. Ahora se habla de lo importante que es para la proyección del futuro recuperar la memoria y creo que esta iniciativa intenta mantener la memoria del humor, porque no sólo nos identifica la del dolor (Página 12, nota 14). La cinemateca francesa saca a pasear sus tesoros. Arqueología en la pantalla… en sus funciones esenciales la búsqueda, rescate y reparación de tesoros cinematográficos perdidos (Página 12, nota 21). …la directora uruguaya Virginia Martínez rescata del olvido… un trabajo arduo, hasta arqueológico: rescatar una esquina donde había ocurrido algo de la historia, un prontuario, los registros en Ushuaia, España y los rostros (Página 12, nota 22).

Por otro lado, la arqueología aparece como una disciplina dedicada a testificar y documentar la historia: Por eso hablamos de reliquia. Yo digo que este trabajo es análogo de la arqueología que es ver la vida de hace mucho tiempo (Página 12, nota 17). …en muchos tangos se nota un tratamiento que no es, necesariamente, el concebido originalmente ¿Por qué? Porque si eso no ocurriera no sería yo. Se trataría de una reconstrucción arqueológica o antropológica (Página 12, nota 20).

B. Características del arqueólogo El agente que desarrolla la arqueología, el arqueólogo, es considerado un ser especial, dotado de una característica innata, lo que 159

es coherente con la caracterización de las acciones: altruistas, heroicas. En estas metáforas la disciplina es entendida como la recuperación y el registro objetivo del pasado. Aquella persona que cuente con dones especiales podrá buscar y encontrar los objetos del pasado: …hay gente que encuentra un placer particular en mirar el mundo con ojo avizor y lupa de arqueólogo: con algo que no sirve, se rompió o ya nadie usa inventan desde lámparas hasta obras de arte, muebles o juguetes… gente como cualquier otra, pero muñida de un don especial para advertir en los objetos inútiles sus cualidades ocultas, es como si pudieran ver los colores de las mariposas que todavía son crisálidas, el vidrio en la arena, el petróleo en los huesos de ese perro que murió al sol y bajo su calor se blanquea… Estos buscadores de joyas ocultas, de incunables que pasan desapercibidos para cualquiera que carezca de ese don particular, suelen ser escabrosos compañeros de caminatas… quienes acumulan y quienes transforman, artistas y coleccionistas, acopiadores y demiurgos… distinguir entre lo bello y lo corriente, entre la historia y el mero paso del tiempo (Página 12, nota 19).

C. El objeto de la arqueología Los objetos estudiados por la arqueología son definidos como tesoros y reliquias caracterizados por su unicidad. Los objetos son presentados como fotografías del pasado y su sola puesta en valor relata su historia, es decir, sin las nociones de contexto y asociación que son centrales hoy en la disciplina arqueológica. En la metáfora donde se describe la conservación del registro cinematográfico el material es presentado como …un asombroso arcón de películas que se consideraban largamente perdidas o eran inhallables y que se presentan ahora en copias flamantes gracias al

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trabajo de sus restauradores… imperdible… obra más soñada… el último exotismo… clave y prácticamente desconocido… rareza filmada… un verdadero eslabón perdido (Página 12, nota 21).

En la nota donde se pone el acento en el sujeto que realiza la acción se menciona que es un buscador de joyas e incunables, que distingue entre lo bello y lo corriente, entre la historia y el mero paso del tiempo, reafirmando lo excepcional del registro material, caracterizado como: Lo que se desecha arrastra su historia, el objeto es la plomada de una larga tanza en la que se ha inscripto el tiempo. Tiempo ido, perdido, pasado del que el objeto da cuenta como si tuviera un corazón de tic tac alertando permanentemente a quien alguna vez lo disfrutó cuando era nuevo y flamante y por lo tanto una promesa (Página 12, nota 19).

Estas descripciones se refuerzan con la ubicación temporal que se otorga a los objetos: son objetos únicos del pasado. En algunos casos tanto el pasado como el objeto son caracterizados como elementos perdidos, aunque recuperados en el proceso de rescate y, por lo tanto, testigos de una historia no actual. Así, por ejemplo, al presentar un documental de la ciudad de Buenos Aires se lo representa como un material arqueológico porque las imágenes contenidas en este soporte muestran algo considerado perdido. Lo interesante de esta nota es que el paso del tiempo se materializa en planos superpuestos, al igual que los hallazgos en una estratigrafía arqueológica; en ambos casos quedan expuestos por el trabajo de especialistas, sea un arqueólogo o un cineasta: La memoria de Buenos Aires, en documentales casi arqueológicos… imágenes perdidas de la ciudad… suman lugares que, aunque cotidianos resultan emblemáticos, y logran un mayor espacio de reflexión desde un tiempo visual diferente… datos que

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sorprenden y enseñan… es un collage de imágenes donde los archivos históricos aportan la versión que se suma a las nuevas formas que, con el tiempo, adquirió la ciudad (Página 12, nota 9).

Un concepto distinto a “perdido” es el de “extinguido” que implica la desaparición total y, en consecuencia, la imposibilidad de recuperación. Esta idea aparece en una nota publicada en Página 12 donde el autor hace referencia a los derechos de los trabajadores como un bien extinguido y sólo posible de conocer a través de la mediación de un arqueólogo: “¿Será de aquí en más un tema para arqueólogos? ¿No más recuerdos que una especie extinguida?” (Página 12, nota 16). En la nota número 18 de Clarín el enfoque es diferente al resto pues implica una connotación negativa de la idea de pasado relacionada con el desuso y lo viejo como obsoleto. Cabe destacar que esta asociación no es habitual, primando la de las notas anteriores donde la distancia temporal es un aspecto que suma valor, que otorga el carácter de único y de tesoro: Frases prehistóricas… hoy han caído en desuso. Aquí tiene una guía de lo que no debe decir si no quiere que lo tomen por viejo… muy caduca… se calcinará de inmediato… esta frase jurásica… ya nadie cree en semejante disparate (Clarín, nota 18).

Un último caso se encuentra en la metáfora usada por un astrónomo en una entrevista realizada en el Suplemento de Ciencia de Página 12. La relación se produjo entre el dominio de la astronomía, en particular el hallazgo de los agujeros negros, y el dominio origen de la arqueología, en especial el hallazgo del fósil australopitecino conocido como Lucy. Este caso es diferente al resto ya que ambos dominios proceden del campo científico y la analogía es propuesta por el científico entrevistado, quien refuerza la concepción de los hallazgos únicos como hitos en la Virginia Mariana Salerno y Alejandra Pupio

historia de las disciplinas amparado por la legitimidad de su lugar en el espacio social: Esta es una especie de Lucy a otro nivel, un individuo que apunta a una población de millones de agujeros negros, que existen y son el testimonio de una historia pasada de nuestra galaxia… testifica los intensos estallidos de la formación de estrellas masivas que se ubicaron en el halo durante las primeras épocas de la evolución de nuestra galaxia… este agujero negro es una reliquia, una estrella masiva que se formó al principio de la galaxia… este es el primer objeto que encontramos de esta población de un millón de agujeros negros… (Página 12, nota 17).

Metáforas de la evolución humana En este tipo de metáforas el dominio origen hace referencia a las distintas especies integrantes del proceso de hominización con una perspectiva evolucionista unilineal que condujo de lo simple a lo complejo, de la brutalidad a la civilización. A pesar de la homogeneidad en la caracterización del dominio origen se perciben matices producto de las conceptualizaciones propuestas para los dominios metas. Hemos diferenciado dos tipos de proyecciones metafóricas. En el primero se mantiene una perspectiva fragmentada del proceso de hominización dado que las imágenes se construyen a partir de una especie pero no sobre el proceso; además, en estas metáforas se sostiene la idea de que estas especies están vinculadas con un pasado fuera de vigencia y obsoleto. En el segundo tipo de proyección el foco está puesto en el proceso, representado por la trayectoria unilineal y la transformación tecnológica.

A. Los sujetos del proceso de hominización Hay un conjunto de notas periodísticas que describe hechos políticos nacionales 161

vinculados con la última dictadura militar en Argentina (1976-1983), con el autoritarismo, la discriminación y la negligencia de políticos. En este caso las especies del proceso de hominización son colmadas de valoraciones negativas. Presentamos dos casos de este tipo, ambos de Página 12. Una de las notas tiene como dominio meta un proyecto de ley para dar poder a las Fuerzas Armadas. La otra nota aborda el tema desde la descripción de militares que tuvieron participación durante la última dictadura argentina y que hoy viven en Gualeguay (Provincia de Entre Ríos, Argentina). Nos parece relevante que el fundamento de estas metáforas sea la idea de que el poder militar con vigencia en el presente es un anacronismo: …restaura… la figura que regía para la figura máxima de las Fuerzas Armadas antes de la vuelta a la democracia... retoman la forma de relación entre los militares y el poder civil clásica en tiempos de gobiernos militares... no estaría de más prestar atención a la evolución del proyecto por el que los militares podrían ir recuperando su representación política. Subordinación y valor, que se viene el hombre de Neandertal (Página 12, nota 2). Un mundo perdido... Gualeguay se ha convertido en el lugar elegido de ex procesados y admiradores de las causas autoritarias (Página 12, nota 8).

La nota 8 está acompañada por cuatro imágenes, dos de dinosaurios, una de australopitecino y otra de un Homo temprano (Figura 1). Esta combinación de imágenes refuerza el lugar común de la convivencia entre dinosaurios y seres humanos, así como el carácter violento de la naturaleza humana. La misma metáfora aparece en una tercera nota donde el dominio meta se refiere a un juez acusado por conductas discriminatorias:

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Figura 1. El hombre de las cavernas... Leguizamón Pondal estaba siendo asociado por supuestas irregularidades en su función por el consejo de la Magistratura... Fui discriminado por mi condición de judío nada menos que por un juez, dijo Rozansk… antisemitismo… primitivas (Página 12, nota 13).

En otras metáforas se continúa con la valoración negativa de los sujetos del proceso de hominización pero tomando como dominio meta a agentes sociales caracterizados por su pobreza y marginación. En este caso se trata de dos notas del mismo autor, publicadas en la contratapa de Página 12, donde se reflexiona sobre el incendio producido en la disco “República Cromañón” durante un recital del grupo de rock Callejeros en Buenos Aires el 31 de diciembre de 2004. Producto de este incendio murieron 194 personas que habían asistido al evento.1 El 1 A partir de este hecho comenzaron controles sobre las condiciones de seguridad de salas públicas. La movilización de

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autor intentó dar una explicación crítica de este hecho partiendo de la idea de que el nombre de la disco “República Cromañon” ha sido pensado por el dueño del negocio para representar de forma metafórica al público asistente. Para ello desarrolló la metáfora cuyas partes constitutivas son, por un lado, el público que asiste a la disco República Cromañón (dominio meta) y, por el otro, el concepto Cromañón (dominio origen), recreando lo que el dueño debió haber pensado al respecto: Hagamos un boliche para los pobres. Le sacamos los clientes a la bailanta y los juntamos en una república prehistórica. Los amontonamos como lo que son: monos, tipos de las cavernas, tipos presapiens, simios del paleolítico inferior… En la aurora de la humanidad (Paleolítico inferior) vivían seres que ya caminaban erguidos y cuya mano se había librado de la necesidad de contribuir a la locomoción (Historia

familiares y sectores sociales produjo el juicio político al intendente municipal Aníbal Ibarra y su destitución del cargo y el procesamiento del dueño de la disco, Omar Chabán. Por las implicancias sociales y políticas que se desencadenaron consideramos este hecho de especial importancia y un caso excepcional para observar el modo como los medios masivos funcionan como dispositivos donde se cristalizan imágenes estereotipadas que circulan en discursos metafóricos. El análisis en profundidad de los dominios conceptuales puestos en relación a través de la metáfora que realizó el filósofo Juan José Feinmann en estas notas ha sido objeto de otro trabajo de las autoras (Salerno y Pupio 2008). Esta metáfora cuenta con la particularidad de representar en el concepto Cromañon un homínido anterior al Homo sapiens. Esta asociación no es la misma que ocurre en contextos europeos donde Cromañon, como Homo sapiens (tal como fue formulado por la arqueología), es definido en oposición a Neandertal, especie que representa lo no humano. Virginia Mariana Salerno y Alejandra Pupio

universal: Prehistoria, Siglo XXI, p. 22 y siguientes). Estos “seres” eran los “neandertal” y los “presapiens.” Por aquí se ubican los cromañones... Su cráneo, aunque todavía alargado, se muestra más ancho y bajo que en el grupo precedente (los Combe-Capelle) y con un menor desarrollo de los arcos superciliares. Se caracterizan, asimismo, por su cara ancha, baja y disarmónica en relación al cráneo y por la ubicación bajísima de las órbitas... ¿Cuánto vale la vida de un cavernícola?... Personas históricas y no prehistóricas. (Notable y cruel paradoja: un lugar que se asumía como espacio de la prehistoria ha generado un acontecimiento histórico desmedido) (Página 12, nota 23).

En este y otros párrafos el concepto Cromañon es entendido como el significante de una especie pre-humana, sinónimo de monos, tipos de las cavernas, tipos presapiens, simios del paleolítico inferior, simios prehistóricos. La especie significada con el concepto Cromañon y las que funcionan como sinónimos son ubicadas temporalmente en “la prehistoria” y el “paleolítico inferior,” momento caracterizado como el planeta de los simios, momento/espacio fuera de la historia, momento anterior, momento primitivo, bajo, prerracional.

B. El proceso de hominización En el segundo tipo de proyecciones metafóricas presentamos una metáfora visual publicitaria cuyo dominio meta es una marca de automóvil que desarrolla modelos que mejoran mediante la implementación de nueva tecnología en el tiempo (Figura 2). El dominio origen está representado por la secuencia de homínidos en un esquema evolutivo lineal que va desde el chimpancé hasta el Homo sapiens. La trayectoria es representada de forma lineal y progresiva en distintos planos: mejoramiento estético, económico 163

en su prehistoria como medio (Página 12, nota 12).

Metáforas de la creatividad humana En estas siete metáforas seis son publicidades visuales acompañadas por escritura alfabética. Su uso está fuertemente marcado por las convenciones publicitarias y, por lo tanto, se caracterizan por la presentación de una selección de rasgos del pasado masivamente difundidos. En algunas de ellas se destaca la noción de la prehistoria como tiempo cuando hubo hitos que marcaron el desarrollo posterior de la humanidad: el fuego, la caza y el arte. En otras el dominio origen hace referencia a conjuntos arqueológicos monumentales específicos como las materialidades de Egipto e Isla de Pascua. Figura 2.

y moral. Una vez que esta trayectoria es completada por el desarrollo evolutivo de los seres humanos la evolución continúa, ahora con el desarrollo tecnológico representado por el automóvil. Otro ejemplo donde se percibe la noción de evolución es usado para identificar un período anterior a “la prehistoria” seguido por otro signado por avances tecnológicos. De esta manera se deja atrás aquel tiempo tradicional, simple y obsoleto: Esta es la prehistoria del medio... el futuro del medio, acordaron varios panelistas, está indisolublemente ligado con el avance de nuevas tecnologías, que no sólo modificarán la televisión tal como se la entiende sino que condicionarán su carácter monopólico... la incorporación de la televisión a la computadora es una transformación que producirá grandes cambios en el futuro. Así la pantalla chica convivirá con medios más seductores como los diarios electrónicos. Llegará el momento de la verdad en el que la televisión tendrá que explicar cuál es su papel. Pero todavía

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A. La transformación en el desarrollo humano La primera de las metáforas que presentamos es la única que sólo posee escritura alfabética y es una nota en la que se presentan las cualidades de la Fundación Comillas en el Palacio Sobrellano. La influencia de esta entidad es comparada con la que tuvo aquella sociedad que estampó sus pinturas en las paredes de la Cueva de Altamira: La otra cueva de Altamira… la Caja de Cantabria decidió instalar allí una Fundación dedicada a la creación y el pensamiento en la que científicos, escritores y artistas de Iberoamérica pueden congregarse... allí compartí los diálogos más apasionados desde que tengo memoria con personajes... apasionados... únicos... refinada… imaginaciones de 20 mil años después… invenciones y palabras prodigiosas, después de las cuales el mundo no tendrá otro remedio que ser mejor… el hombre de Altamira primó las primeras alucinaciones de la imaginación rupestre... los prodigiosos bisontes de Altamira... remotos signos del genio humano...

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cambiaron para siempre los sueños de la especie (Página 12, nota 3).

Tres publicidades visuales son anunciadas en Clarín; en ellas los “avances” de la prehistoria son asimilados a los desarrollos tecnológicos actuales (Figuras 3, 4 y 5). Se trata de tres publicidades de productos de la misma empresa, presentadas con imágenes y escritura alfabética específica que tienen en común la leyenda “Siempre hay alguien que se adelanta a su tiempo” (Clarín, notas 4, 6 y 7). Los dominios origen descritos en los dibujos (Fogón, Caza y cocción, Arte rupestre) son caracterizados como adelantos importantes de la humanidad que dieron paso a los logros futuros. Estos rasgos, reforzados con los escritos, son proyectados a los productos publicitados. De esta manera se atribuye a la tecnología producida por la empresa el mismo valor que a los desarrollos del pasado: Inesperadamente alguien aparece con una nueva idea. Revolucionaria. Innovadora. Una mejora fundamental en que lo antes se tenía como perfecto. Es el resultado de un largo proceso de investigación. De desarrollo… un nuevo concepto en televisión, los únicos en el mercado diseñados para ver dos programas a la vez, con sonido independiente. Y los primeros con capacidad para mostrarle hasta... algo que sólo se logra poniendo la mente en el futuro y el corazón en lo que se hace (Clarín, nota 4). Es alguien especial. Alguien con la curiosidad suficiente para mirar adelante. Con la inteligencia imprescindible para investigar. Y la capacidad necesaria para plasmar sus descubrimientos en obras. Sorprendiendo a sus contemporáneos… Una empresa que está creando hoy los productos más novedosos en materia de calidad de vida… Tiene adelantos inesperados... Para que usted ponga un pie en el futuro. Sin moverse de su casa (Clarín, nota 6).

Virginia Mariana Salerno y Alejandra Pupio

Figura 3.

Figura 4.

Figura 5. 165

Figura 6.

de Egipto y una a las esculturas de la Isla de Pascua. Los dominios meta refieren a diversos aspectos relacionados con la comunicación: medios de comunicación, medios para comunicarse y una reunión internacional donde se discuten temas “humanos universales.” Tres de las cuatro metáforas de este apartado son publicidades y tienen formato visual. En ellas las características asignadas a los conjuntos monumentales son transferidas a los productos promocionados (s 6 y 7). Las notas 10 y 11 promocionan tecnología de Internet, proponiéndola como un medio para estar/ser parte del mundo que involucra desafiar al tiempo y el espacio, más allá del presente. En ambas la leyenda es: En el mundo hay lugar para vos: el correo electrónico de Ciudad Digital te lleva a donde quieras… viajar al lugar que elijas. Porque ante la llegada del futuro vos no te podés quedar sentado... sea en Nepal, Quito o la China del Norte donde viva la persona que querés visitar... Conéctate -Ciudad Digital- al mundo (Clarín, notas 10 y 11).

Figura 7. Es innato. Es un talento. Es un impulso. Y utilizado apropiadamente sorprendente. Grandes saltos adelante en el pensamiento de su tiempo. En Goldstar nos dedicamos a eso... tecnología más moderna... trae el increíble sistema Double Shuttle… la única con un sistema de... el resultado de investigar pensando hacia delante. Y de trabajar pensando en usted (Clarín, nota 7).

B. Todo futuro fue pasado Tres metáforas hacen referencia a los conjuntos arqueológicos monumentales 166

La nota 5 publicita el suplemento de cultura de Página 12 apelando a la imagen de los Colosos del templo de Abu Simbel que representan a Ramses II (Figura 8). En esta nota se proyecta la idea del descanso como un lujo: aquel que no tiene apuro podría hacer como un faraón egipcio y tomarse el tiempo para recrearse con lecturas culturales tomando un café. La leyenda que acompaña esta imagen es “Encuentros cercanos con el ocio y la cultura” (Página 12, nota 5). La metáfora que no es publicidad y tiene formato escrito es una nota política publicada en Página 12 cuyo título es “El Cairo. Pirámides, faraones y pobres.” A diferencia de las notas anteriores en este caso el dominio meta hace referencia a la Cumbre sobre Población y Desarrollo de la ONU realizada en el Cairo en 1994. Se establece un paralelo entre el pasado y el

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presente de El Cairo: el pasado, dominio origen de la metáfora, está representado en el poder egipcio simbolizado en las pirámides y los faraones; el presente, dominio meta de la metáfora, es la ciudad sumida en la pobreza y anfitriona de los “modernos faraones:” El universo teme al tiempo. El tiempo teme a las pirámides... la esfinge de Giza habla en español para un puñado de espectadores sobre los misterios de la eternidad... tras el show de luces y sonido una destartalada cadena de casas, perros que ladran, gritos de chiquillos… la ciudad “madre del mundo” [sobre El Cairo] ha parido tantos hijos que ya no caben en su tierra... albergue temporario de 15 mil personas... para asistir a la Cumbre sobre Población y Desarrollo... con 58 millones de almas apiñadas... La contaminada y caótica El Cairo… concentra maravillosamente los males que convocan a discutir a delegados de 180 países y a militantes de 800 organizaciones no gubernamentales. Para haber sido elegido por los modernos faraones de la ONU Egipto también mostró haber cumplido con sus deberes (Página 12, nota 1).

los grupos en que las hemos clasificado. Aquí avanzamos más allá del análisis de las partes constitutivas de cada figura retórica para centrarnos en las proyecciones entre dominios y los temas metafóricos presentes en la muestra. Metáforas de la arqueología Las metáforas analizadas muestran una representación del arqueólogo y de la arqueología alejada de las prácticas que delimitan el campo de la disciplina. En ellas la imagen de los arqueólogos está ligada tanto a la de los coleccionistas y naturalistas renacentistas que recolectaban para conformar los gabinetes de rarezas de las cortes europeas como a la imagen de los coleccionistas burgueses y los amateurs de los siglos XVIII y XIX (Findlen 1994;

El domino origen, el pasado, es colmado de cualidades vinculadas al poder omnipresente que hace de El Cairo “La ciudad madre del mundo” a pesar de no haber mantenido el lugar que tuvo en otros tiempos. En la nota periodística las características poderosas del pasado egipcio son adjudicadas a “Los modernos faraones de la ONU” que eligieron como sede de la cumbre a la capital egipcia. El uso de la metáfora permite al periodista reflexionar, irónicamente, sobre el eje pasado–presente y manifestar las contradicciones de un sistema político de control internacional.

Proyecciones metafóricas En esta sección presentamos el análisis de cada tipo de metáforas de acuerdo con Virginia Mariana Salerno y Alejandra Pupio

Figura 8. 167

Podgorny 2005). Es probablemente esta imagen, reproducida desde el romanticismo, la que cristalizó las características del arqueólogo como coleccionista. La literatura retrató a estos personajes solitarios y movidos por pasiones extremas en figuras como el del coleccionista Pons en Le cousin Pons de Honoré de Balzac (1847) (Sánchez 1999). En el siglo XX la industria cinematográfica ayudó a solidificar esta representación. Tal como señala Hernández (1997) la peculiaridad más notable del arqueólogo cinematográfico reside en su ambigüedad ya que no se ofrece una idea clara acerca de su perfil profesional: aventurero, científico loco, buscador de tesoros, paleontólogo, aficionado. En fin, múltiples acercamientos, a veces contradictorios, que para el autor indican que la sociedad carece de un referente explícito sobre el que apoyar su idea. En este contexto el personaje de mayor popularidad es Indiana Jones, héroe carismático que encarna, sin embargo, a un tipo más cercano al anticuario que al investigador: su función es localizar la pieza, cuanto más significativa mejor, y no estudiar el contexto. El arqueólogo es una figura más cercana a la imagen de un sujeto solitario, sin equipo de apoyo, al que bastan su competencia académica intelectual y su valor personal como llaves para abrir todas las puertas del conocimiento (Hernández 1997). Esta imagen es difundida por los medios de comunicación y por la representación que los arqueólogos han generado acerca de su lugar privilegiado como sujetos cognitivos y de su objeto de estudio como entidad reificada. Las características del arqueólogo/ coleccionista y de la arqueología como la acción de coleccionar evidencian una concepción particular sobre la cultura material del pasado. Las metáforas presentadas en este trabajo muestran que los objetos del pasado son imbuidos de características 168

especiales, son rescatados y reinstalados en nuevos contextos, mostrando un largo y complejo ciclo de vida (Appadurai 1991; Kopytoff 1991; Pearce 1995). Estos objetos son percibidos en un determinado contexto social e histórico como coleccionables y, por lo tanto, son capturados, poseídos, clasificados y, probablemente, exhibidos por los coleccionistas (el arqueólogo en las metáforas). De esta manera estos materiales son escindidos de sus funciones originarias, se singularizan y se insertan en un orden histórico creado adrede, activándose como repertorios patrimoniales (Benjamin 1986; Baudrillard 1994; Prats 1997). Metáforas del origen humano Como se ha mostrado en la sección anterior las metáforas sobre el origen de lo humano se estructuran a través de dos dominios: la referencia concreta a alguna especie homínida anterior a la aparición de Homo sapiens y mediante el concepto de evolución como proceso unilineal. Las especies de homínidos anteriores al ser humano anatómicamente moderno son unificadas bajo los siguientes rasgos: carencias morales, tecnológicas y económicas, pertenecientes a un tiempo precedente al actual. Esta asociación llega al extremo en las notas 23 y 24 donde “el hombre de cromañón” es considerado un homínido anterior al Homo sapiens y sinónimo de “neandertal” y de “simio.” Estas metáforas delimitan los aspectos que son parte de lo humano de los que no lo son. El tiempo-espacio que habitan las especies no humanas pertenece a lo “prehistórico” como momento anterior a lo “histórico.” El traspaso de uno a otro es representado en las metáforas que tienen por dominio origen el concepto de evolución. El proceso de hominización señala el recorrido lineal y progresivo desde la prehistoria a la historia. La primera está habitada por sujetos carenciados e incom-

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pletos; la segunda por individuos portadores de tecnología y capacidad de invención (notas 12 y 15). Aunque la prehistoria es parte de un “mundo perdido” puede ser encontrada en ciertos segmentos de la sociedad occidental actual: en los sectores autoritarios y carentes de recursos morales o en aquellos con una condición socioeconómica de marginalidad y pobreza. El uso de las metáforas referidas al origen de lo humano puede pensarse como un mecanismo para analizar la alteridad, ubicándola en un tiempo quieto, instalado en una lejana dimensión del pasado. Este tipo de caracterización temporal nos remite a la idea de un no tiempo, la realidad estática que aparece en los mitos (Ballart 1997; Hernando 2002). De esta manera las imágenes de los “otros” construidas en estas metáforas son funcionales en el presente. En estas metáforas las especies del proceso de hominización son colmadas de valoraciones negativas que se corresponden, metafóricamente, en dos tipos de dominio meta. Por un lado, la violencia y el uso indiscriminado del poder como actitudes consideradas anacrónicas son parte de los momentos originarios de la humanidad y, por lo tanto, deberían quedar en el pasado. La aplicación de estas metáforas sobre personajes y hechos vinculados con la última dictadura militar argentina tiene una dimensión política mnemotécnica, utilizada especialmente por Página 12, empresa periodística ligada, estrechamente, a la denuncia por violaciones a los derechos humanos. Los hechos ocurridos entre 1976 y 1983 fueron de tal magnitud para la historia argentina que son mostrados por la línea editorial de ese diario como no pertenecientes al comportamiento humano y como parte del pasado, tanto como cualquier forma de discriminación étnica y religiosa. Otro tipo de metáfora propuesta en el mismo sentido es la desarrollada, de forma Virginia Mariana Salerno y Alejandra Pupio

compleja, por el filósofo y escritor José Pablo Feinmann a partir del incendio de la disco República Cromañon. En el esquema metafórico elaborado por Feinmann puede observarse el modo como distintas especies de homínidos son identificadas como parte de la prehistoria de la humanidad y cargadas de adjetivaciones negativas. En el proceso metafórico estas atribuciones son trasladadas al público de la disco poniendo en interacción el concepto de “pobreza” con el concepto de “no humano.” El escritor utiliza esta articulación metafórica de la pobreza para denunciar el efecto devastador de las políticas neoliberales implementadas durante la década de 1990 por el menemismo2 (Salerno y Pupio 2008). Las imágenes negativas adjudicadas a los sujetos de la prehistoria se difundieron a escala global a lo largo del siglo XX. De esta manera se reprodujeron, con ciertos cambios, las representaciones que se efectuaron sobre ellos en las formulaciones científicas originales. Stringer y Gamble (1996) señalaron que la circulación de la imagen de los neandertales en Europa está asociada a una persistente presunción de ferocidad, estupidez o fuerza bruta. El uso de la metáfora neandertal en el Viejo Mundo indica una discusión acerca de lo que se entiende por “humano moderno,” así como nociones de alteridad, nacionalismo y colonialismo. La perduración de esas imágenes reformuladas que circulan en un amplio espectro de soportes se debe, según Graves (1991), a que en el debate sobre el neandertal subyace la asociación entre su extinción y las cuestiones de raza y racismo. Estas imágenes metafóricas 2 Menemismo es el nombre dado al período entre 1989 y 1999 cuando Carlos Saúl Menem fue presidente de Argentina. Su gobierno se distinguió por introducir una serie de reformas neoliberales que al culminar el período dejaron al país inmersos en una crisis económica, social y política. 169

surgidas en contextos políticos e ideológicos concretos exceden las fronteras de su origen y se divulgan a escala global con reformulaciones respecto a sus posturas primigenias (Moser 1992). Mientras en Europa esta metáfora señala los imaginarios acerca de la raza y el racismo en el marco del colonialismo europeo en nuestro contexto de análisis el uso del significante Cromañón en equivalencia al significante Neandertal genera nuevos sentidos: Cromañón (como estadio pre humano) se asocia a grupos sociales marginados en el contexto argentino, construyendo representaciones sociales que tienden a naturalizar la pobreza e invisibilizar su origen socio-histórico (Salerno y Pupio 2008). Metáforas de la creatividad humana Las metáforas que refieren a la creatividad humana se agrupan en dos tipos de dominios origen: la referencia a momentos-hitos creativos en la historia de la humanidad y la evocación de culturas concretas conocidas por su monumentalidad, la egipcia y la pasqueña. Respecto al primer grupo de referencias mostradas en las publicidades y en la metáfora de Altamira debemos señalar que se destacan en los grupos del pasado los rasgos que son significativos en la definición del nosotros “moderno,” esto es, el cambio, el desarrollo tecnológico producido por quienes se adelantan a su tiempo y, por lo tanto, se tornan modélicos (Ballart 1997). Este desarrollo de la historia humana es unilineal, progresivo; acumula poder y perfección. En este caso lo que se trasmite y “suma” son ideas, creatividad y conocimiento para poner en funcionamiento el progreso tecnológico. Este camino hacia la perfección llega a su máximo esplendor en las imágenes sobre Egipto y la Isla de Pascua a través de la afirmación positiva de la monumentalidad como forma de 170

trascender el tiempo, ejercer poder y “ser/ estar parte del mundo.” Las obras monumentales egipcias y pasqueñas comparten su impactante contenido visual y la monumentalidad de su materialidad. En tanto monumentos estos conjuntos ponen en relación el pasado con el futuro e implican la idea de trascendencia y permanencia (Ballart 1997). Al ser presentados como indestructibles se convierten en vehículo de la memoria perpetua y en herramienta de poder (Candau 2002). No obstante, como parte de los procesos de resignificación del pasado y de acuerdo a las expectativas del presente estos conjuntos han sido ampliamente socializados, extraídos de sus contextos originales e investidos de exotismo y poder. La monumentalidad egipcia y pasqueña se ha convertido en referente de prestigio (sensu Ruiz 2002) y es un vehículo efectivo de origen, antigüedad y progreso. El caso de los íconos egipcios merece un comentario aparte por su amplia distribución como parte del fenómeno denominado “marketing del pasado” (Huyssen 2002). El tema egipcio, como sujeto de placer visual y marcador de prestigioso exotismo étnico y antiguo, se reitera en publicidades y se utiliza en la construcción de estilos de moda, diseño y productos de belleza (Meskell 2004). Esta singularidad adjudicada a la cultura egipcia está vinculada con las representaciones que la arqueología construyó sobre ella. La egiptología fue uno de los primeros ejemplos de la forma habitual de objetivación a través de la investigación científica, sello del imperialismo europeo y base del “orientalismo” del siglo XIX (Said 1978; Bernal 1993:182). En ese contexto la arqueología tuvo el rol de estudiar y construir esa cultura exótica, reforzando la diferencia de Egipto respecto de las

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“verdaderas” civilizaciones, esto es, la griega y la latina. Una corriente de literatura pseudoscientífica desarrollada a fines de la década de 1960 remarcó la imposibilidad de que las poblaciones egipcia y pasqueña hayan sido las creadoras de estos monumentos. Estas manifestaciones han sido explicadas como producto del contacto con una avanzada vida extraterrestre. Tales argumentos se sintetizaron en el slogan cinematográfico “todo futuro fue pasado” y fueron ampliamente socializados (e.g., Pauwels y Bergier 1961; Charroux 1971; para una crítica de estas teorías puede consultarse Schobinger 1982). Con todo, las características de exotismo, poder y sabiduría aparecen resaltadas en las relaciones metafóricas aquí analizadas. Los referentes arqueológicos monumentales se asocian con la potencialidad de distintas formas de comunicación: una reunión de la ONU para tomar decisiones sobre la dirección del mundo, el desarrollo de la tecnología de Internet, el suplemento Radar como espacio de saber. Al igual que los monumentos la comunicación del siglo XXI permitiría a los individuos trascender el tiempo, el espacio y las distancias culturales. La comunicación se funda como vehículo de la memoria y herramienta de poder.

Reflexiones finales En las metáforas presentadas en este trabajo el conocimiento arqueológico es utilizado para legitimar diversos discursos que definen un “nosotros” en relación a “otros” en distintos planos. Un recurso para hacerlo es la delimitación entre los aspectos que están fuera y dentro de lo humano como sucede en el caso de metáforas que abordan el proceso de hominización. Otro recurso son las metáforas que seleccionan hitos de la historia humana para marcar el camino aceptable de la trayectoria occidental; esta idea aparece Virginia Mariana Salerno y Alejandra Pupio

en las metáforas de la creatividad y en las que representan el proceso de evolución humana de forma integral. Las características contemporáneas de la arqueología y los temas que desarrolla no coinciden, necesariamente, con las representaciones de todos los sectores sociales. El proceso de institucionalización y profesionalización de la arqueología, como de otras ciencias, fue provocando en distintos momentos y en cada contexto nacional la separación epistemológica entre expertos y no expertos. Esto produjo la demarcación del campo disciplinario con reglas de acceso, permanencia, normas de sociabilidad y de circulación del conocimiento basadas en la especificidad disciplinar. De este modo, y como parte de un proceso histórico que se inició a mediados del siglo XVIII, los científicos intentaron constituirse en una elite portadora de autoridad mientras que al público se fue negando, gradualmente, el acceso a informes y materiales (Feher 1990). Esto trajo como consecuencia una concepción autoritaria e individualista del conocimiento científico que contribuyó a un modelo de comunicación jerárquica y unidireccional que aún se reproduce en varios tipos de discursos. Esto explica, en parte, que las metáforas analizadas aquí no reflejen las discusiones y la actividad generada en la disciplina. Las metáforas analizadas también están relacionadas con el desarrollo de algunas ideas que tuvieron su origen en los momentos iniciales de la arqueología y que perduraron a lo largo del siglo XX. Para entender este proceso es necesario, tal como señala Hernando (2006), indagar en la historia de la disciplina. Durante sus inicios en el siglo XIX y principios del siglo XX la arqueología contribuyó a la construcción de una imagen sobre un otro precedente de lo humano a partir de la divergencia (Fabian 1983). Esta diferencia fue objetivada en ítems contables 171

y medibles mediante modelos racionales de explicación que permitieron establecer grados de avances en las sociedades humanas utilizando las variables “salvajismo- barbarie-civilización” (Hernando 2006). En sus esfuerzos por construir relaciones con sus “otros” a través del recurso temporal los evolucionistas definieron la diferencia como distancia. De esta manera la profundidad del pasado se transformó en el presente etnográfico como “una representación viva” de las etapas de la memoria en las sociedades europeas (Murray 1993). Los esquemas propuestos para medir el tiempo dieron cuenta de una sola forma de historia — progreso, desarrollo, modernidad— y su reflejo negativo —estigmatización, subdesarrollo y tradición. Las representaciones sustentadas en estas ideas legitiman un proyecto político eurocéntrico de apropiación cultural (Hall 2004). Las representaciones sobre el origen de lo humano refuerzan las ideas sobre la superioridad occidental europea masculina y la invención tecnológica como motor de cambio. En este sentido Querol (2001a) señala que estas ideas han jugado un importante papel en la construcción de las bases ideológicas de la sociedad capitalista occidental y que la naturaleza profunda de esas explicaciones apenas se ha modificado con el paso de las décadas, aunque sí lo hayan hecho, y en gran medida, los sistemas analíticos. Esto es lo que denominó paradigma antropocéntrico a través de discursos destinados a llevar la figura del ser humano (europeo y masculino) por encima de cualquier otra. Este tipo de representaciones ha sido registrado en distintos sistemas de comunicación discursiva: cine, novelas e historietas y en algunos soportes que circulan en la escuela (Moser 1992; Stringer y Gamble 1996; Querol 2001a, 2001b; Hall 2004).

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El paradigma antropocéntrico se reitera en representaciones que conceptualizan ya no el origen humano sino la historia de los “otros culturales” extra europeos de acuerdo a contextos específicos (Gero y Root 1996). En el contexto latinoamericano las representaciones sobre el proceso histórico local, sustentadas por el conocimiento arqueológico y su materialidad, contribuyeron a la exclusión de las poblaciones aborígenes de las identidades nacionales en la retórica de los Estados nacionales emergentes en el siglo XIX (Gnecco 2005). Estas imágenes fueron ampliamente difundidas a través de espacios educativos institucionales y museos, enraizándose en los imaginarios sociales (Curbela y Cabrera 1992; Funari 1994, 2000; Novaro 1999; Podgorny 1999; Gneco 2001; Londoño 2001; Verdesio 2004). En este proceso tuvo que ver el desarrollo de la arqueología sudamericana ya que, como señalan Curtoni y Politis (2006), desde sus orígenes estuvo vinculada con pensamientos eurocéntricos coloniales y racistas como producto de la historia de las relaciones de dominio instauradas desde el descubrimiento de América. En el contexto argentino a partir de 1879 se inició la ocupación definitiva por parte del Estado de los territorios indígenas de la Pampa y la Patagonia a través de una guerra ofensiva. Durante esta expedición militar se mataron y tomaron prisioneros indígenas al mismo tiempo que una comisión científica registraba y recolectaba los recursos que conformaban el naciente Estado, cual botín de guerra (Ramos 2006). Los indígenas vencidos se transformaron en parte del territorio y de los resultados científicos de la expedición; los sobrevivientes en objeto de observación y servicio doméstico en Buenos Aires y otras ciudades del país; su cultura material y sus cuerpos en parte de aquello sobre lo que ahora se ejercía otro tipo de control (Podgorny y Lopes 2008).

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Este violento proceso barrió con el pasado y sus habitantes del territorio a conquistar, considerados enemigos a eliminar o a desplazar cada vez más al sur. El desplazamiento y la eliminación fueron ideológicamente posibles por la consideración de los indios como bárbaros. Curtoni y Politis (2006) señalan que este tipo de pensamiento racista permeó el campo académico del tal forma que mantuvo durante el siglo XX actitudes discriminatorios en contra de las poblaciones indígenas a favor de una más desarrollada civilización blanca; la reificación de las diferencias culturales puede promover la segregación de un grupo particular, generando xenofobia y exclusión social. El no reconocimiento de la alteridad no sólo tiene lugar en la exclusión de los pueblos indígenas sino de otros grupos por su condición étnica, política o económica. El conocimiento generado a través de la arqueología impacta en la manera como las sociedades piensan su pasado y su presente. Por ello consideramos importante avanzar en la intensificación de las discusiones sobre la proyección social de la disciplina, la práctica profesional y las implicancias políticas de los resultados de la investigación. Esta tarea no puede llevarse a cabo, únicamente, en

el intramuro académico; debe partir de una crítica a la existencia de un solo modo de ver el pasado. No sólo debe rechazarse el positivismo que considera la generación del conocimiento ausente de intencionalidad política (Politis y Pérez 2004; Curtoni y Politis 2006); también debe profundizarse la reflexión atendiendo las necesidades y los saberes de los distintos colectivos sociales involucrados. Una vía para hacerlo puede ser el análisis de las representaciones sociales que circulan pues son apropiadas y, como hemos visto en este trabajo, resignificadas y utilizadas de acuerdo a contextos sociales específicos que, en ocasiones, pueden entrar en contradicción y/o estar mediados por relaciones de desigualdad. Agradecimientos Este trabajo fue realizado en el marco de los proyectos PICT (2006 717), UBACyT F026 (2008 – 2010), ambos dirigidos por la María Isabel González, y SECYT-UNS 24/154, dirigido por Cristina Bayón. Queremos agradecer la lectura del manuscrito a Almudena Hernando, María Isabel González y Cristina Bayón, quienes brindaron comentarios y observaciones para enriquecerlo.

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ESTRUCTURA DE LOS RECURSOS LÍTICOS Y PAISAJES ARQUEOLÓGICOS EN EL NESOCRATÓN DEL DESEADO (SANTA CRUZ, ARGENTINA) Darío Omar Hermo CONICET-Universidad Nacional de La Plata El Nesocratón del Deseado (provincia de Santa Cruz, Argentina) es una gran estructura geológica que constituye un paisaje particular de la Patagonia debido a su riqueza en rocas de buena calidad para la talla. En este artículo se analizan muestras petrológicas y artefactuales de diferentes canteras y del sitio arqueológico Cueva Maripe. La información generada sobre el aprovechamiento de materias primas se articula con la referente a las relaciones espaciales entre los sitios y a las características propias de cada cantera (visibilidad, variedad y disponibilidad de las rocas). De esta manera se exponen inferencias de alcance local y regional que incluyen no sólo los aspectos económicos de la tecnología, sino también los mecanismos sociales y simbólicos que pudieron haber actuado en estos paisajes de cazadores-recolectores de las mesetas del Nesocratón del Deseado. O Nesocratón do Deseado (Província de Santa Cruz, Argentina) é uma grande estrutura geológica que constitui uma paisagem particular da Patagônia devido a sua riqueza em rochas de boa qualidade para o lascamento. No presente artigo são analisadas amostras petrológicas e artefatuais de diferentes pedreiras e do sítio arqueológico Cueva Maripe. A informação gerada sobre o aproveitamento de matérias-primas se articula com o referente às relações espaciais entre os sítios e às características próprias de cada pedreira (visibilidade, variedade e disponibilidade das rochas). Desta maneira, se apresentam inferências de alcance local e regional que incluem não apenas os aspectos econômicos da tecnologia, mas também, os mecanismos sociais e simbólicos que puderam ter atuado nestas paisagens de caçadores-coletores das mesetas dos Nesocratón do Deseado. The Deseado massif (Santa Cruz province, Argentina) it is a great geologic structure that constitutes a peculiar landscape of Patagonia due to their wealth in rocks of good quality for knapping. This article presents petrologic and artefactuals analysis of different quarries and from Cave Maripe archaeological site. This information about the use of raw materials is articulated with the space relationships among the sites and the characteristics of each quarry (visibility, variability and availability of the rocks). Inferences of local and regional scope are exposed, and not only include the economic aspects of the technology, but also the social and symbolic mechanisms that could have acted in these hunter-gatherers landscapes of the Deseado massif plateaus. Palabras claves: recursos líticos, cazadores-recolectores, paisajes arqueológicos, Patagonia / Palavras claves: recursos líticos, caçadores-coletores, paisagens arqueológicas, Patagônia / Key words: lithic resources, hunter-gatherers, archaeological landscapes, Patagonia.

Introducción El objetivo de este trabajo es presentar la información recabada sobre la estructura regional de los recursos líticos en el norte de la provincia de Santa Cruz, de la que se desprenden implicancias generales para el Nesocratón (o Macizo) del Deseado. Esta búsqueda tiene la finalidad de documentar la distribución actual de fuentes de aprovisionamiento para realizar inferencias acerca de la circulación de las materias primas líticas tallables en el pasado. A pesar de la existencia de algunos trabajos previos con fines similares en este sector de la provincia (Cattáneo 2000, 2002, 2004) la información arqueológica continúa siendo escasa. Los estudios que aquí se presentan fueron dirigidos, principalmente, a responder las siguientes preguntas: ¿de qué diferentes formas se presentan las materias primas líticas en la región y cómo fueron utilizadas para la confección de instrumentos por los grupos de cazadores-recolectores?; ¿cómo lograr un acercamiento a la variabilidad de rocas disponibles en el área de estudio?; ¿de qué maneras se relacionaron las poblaciones humanas pretéritas con estas materias primas? Los análisis arqueológicos de la estructura regional de los recursos líticos constituyen una parte importante de los estudios sobre la tecnología en piedra de las sociedades de cazadores-recolectores; a partir de ellos se generan datos de base para conocer las fuentes de procedencia de las materias primas líticas (Hatch y Miller 1985; Belardi y Carballo 2005), establecer circuitos de movilidad (Franco 2002; Blades 2003; Flegenheimer y Bayón 2004), realizar inferencias acerca de las redes de intercambio (Flegenheimer et al. 2003; Hermo 2008a) y, con menor frecuencia, proponer interpretaciones acerca del lugar que las fuentes de aprovisionamiento pudieron haber tenido en la esfera simbólica de los grupos humanos Darío Omar Hermo

prehispánicos (Flegenheimer y Bayón 1999; Hermo 2008b). Más allá de su rol económico en la subsistencia de los grupos cazadoresrecolectores las rocas de utilidad para la talla juegan un papel en el mundo de las ideas. Este papel debe ser tenido en cuenta a la hora de evaluar los mecanismos de apropiación y circulación de las materias primas ya que las decisiones para su aprovisionamiento no sólo se basan en la calidad de las rocas y en las distancias recorridas. Son numerosos los estudios que demuestran que los factores ideacionales también juegan un rol preponderante en la selección y uso de materias primas líticas. Taçon (1991), en sus estudios en Arnhem Land, Australia, destacó los valores simbólicos y estéticos que incidieron en la manufactura de los artefactos en relación con el poder de los seres ancestrales que crearon el paisaje, incluyendo los afloramientos rocosos1 utilizados como canteras. De esta manera …algo de este poder fue aprovechado durante la manufactura; después fue aumentado a través del ritual, la narración de historias y otras prácticas. Algunos de los cambios en el registro arqueológico pueden ser relacionados con estos aspectos del sistema de creencias (Taçon 1991:194).

El origen de ciertos rasgos geomorfológicos (incluyendo canteras) a menudo se relaciona con la acción de estos Seres 1 Como se ha visto también en otros trabajos (Boivin y Owoc 2004; Hermo y Miotti 2007) en el marco de la arqueología simbólica las características mágico-ancestrales de las rocas se refieren tanto a la roca blanda (la cual incluye los pigmentos y sedimentos sueltos, como ocres, yesos, alumbre, arena, etc.) como a la roca dura (sílices, basaltos, obsidianas, cuarcitas, piedras preciosas o cristales de roca, etc.), es decir, la que es plausible de ser tallada y/o pulida. 179

Ancestrales. La selección de materias primas, el agregado de atributos estéticos en la confección y el contexto de uso son guiados por la creencia en que determinadas opciones dotan del poder ancestral a las manufacturas líticas (además de a quien las produce y usa). Una de las conclusiones más importantes de su trabajo radica en la conveniencia de la aplicación de análisis que consideren estos tópicos, a diferencia de la utilización de explicaciones meramente funcionalistas. Saunders (2001) propuso que las rocas actúan dentro de complejos ideacionales en los que los seres míticos o ancestrales se interrelacionan con los rasgos del paisaje y con los elementos que proceden de ellos (materias primas), dotándolos de poder (Hermo 2008b). En un trabajo posterior (Saunders 2004:137) propuso que en las cosmovisiones americanas el mundo físico es visto como una entidad viviente y que la vinculación con los rasgos del paisaje dota de poder a los artefactos: “Los minerales son parte integral de entidades más grandes como montañas, volcanes, lagos y valles y conservan parte de la significación (usualmente mítica) que se otorga a esos rasgos del paisaje.” Sin embargo, para que la información de los recursos líticos en una región pueda presentarse en la “mesa de disección” es necesario recorrer un largo camino. Este sendero parte del reconocimiento de diferentes ontologías y metodologías, atraviesa la variabilidad geomorfológica y litológica de la región analizada e implica procedimientos variados para integrar los datos de muy diversas escalas analíticas. En el caso que aquí se presenta este camino involucra aspectos de los paisajes arqueológicos que habitaron las sociedades humanas en estudio. En este artículo presento determinados aspectos del estudio de fuentes de aprovisionamiento de materias primas líticas que permitió relacionar varias canteras 180

con los conjuntos artefactuales del sitio arqueológico Cueva Maripe (Provincia de Santa Cruz, Argentina). En primer lugar describo el caso de estudio y se enumeran los procedimientos mediante los que se caracteriza la disponibilidad de rocas en la geología regional. En segundo término expongo los resultados obtenidos en cada cantera; no solamente se analizó el material muestreado sino que el estudio de las fuentes incluyó variables que no suelen ser frecuentes en estudios similares: ubicación en el paisaje, visibilidad, conocimiento. Finalmente, integro los resultados de los muestreos con la información de Cueva Maripe, no sólo teniendo en cuenta las litologías y las distancias sino, también, los aspectos del paisaje bajo una óptica interpretativa. De esta manera pretendo articular la circulación de materias primas con la información obtenida en las canteras, tratadas no como meros espacios específicos para la extracción de rocas sino dentro de un marco paisajístico más afín a la escala de vida de cazadoresrecolectores. Los estudios que componen el presente artículo han sido realizados como parte de mi tesis doctoral (Hermo 2008a); uno de sus objetivos principales era contribuir a la estimación de la variabilidad de los recursos líticos en el entorno de la Cueva Maripe. Los conjuntos líticos de este sitio conformaron la principal base empírica de ese trabajo, en el que empleé una óptica basada no solamente en la litología sino en el estudio de las fuentes de aprovisionamiento como parte de los paisajes arqueológicos.

El estudio de caso: Cueva Maripe La Cueva Maripe (Miotti et al. 2004, 2007) es uno de los más grandes abrigos rocosos registrados en el norte de la provincia de Santa Cruz. Se ubica a los 47º 51’ 05” S y 68º 56’ 03” O, a 562 msnm sobre el curso

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medio del cañadón La Primavera (Figura 1). Sus dimensiones son de 26 metros de ancho máximo, en la boca, por 24 metros tomados desde la línea de goteo hasta la pared del fondo de la Cámara Sur; el techo tiene una altura que varía en los distintos sectores, entre 1 y 5 metros de la superficie del suelo actual. La cueva abre hacia el oeste y la línea de goteo coincide con la dirección norte-sur; su posición respecto al valle del zanjón La Primavera es de 4 metros sobre el nivel del actual mallín que ocupa su base en todo su recorrido. Al inicio de las excavaciones la cueva, debido a su morfología, fue dividida en dos cámaras, la Norte y la Sur. Las diferencias entre ambas a este nivel mostraban a la primera de ellas con menor diferencia de altura entre la superficie y el techo, la presencia de un derrumbe de un sector del techo relacionado con una vertiente de

agua situada por encima y hacia el norte del afloramiento sobre el que se abre la cueva y una mayor exposición al viento; por otro lado en la Cámara Sur se encuentra una vertiente activa en la pared del fondo. En cuanto a las ocupaciones humanas Cueva Maripe es un sitio multicomponente, con una extensa secuencia de fechados radiocarbónicos (Tabla 1). Las ocupaciones estudiadas con mayor intensidad desde la tecnología lítica son del Holoceno medio y se caracterizan por uso mayoritario de rocas locales y, en menor medida, de obsidiana. Esta roca es la única caracterizada como de larga trayectoria ya que sus fuentes potenciales de aprovisionamiento se ubican a más de 100 kms de Cueva Maripe (Hermo 2008a). Las principales características tecnológicos de los conjuntos son (a) la presencia de puntas de proyectil trian-

Figura 1. Relación entre distribución de grupos de formaciones geológicas y localidades arqueológicas consideradas en el texto. Darío Omar Hermo

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Tabla 1. Fechados radiocarbónicos procedentes de muestras de carbón. A excepción de LP-1497, fueron realizados mediante AMS.

gulares apedunculadas, conocidas como Toldenses en la literatura clásica (Cardich et al. 1973; Aguerre 2003), en los inicios de la secuencia del Holoceno medio (ca. 8000 años AP); (b) una importante producción de hojas, evidenciada tanto en los artefactos no formatizados (ANF) como en los artefactos formatizados (AF; Hermo 2006, 2008b); (c) entre estos últimos predominan ampliamente los raspadores; (d) la presencia de bolas de boleadoras como sistema de armas que aparece frente a la ausencia de puntas de proyectil; y (e) la presencia de desechos que evidencian trabajo bifacial en artefactos del Holoceno medio (Hermo 2008a), a diferencia de los conjuntos coetáneos de Los Toldos denominados Casapedrense (Cardich et al. 1973; Cardich y Paunero 1991-1992).

Características del Nesocratón del Deseado El Nesocratón (o Macizo) del Deseado es una provincia geológica principal (De Giusto et al. 1980) ubicada en el sector norte de la Provincia de Santa Cruz, Argentina (Figura 1). Los límites de esta estructura son los ríos Deseado hacia el norte y Chalía o Chico hacia el sur y por la llamada Dorsal del río Mayo hacia el este. Esta estructura geológica está confor182

mada, en gran medida, por formaciones rocosas de origen volcánico y con alto contenido silíceo. Más del 50% de las rocas aflorantes corresponde a la actividad volcánica explosiva desarrollada en el Jurásico medio a superior, constituyendo la característica geológica dominante de la región (Moreira 2005: 2), lo que resulta en una muy amplia distribución de rocas de utilidad para la talla. Las formaciones geológicas de mayor relevancia en este sentido son las que pertenecen a la denominada provincia Chön Aike que comprende las formaciones Bajo Pobre, La Matilde y Chön Aike (Panza 2001). Existe una marcada diferenciación entre esta región y las cuencas pericratónicas ubicadas al norte y al sur en cuanto a la composición y génesis de las formaciones geológicas que las conforman. Este contraste es importante para analizar los usos de las materias primas líticas en la región dada su distribución bastante homogénea y con características aptas para la manufactura de artefactos, tanto mediante técnicas de talla como de picado y pulido. Los conjuntos líticos de los sitios arqueológicos del Nesocratón del Deseado muestran la utilización casi exclusiva de tales rocas locales (Durán 1990; Miotti 1998; Aguerre 2003; Durán et al. 2003; Skarbun et al. 2007; Hermo

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2008a, 2008b). Esta relación íntima entre la presencia mayoritaria de rocas de buena calidad para la talla con el vulcanismo jurásico conforma un escenario lítico en el que la determinación de las procedencias de las materias primas, es decir, la asignación formal de elementos a una u otra formación geológica resulta dificultosa. Si se tiene en cuenta que en la mayoría de los casos los artefactos poseen tamaños que no alcanzan para establecer relaciones de identidad o semejanza entre ellos y las fuentes de materias primas presentes en el ambiente el problema se torna aún mayor; es decir, existe un impedimento material de poder asignar microscópicamente y con alto grado de certeza la procedencia de las rocas sobre las que fueron realizados los diferentes artefactos que conforman los conjuntos arqueológicos en estudio. Esta situación poco próspera es el punto de partida para el estudio de la estructura de los recursos líticos en la región. Sin embargo, los estudios sobre tecnología lítica no deberían limitarse ni verse restringidos a la procedencia de las rocas, ya que este no es el único aspecto a explorar. En lo que resta del artículo intentaré superar esta limitación inferencial mediante la implementación de diferentes vías técnicas y analíticas.

Procedimientos para el estudio de los recursos líticos Para la resolución de los interrogantes detallados he desarrollado diferentes estudios cuyas particularidades expondré luego de realizar algunas consideraciones respecto de la geología regional en distintas escalas. Los procedimientos involucrados han convocado diferentes vías técnicas y analíticas, en su mayoría provenientes de la geología, que han sido trabajadas con el asesoramiento de Pilar Moreira (INREMI), Silvia Carrasquero Darío Omar Hermo

(INREMI), Juan Carlos Gómez (FCNyMUNLP) y Lucía Magnín (FCNyM-UNLP). Los procedimientos para la evaluación de la estructura de los recursos líticos pueden sintetizarse de la siguiente manera: (a) detección, descripción y análisis de las diferentes fuentes primarias de abastecimiento registradas; (b) registro por unidades de muestreo en fuentes primarias y en fuentes de tipo secundario, aplicando la metodología propuesta por Franco y Borrero (1999) y Franco (2000) para tal fin; y (c) comparación de muestras de rocas de los conjuntos artefactuales en estudio y de las fuentes de materias primas con el objetivo de establecer relaciones de identidad y evaluar su procedencia. A continuación expongo las caracterizaciones y los análisis realizados y sus consecuencias para las fuentes de rocas tallables tenidas en cuenta en este trabajo, intentando establecer la importancia de cada una de ellas para las sociedades cazadoras-recolectoras que las utilizaron.

Geología regional y disponibilidad de rocas Para evaluar la representación de las formaciones geológicas que puedan contener rasgos (crestones, filones, etc) con presencia de rocas aptas para la talla utilicé procedimientos técnicos básicos de SIG como medio para calcular el área que ocupa cada formación geológica de interés en la hoja geológica (Cattáneo et al. 2004; Hermo 2008a). Deben realizarse ciertos reparos a la hora de proyectar esta información actual a problemáticas arqueológicas, porque las fuentes de aprovisionamiento no estarían bien representadas por el cálculo de áreas (sea mediante modelos en dos o tres dimensiones) de las formaciones geológicas en las que se encuentran. Aunque en este trabajo estimo las áreas ocupadas por las distintas formaciones geológicas de interés las interpretaciones que siguen de tal análisis 183

parten de los siguientes supuestos: (a) la superficie no es, necesariamente, medida representativa de la presencia de rasgos geomorfológicos en los que se hacen presentes rocas tallables; y (b) la estimación de la superficie que ocupan las unidades geológicas sólo pueden tomarse como procedimientos iniciales en los estudios de estructura de los recursos líticos de los paisajes arqueológicos; esto se debe a que no informan acerca de las características diferenciales (visibilidad, emplazamiento, dimensiones de los sectores de rocas aflorantes, etc.) propias de cada fuente de aprovisionamiento. De esta manera no es posible lograr un acercamiento a la circulación y uso de las materias primas líticas por cazadores-recolectores, al menos en el Nesocratón del Deseado. En la Tabla 2 y la Figura 2 muestro en qué proporción se encuentra cada formación geológica en un radio de 10 kms alrededor de Cueva Maripe.2 Según estos cálculos la formación que más superficie ocupa en la porción seleccionada de la hoja geológica3 es Chön Aike (38.19%), seguida por Bajo Grande (17.13%) y Baqueró (13.62%). Las demás formaciones ocupan una superficie menor a 5% del área seleccionada, a excepción del Basalto Las Mercedes y de la confor2 Esta distancia se relaciona con la clasificación de las rocas según su procedencia tomada de Flegenheimer y Bayón (2004); 10 kms son el límite máximo para rocas inmediatamente disponibles. 3 La hoja geológica es una representación tridimensional del terreno, aunque los cálculos aquí realizados se refieren al modelo bidimensional (no se contempla el relieve) y no hacen referencia directa a la superficie real de los sectores analizados, para lo que sería necesaria la utilización de otra metodología (modelos 3D - DEM). Sin embargo, como forma aproximativa la metodología utilizada permite acceder al nivel analítico acorde con los objetivos propuestos. 184

mada por material de derrumbes y deslizamientos. El área circundante a Cueva Maripe puede ser caracterizada geológicamente como: (a) con preponderancia principal de Chön Aike y secundaria de Bajo Grande y Baqueró, formaciones ricas en rocas con alto valor silíceo; (b) con muy baja representación de las demás unidades geológicas; debido a la ausencia de de rocas útiles para la talla su relevancia para el aprovisionamiento humano resulta insignificante; y (c) los depósitos que cubren niveles de pedimentos, así como las planicies y conos aluviales, constituyen excepciones al punto anterior porque actúan como concentradores de fragmentos rocosos provenientes de la degradación de distintas formaciones cercanas. Estos niveles, más allá de su posición en el ranking de la Tabla 1, representan zonas con cualidades benéficas en relación a su aprovechamiento como fuentes de recursos líticos. En este punto existe un acuerdo con lo formulado por Cattáneo (2002) al considerar los depósitos cuaternarios y pedimentos como “área de concentración de recursos;” aunque Cattáneo no destaca que estos niveles de pedimentos son los de mayor concentración sí aclara que son una mezcla de clastos de diferentes fuentes y que no permite establecer procedencias exactas.

Las fuentes de materias primas estudiadas A continuación detallo las características geomorfológicas, litológicas y paisajísticas de las fuentes de materias primas detectadas en torno a Cueva Maripe (Figura 3).

Cantera del Rojo (CDR) La Cantera Del Rojo es un afloramiento ubicado en los trabajos de campo realizados en 2003 y cuyo relevamiento

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Tabla 2. Áreas y porcentajes que ocupan las formaciones geológicas en el sector circundante a la Cueva Maripe. En la primera columna figuran los números con que son denominadas las distintas formaciones en la Hoja geológica (Panza 2001).

Figura 2. Porcentajes de representatividad de las distintas formaciones geológicas para el sector analizado. Darío Omar Hermo

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Figura 3. Ubicación de las fuentes de aprovisionamiento analizadas en relación a la ubicación de Cueva Maripe sobre mapa geomorfológico. El círculo representa un área de 10 km de radio teniendo como centro Cueva Maripe. Los grises representan la distribución de los diferentes recursos y geoformas: gris oscuro: mesetas altas; gris claro: zona de pendientes abruptas; gris medio: paisaje ondulante; gris claro: vegas y mallines; celeste: cuerpos de agua; y naranja: cuerpos de agua efímeros.

sistemático se llevó a cabo entre 2004 y 2005. Dichos trabajo fueron realizados en conjunto con Laura Miotti y, durante el relevamiento con estación total de 2005, con la asistencia de Antonio Ceraso (FCNyM-UNLP). Se trata de un crestón de ignimbritas de la Fm. Chön Aike que presenta diferentes grados de silicificación. Se encuentra a 47º 57’  48’’ S 68º 60’ 55’’ O y a una distancia de 10 kms lineales al sur de Cueva Maripe (Figura 3). El afloramiento abarca unos 300 metros de largo, con un espesor promedio de 4 metros y una altura que varía entre poco más de un metro en su sector Norte y alrededor de 10 metros en su sector Sur, donde forma un paredón (Figuras 4 y 5). Además de sus grandes dimensiones, lo que la convierte en la mayor fuente primaria de materia prima descrita en la arqueología de Patagonia, CDR posee como característica principal la gran variabilidad 186

macroscópica de las rocas que la componen con relación a colores (aunque prevalecen las tonalidades de rojo, violeta y marrón), grado de silicificación, tamaño de granos, y presencia de inclusiones. Estas características inciden en la variabilidad de la calidad para talla en sus diferentes sectores. Los negativos de lascado directamente sobre el filón y los productos de talla circundantes a este afloramiento indican que este locus fue un taller donde se realizaron las primeras etapas de descortezamiento y obtención de materia prima transportable (por ejemplo, lascas nodulares, clastos resultantes de la fragmentación natural del crestón). El área de cantera-taller relevada comprende unos 30000 m2. Se realizó un muestreo que, a pesar de ser de baja significación estadística, resultó de utilidad para comprender (aunque sea parcialmente) la variabilidad macroscópica de la roca y las actividades

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Figura 4. Crestón de CDR y dispersión de clastos y materiales.

Figura 5. Unidades de muestreo (UM) 1 y 2 en CDR.

hacen que el conjunto sea notoriamente visible desde las alturas inmediatas; su ubicación permitiría la intervisibilización hacia y desde lugares más lejanos, en particular hacia el sur de CDR, dirección en la que se extiende uno de los bajos importantes de la zona. El procedimiento de muestreo consistió en seleccionar dos unidades de muestreo (UM 1 y UM 2) de 1 m2, recolectándose todo el material superficial, incluyendo clastos naturales. La finalidad de esta selección fue conocer las formas de presentación de la materia prima como base para interpretaciones acerca de su selección y circulación, así como las actividades de talla involucradas en su uso en CDR y en Cueva Maripe. Por otro lado, se realizaron transectas paralelas al filón recolectando, únicamente, núcleos y clastos con negativos de lascado para complementar la información generada a partir de las unidades de muestreo.

de talla realizadas en uno de los sectores del afloramiento. La extensión y la forma del filón en torno al que se dispersa el material tallado

Cantera Rocky Esta fuente de aprovisionamiento se ubica a 47º  51’  3’’  S 68º  56’  13’’ O, frente a

Darío Omar Hermo

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Cueva Maripe, a escasos 100 metros, en el primer nivel de meseta de la ladera norte del Cañadón La Primavera (Figura 3). Es considerada como sub-aflorante, es decir, no se evidencia filón alguno, aunque por sus características y presentación se estima que la procedencia de los clastos es inmediata. Podría corresponder a una vena de pórfiro cuyo techo es el piso de este nivel aterrazado. La roca predominante es de color marrón oscuro, se encuentra muy silicificada y posee gran dureza pero se considera de buenas condiciones para la talla. El afloramiento se relaciona con un nivel de basalto Las Mercedes y es visible desde Cueva Maripe y desde algunos sectores altos del Cañadón La Primavera, aunque por ser sub-aflorante es necesario cierto conocimiento de su existencia para su ubicación desde otros puntos del cañadón. La accesibilidad al área de extracción es muy buena ya que no existen limitaciones que dificulten el acercamiento. Ocupa una extensión de 3500 m2; allí se realizaron muestreos con el objetivo de determinar si se representan actividades de talla distintas al aprovisionamiento. El muestreo fue similar al realizado en CDR, empleándose transectas y unidades de 1 m2 (Figura 6). En este caso se trazaron dos transectas sobre las que se seleccionaros cuatro UM (dos en cada transecta) para la recolección de artefactos y clastos naturales. Cantera del Verde (CDV) Se ubica a 47º  47’  45’’  S 68º  55’  26’’O; fue detectada en 2003 por Laura Miotti y relevada en años subsiguientes. Se trata de un pequeño afloramiento que no supera los 5 m2, aunque por observaciones de campo se ha estimado que se continúa de manera subaflorante en otros sectores de la lomada de la Formación Baqueró en la que se sitúa (Figura 7). La roca es una brecha silicificada cuyas coloraciones predominantes son el verde y el marrón (con tonalidades dife188

rentes). En torno al afloramiento y a favor de la pequeña pendiente se extiende un área con notoria presencia de artefactos tallados que incluye la utilización de otras materias primas que no afloran en las inmediaciones. Para efectuar el muestreo en CDV se utilizaron unidades de muestreo en tres zonas a diferentes distancias del afloramiento: una a menos de 1 metro, la segunda a 15 metros y la tercera a 30 metros desde el punto de mayor afloramiento desde la superficie. Tal diseño buscó obtener muestras de lo que a primera vista se percibieron como espacios diferenciales en cuanto a la frecuencia y distribución de las piezas de esta materia prima en el espacio, la distribución de los tamaños de los artefactos y la relación de artefactos de esta materia prima combinado con la presencia de materias primas extra-afloramiento. De esta manera el entorno de la CDV quedó conformado por un sector que podría caracterizarse como de aprovisionamiento directo en el espacio inmediato al afloramiento y sobre él, donde se planteó la UM; un sector intermedio donde se espera una mayor representación de actividades de taller, principalmente formatización inicial de núcleos (en este sector se ubicó la UM 2); y un sector de distribución más distante al afloramiento donde se observó una mayor variabilidad artefactual y la presencia de artefactos tallados en rocas diferentes a las aflorantes en CDV; aquí se ubicó la tercera unidad de muestreo. La presencia de CDV en el paisaje es, en una escala muy pequeña, no mapeable a nivel geológico por lo que no aparece en la cartografía (vg. hoja geológica). Aunque su ubicación en el faldeo del cerro hace que el lugar sea ubicable desde al menos 10 kms hacia el sur (por ejemplo, desde las laderas del Cañadón La Primavera) la visibilización del afloramiento sólo puede darse a unos poco metros. Aquí cabe una conjetura acerca de CDV y es el supuesto

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Figura 6. Vista de las unidades de muestreo 1 y 2 en Rocky; al fondo de la foto se aprecia Cueva Maripe.

Figura 7. Vista de CDV. El punteado marca la porción aflorante.

acerca del conocimiento específico de su localización que sería necesario para su aprovechamiento. En este sentido la alta densidad de material tallado en las adyacencias del afloramiento, así como la presencia de otros sitios arqueológicos en las cercanías, permite desechar la idea de la utilización casual o azarosa de CDV. Además, su encuadre en el paisaje resulta Darío Omar Hermo

llamativo por dos razones: por sus colores contrastantes con el sustrato sedimentario y por la ubicación de un chenque4 en sus 4 En Patagonia se conoce como chenque a las estructuras funerarias, empleando el término utilizado por los Tehuelche históricos para su denominación. Suelen presentarse en forma de apilamientos rocosos de alturas cercanas a 1 metro. 189

cercanías (denominado como chenque de La Dorita por la estancia en la que se halla). CDV se encuentra en las nacientes de un zanjón, al pie de un cerro mesetiforme en cuya cima hemos registrado un chenque, alrededor del que se observan artefactos y desechos de talla de la variedad verde de la brecha silicificada (Miotti, comunicación personal, 2003). Esta asociación espacial entre la ubicación de la cantera y la de la estructura funeraria será retomada más adelante. Cantera La Primavera-Pedimento 1 (LP-P1) Hacia la salida del Cañadón La Primavera, donde éste se abre hacia el Bajo Grande, a aproximadamente 5 kms hacia el NE de Cueva Maripe, existe una fuente secundaria de aprovisionamiento (Nami 1992) de nódulos de rocas silíceas con diferentes litologías y tamaños denominada LP-P1 (La Primavera-Pedimento 1). Se trata de la unidad geológica definida como “sedimentos que cubren niveles de pedimento” (Panza 2001) donde se ha detectado la

mayor variabilidad de materias primas aptas para la talla. En tanto se trata de un pedimento (Figuras 8 y 9) aglutina clastos provenientes de diferentes unidades geológicas y formaciones erosionadas o que se encuentran en ese proceso, lo que explica su variabilidad en rocas. Otra característica que dificultó su relevamiento es la gran extensión que ocupa, muchísimo mayor si se consideran los pedimentos adyacentes, correspondientes a otros niveles de terrazas pero que, según observaciones de campo, poseen litologías similares. Esta unidad es visible desde las alturas de las mesetas que rodean el Bajo Grande, incluyendo aquella cortada por el Cañadón La Primavera, desde Rocky y desde el cerro sobre cuyo faldeo se ubica CDV, aunque es discutible la identificación que se pueda realizar como fuente de materias primas. Las leves lomadas que forman estos pedimentos, observados desde los puntos mencionados (o desde otros igualmente distantes), no son distinguibles de otras por lo que es necesario conocer las propiedades de estos pedimentos para

Figura 8. Pedimento 1 de La Primavera: vista general. 190

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Figura 9. Detalle de clastos con lascados arqueológicos registrados en LP-P1.

poder ubicarlos desde lejos e identificarlos como fuentes de aprovisionamiento. El muestreo fue realizado siguiendo la propuesta metodológica de Franco y Borrero (1999; Franco 2002) diseñada para fuentes secundarias de materias primas. Con esta modalidad de muestreo no se pretende lograr un acercamiento estadísticamente relevante sino un conocimiento de la variabilidad litológica en cuanto a sus características físicas para la talla y a los tamaños en que se presentan los clastos. Durante 15 minutos 4 personas recogieron los clastos aptos para la talla. Si bien la corteza de los guijarros enmascara sus cualidades internas me vi obligado a mantener ese criterio debido a la imposibilidad de partir los guijarros in situ sin crear un nuevo registro.

Análisis morfológico de los materiales de las fuentes de aprovisionamiento A continuación presento la información obtenida a través del estudio de los artefactos y los elementos naturales enconDarío Omar Hermo

trados en las unidades de muestreo planteadas en las fuentes de materias primas. Cantera del Rojo (CDR) La muestra recuperada en las diferentes unidades de muestreo se muestra en la Tabla 3. Como rasgos generales de la muestra puedo mencionar la alta frecuencia de litos no modificados (LNM, 39.09%) y de artefactos no formatizados (36.97%); las masas de roca con evidencias de extracción de artefactos, es decir, los nódulos con lascados aislados (NLS) y los núcleos representan menos de 10% (6% y 0.3%, respectivamente). La mayor frecuencia de artefactos en la segunda transecta (TR 2) se debe a la estrategia de muestreo. El objetivo en la traza de esta última era recoger información sobre artefactos; por ello no se recolectaron fragmentos de roca que no evidenciaran actividad de talla. Los tres elementos determinados como LNM fueron verificados durante la etapa de análisis en laboratorio. Las características más relevantes de la muestra son (a) el único núcleo registrado muestra extracciones a partir de cuatro 191

plataformas diferentes y es de forma globulosa. Estas características permiten verlo como resultado de extracciones en el marco de una estrategia expeditiva/oportunística (Escola 2004) cuyos productos pueden haber servido como instrumentos o formas base; y (b) los NLS también muestran la extracción de lascas a partir de varias plataformas. El abandono de estos artefactos podría relacionarse con dos tipos de decisiones: la extracción oportunista de algunas lascas, aprovechando la forma original de los nódulos,

o el abandono por alguna eventualidad (características estructurales de las rocas, formas indeseadas de las extracciones, etc.) en la formatización de núcleos con diseño específico. Cantera Rocky En el caso de la cantera taller Rocky la muestra se compone de 72 elementos recogidos en 4 unidades de muestreo (Tabla 4). La clase artefactual con mayor representación es la de los litos no modificados (45.83%) mientras que los artefactos

Tabla 3. Frecuencias de clases artefactuales por transecta (TR) y unidad de muestreo (UM).

Tabla 4. Frecuencias de clases artefactuales por transecta y unidad de muestreo. 192

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no formatizados presentan una proporción similar, aunque algo menor (43.06%). Es destacable, en comparación con las demás canteras analizadas, la escasa presencia de artefactos formatizados y de nódulos con lascados sumarios, con solo un ejemplar para cada una de estas categorías. La relación espacial de cercanía con Cueva Maripe resulta llamativa a la luz de la visión económica del uso de los recursos, lo que me lleva a preguntar por qué siendo la fuente de aprovisionamiento más cercana al sitio no fue explotada en mayor medida que las más distantes; considerando que la disponibilidad y la calidad para la talla son buenas, la escasa presencia de esta ignimbrita silicificada frente a otras materias primas con posible aprovisionamiento a mayor distancia no puede ser sostenida desde una argumentación netamente económica. Sin embargo, esta incógnita puede ser planteada desde otra óptica que incluya los fenómenos sociales que pudieron haber orientado la selección de las materias primas líticas; es decir, ¿cuáles fueron y cómo actuaron los mecanismos sociales que hicieron que Rocky no fuera seleccionada de manera óptima, teniendo en cuenta las facilidades de acceso desde Cueva Maripe? Retomaré estos interrogantes más adelante.

Cantera del Verde (CDV) El conjunto relevado en CDV se compone de 216 piezas. La clase artefactual predominante es la de los artefactos no formatizados (51.85%), seguida por la de los litos no modificados (32.87%). Los elementos indiferenciados superan la suma de los artefactos formatizados y los nódulos con lascados sumarios. En la Tabla 5 se observan las frecuencias correspondientes a cada clase segregada por unidad de muestreo. Es posible ver, a través de la distribución de las clases en cada UM (Tabla 5), que en la primera de ellas (adyacente al sector aflorante de la roca) se encuentra la totalidad de los nódulos con lascados sumarios y no se han hallado artefactos formatizados; en las demás UM se da la situación inversa. Tal situación indica cierta organización recurrente del espacio así como la segregación espacial de parte de las actividades de talla en pequeña escala (un área de aprovisionamiento y otra de taller), lo que se traduce en una dinámica de tallado en los alrededores del afloramiento a partir de la adquisición de los clastos provenientes de la meteorización de la roca o de la extracción de lascas nodulares. El grupo de artefactos formatizados se compone de dos elementos definidos

Tabla 5. Frecuencias de clases artefactuales por unidad de muestreo. Darío Omar Hermo

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como muescas retocadas (uno de ellos tiene dos filos de este grupo tipológico), un bifaz y un raspador. Si bien el conjunto de artefactos formatizados es muy pequeño como para realizar inferencias fuertes la presencia de estos grupos tipológicos remite a determinadas actividades que no se relacionarían, directamente, con el aprovisionamiento de materias primas líticas. Las muescas y el raspador, en caso de haber sido utilizados in situ, podrían entenderse en el marco de actividades como preparación de intermediarios (tanto para la talla indirecta —cinceles— o como parte de enmangues), aunque por falta de análisis traceológicos estas ideas sólo pueden mantenerse como hipótesis a contrastar. El bifaz (así como las lascas de talla bifacial) puede ser entendido tanto en relación a las actividades mencionadas como a las tareas de talla desarrolladas en torno al afloramiento de Cantera del Verde o como elemento relacionado con el aprovisionamiento de materias primas cercanas. Cantera La Primavera-Pedimento 1 (LP-P1) A diferencia de las demás fuentes de aprovisionamiento analizadas LP-P1 es de tipo secundario. De esta particularidad se desprenden varias características distintivas como la génesis de esta cantera,

sus mayores extensiones (en este caso mapeables a escala geológica) y la forma de presentación de las materias primas. En cuanto a la litología es notable la diferencia con las anteriores canteras: en LP-P1 es muy variada mientras que en CDR, Rocky y Cantera del Verde las rocas muestran variaciones sólo en las tonalidades. Estas características hicieron que fuera necesaria la aplicación de una técnica de muestreo diferente que permitió la comparación entre los elementos muestreados con los de las demás fuentes. Pese a la implementación de este muestreo en el conjunto analizado quedó representada gran parte de la variabilidad en clases artefactuales presente en las demás fuentes de aprovisionamiento. La muestra se compone de 38 elementos: 34 (casi 90%) son litos no modificados; los cuatro restantes se reparten entre 3 nódulos con lascados sumarios (casi 7.9%) y un artefacto no formatizado (2.63%), como se observa en la Tabla 6. Las formas más redundantes en la morfología natural de los elementos en LP-P1 (Tabla 6) son clastos con redondeamiento (guijarros) y angulares (35.3% cada categoría). La frecuencia de artefactos es escasa (n=4). La totalidad de los nódulos con lascados sumarios fueron elaborados sobre la primera de estas morfologías. Entre las materias primas representadas

Tabla 6. Morfología de los artefactos y clastos naturales de LP-P1. 194

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existe una cierta variedad (amplia en relación a las demás canteras analizadas), aunque predominan ignimbritas de coloraciones ocres y rojizas, emparentadas con las de Cantera del Rojo y representadas en Cueva Maripe (Hermo 2008a).

Aprovisionamiento y circulación el el paisaje del Nesocratón del Deseado Los distintos análisis y observaciones realizados permiten establecer una serie de ideas acerca de la estructura regional de los recursos líticos (Tabla 7). La búsqueda de respuestas sobre la utilización no intensiva de Rocky (idea que se basa en la comparación con Cantera del Rojo y Cantera del Verde y con los conjuntos artefactuales de Cueva Maripe) debe realizarse en relación con las características de la forma de presentación y de la calidad para la talla de la roca, así como en los mecanismos de aprovisionamiento y su interrelación con otras actividades de subsistencia, incluyendo aquellas de generación o

intercambio de información ambiental y social. La preferencia por aprovisionarse de rocas tallables en lugares diferentes al del espacio de actividades domésticas establece un circuito entre lugares, aunque de cercano alcance, que permite captar diferentes tipos de información acerca del estado de los recursos, así como de su utilización reciente por parte de gente del grupo residencial o de grupos vecinos (Ingold 1986; Gamble 1992).

Entre las rocas del conjunto artefactual de Cueva Maripe las relacionables con la brecha de Cantera del Verde están representadas por un grupo minoritario de artefactos. Cantera del Verde se muestra en relación a las demás canteras (principalmente con Rocky) como con un uso repetido, posiblemente en diferentes momentos. Esta utilización puede relacionarse con la calidad (de buena a muy buena, preponderantemente) y el tamaño de los clastos (mayores que los de los

Tabla 7. Características generales de la forma de presentación y de las rocas presentes en los sitios canteras utilizados. Darío Omar Hermo

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artefactos formatizados), lo que los ubica como masas suficientes para la extracción de formas base. La ubicación de Cantera del Verde en el paisaje, a los pies de un cerro mesetiforme en cuya cima se encuentra un chenque en torno al que se hallan productos de talla que corresponden a la variedad verde de la brecha silicificada de Cantera del Verde, pone en relación esta fuente de recursos líticos con un espacio destinado a prácticas mortuorias. La falta de datos cronológicos absolutos acerca de la relación de coexistencia entre el chenque y el aprovechamiento de Cantera del Verde no quita lugar a esta concurrencia de actividades, en principio diferenciales, en una pequeña porción del paisaje. La presencia de, al menos, un evento de talla asociado de manera demarcada al chenque de La Dorita evidencia tal interrelación espacial en algún momento de la larga historia ocupacional de la región. Esta convergencia espacial puede ser interpretada como parte de una relación simbólica entre el ciclo vida-muertevida (Carden 2007 y bibliografía allí citada) y la roca de Cantera del Verde utilizada en las actividades de extracción, formatización y uso de artefactos. En un paisaje abundante en rocas de calidad la preferencia por la utilización de Cantera del Verde se explica insuficientemente o de modo muy parcial en términos económicos. Si a esta composición de elementos del paisaje se agrega la baja visibilidad en el terreno que posee el sector aflorante de la brecha de Cantera del Verde (unos pocos metros cuadrados, lugar pasible de una explotación no 196

oportunística) debería contarse con el conocimiento acerca de su ubicación y disponibilidad de roca. Estas características realzan el interjuego relacional entre la cantera-taller y la estructura funeraria en un paisaje social y simbólico donde la mutualidad en la presencia de estos rasgos les añade valor de uso y carga simbólica. Dado que hasta el momento no se ha obtenido información que permita establecer qué relación cronológica existió entre el aprovisionamiento en Cantera del Verde y la producción del chenque no se puede descartar la idea contraria, es decir, que el emplazamiento de este último fuera pensado en función que allí estaba esa roca verde, brillante, puntualmente distribuida y en más cargada de simbolismo que las materias primas de mayor distribución. Consideraciones similares podrían plantearse para Rocky por sus dimensiones y cercanía a Cueva Maripe, aunque en este caso con connotaciones diferentes. Sin embargo, la caracterización de este último sitio como espacio doméstico donde también se realizaron actividades rituales (Carden 2007; Hermo 2008a) hace que no se cumplan los mismos tipos de relaciones que las mencionadas para Cantera del Verde. La baja frecuencia de artefactos realizados en la ignimbrita de Rocky registrada en Cueva Maripe no permite establecer relaciones específicas con ninguna de las actividades llevadas a cabo en el abrigo rocoso. La idea de su uso menos frecuente deberá ser evaluada a partir de mayor información a escala local. Recientes estudios realizados en los sitios arqueológicos

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La Quinta y La Playita (Magnín 2009) tampoco han mostrado un uso relevante de la roca aflorante en Rocky. La ubicación de Cantera del Rojo y del pedimento LP-P1 en áreas ambientalmente diferentes al Cañadón La Primavera es una de las bases de la idea de aprovisionamiento ligado a la captación de recursos e información. Es posible acceder a Cantera del Rojo atravesando la meseta compuesta por extensas pampas con pastizales de veranada y pequeños cuerpos lagunares efímeros que se extiende hacia el sur del cañadón. Además, a 100 metros se ubica un pequeño abrigo rocoso (Cueva de Aquilino), equipado con leña permanente por pobladores locales. Entre Cantera del Rojo y esta cueva nace un pequeño valle alimentado por un manantial activo. Estos rasgos permitirían aprovisionamiento de agua y condiciones de abrigo a quienes utilizaran la cantera. En este espacio se registraron concentraciones de artefactos líticos en un punto del paisaje intermedio entre varias localidades de áreas de actividades múltiples y específicas como Cueva Maripe y el casco de las estancias La Primavera, La Lotita y Las Mercedes. Cantera del Rojo se ubica sobre la pendiente sur de dicha meseta, pudiéndose visualizar gran parte del bajo que se abre en esa dirección. El pedimento LP-P1, en cambio, se ubica hacia la desembocadura del cañadón hacia el Bajo Grande, una amplia extensión en cuyo límite norte se ubica Cantera del Verde. Estos circuitos —Cueva Maripe-Cantera del Rojo y Cueva Maripe-Pedimento LP-P1-Cantera Darío Omar Hermo

del Verde, de aproximadamente 12 y 7 kms, respectivamente— no sólo permitirían el aprovisionamiento de una gran variedad de rocas sino una interdigitación con otras actividades que anularía, relativamente, la potencialidad de Rocky. En otras palabras, la desestimable distancia entre esta última cantera y Cueva Maripe podría haberla situado como opción relegada para el aprovechamiento en tanto significaría una diversificación de actividades y un flujo de información muy bajos respecto de la cueva. Palabras finales El Nesocratón del Deseado conforma un paisaje geológico que puede ser considerado como una “gran cantera” debido a la presencia mayoritaria de formaciones geológicas que contienen rasgos geomorfológicos que presentan rocas de aptitud para la talla en una variada gama de litologías, formas de presentación y calidades para ese fin. El Cañadón de La Primavera y sus alrededores, además de presentar cierta variabilidad ambiental, presentan diversidad en riqueza geológica y en su relación con otros sitios y fuentes de rocas y minerales. La aplicación de las técnicas de SIG ha permitido una aproximación a la estructura de los recursos líticos ya que permitió calcular la presencia y representación de las diferentes formaciones geológicas en ese ámbito. A partir de la detección y análisis de las fuentes de aprovisionamiento (de las que aún podrían faltar muchas por conocer) pude identificar cómo se distribuyen y se visualizan en el paisaje las materias primas líticas, captando parte de esa variabilidad que incluye afloramientos de tamaño reducido, como Cantera del Verde, hasta de 197

miles de metros cuadrados, como Cantera del Rojo o el pedimento LP-P1; esta variación ocurre en un radio de 15 kms tomando como centro Cueva Maripe. Esta disposición se traduce en una disponibilidad también variable. Las rocas presentes en cada una de estas canteras son diferentes: en Cantera del Verde aflora una brecha silicificada de tonalidades verde a castaño; en Cantera del Rojo lo hace una ignimbrita riolítica soldada de coloraciones muy variadas (rojizas, castañas, violáceas); en Rocky se presenta de manera subaflorante una ignimbrita silicificada de tonalidad marrón; el pedimento LP-P1 congrega litologías muy diversas en forma de guijarros de diferentes tamaños con desarrollo de corteza mientras en las demás canteras predominan los clastos de variados volúmenes derivados de la fragmentación de los afloramientos. La observación microscópica de cortes delgados de artefactos de Cueva Maripe (Hermo 2008a) permitó ligar las materias primas con la que fueron elaborados con la de todas las canteras detectadas; aunque la confiabilidad de tales atribuciones se ve disminuida por dos hechos: (a) la posibilidad de existencia de canteras de la misma litología en zonas cercanas al Cañadón La Primavera5 y (b) la existencia de fuentes secundarias como concentradores de rocas de diferentes orígenes. Más allá de esta última consideración los estudios presentados en este trabajo resultan un avance en el conocimiento de la estructura regional de los recursos líticos. El aprovechamiento de las rocas también varía en cuanto a su intensidad (cuyos extremos constituyen Cantera del 5

Los próximos trabajos estarán dirigidos a la aplicación de técnicas (florescencia de rayos X, activación neutrónica) que permitan afinar la definición de la relación artefactos/canteras en el paisaje volcánico del Nesocratón del Deseado.

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Rojo y Rocky mientras que para el pedimento LP-P1 no se ha podido evaluar) como en el tratamiento de las masas rocosas que contempla la extracción de lascas a partir de nódulos con lascados sumarios como parte de preparación fallida de núcleos o para su utilización como formas base, forma que también se ha observado en Cantera del Rojo. La selección de clastos de gran tamaño dentro de la variabilidad dimensional natural dentro de cada cantera para las actividades de talla recién detalladas es la tendencia general de aprovisionamiento en las fuentes analizadas. Estos aspectos se integraron con las relaciones espaciales que se pueden trazar a partir de la ubicación de estas fuentes con otros elementos culturales y simbólicos del paisaje. Teniendo en cuenta estas consideraciones se genera un escenario donde las fuentes de aprovisionamiento dejan de ser sólo un lugar de acopio y explotación de rocas de determinadas características para ser un espacio donde los grupos humanos intercalan el aprovisionamiento con otras prácticas no necesariamente ligadas a la subsistencia (Gould y Saggers 1985). Los casos Cantera del Verde (y su relación con la estructura funeraria chenque de La Dorita) y Rocky (aunque ubicado frente al sitio abrigado más relevante del Cañadón por sus dimensiones, presencia de arte rupestre y redundancia ocupacional no muestra evidencias de uso intensivo) resultan ejemplos evidentes de que el uso de las materias primas no se relaciona, solamente, con los “costos” del aprovisionamiento sino que se inserta, además, en una red de relaciones sociales y simbólicas. ¿Cómo se integran las fuentes de aprovisionamiento analizadas en un esquema de circulación de materias primas? A diferencia de lo que sucede con Rocky y Cantera del Verde la ignimbrita de Cantera del Rojo puede ser encontrada en el pedi-

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mento LP-P1 en forma de guijarros con clara meteorización distinguible como corteza. En la formación de este pedimento interviene la disgregación de las rocas de las formaciones circundantes de las cuales Cantera del Rojo forma parte, lo que permitió que ese tipo de ignimbrita generada por los mismos eventos de vulcanismo también exista en los pedimentos por la disgregación de una matriz con las mismas características que Cantera del Rojo pero que no se ha detectado o que pudo haber desaparecido en su totalidad. Cantera del Rojo y LP-P1 cuentan con incalculables volúmenes de rocas de buena calidad, aunque con algunas diferencias. En Cantera del Rojo pueden obtenerse masas con tamaños suficientes para la manufactura de cualquier artefacto tallado de los conocidos en Patagonia con el plus de la posibilidad de desprender directamente del crestón bloques con tamaños aún mayores que el de los clastos dispersos. El pedimento LP-P1 brinda la posibilidad de obtener guijarros de dimensiones variadas y de diferentes tipos de rocas. Cantera del Rojo, Cantera del Verde y Rocky comparten la continuidad espacial con áreas que muestran actividades diferentes a las del aprovisionamiento (descarte de artefactos de diversa morfología y diferentes grados de diseño confeccionados en materias primas extrañas a la fuente de aprovisionamiento considerada). Esta característica no ha sido detectada en LP-P1 posiblemente por la dificultad de visibilidad en áreas extensas como las que ocupan los pedimentos y porque los muestreos han sido desarrollados sobre superficies no representativas para estas formaciones. Sabiendo que los sitios que reflejan actividades múltiples y con gran densidad artefactual se ubican, en gran medida, en superficies arenosas (Magnín 2004, 2005) también es posible establecer a nivel inferencial la ubicación de estas Darío Omar Hermo

áreas que acompañan las actividades extractivas en los alrededores de las zonas de pedimentos como parte de una estrategia de aprovisionamiento observada a nivel regional. La información aquí presentada permite integrar aspectos del aprovisionamiento de rocas que no suelen ser considerados desde ópticas funcionalistas y/o economicistas y que se relacionan con la ubicación, visualización y contextualización de las canteras en el paisaje, no vistas ya como meras fuentes de aprovisionamiento sino como espacios simbolizados por las sociedades cazadoras-recolectoras que ocuparon la región y explotados en el marco de sus cosmovisiones. La selección de rocas para la manufactura de determinados artefactos estaría dada tanto por las propiedades intrínsecas de las materias primas como por la valoración cultural otorgada a las rocas y a los espacios y formas como se disponen naturalmente. Las peculiaridades en cuanto a litología, estética (brillo, color, textura, etc.), morfología, calidad para la talla y emplazamiento de las canteras cercanas a Cueva Maripe deben haber sido valoradas en el mundo de las ideas de los cazadores-recolectores que las utilizaron, posiblemente en vinculación con los seres de diferente índole (humanos, no humanos, ancestrales, etc.) que componían el paisaje cultural de estas gentes y que establecían relaciones de poder con determinados rasgos de ese paisaje (Hermo y Miotti 2007). La información presentada en este artículo permiten ampliar el espectro de consideraciones que los arqueólogos debemos tener en cuenta a la hora de evaluar el abanico de elecciones hechas por los grupos humanos del pasado para seleccionar y utilizar rocas. Agradecimientos Para la realización del este trabajo conté con la colaboración de Pilar Moreira, 199

Silvia Carrasquero, Juan Carlos Gómez y Lucía Magnín, por lo cual les agradezco profundamente. También agradezco a Laura Miotti, Mariano Bonomo y Martín Vázquez, quienes leyeron versiones preliminares y aportaron valiosos comentarios. Las evaluaciones anónimas permitieron mejorarlo en varios aspectos. Los trabajos de campo y análisis se desarrollaron

gracias al apoyo económico de diferentes entidades (CONICET, SeCyT, FCNyM y UNLP), así como por la ayuda de los pobladores de la Meseta Central de Santa Cruz y de la comunidad de Pico Truncado. Más allá del respaldo mencionado las ideas aquí expuestas son de exclusiva responsabilidad del autor.

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RESEÑAS / RESENHAS Nossa origem. O povoamento das Américas. Visões multidisciplinares, editado por Hilton Silva e Cláudia Rodrigues-Carvalho (Vieira e Lent Casa Editorial, Rio de Janeiro, 2006). Resenhado por Lucas de Melo Reis Bueno (Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos, Universidade de São Paulo). Variabilidade tecnológica nos sítios líticos da Região do Lajeado, Médio Rio São Francisco de Lucas de Melo Reis Bueno (Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, Suplemento 4, Universidade de São Paulo, 2007). Resenhado por Águeda Vilhena Vialou (Muséum National d’Histoire Naturelle, Département de Préhistoire, Paris). Temas de arqueología: estudios tafonómicos y zooarqueológicos (vol. 1), editado por Alejandro Acosta, Daniel Loponte y Luciano Mucciolo (Instituto Nacional de Antropología y Pensamiento Latinoamericano, Buenos Aires, 2008). Reseñado por Pablo M. Fernández (CONICET-INAPL). Entre la tierra y el agua. Arqueología de humedales de Sudamérica, editado por Daniel Loponte y Alejandro Acosta (Asociación Amigos del Instituto Nacional de Antropología y Pensamiento Latinoamericano, Buenos Aires, 2008). Reseñado por Vivian Scheinsohn (CONICET/ INAPL). Os ceramistas Tupiguarani. Sínteses regionais (Vol. 1), editado por André Prous e Tânia Andrade Lima (Sigma Editora/IPHAN, Belo Horizonte, 2008). Resenhado por Camila Jacomé (Museu de História Natural, Universidade Federal de Minas Gerais). Arqueologia da Amazônia Ocidental: os geoglifos do Acre, editado por Denise Schaan,

Alceu Ranzi e Martti Pärssinen (EDUFPA/ Biblioteca da Floresta Marina Silva, Belém/ Rio Branco, 2008). Resenhado por Mariana Petry Cabral (Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá). Das pedras aos homens. Tecnologia litica na arqueología brasileira, editado por Lucas Bueno y Andrei Isnardis (Capes, Fapemig y Argumentum, Belo Horizonte, 2007). Reseñado por Luciano Prates (CONICET, Facultad de Ciencias Naturales y Museo, Universidad Nacional de La Plata).

Objetos alheios, histórias compartilhadas: os usos do tempo em um museu etnográfico. Andrea Roca (IPHAN, Brasilia, 2008). Reseñado por Angélica Núñez (Universidad del Cauca

Nossa origem. O povoamento das Américas. Visões multidisciplinares, editado por Hilton Silva e Cláudia Rodrigues-Carvalho (Vieira e Lent Casa Editorial, Rio de Janeiro, 2006). Resenhado por Lucas de Melo Reis Bueno (Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos, Universidade de São Paulo). Antes de tudo, o livro Nossa origem é no mínimo muito bem vindo por, pelo menos, dois motivos: 1) abordar velhos problemas sobre novas perspectivas e com isso contribuir de fato para o avanço da discussão a respeito da ocupação da América; e 2) apresentar ao publico em geral, mas também à academia, um trabalho multidisciplinar que incorpora

abordagens pouco freqüentes no estudo da pré-história brasileira, trazendo à tona a diversidade de vestígios e informações presentes no registro arqueológico, mas que por desconhecimento, descaso ou falta de preparo acaba muitas vezes sendo relegada ao esquecimento, não coletada ou registrada. Esse segundo ponto representa uma contribuição que merece destaque no âmbito de uma disciplina que ainda se encontra em formação no Brasil, mas que passa por um momento delicado em função da sua crescente associação com uma economia de mercado que interfere cada vez mais na definição dos métodos, técnicas e rumos da pesquisa arqueológica no Brasil. O livro é, em parte, resultado do seminário Origens do Homem Americano, realizado em 1999 e coordenado por Hilton Silva e Claudia Rodrigues-Carvalho, do Setor de Antropologia Biológica do Departamento de Antropologia do Museu Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ele é composto por nove capítulos que abordam a questão do povoamento das Américas a partir de diferentes categorias de vestígio e de diferentes perspectivas, enfatizando a contribuição da Antropologia Biológica para a discussão deste tema. Todos os capítulos foram escritos por especialistas, conferindo ao livro robustez e atualidade na apresentação e discussão dos dados. Ao longo desses nove capítulos são discutidas as implicações e influências dos avanços ocorridos em diversas disciplinas. Walter Neves aglutina e compara as pesquisas recentes sobre biologia molecular e antropologia física, ressaltando a oposição entre os resultados obtidos por ambos no que tange à antiguidade e dinâmica do processo de ocupação da América. Pedro Cabello apresenta os pressupostos e procedimentos gerais utilizados no estudo da genética de populações e suas 206

possíveis contribuições na determinação da origem do Homem Americano. Marta Lahr e Roberta Guimarães Souza trazem uma importante contribuição ao contextualizar a ocupação da América no processo global de dispersão da espécie humana, associando assim o tema à discussão sobre origem e dispersão da diversidade humana no planeta, o que amplia significativamente a escala de abordagem dessa questão. Adauto Araújo, Marcelo Gonçalves e Luiz Fernando Ferreira discutem a relação e implicação dos estudos sobre paleoparasitologia no estudo de migrações pré-históricas, ressaltando a existência de evidências que apontam para utilização de diferentes rotas no processo de colonização da América, dentre as quais figura uma possível migração transpacífica. No entanto, os dados apresentados, apesar de oferecerem uma argumentação contundente sobre a utilização de rotas alternativas ao estreito de Behring, carecem de associações cronológicas claras. Adilson Salles, Sheila Mendonça de Souza e Valéria Braz discutem a contribuição da reconstrução de faces como uma ferramenta importante não só no encaminhamento de discussões científicas, mas principalmente para divulgação dessas discussões para o grande público. Completando a obra, além destes capítulos relacionados a abordagens inseridas no escopo da antropologia biológica, há capítulos que discutem o estágio atual da pesquisa na arqueologia e a contribuição da linguística para o estudo do povoamento da América. No primeiro caso, Tânia Andrade Lima ressalta a fragilidade atual do Modelo Clovis First, mas mais que isso, aponta para a necessidade de mudança de paradigmas, enfatizando tópicos que investiguem a diversidade e variabilidade associada ao processo de ocupação da América. Isso envolve um distanciamento da discussão quase onipresente sobre anti-

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guidade da ocupação do continente, para temas que envolvem padrões de mobilidade, diversidade cultural, estratégias de subsistência e ritmo, direção e alcance dos deslocamentos associados aos primeiros habitantes do continente. No segundo caso, Luciana Storto e Bruna Franchetto apresentam de forma clara e concisa os pressupostos dos métodos utilizados pela lingüística para reconstrução e agrupamento da diversidade lingüística identificada no continente americano. Através dessa apresentação discutem criticamente os fundamentos e resultados do Modelo de Greenberg, apontando os limites da história lingüística e a importância do estabelecimento de um diálogo interdisciplinar para obter um avanço concreto na discussão da ocupação da América. Como não poderia deixar de ser, todos os artigos passam de uma forma ou de outra por três questões principais: antiguidade da entrada inicial no continente, motivos ou razões para a variabilidade biológica identificada entre as populações que ocuparam e ocupam o continente atualmente, e legitimidade do modelo Clovis First. Essas três questões, de fato, não apresentam nada de novo, sendo parte da discussão da ocupação da América desde pelo menos meados do século XIX. No entanto, como dissemos anteriormente, o que muda e que representa a grande contribuição desta obra é a apresentação de uma grande diversidade de evidências disponíveis para discussão dessas questões a partir dos avanços realizados pela antropologia biológica nos últimos anos. Além disso, o fato dessas visões estarem aglutinadas numa mesma obra e não dispersas em publicações específicas possibilita a comparação entre os resultados obtidos a partir de evidências e análises independentes, o que contribui para um avanço real na discussão sobre a ocupação do continente. Reseñas / Resenhas

Com essa composição, esta obra deve ser utilizada como referência para a divulgação das possibilidades de abordagens atualmente em curso no estudo sobre o povoamento da América, atendendo um público amplo e principalmente estudantes no nível de graduação em arqueologia e ciências afins. A estrutura dos capítulos reforça essa indicação na medida em que envolve sempre uma parte inicial que apresenta os fundamentos, métodos e objetivos de cada abordagem, seguidos de uma discussão sobre suas implicações e resultados no estudo da ocupação da América. Nesse sentido é um ótimo livro de divulgação, pois apresenta de forma sucinta diferentes propostas e diferentes formas de investigação da ocupação da América. Outro aspecto relevante nesse mesmo sentido é que todos os capítulos ressaltam a complexidade do estudo desse processo e apresentam prós e contras a respeito das abordagens apresentadas. Todos os capítulos ressaltam que este é um conhecimento em construção, que há evidências contraditórias até mesmo quando lidamos com a mesma categoria de evidências. Apesar de reforçar essas contradições, há um consenso nesta obra: há evidências suficientes, embora não conclusivas, para o questionamento do Modelo Clovis First; não é mais possível sustentá-lo como paradigma único e absoluto para o estudo da ocupação da América e novas evidências e propostas não podem mais ser eliminadas ou descartadas a priori por não se encaixarem às expectativas formuladas por tal modelo. Ou seja, o consenso envolve a constatação de que o modelo vigente construído praticamente desde o início do século passado não se sustenta, embora não haja, hoje, outro modelo capaz de ocupar seu lugar. Mas talvez esta nem seja a questão e o objetivo das discussões atuais que apontam para a existência de 207

uma diversidade de processos simultâneos, de rotas alternativas e da adoção de estratégias adaptativas singulares.

Variabilidade tecnológica nos sítios líticos da Região do Lajeado, Médio Rio São Francisco de Lucas de Melo Reis Bueno (Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, Suplemento 4, Universidade de São Paulo, 2007). Resenhado por Águeda Vilhena Vialou (Muséum National d’Histoire Naturelle, Département de Préhistoire, Paris). O suplemento 4 da Revista do MAE/ USP, baseado e publicado imediatamente após a defesa de tese de doutorado de Lucas de Melo Reis Bueno, propicia uma real atualidade à pesquisa elaborada no Estado de Tocantis (Brasil) e ao tipo de trabalho de salvamento de uma Usina Hidrelétrica (UHE) acrescida de resultados obtidos pela análise tecnológica do material lítico. A adaptação metodológica empregada permitiu a Lucas Bueno alcançar excelentes resultados e ser este trabalho um modelo não somente para uma região ainda nova de pesquisas arqueológicas. É uma aplicação das teorias do design e da performance numa análise de indústrias líticas com artefatos expeditivos e curados da região do Lajeado, Estado de Tocantins e a coleção estudada é coerente e testemunho de ocupações pré-históricas holocênicas anteriores à colonização. O livro contém oito capítulos, uma excelente bibliografia e oito anexos. Das 200 páginas, de texto, os capítulos seis, sete e oito totalizam 123 páginas e são referentes à análise interpretativa dos vestígios estudados dentro de seu contexto. No capítulo um, intitulado Sobre a Variabilidade Artefatual e os Conceitos da Tecnologia: Cadeia operatória, Teoria do Design, Bueno propõe a orientação teórica208

metodológica baseada em correntes norteamericanas (Binford, Schiffer, Skibo, Torrence, entre outros). As primeiras 60 páginas referem-se às explicações teóricas e metodológicas empregadas. Há uma argumentação bem fundamentada relativa aos objetivos dessa pesquisa. Trata-se do estudo do material lítico proveniente de um número importante de sítios arqueológicos de configurações distintas, quanto às suas localizações, em vertentes, cimo, terraços, vales, apoiando-se sobretudo em sítios a céu aberto, apenas um em abrigo, e podem ser tanto sítios de superfície como sítios com sobreposições de ocupações em estratigrafia. Com muita clareza essa exposição do tema, e de como ele será tratado, torna-se comprovada ao longo de seu texto: a variabilidade artefatual, os conceitos de tecnologia, variabilidde das indústrias líticas do Brasil Central. No segundo capítulo é feita uma síntese engajada e crítica dos trabalhos arqueológicos realizados no Brasil Central, caracterizando os padrões tecnológicos em relação aos períodos cronológicos. No terceiro capítulo, Bueno trata do contexto ambiental e arqueológico da área do Lajeado, com o histórico dos procedimentos das pesquisas e as caracterizações dos sítios em cada subárea: Miracema do Tocantins, Lajeado/Mares, Pilões/Surucuiu, Mirindiba e Capivara, perfazendo um total de 114 sítios. Desses sítios, suas dimensões são variáveis e a dispersão dos vestígios pode ir de 300 m2 a 70000 m2. As coletas não homogeneizadas, foram para certos casos a causa das disparidades quantitativas nas coleções estudadas onde a maioria dos sítios têm menos de 500 peças e uma minoria com mais de 1000. Os critérios estabelecidos para a designação de um sítio não ficaram claramente definidos, a ponto que o autor se surpreende pela frequência de sítios dispostos em média a cada 1 km. Um

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dos exemplos poderia ser Miracema 1 e Miracema 2, um com 10800 peças e outro com 663 peças. Por suas proximidades e pelas áreas de sondagem poderia ser um único sítio. Essa questão só pode ser verificada in loco e pelos métodos empregados na prospecção. No entanto, ela é fundamental para a argumentação relativa aos espaços habitacionais. No capitulo quatro, são expostos todos os critérios metodológicos de estudo de material lítico. Inicialmente foi estabelecida uma grande variedade de variáveis na ficha de análise da indústria lítica (expostas no anexo 3). Visto o número importante de peças de dimensões inferiores a 2 cm, mais de 10000 peças, a análise de certos atributos, tornou-se impraticável e alguns deles não foram considerados. Já para o estudo dos artefatos, cerca de 1 milhar de peças, é tratado no anexo 4 a ficha descritiva, matéria-prima, suporte, gumes, retoques, percutor, função. No anexo 5 é tratado os critérios da análise quantitativa, seus atributos, como extensão do retoque, delineamento do gume. Os artefatos foram cuidadosamente estudados, resultando em tres categorias de tipos de artefatos: formal padronizado, formal não-padronizado e informal. O objetivo dessa pesquisa não é o objeto lítico em si, mas toda a sua história, desde a seleção, produção, distribuição, utilização, funcionalidade e descarte. Citando a página 59: “O princípio da metodologia da análise (é de): definir associações, agrupar vestígios, caracterizar cada conjunto e agrupá-los. Nos sítios estratificados as associações e os agrupamentos privilegiaram o aspecto temporal enquanto que nos sítios de superfície foi privilegiado o aspecto espacial”. No estudo da variabilidade tecnológica da indústria lítica, o autor insiste também na importância que tem os tres conceitos: cadeia operatória, característica da performance e organização tecnológica. Reseñas / Resenhas

No quinto capitulo, o autor reúne a descrição dos sítios, localização, estratigrafia, datações e a distribuição do material lítico. Ficam em destaque os sítios Miracema do Tocantins 1 e 2, Mares 2 e Capivara 5, situados em paleoduna, e Lajeado 18, situado em morrote. Todos apresentam ocupações em estratigrafia associadas a três grandes períodos: a) Horizonte 1 - Holoceno Inicial, entre 10500 e 9000 anos AP; b) Horizonte 2 - Holoceno Médio, entre 6000 e 3800 anos AP; e c) Horizonte 3 - Holoceno Recente, ao redor de 2000 anos AP. No capítulo seis, os demais sítios de superfície são analisados e foram as classificações tecnológicas estabelecidas aos artefatos nos sítios com ocupações em estratigrafia e datados que permitiram por extensão identificar os mesmos padrões de elaboração de artefatos e de seleção e escolha de matéria prima que ocorrem unicamente nos grupos do Holoceno Inicial. A matéria prima é o elemento determinante nesse estudo. Enquanto tipo de rocha, sua qualidade, sob forma de seixos em cascalheiras do rio Tocantins ou em afloramentos areníticos da Formação Pimenteiras, está comprometida na escolha do suporte, nos tipos de lascas. Por exemplo, os artefatos formais padronizados provém do arenito silicificado fino e de lascas grandes, de comprimento duas vezes maior que a largura e espessas. São as lascas laminares robustas. Astuciosamente, alguns grupos pré-históricos utilizaram também os seixos com uma superfície plana, com os mesmos requisitos volumétricos das peças obtidas pelo lascamento. A presença do córtex foi bastante estudada, explicando em parte a facilidade na apreensão de certos artefatos. Essa análise mostrou também que no Horizonte 1 a maioria das lascas eram acorticais. Da mesma forma, os talões dos artefatos formais padronizados são preparados, facetados, enquanto que 209

nos demais artefatos eles são corticais ou lisos. Enfim, foram efetuadas correlações exaustivas entre os tamanhos das peças, a quantificação da presença do córtex, os tipos de retoques e sua distribuição nos gumes para determinar amplas classes de artefatos onde se tornam elementos chaves o módulo volumétrico (a partir dos estudos de Emílio Fogaça no vale do Peruaçu), de prisma triangular, trapezoidal, elipsóide, acrescido do tipo de delineamento do gume, reentrâncias, bico, convexo. Os resultados obtidos envolvem Horizontes de mais de 2 milênios, em uma mesma área geográfica, podendo corresponder a um mesmo território com ocupações contínuas e contemporâneas. Os capítulos sete e oito sintetizam as propostas do autor que retoma o conjunto de dados e insiste nas variabilidades encontradas por áreas e Horizontes, sendo o Horizonte 1, aquele que se distingue dos demais pela seleção da melhor matériaprma, a mais homogênea, e consequentemente pelos artefatos padronizados: face inferior plana (base), face superior prismática, bordos laterais retocados paralelos ou subparalelos. São objetos que foram concebidos através de um tamanho volumétrico e esse módulo é mantido apesar dos reavivamentos para a reutilização do artefato. Seriam peças com funções de trabalho, de preparo de outros objetos provavelmente em madeira e osso. Nesse sentido, é previsto ser um instrumento que se transporta, que tenha mobilidade; seriam os toolkits dos caçadores coletores. Os Horizontes 2 e 3, embora abranjam dois grandes períodos do Holoceno, o Médio e o Recente, não possuem nada que os singularize dentre os artefatos formais não padronizados e os informais. É claro, pois a partir do momento em que não se distinguiu uma padronização dos artefatos e que a classificação deles foi bastante geral, englobando diversos critérios. Já 210

no período ceramista, de 1900 a 480 anos atrás, observou-se a presença de alguns artefatos não padronizados, mas de elaboração cuidadosa e em rocha de melhor qualidade, tal como se fazia há mais de 8000 anos atrás. Lucas Bueno valorizou bastante a matéria prima não só como elemento determinante para a escolha de certos artefatos, mas também como área de exploração das rochas. Permitiu assim localizar os sítios de exploração da matéria prima e distinguir os sítios de ocupação permanente dos sítios de passagem. Levantou a hipótese de possíveis “saques” de artefatos bem elaborados dos primeiros ocupantes efetuados pelos reocupantes mais recentes do mesmo sítio que ignoravam a padronização dessa tecnologia. Essa é uma questão a ser verificada por meio de eventuais pátinas diferenciais nos gumes e em retoques, oriundas da reutilização das peças, além de uma possível retomada e repetição do modelo nas peças. Seriam bem-vindos mais quadros sintéticos e iconografias que completariam a leitura desse brilhante texto: algumas tabelas resumindo os dados de base dos sítios, suas localizações, a totalidade das datações e o número de peças estudadas; assim como, ilustrações esquemáticas dos critérios que serviram para discriminar os artefatos. Mas isso pode ser feito em artigos futuros. As diferenças dos padrões tecnológicos do período do Holoceno Inicial aos demais períodos mais recentes são marcantes. Outros procedimentos de análise tornamse necessários para o estudo preciso desse material lítico (dos Horizontes 2 e 3), distinguindo-o e colocando-o independente do precedente, ( o Inicial, Horizonte 1), a fim de evitar as comparações entre a melhor escolha, o melhor acabamento.... Esse trabalho revelou a necessidade de questionar a razão da atual escolha

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de classes de artefatos uma vez que há artefatos formais mas que não foram padronizados, suas circuntâncias, seus objetivos, associada aos tipos de hábitats, aos comportamentos sócio-econômico através de seus modos de subsistência. De fato, foi o que fez em parte Lucas Bueno mostrando, por exemplo, a possibilidade de serem ocupações permanentes pelos testemunhos de uma organização espacial mais duradoura através de fragmentações térmicas abundantes e das combustões bem estruturadas formadas de seixos de quartzo e quartzito, provenientes das mesmas cascalheiras já utilizadas pelas ocupações do Holoceno Antigo. De uma massa densa de informações, onde diferentes variantes estão combinadas e correladas entre elas, foram retidas muitas interpretações, dentre elas, a ruptura dos padrões tecnológicos do Horizonte 1 para com os Horizontes 2 e 3. Inversamente, os Horizones 2 e 3 e mesmo o ceramista testemunham de uma certa continuidade. Verificou-se que há três níveis de variações que são responsáveis pela variabilidade tecnológica. O primeiro diz respeito a estratégia da apropriação da matéria prima, variável essa que permitiu a distinção de algumas técnicas de lascamento específicas, como o lascamento pelo fatiamento em seixos de quartzito, o “bipolar” nos seixos de quartzos e o lascamento cuidadoso e intenso com o arenito silicificado fino. As duas outras variáveis dizem respeito à ocupação: ao modo de ocupação da paisagem, mobilidade dos grupos, reocupação e à ocupação de uma mesma região por grupos distintos Lucas de Melo Reis Bueno se empenhou em descrever cada passo de suas análises em um território grande, 200 km2, mas bem circunscrito e delimitado. Ficou bastante claro que seu objetivo é de integrar os diversos fatores responsáveis à caracterização de culturas pré-históricas Reseñas / Resenhas

sem se restringir ao estudo exaustivo das técnicas. É um estudo científico, onde Bueno ao conciliar com habilidade metodologias e teorias distintas e complementares soube utilizar dos múltiplos aspectos da tecnologia através das cadeias operatórias, das paisagens, dos contextos para analisar os conjuntos líticos espacialmente e cronológicamente. A atenção dada ao Holoceno Inicial corrobora as noções parcialmente adquiridas quanto a uma especialização na confecção dos instrumentos líticos. Lucas Bueno pôde magistralmente comprovar, com dados seguros, essa idéia recebida nos trabalhos do Brasil Central, através de seu estudo sistemático desenvolvido pelos padrões tecnológicos. Essa pesquisa assim publicada e suas reais argumentações é totalmente inovadora no Brasil. Pela primeira vez o estudo tecnológico das indústrias líticas, baseado em sua variabilidade, conseguiu ir além do processo das cadeias operatórias para uma contextualização de fato dos sítios na paisagem através das noções do design e da performance perfeitamente adaptadas e integradas aos critérios e atributos estabelecidos graças a seu método de estudo.

Temas de arqueología: estudios tafonómicos y zooarqueológicos (vol. 1), editado por Alejandro Acosta, Daniel Loponte y Luciano Mucciolo (Instituto Nacional de Antropología y Pensamiento Latinoamericano, Buenos Aires, 2008). Reseñado por Pablo M. Fernández (CONICET-INAPL). La compilación realizada por Alejandro Acosta, Daniel Loponte y Leonardo Mucciolo puede ser interpretada como un fruto más de un proceso de maduración de más de tres décadas en Argentina. En ese lapso el estudio de los restos faunísticos 211

recuperados en contextos arqueológicos experimentó un importante crecimiento que se ve reflejado en la cantidad de investigadores dedicados a la tafonomía y la zooarqueología, en la variedad de enfoques metodológicos y en la diversidad de líneas de investigación vigentes. Sin embargo, la obra transciende el carácter “local” que podrían otorgarle los casos de estudios y permite desarrollar una lectura más amplia, de índole teórico-metodológico, cuyos ejes son la generación y aplicación de observaciones y modelos actualísticos, la ponderación de los factores que generan la variabilidad en los conjuntos óseos y los modos de medir el cambio cultural. Pensado como la primera entrega de una serie de dos volúmenes el libro reúne siete trabajos que abordan aspectos diversos y complementarios de la interacción entre los seres humanos y la fauna. Las contribuciones, dedicado casi por completo a la tafonomía y zooarqueología de ambientes áridos, tienen por ámbito geográfico el extremo meridional de Patagonia y la Puna, dos áreas centrales en el desarrollo de los estudios tafonómicos y zooarqueológicos en Argentina. Relacionados con la primera de estas regiones están los trabajos de Luis Borrero y colaboradores, el de Isabel Cruz, el de Mariana de Nigris y el de Sebastián Muñoz mientras que la Puna está representada por las contribuciones de Daniel Olivera y Jennifer Grant y de Gabriel López. El volumen también incluye un trabajo de André Osorio Rosa que sintetiza el estado actual de las investigaciones arqueofaunísticas en Brasil. Desde una perspectiva tafonómica Luis Borrero, Florencia Borella, Mauricio Massone y Flavia Morello abordan el papel de los cetáceos en el mundo de los cazadores recolectores terrestres del norte de Tierra del Fuego. La abundancia de registros de huesos de cetáceos en los sitios arqueológicos y la importancia de 212

los varamientos los lleva a plantearse una pregunta básica pero no por ello menos importante: ¿en qué grado los restos de cetáceos recuperados en los sitios arqueológicos son el resultado de una mezcla de procesos de depositación antrópica y no antrópica? La respuesta la desarrollan a partir de un estudio tafonómico regional centrado en el registro y seguimiento de varamientos de cetáceos en el estrecho de Magallanes durante tres años. Estas observaciones muestran que la posibilidad de mezcla entre materiales arqueológicos y restos de cetáceos es variable, con áreas con alta probabilidad de palimpsestos, como Bahía Inútil, y otras con bajas chances de mezcla, como el centro de Bahía Lomas. Estos resultados indican que el contexto intra-sitio no es suficiente para defender una asociación en términos de conducta entre seres humanos y cetáceos y que es necesario la evaluación de factores que se expresan a escala microregional. Dado que numerosas interpretaciones de la conducta humana del pasado descansan sobre una respuesta correcta a la pregunta que da lugar al trabajo de Borrero y colaboradores es claro que los estudios tafonómicos no son accesorios a los proyectos de investigación sino que deben desarrollarse en conjunto con el resto de la investigación arqueológica. También desde una perspectiva tafonómica el trabajo de Isabel Cruz es un aporte a la discusión sobre la utilidad que pueden tener para el análisis zooarqueológico los modelos y principios tafonómicos derivados de investigaciones efectuadas en escalas espaciales amplias. Con este propósito la autora pone en juego observaciones realizadas sobre el registro óseo actual de aves del sur de Patagonia en cuatro sectores de la provincia de Santa Cruz. Una buena reseña de los aspectos teórico-metodológicos de las observaciones tafonómicas realizadas en diversas escalas espaciales da comienzo al trabajo y sirve para poner

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en perspectiva la discusión planteada por Cruz. Los resultados alcanzados sugieren que una de las formas más evidentes como los procesos naturales pueden afectar a los registros arqueológicos en el interior de Patagonia es a través de la acumulación de restos en lugares recurrentemente utilizados por los humanos, en particular los abrigos rocosos, donde los restos de aves tienen más chances de preservarse. En los sitios a cielo abierto ubicados en la costa marina la probabilidad de mezcla de materiales también es alta. La autora destaca que a partir de las características del registro óseo actual es posible obtener una primera medida de la preservación y destrucción de restos de vertebrados en diferentes puntos del paisaje. Este es un aspecto crucial a la hora de comparar conjuntos óseos de distintas áreas y al ponderar la información sobre la conducta humana o las condiciones ecológicas en el pasado. La pertinencia de aplicar modelos etnoarqueológicos de transporte de partes esqueletarias es el tema central de la contribución de Mariana De Nigris. En la actualidad el empleo de estos marcos de referencia basados en distintos tipos de índices de utilidad (de carne, de médula, de secado) es un procedimiento relativamente corriente; sin embargo, como cualquier herramienta metodológica, estos marcos pueden ser utilizados de manera acrítica. De Nigris propone reflexionar acerca de los alcances y limitaciones de los índices de utilidad para explicar las frecuencias anatómicas de los conjuntos óseos de guanaco (Lama guanicoe), la principal presa en el interior de Patagonia. Estos conjuntos se caracterizan por (a) el predominio de los huesos largos por sobre el esqueleto axial; (b) una muy baja representación de las costillas; y (c) el cráneo como la unidad anatómica mejor representada del esqueleto axial. Cinco conjuntos óseos del Holoceno Reseñas / Resenhas

(ca. 3860-3150 años AP) recuperados en Cerro de los Indios (Santa Cruz) son analizado a la luz de los índices de utilidad y de otros factores que, aunque no son regularmente considerados, contribuyen a explicar los patrones de partes observados: la baja diversidad de ungulados en Patagonia, la distribución de lípidos en el guanaco, las variaciones que experimenta la disponibilidad de grasas a lo largo del año y las prácticas de consumo son los elementos que, según De Nigris, no pueden soslayarse al momento de interpretar en términos de conducta humana los conjuntos óseos de Patagonia. Sebastián Muñoz aborda las estrategias de aprovechamiento del guanaco en el sector Atlántico de Tierra del Fuego a partir de las evidencias de procesamiento presentes en ocho conjuntos óseos procedentes de cinco sitios arqueológicos. El detallado análisis de las modificaciones óseas de origen cultural, que toma en cuenta tanto los aspectos morfológicos como los contextuales (e.g. recurrencia, longitud) en la identificación e interpretación de las huellas, permite al autor poner a prueba la hipótesis de la falta de segmentación espacial en el procesamiento de estos ungulados. El análisis de la variedad de huellas a través de tipos funcionales indica que, independientemente del emplazamiento ambiental de los sitios (estepa vs parque fueguino) o del tamaño de las muestras, los conjuntos presentan características similares en cuanto al modo como las presas fueron procesadas. Desde una perspectiva metodológica el autor destaca la utilidad que ofrece el estudio macroscópico de las huellas culturales que permite conocer las dimensiones como el procesamiento resulta más variable e inferir comportamientos específicos como el aprovechamiento de carcasas en estado rígido. Los trabajos de López y de Olivera y Grant tratan, desde una perspectiva zooar213

queológica, el cambio cultural entre los grupos humanos que habitaron la Puna durante el Holoceno. En el primer trabajo Gabriel López desarrolla el análisis de cinco conjuntos óseos de Alero Cuevas, sitio datado entre ca. 9650 y 600 años AP. Desde una perspectiva ecológica evolutiva estudia los cambios en el consumo de recursos faunísticos y las estrategias económicas a lo largo del Holoceno en el área de Pastos Grandes (Salta). Utilizando como indicadores la abundancia taxonómica y anatómica, la presencia de las distintas especies de camélidos (inferida a partir de la osteometría), la frecuencia relativa de marcas de origen antrópico y las proporciones de especímenes fusionados y no fusionados propone que ca. 4100 años AP ocurrieron cambios en el manejo de los ungulados relacionados con la domesticación y/o introducción de recursos domesticados. Estos indicadores también lo llevan a plantear que Alero Cuevas habría funcionado como lugar central para la caza de camélidos silvestres. Daniel Olivera y Jennifer Grant desarrollan un estudio que combina datos zooarqueológicos, osteométricos, paleoambientales e isotópicos. A partir de este enfoque integrador caracterizan las estrategias de obtención y manejo de camélidos a lo largo del tiempo y determinan la existencia de transformaciones dirigidas a modificar o intensificar el manejo de las distintas especies de camélidos. El escenario de esta discusión es el área de Antofagasta de la Sierra (Catamarca) durante el Holoceno tardío. Los cambios culturales acontecidos entre 3000 y 400 años AP son analizados ponderando el peso de factores culturales (como la relación con las sociedades valliserranas) y ambientales (la sucesión de fases áridas y húmedas identificadas para ese período). El análisis combina datos zooarqueológicos y osteométricos de siete conjuntos óseos representativos de 214

los sectores de la cuenca de Antofagasta. En combinación con valores de isótopos estables del carbono y del nitrógeno obtenidos del análisis de restos humanos y con los resultados del análisis de fibras proporcionan elementos que documentan, a partir de 3000 años AP, un proceso de domesticación que se desarrolla dentro de una economía donde la caza de la vicuña (Vicugna vicugna) y el guanaco ocupan el rol principal, complementada por una agricultura a pequeña escala. A partir de 2000 años AP el incremento de la importancia de la agricultura estaría relacionada con la presencia dominante de elementos valliserranos, coincidiendo con una menor incidencia de la caza de vicuñas. Hacia 1000 AP, en el pico de extrema aridez asociado a la Anomalía Climática Medieval, hay un incremento del componente cazador, se introduce nueva tecnología de irrigación y se infiere un manejo más complejo de los rebaños, situación que los autores asocian a la creciente complejidad sociopolítica que experimentan los sociedades del área y del noroeste argentino. En el capítulo final del volumen André Osorio Rosa presenta una detallada síntesis del estado actual de las investigaciones zooarqueológicas en Brasil. Tomando como eje cinco regiones —la costa, la región central, el Pantanal, la región nordeste y los ambientes subtropicales del extremo sur— y sobre la base de una exhaustiva revisión bibliográfica realiza una descripción pormenorizada de los estudios arqueofaunísticos desarrollados hasta la fecha en este país. Como puntualiza el autor el interés por la tafonomía y la zooarqueología en Brasil es bastante reciente. Aunque una lectura posible es asociar esta situación con una carencia otra es imaginar este “estado del arte” como una oportunidad. La variedad de biomas, contextos culturales y adaptaciones humanas es un campo enorme en el cual estas disciplinas pueden crecer y desarro-

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llarse. En ese sentido el autor identifica una serie de campos alrededor de los que puede articularse este desarrollo: los aspectos teóricos y metodológicos, el incremento de las colecciones de referencia usadas para la identificación de los materiales, la incorporación de los marcos de referencia etnoarqueológicos y experimentales en las interpretaciones y la estandarización de las unidades analíticas. Como ejemplifica el trabajo de Borrero y colaboradores el desarrollo de la tafonomía no garantiza, de manera automática, su inclusión desde el inicio de un proyecto de investigación. Esto implica que, más allá de la antigüedad y el grado de avance de un campo de conocimiento, son la pericia y el interés de los investigadores los que garantizan que los aportes que realizan la tafonomía y la zooarqueología contribuyan a nuestro entendimiento del pasado. El eje que no debe descuidarse es la integración entre tafonomía y zooarqueología y entre ésta y el resto de las líneas de evidencia utilizadas para recrear el pasado.

Entre la tierra y el agua. Arqueología de humedales de Sudamérica, editado por Daniel Loponte y Alejandro Acosta (Asociación Amigos del Instituto Nacional de Antropología y Pensamiento Latinoamericano, Buenos Aires, 2008). Reseñado por Vivian Scheinsohn (CONICET/ INAPL). En una revisión que hice en el año 2003 respecto de cazadores-recolectores en Sudamérica comenté algunas de las dificultades que tenemos los arqueólogos sudamericanos para mantenernos comunicados. Entre las dificultades que enumeraba entonces las económicas y los tiempos que toma la edición en papel de trabajos científicos era uno de los factores. Pero Reseñas / Resenhas

también señalé que la carencia de redes de circulación entre arqueólogos sudamericanos era importante. El sistema científico, como está montado en la actualidad, lleva a comunicarnos más con nuestros colegas del hemisferio norte. Cuando las publicaciones sudamericanas circulan lo hacen hacia el norte. Así ocurre la situación paradójica de que nuestras publicaciones circulan con mayor facilidad hacia donde menos interesados están en leernos, incluso cuando esas publicaciones están escritas en inglés. Si bien se hicieron varios intentos de superar esa realidad mediante reuniones o congresos a escala latinoamericana no es fácil superar los obstáculos ya establecidos. Es difícil saber quién está investigando temas afines en los países vecinos, cómo contactarlo/a, en qué revistas publica, etc. El canon establecido puede más que nuestro interés en comunicarnos. Pero si es verdad lo que sostuve en aquel trabajo de 2003 en cuanto a que las etiquetas generadas en el hemisferio norte enmascaran la diversidad de la arqueología de cazadores-recolectores cuando son aplicadas a Sudamérica entonces la escala sudamericana se hace no sólo relevante sino, también, necesaria. Por ello no puedo tomar sino con alegría cuando sale un libro como el que aquí se reseña. Se trata de una nueva batalla librada contra el statu quo de la circulación tradicional del conocimiento científico, en este caso para discutir el tema de la arqueología de los humedales, relegado en la arqueología sudamericana. La complejidad de los procesos acaecidos en los humedales los ha llevado, lenta pero inexorablemente, a la primera plana de las agendas arqueológicas en varios países. Como reflejo de esas agendas los compiladores de este volumen consideran que ha llegado el momento de constituir una agenda común entre los investigadores que trabajan en los distintos humedales sudamericanos porque Sudamérica, entre 215

otras características notorias, presenta algunos de los humedales más grandes del mundo. Si, como plantean muchos autores, los humedales tuvieron una importancia radical en la evolución de los hominidos los humedales sudamericanos podrían dar respuestas a muchas de las preguntas evolutivas que pueden formularse. Este libro presenta artículos que refieren a los procesos ocurridos en diversos humedales sudamericanos: Laguna Merín (Uruguay), Pantanal (en Brasil, el mayor humedal sudamericano), Orinoco (Venezuela), la cuenca del Plata y el microsistema del Iberá junto con el Paraná (Argentina) y Río Jacuí (Rio Grande do Sul, Brasil). Variadas son también las posturas teóricas de estos autores: desde quién adopta esquemas histórico-culturales hasta quienes se ubican en corrientes más posprocesuales. En este sentido es sumamente interesante la revisión que hacen Bracco y colaboradores de las diversas posturas que enmarcaron las investigaciones en los cerritos de Laguna Merín. Todos los trabajos tienen algo que aportar al debate, tanto desde lo que tienen en común como desde lo que tienen de distinto. Eel volumen presenta una diversidad acorde a la de los casos que pueden registrarse en el continente. Por ello valga este trabajo como puntapié inicial y como reflejo del estado del arte en un tema que, sin duda, pronto traerá ideas innovadoras.

Os ceramistas Tupiguarani. Sínteses regionais (Vol. 1), editado por André Prous e Tânia Andrade Lima (Sigma Editora/IPHAN, Belo Horizonte, 2008). Resenhado por Camila Jacomé (Museu de História Natural, Universidade Federal de Minas Gerais). O primeiro volume da trilogia Os ceramistas Tupiguarani, editado por André Prous e Tânia Andrade Lima, é uma obra 216

de fôlego que supre uma ausência há muito sentida na arqueologia Tupiguarani, uma síntese que cubra toda a amplitude regional e diversidade que caracteriza este conjunto. O livro foi editado com o apoio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), uma iniciativa louvável, pois tradicionalmente a maioria das publicações em que este órgão esteve envolvido foi voltada ao patrimônio artístico e arquitetônico nacional, sendo poucas as dedicas à arqueologia pré-colonial. André Prous abre o livro fazendo uma breve apresentação das origens do projeto, que se iniciou com o seu interesse pelas complexas pinturas das vasilhas Tupiguarani. O apelo estético e artístico das primeiras vasilhas vistas na coleção do Museu Nacional (UFRJ) levou o arqueólogo a buscar objetivos mais gerais, que foram aprofundados através da parceria com Tânia Andrade Lima e a colaboração de colegas de todo o Brasil, inclusive da Argentina. O objetivo do primeiro volume é trazer um panorama geral do que se conhece sobre arqueologia Tupiguarani das várias regiões do país, literalmente de norte a sul, e de leste a oeste. Para isso conta com artigos sintéticos de autores com pesquisas aprofundadas no tema. Dos nove capítulos, somente um foge a esta regra, o primeiro, de Francisco Noelli, no qual faz uma revisão histórica e crítica da trajetória acadêmica de José Proenza Justianino Brochado, a quem os editores dedicam com toda justiça a obra. A abertura do livro com esse texto é muito importante, pois como veremos, no decorrer da obra, todos os outros autores, estão dialogando, em alguma medida, com propostas de Brochado. Seja através da tecnologia cerâmica, principalmente na relação forma e função, no cruzamento de fontes etno-históricas e dados arqueológicos, nas discussões sobre as áreas de

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fronteira entre grupos Tupi e Guarani ou no debate acerca das origens e rotas de dispersão Tupiguarani. Enfim, Brochado está no topo da genealogia daqueles que se dedicaram, e dedicam, à arqueologia Tupiguarani, sendo também quem conseguiu problematizá-la com maior profundidade. Vejamos isto através do artigo de Noelli. O texto de Noelli começa por delinear os princípios da pesquisa de Brochado sobre os povos Tupi e Guarani, tendo a história e dispersão deles um dos seus grandes interesses. Em sua tese de Doutorado, Brochado já apresenta discordâncias sobre a postura de Betty Meggers e Clifford Evans, de quem foi um importante colaborador entre 1966-1973. Brochado entendeu que a leitura da relação entre cultura material arqueológica e as populações produtoras é fundamental, contrariando o casal norte-americano que acreditava ser possível tratar a cultura de forma desconectada dos “seres humanos”. Essa discordância ficou mais latente quando Brochado opta pelas hipóteses difusionistas de Lathrap para explicar a origem amazônica da cerâmica Tupiguarani. A atribuição da Amazônia central como a origem da tradição policroma é uma das propostas que repercutem na arqueologia amazônica até a década de 1990. As hipóteses de Brochado e Lathrap, mesmo não tendo sido comprovadas (Hackenberger et al, 1998) foram em parte propulsoras do desenvolvimento da arqueologia amazônica atual. Além disso, a hipótese da origem amazônica da cerâmica Tupiguarani continua válida ainda hoje, pois como Noelli demonstra os sítios com datas mais antigas estão na floresta. A partir da hipótese da origem amazônica, Brochado empreendeu outra grande tarefa, tentar visualizar os sentidos das rotas migratórias através do mapa que montou com a distribuição dos sítios Reseñas / Resenhas

Tupiguarani por datas e fases. Apesar das divergências teóricas, o modelo criado por Brochado foi coincidente com o de Meggers, talvez devido à concordância dos dois autores com o sentido sugerido por Métraux. A idéia de que a difusão Tupiguarani se sustentou na necessidade de “fissão” dessas sociedades quando certa densidade populacional era atingida, é completamente coerente com as colocações de Pierre Clastres (1978), de uma sociedade contra o Estado, que têm sido retomadas recentemente na antropologia de Viveiros de Castro (2002). O artigo de Noelli nos apresenta um Brochado contemporâneo e com idéias contrárias ao determinismo ecológico tão comum entre seus colegas dos anos 70 e 80. Por fim, Noelli demonstra outro traço da atualidade e pioneirismo do trabalho de Brochado, este feito em parceria com Fernando La Salvia, o estudo da forma e funcionalidade das vasilhas Guarani (1989), no qual abandonam o método Ford, empregado pelos pesquisadores ligados ao PRONAPA. Nas palavras de Noelli, “Brochado conseguiu revelar um complexo conjunto de normas que orientavam a elaboração das vasilhas e demonstrar que havia classes específicas para funções determinadas” (página 37). Não se pode deixar de citar que essa proposta foi reforçada com o cruzamento das formas das vasilhas com os termos encontrados no glossário de Montoya (1985). A dedicatória do livro e o artigo de Noelli mostram que diferente da prática geral, o reconhecimento de pessoas que tiveram papel fundamental em um determinado assunto, pode, e deveria sempre que possível ser feito, com homenagem em vida. Os textos que seguem apresentam algumas características comuns, esperada em um livro que trata dos ceramistas e da cerâmica Tupiguarani: a apresentação do 217

histórico das pesquisas por área, descrição de características tecnológicas, do lítico e da cerâmica, e definição de padrões de assentamento e dos tratamentos funerários. Os ceramistas Tupiguarani constitui-se uma rica fonte de dados acerca da tecnologia e de padrões dos assentamentos Tupiguarani. Mas ao longo desse apanhado geral, encontram-se diluídos nos artigos inferências interpretativas, seja sobre a relação desses povos com o ambiente ou com outros grupos, assim como da própria dinâmica interna dessas sociedades. Privilegiamos em nossa análise justamente esses aspectos. O artigo de Edithe Pereira e colegas expõe a região, que na proposta de Brochado, seria o berço da tradição Tupiguarani. No entanto, devido a sua imensidão e as dificuldades de pesquisas, somente nos últimos 25 anos é que a arqueologia Tupiguarani amazônica tornou-se mais conhecida, principalmente devido aos trabalhos de salvamento para hidrelétricas (Araújo 1983) e mais recentemente para mineração (Pereira 2004). O trabalho de Pereira e colegas mostra resultados na Serra do Sossego e Salobo, que se situa no sudeste do Pará, onde há sítios Tupiguarani na zona ribeirinha e em grutas das Serras de Carajás. Os sítios ribeirinhos, situados na bacia do Tocantins, apresentam formação de Terra Preta (TPI), entretanto, bem menos espessas que as identificadas na Amazônia central (Neves 2006). Além de terra preta, as autoras mencionam a existência de fragmentos e apliques zoomórficos cerâmicos, lâminas de machado, pingentes e contas em lítico, marcas de buracos de postes e sepultamentos em urna, sendo um deles de criança. A associação desses sítios, tanto de serra quanto de planície fluvial, com a tradição Tupiguarani aparentemente foi feita através de critérios pautados na tecnologia cerâmica, principalmente 218

nas semelhanças de decorações (sendo como mais freqüentes o corrugado e bicromia vermelho e branco); algumas das formas são muito semelhantes aos caguabá (La Salvia e Brochado 1989). Esse artigo, apesar de apresentar dados inéditos, mostra como a arqueologia Tupiguarani na Amazônia ainda está no início de seu desenvolvimento, ou pelo menos, pouco divulgada ainda. Também nota-se a ausência da correlação desses dados com os de outras áreas vizinhas, principalmente o nordeste e centro-oeste. Espera-se que nos próximos anos, os levantamentos arqueológicos resultantes de projetos de licenciamento ambiental na floresta, possam suprir essa carência, em uma, ou mais, publicações de peso, merecidas devido à importância da região para a arqueologia Tupiguarani. A leitura do livro segue com a exposição de Marcos Albuquerque sobre a cerâmica Tupiguarani no nordeste brasileiro. O autor centra sua análise no conjunto artefatual cerâmico, e apresenta o problema do falseamento das formas através dos métodos de reconstrução gráfica, trazendo como solução o uso de métodos matemáticos e da computação gráfica. Marcos Albuquerque mostra que existe uma “unidade” do tipo de formas de vasilhas que ocorrem no nordeste, que se diferem das regiões sul e sudeste. O autor nota uma predominância de bacias quadrangulares, e urnas com inflexão no bojo superior, só que de abertura ovalada e com tamanhos bem menores que os cambuchi do sul e as igaçabas do sudeste. Além das vasilhas cerâmicas, Marcos Albuquerque apresenta um aplique zoomórfico, muito semelhante a um dos ilustrados no artigo de Edithe Pereira e colegas. O artigo de Albuquerque também apresenta um esforço interpretativo pautado no uso de fontes históricas; no caso, as iluminuras e os relatos de cronistas. Através dessas

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fontes ele tenta demonstrar que a técnica ceramista indígena pode ter sido incorporada em atividades coloniais, como o transporte de alimentos para os holandeses e também no processo de produção do açúcar. O autor também relaciona os sítios Tupiguarani com o tipo de ambiente em que estão inseridos. Albuquerque mostra que os sítios Tupiguarani do Nordeste encontram-se em diversos nichos ecológicos, desde ambientes áridos, passando por dunas, restingas, até a mata atlântica, o que segundo ele contraria a hipótese de Steward de que estes povos seriam “cultivadores de floresta tropical” (página 69). A apresentação da arqueologia Tupiguarani no sudeste ficou a cargo de Ondemar Dias Junior e Lílian Panachuk, que trataram do Rio de Janeiro e Minas Gerais, e de Maria Cristina Mineiro Scatamacchia, com o material de São Paulo. É sensível a ausência das pesquisas realizadas no Espírito Santo, uma área importante, pois ao que parece a cerâmica e os sítios capixabas apresentam relação tanto com a ocupação Tupiguarani do rio Doce em Minas Gerais (Baeta e Piló 2003) como com a Tupiguarani e Aratu do sul da Bahia (Calderón 1974). O artigo de Dias Júnior e Panachuk anuncia uma síntese da ocupação Tupiguarani nos sítios conhecidos do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Na primeira parte do artigo, os autores fazem uma revisão das pesquisas de Dias Júnior no litoral, na região dos lagos e divisa com a Zona da Mata mineira, no qual expõem as cinco fases que foram definidas para a ocupação Tupiguarani. As fases foram pautadas em características como tamanho dos sítios e padrões de decoração ou tipo de antiplástico da cerâmica, mas no geral, o que se percebe na leitura é que as cerâmicas das diferentes fases apresentam muito mais semelhanças do que diferenças. Os autores que no início do texto colocam que “nem mesmo dois Reseñas / Resenhas

sítios apresentam materiais iguais”, são em certa medida, contraditórios, pois definem fase como “representações arqueológicas de sociedades – no caso Tupiguarani, tribais” (página 93). O texto apresenta outra controvérsia, pois apesar de admitirem que um dos maiores problemas da arqueologia Tupiguarani é falta de dados cronológicos, juntam as diferenças de ocupações, que não se sabe se são ou não de ordem temporal, em diferenças de “categoria” social, se é que assim, poderíamos definir o termo “tribo”, já esquecido pela etnologia contemporânea. A datação mais antiga para o Rio de Janeiro é de 1.650 BP, sendo as mais recentes encontradas nos sítios de contato com os europeus no século XVI. A segunda parte do artigo é dedicada a sumarizar os dados sobre a ocupação Tupiguarani em Minas Gerais. Nela, os sítios são apresentados de acordo com as bacias hidrográficas em que se encontram no norte, leste, sul e centro mineiro. Pelo texto podemos notar que a ocupação Tupiguarani mineira se expande por vários ambientes, meia encostas, mais próximas ou distantes dos grandes rios (São Francisco, Rio Doce, Rio das Velhas e Rio Grande) e sob abrigos calcários. Em Minas Gerais, as únicas datações apresentadas são de sítios do sul, com 520±90, 610±15 e 720±150 AP; e no norte do Estado, com 1.200 AP. Maria Cristina Scatamacchia, uma das primeiras autoras a realizar trabalho sistemático sobre a cerâmica Tupiguarani de São Paulo (Scatamacchia 1982), define este Estado como uma região de fronteira. A hipótese é sustentada pelos relatos históricos lidos a luz dos vestígios arqueológicos. As fontes históricas, segundo Scatamacchia, indicaram a posição de São Paulo como uma área limite entre grupos Guarani e Tupi, sendo considerada a bacia do Tietê a zona de fronteiriça, de acordo com Padre Anchieta (páginas 118-119). 219

Em relação aos vestígios materiais, para a autora, os sítios do litoral apresentam como características “a presença de grandes pratos e tigelas, com pintura interna em preto e vermelho... grandes vasos, com evidência de reutilização como urnas também estão presentes, com decoração pintada e corrugada” (página 120). As datas desses sítios são da época do contato, o que se confirma pela presença de objetos de origem exógena. No interior do Estado, a arqueóloga acredita que o vale do Paraíba seja uma área que já refletiria uma zona de fronteira, pois foram identificados sítios relacionados à ocupação Aratu e à sub-tradição Guarani, estes datados do século XV. Arqueologicamente, a margem paranaense do rio Paranapanema é considerada o limite da ocupação Guarani (Maranca 1968; Chmyz 1977; Pallestrini 1988). No entanto, para Scatamacchia, a ausência de pesquisas sistemáticas entre a calha dos rios Tietê e o Paranapanema impede que este seja considerado o limite setentrional máximo da ocupação Guarani. Além disso, outro problema apontado por ela refere-se à ausência de datas seqüenciais que inviabilizam a construção de um quadro cronológico regional. O artigo de Scatamacchia apresenta uma perspectiva um pouco diferente daquela que dá o tom do livro: para a autora é justamente a heterogeneidade a marca o Estado de São Paulo, tanto entre os sítios da própria tradição Tupiguarani como também em relação às outras tradições ceramistas. É com grata surpresa que lemos o artigo de Emília Kashimoto e Gilson Martins, já que a ocupação Tupiguarani na região centro-oeste do Brasil ainda é a menos conhecida. Os autores apresentam uma consistente pesquisa etno-histórica sobre o passado dos povos indígenas Guarani no Mato Grosso do Sul, que ainda hoje, é o Estado com maior concentração de grupos falantes de dialetos da língua Guarani. Os 220

autores conseguiram criar uma relação entre os sítios datados do século XIV e XV no Alto Paraná e a documentação histórica de Montoya sobre o território do guará do Guairá. O panorama apresentado pelos autores tem uma duração de 1.300 anos, e ao que tudo sugere está sobreposta a uma ocupação ceramista anterior (página 165), pelo menos na parte norte do alto Paraná. A maior parte dos sítios Tupiguarani conhecidos do Mato Grosso do Sul estão ao longo do rio Paraná, isso provavelmente decorre desta ser a região mais conhecida, devido ao projeto de resgate de uma hidrelétrica empreendido pelos autores do texto. Nos sítios escavados, somente foi encontrada cerâmica relacionada à tradição Tupiguarani e, segundo os autores, o pacote de ocupação foi datado entre 300 AP até o contato com os bandeirantes no século XVIII, ou seja, 800 anos de ocupação Tupiguarani. Tal como Scatamacchia, Kashimoto e Martins também abordam a relação da cerâmica Tupiguarani com outros grupos, tendo em vista que foram encontrados fragmentos desta tradição em sítios Uru e Aratu, datados nos séculos XIV e XV. Os sítios Tupiguarani se estendem também do Pantanal, à porção mesial do Mato Grosso do Sul, no planalto maracajuano, estes datados no século XVI. Em todas essas áreas foram encontradas cerâmicas com decoração plástica e pintada, sepultamentos compostos por urna e tampa, tembetás (por vezes associados aos sepultamentos), lâminas de machado e lítico lascado. As datações para essa área também mais recentes, do século XVI ao XIX. Kashimoto e Martins ponderam que a bacia do Alto Paraná pode ter sido uma extensão da zona de fronteira latitudinal, em continuidade ao Paranapanema e também ao Tietê. A região meridional brasileira foi apresentada, no último artigo escrito por Pedro

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Mentz Ribeiro antes de seu falecimento. O artigo apresenta uma compilação de dados, feita pelo autor, a partir de publicações de terceiros e dele mesmo. Nessa empreitada o autor fez uma síntese de resultados dispersos, incluindo as 50 fases descritas para a cerâmica Tupiguarani nos Estados do Sul. Apesar da falta de uniformidade metodológica entre esses trabalhos, Mentz Ribeiro apresenta uma caracterização regional através da descrição do tipo de sítio (habitação, cemitério ou acampamento), implantação na paisagem (várzea, litoral), tamanho e forma, caracterização da tecnologia cerâmica e lítica, dos tipos de vestígios ósseos humanos, do material em concha e resina, assim como dos vestígios alimentares. Somente no texto de Mentz Ribeiro uma das práticas dos povos tupis mais citadas entre os cronistas coloniais é sugerida, quando relata que em dois sítios no vale do Jacuí foram encontrados ossos humanos desarticulados dentro de uma mancha de terra escura, juntamente com outros vestígios alimentares e de cerâmica, que sugere ao autor serem possíveis indicativos da prática de antropofagia. Em relação à cronologia, Mentz Ribeiro cita como a datação mais antiga as encontradas no norte do Paraná, no vale do Paranapanema, cerca de 2.000 AP, e as mais recentes no sudoeste deste Estado. No Rio Grande do Sul, o sítio com maior recuo cronológico foi encontrado no centro (150 dC), sendo as datas mais recentes identificadas na parte norte, já no século XVIII. Em Santa Catarina, as datas situam-se entre os séculos IX e o XIX. Em relação à cerâmica de Santa Catarina é notável como certos padrões de pintura, em especial os curvilineares, feitos nas vasilhas do tipo caguabá, são semelhantes aqueles apresentados por Kashimoto e Martins na cerâmica do Rio Ivinhema, no Mato Grosso do Sul. Pedro Mentz Ribeiro também observou a sobreposição de sítios Reseñas / Resenhas

Tupiguarani em áreas de outras Tradições como Umbu, Humaitá e Taquara e Itararé, assim como em sambaquis. O contato com os invasores europeus também fica claro nos objetos em cerâmica com forma de artefatos coloniais, como colher, telhas e castiçal. Segundo o autor, o contato com europeus provocou modificações sociais que se refletiu na cultura material, e relaciona a redução do tamanho das vasilhas destinadas aos sepultamentos à diminuição populacional, pois o uso primário dessas vasilhas seria para os festins de beberagens, que se rarearam no período colonial. Essa relação entre Tupiguarani e sítios atribuídos a outras populações foi bem explorada por Daniel Loponte e Alejandro Acosta, colegas que pesquisam no delta do Paraná na Argentina. Mesmo reconhecendo a falta de equipes debruçadas sobre o tema na Argentina, os autores trazem uma série de novas informações, através da revisão do que se produziu desde o século XIX até os dias atuais, sobre a ocupação Tupiguarani. Também trazem os resultados de suas próprias pesquisas na região da várzea do rio Paraná. Loponte e Acosta lamentam a falta de integração desses resultados com a pesquisa Tupiguarani feita Brasil. Essa é uma crítica que poderíamos também estender a arqueologia Tupiguarani brasileira, onde é sensível a falta de integração dos conhecimentos sobre regiões limítrofes, fato que empobrece tanto as interpretações regionais, quanto aos problemas mais gerais que permeiam a arqueologia Tupiguarani. A área abordada pelos autores, no seu artigo, refere-se principalmente a região pantanosa do baixo Paraná, local onde se crê ter havido uma densa ocupação Guarani, devido aos relatos históricos. No entanto, até a publicação do artigo somente cinco sítios foram identificados. Este trabalho, além de explorar os vestígios cerâmicos e líticos, também apresenta resultados 221

importantes, da análise de isótopos dos ossos humanos, datados em cerca de 690±70 AP, e de vestígios faunísticos, o que permitiu que obtivessem resultados referentes à dieta alimentar desses grupos. Em relação à cerâmica, notam-se padrões decorativos muito semelhantes àqueles do Rio Grande do Sul, corrugados, ungulados e policrômicos. Na área do humedal já estavam instaladas “numerosa y diversa poblácion de cazadores-recolletores” (página 209) quando os ceramistas Tupiguarani iniciaram sua ocupação. Contudo, como observam os autores, não há vestígios Tupiguarani nos sítios contemporâneos dos caçadores coletores e vice-versa, talvez porque os nichos habitados fossem parcialmente diferentes. Mas como os autores salientam, o mais provável seria uma situação de conflito entre esses grupos, fato descrito pelos cronistas europeus do século XVI (página 210). O artigo também aborda as diferenças das ocupações Guarani do delta do Paraná e das regiões setentrionais, onde o clima mais quente propiciou possibilidade de cultivos e existência de espécies distintas. Loponte e Acosta fecham o artigo com um apelo otimista, tanto pela maior interatividade entre as pesquisas da arqueologia Tupiguarani argentina, quanto sua integração com a brasileira, que para eles tem avançado bastante, fato que se comprova na publicação de Os ceramistas Tupiguarani. Em termos gerais poderíamos pensar quais são os temas que perpassam o livro, o que de certa forma reflete parte da arqueologia Tupiguarani. Um dos temas transversais do livro é o uso de fontes históricas na interpretação dos dados arqueológicos, tanto na relação da cerâmica Tupiguarani com os povos de língua tupi e guarani, como no estudo do contato (Albuquerque; Mentz Ribeiro; Kashimoto e Martins; Scatamacchia; 222

Loponte e Acosta). Nesse ponto, a autoreflexão de Kashimoto e Martins é muito pertinente; segundo os autores, o uso de fontes históricas inadvertidamente cria o risco de criar um grupo frankenstein, pois juntaria sob uma “classificação generalizante” um passado multi-étnico (página 151). Apesar de perpassarem todos os artigos, alguns temas, como as origens e rotas de dispersão, ficaram diluídos, pois atualmente, um esforço sintético, como feito por Brochado, somente seria aceitável, se fossem obtidas muitas datas e em locais onde ainda não há pesquisas, como a área de transição da floresta amazônica para o cerrado. Também nota-se uma tendência de análise homogeneizante, os sítios Tupiguarani apresentam um conjunto muito compacto entre as regiões abordadas, principalmente em relação à tecnologia cerâmica. Esse fato é curioso, pois em geral a etnografia sobre os povos Tupi (Viveiros de Castro 1986; Fausto 2001) e Guarani (Clastres, H. 1978) atuais, assim como os Tupinambá revisitados por Viveiros de Castro (2002) apresentam uma tendência predatória do Outro. Dito de outra forma, eles teriam uma estrutura social muito voltada a englobar a diferença, seja através do parentesco, da guerra ou do canibalismo. Então seria de se esperar um reflexo dessa socialização predatória na cultura material? Uma das coisas que mais chama a atenção é justamente que em praticamente todos os autores está posta a relação com o Outro arqueológico, expressas no compartilhamento de área ou na sobreposição em sítios com outras manifestações; como Umbu (Mentz Ribeiro), Itararé e Taquara (Mentz Ribeiro), Uru (Kashimoto e Martins), Aratu (Scatamacchia, Dias Júnior e Panachuk, Kashimoto e Martins) ou Una (Dias Jr e Panachuk). No entanto, a relação entre os vestígios de uma e outra

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tradição é pouco explorada, somente citada por Dias Júnior e Panachuk, na relação Una e Tupiguarani. Isso fica mais latente, quando se aborda o contato da cultura material Tupiguarani e a européia: tanto a cerâmica, lítico e os padrões de assentamento são drasticamente modificados (Albuquerque, Mentz Ribeiro). Portanto, fica uma questão, supondo que os povos Tupiguarani também apresentariam essa socialização predatória, haveria então um desinteresse deles por esses outros indígenas ou esta ausência estaria mais relacionada a um não olhar sobre esse tema por parte dos pesquisadores? Talvez o maior pecado do livro e também o seu maior mérito, seja o excesso de dados empíricos, principalmente quando contrapostos às poucas tentativas de interpretações feitas. Ressaltamos que esse é apenas o primeiro dos três volumes cujo objetivo foi justamente fazer esse levantamento do estado da arte da arqueologia Tupiguarani. O fato de reunir tantas informações de tantas áreas distintas, até mesmo da Argentina, é que torna o livro uma grande fonte para nós pesquisadores. Nesse sentido, Os Ceramistas Tupiguarani pode ser visto como um chamado para que tomemos a responsabilidade, de explorálo juntamente com outras fontes e experiências, e possamos propor perspectivas mais interpretativas para a arqueologia Tupiguarani. Como última questão, somente em um dos textos (Albuquerque) fica sugerida que a produção da cerâmica denominada de Tupiguarani seria uma atividade feminina. Os próprios editores em outros trabalhos deixaram claro sua concordância com a associação da arte cerâmica com as mulheres (Prous 2004, 2005; Lima 2005). Sendo assim, o título com o artigo no masculino, mesmo podendo ter como sujeito oculto, “povos” ou “grupos”, revela certa tendência androcêntrica Reseñas / Resenhas

ainda presente na arqueologia brasileira e mundial. Talvez a escolha do título seja uma tentativa de neutralizar abordagens mais específicas, mas como já levantado por Gilchrist (1997) não existe gênero neutro, nem posições neutras. Por fim, o primeiro volume de Os ceramistas Tupiguarani nos deixa como reflexão, os pontos que já avançaram, os que ainda estão em desenvolvimento e aqueles que devemos superar na arqueologia Tupiguarani. E talvez o problema mais imediato que ele deixa posto é que necessitamos ultrapassar a fixação nas diferenças regionais, e nos determos em escalas menores, procurando as diferenças, tanto cronológicas quanto de escolhas desses grupos indígenas do passado. Referências Araújo Costa, Fernanda 1983 Projeto Baixo Tocantins: salvamento arqueológico na área de Tucuruí (PA). Dissertação de Mestrado, Universidade de São Paulo, São Paulo. Baeta, Alenice e Henrique Pilo 2003 Os sítios Tupiguarani Florestal I e II - Itueta, Vale do Rio Doce MG”. In: XII Congresso da Sociedade de Arqueologia Brasileira, 2003, São Paulo. Anais do XII Congresso da SAB. São Paulo: SAB, v. 1. Cadogan, Léon 1959 Ayvu Rapyta: textos míticos de los Mbya-Guarani del Guairá”. Boletim de Antropologia da Universidade de São Paulo, 227 p. Calderón, Valentin 1974 Contribuição para o conhecimento da arqueologia do Recôncavo e do Sul da Bahia. Em Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas: resultados preliminares do quinto ano 1969-1970, pp 141-156. Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém.

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Chmyz, Igor Pesquisas paleoetnográficas efetuadas no vale do rio Paranapanema”. Boletim de Psicologia e Antropologia. n. 5. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, pp.1-248. Clastres, Hélène 1978 A terra sem mal: o profetismo tupiguarani. Brasiliense, São Paulo. Clastres, Pierre 1978 A sociedade contra o Estado. Livraria Francisco Alves, Rio de Janeiro. Fausto, Carlos 2001 Inimigos fiéis. História, guerra e xamanismo na Amazônia. EDUSP, São Paulo. Gilchrist, Roberta 1997 A m b i v a l e n t b o d i e s : g e n d e r and medieval archaeology. Em Invisible people and processes: writing gender and childhood into European archaeology, editado por Jenny Moore e Eleanor Scott, pp 42-58. Leicester University Press, Leicester. Heckenberger, Michael, Eduardo Neves e James Petersen 1998 De onde surgem os modelos? As origens e expansões Tupi na Amazônia Central. Revista de Antropologia 41(1):69-96. La Salvia, Fernando y José Brochado 1989 Cerâmica Guarani. Posenato Arte e Cultura, Porto Alegre. Lima, Tânia Andrade 2005 Cerâmicas Tupiguarani e Marajoara: elementos estruturais comuns. Ciência Hoje 36(23):30-33. Maranca, Silvia 1968 Nota prévia sobre o sítio José Fernandes (SP-JP12). Revista do Museu Paulista 18:105-118. Montoya, Antonio 1985 Conquista espiritual feita pelos religiosos da companhia de Jesus nas províncias do Paraguai, Paraná, Uruguai e Tape. Martins Livreiro Editor, Porto Alegre. [1892].

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Arqueologia da Amazônia Ocidental: os geoglifos do Acre, editado por Denise Schaan, Alceu Ranzi e Martti Pärssinen (EDUFPA/Biblioteca da Floresta Marina Silva, Belém/ Rio Branco, 2008). Resenhado por Mariana Petry Cabral (Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá). Quando falamos em Amazônia, em especial quando o falamos de fora dela, quase sempre incorremos no erro de pensá-la como uma unidade, ainda que imensa. Este unitarismo, como era de se esperar, dominou também os discursos acadêmicos, e foi refletido na arqueologia por

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influência do modelo de Julian Steward (1948) de cultura de floresta tropical, em que se defendeu um mesmo nível de desenvolvimento cultural para todos os povos nativos da Amazônia. Arqueologia da Amazônia Ocidental: os geoglifos do Acre soma-se a uma corrente atual de debate que critica esse pressuposto, propondo outras formas de desenvolvimento cultural na região, em especial com a insurgência de sociedades complexas em diversos rincões da região, mostrando quão frágil é a visão de uma única Amazônia. O volume organizado por Denise Schaan, Alceu Ranzi e Martti Pärssinen, porém, não tem como objetivo central levantar esta bandeira, ainda que seja uma temática presente ao longo do livro. O foco dos organizadores é a circulação dos dados, de forma a ampliar o acesso a informações que estavam dispersas em artigos e relatórios. Esta é uma idéia especialmente interessante ao considerarmos que é uma publicação de início de projeto, quando o usual é produzi-las ao alcançarmos volumes de dados mais amplos. Ou seja, há uma carência explicitamente assumida por informações mais detalhadas, refletida nas várias especulações ainda soltas sobre usos e funções das grandiosas obras de terra construídas por povos indígenas no passado. Mais do que uma falha, este é um dos aspectos que valoriza o conjunto, tornando público as incertezas e dúvidas que sempre rondam – e instigam – qualquer projeto de pesquisa. O que poderia ser uma publicação arriscada tornou-se um bom chamariz, exatamente como esperado. Ao juntarem textos escritos ao longo de 20 anos, os organizadores oferecem aos leitores um relance sobre o histórico das pesquisas em geoglifos no Acre. É de fato surpreendente que tenha demorado tanto tempo para que pesquisas sistemáticas e contínuas pudessem ser realizadas, Reseñas / Resenhas

tanto mais pela grandeza deste fenômeno arqueológico, atestada na bela documentação fotográfica apresentada no final do livro. A apresentação escrita pelo Governador do Acre, Binho Marques, indica um posicionamento político pela preservação e pela valorização do patrimônio arqueológico nem sempre vista no poder executivo do Brasil, e aponta para um interesse em construir uma realidade frutífera às pesquisas. O apoio instituicional de governos estaduais é claramente um bom indicativo do alcance que a arqueologia tem construído no Brasil nos últimos tempos, refletindo uma preocupação com questões culturais que por muitos anos foi desdenhada por políticas oficiais. Já na Introdução, escrita pelos organizadores, é destacado o objetivo de ampliar a divulgação sobre os geoglifos do Acre, além de ser explicada a organização do volume, que segue a cronologia das publicações, iniciadas em 1988. Esta escolha oferece ao leitor o fio histórico que justifica a junção de artigos tão diversos, e deixa claro o papel essencial de Alceu Ranzi neste processo, que iniciou como aluno de graduação acompanhando as pesquisas do PRONAPABA no final da década de 1970. O livro é formado por seis capítulos escritos pelos organizadores e outros colaboradores. O primeiro capítulo, Arqueologia do Acre: do PRONAPABA às pesquisas sobre os geoglifos, de Denise Schaan, apresenta uma síntese geral da história das pesquisas arqueológicas no Acre, com destaque para os estudos no sítio Los Angeles, um geoglifo circular com cerca de 200m de diâmetro, o sítio mais intensamente escavado até então. A autora salienta com certa decepção a dificuldade em reunir os dados dispersos em relatórios e as documentações originais de pesquisas levadas a cabo ao longo destas décadas, o que reflete uma triste reali225

dade da arqueologia brasileira: a pouca divulgação, mesmo científica. O que é um dos motes de Arqueologia da Amazônia Ocidental. Em As estruturas de terra na arqueologia do Acre, publicado originalmente em 1988, Ondemar Dias e Eliana de Carvalho expõem resultados preliminares dos trabalhos desenvolvidos durante o PRONAPABA. É nítido o impacto que a descoberta de estruturas de tão grande porte causaram nestes pesquisadores, que especulam sobre suas funcionalidades, fazendo uso inclusive de analogias etnográficas. O caráter defensivo é apresentado como o mais plausível, sugerindo-se que a composição de valetas e muretas delimitasse aldeias, ainda que as muretas do lado de fora – como salientado pelos autores – sejam o oposto do ideal defensivo. O estudo do material arqueológico, basicamente cerâmicas, recolhido nos sítios não chega a ser usado para testar estas inferências, servindo apenas como diagnóstico para definição das fases. O capítulo escrito por Alceu Ranzi e Rodrigo Aguiar, publicado em 2001 em Portugal, tem como título Registro de geoglifos na Região Amazônica, Brasil. O foco dos autores está na afirmação do nome “geoglifo” para as estrururas de terra do Acre, sendo tecidas comparações com os famosos geoglifos de Nasca, no Peru. Este é um artigo curto que apresenta este fenômeno arqueológico e sugere caminhos a serem desenvolvidos pela pesquisa, com forte ênfase no registro das estruturas. O capítulo mais denso do livro é escrito em conjunto por Martti Pärssinen, Alceu Ranzi, Sanna Saunaluoma e Ari Siiriäinen. A parceria entre pesquisadores finlandeses e brasileiros é uma das tônicas das pesquisas mais recentes na região, que parecem ter incentivado a publicação do volume. Antigas construções geométricas de terra na região de Rio Branco, Acre, 226

Brasil foi originalmente publicado em 2003, e tem como eixo de argumentação a tese que os geoglifos são obras de sociedades altamente organizadas. Partindo de um levantamento etno-histórico muito rico, correlacionado com dados arqueológicos, os autores descrevem uma situação de adensamento populacional na porção oriental do Rio Acre nos séculos XIII e XIV que serviria de base para a construção dos geoglifos. Cruzando as hipóteses de Brochado e Lathrap sobre a expansão Tupiguarani no período pré-colonial, os autores indicam a existência de um contexto de conflitos entre grupos diversos, justificando uma maior densidade de estruturas fortificadas neste período, dentre as quais os geoglifos estariam enquadrados. Apesar disso, novamente, a posição teoricamente invertida do conjunto valeta-mureta nos geoglifos é lembrada. Para os autores, a valeta teria propósitos menos defensivos, servindo como conteiner de água e talvez como criatório de animais aquáticos, como tartarugas ou moluscos. O artigo é finalizado com a sugestão de que os modelos mais em voga para explicar a história pré-colonial da Amazônia (de um lado o unitarismo geral proposto por Steward, de outro a oposição várzea-terra firme defendida por Lathrap) precisam ambos serem revistos, mostrando mais uma vez que a Amazônia está longe de ser explicada por modelos generalistas. Em Os geoglifos e a atuação da Eletronorte no Acre, Denise Schaan relata sua experiência na condução do levantamento do potencial arqueológico na área de implantação de duas linhas de transmissão de energia (LT) da Eletronorte no Estado do Acre. Fazendo cumprir a legislação pertinente à proteção e à valorização do patrimônio arqueológico nacional, o estudo conduzido por ela identificou dez sítios de geoglifos na Área de Influência Direta das LTs, sendo recomendada a

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implantação dos programas de resgate arqueológico e de educação patrimonial. A decepção da autora com o não cumprimento destas medidas, que inclusive resultou no impacto a um geoglifo, quando da construção de uma torre de energia, constrasta com o interesse expresso na apresentação do volume pelo chefe do poder executivo estadual. Situações como esta devem ter servido de base ao posicionamento do Ministério Público Federal e do Ministério Público Estadual do Acre, apresentado como um anexo ao final do livro. Nas palavras de Denise Schaan, é de fato inadmissível que nosso patrimônio histórico e cultural seja destruído até por órgãos do governo, que deveriam ser os primeiros a unir-se em sua defesa. O capítulo final, de Pirjo Kristiina Virtanen, propõe a possibilidade de relacionar-se os geoglifos com informações etnográficas. Observações sobre as possíveis relações entre os sítios arqueológicos do Acre e um povo Aruak contemporâneo traça um caminho de rico potencial para a arqueologia amazônica em geral. Baseado em uma pesquisa etnográfica com os Manchineri, um povo Aruak habitante do alto Rio Purus, a análise de suas narrativas sobre o tempo dos antigos sugere alguns elementos que podem contribuir para o estudo dos geoglifos, como histórias sobre buracos onde se escondiam de inimigos, ou a importância de um tipo de palmeira que ainda hoje é visível nos geoglifos. Ainda que estas sejam relações um pouco frágeis, o argumento para abrirmos as explicações arqueológicas a dados etnográficos como mitologias e imagens indígenas contemporâneas vai de encontro às correntes interpretativas da nossa disciplina. E o aspecto evidentemente simbólico dos geoglifos do Acre deveria aceitar mais ousadias nas suas interpretações. Como complemento aos capítulos, é apresentada ao final do volume a lista Reseñas / Resenhas

completa dos sítios arqueológicos registrados no Estado do Acre, totalizando no momento da publicação 165 sítios. Além de uma breve descrição, também é indicada bibliografia quando existente. A publicação das coordenadas dos sítios é um diferencial, já que são dados que no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos disponibilizado pelo IPHAN não podem ser acessados. Sua publicação, no meu entender, reforça a obrigação de todos na proteção dos sítios, já que não há como argumentar seu desconhecimento. Arqueologia da Amazônia Ocidental: os Geoglifos do Acre é um livro incomum, como também o são os próprios geoglifos. Sem dúvida este volume será superado em pouco tempo, na aposta de que pesquisas sistemáticas e contínuas mantenham seu vigor. Porém, mesmo superado ele será um marco, nos lembrando da fragilidade das nossas interpretações e da necessidade de trocarmos idéias. Que mais respostas, ou mais perguntas, juntem-se em breve em outro volume sobre os impressionantes geoglifos do Acre. A Amazônia é múltipla.

Das pedras aos homens. Tecnologia litica na arqueología brasileira, editado por Lucas Bueno y Andrei Isnardis (Capes, Fapemig y Argumentum, Belo Horizonte, 2007). Reseñado por Luciano Prates (CONICET, Facultad de Ciencias Naturales y Museo, Universidad Nacional de La Plata). Este libro reúne varios trabajos gestados en el simposio “Tecnologia lítica no Brasil. Fundamentos teóricos, problemas e perspectivas de pesquisa”, realizado en el Museu de História Natural de la Universidad Federal de Minas Gerais en junio de 2007. Esta obra consta de un prefacio, una introducción y doce artículos que compendian las principales tendencias 227

teórico-metodológicas de los estudios sobre tecnología lítica en buena parte del territorio de Brasil. La pluralidad de enfoques representados a lo largo de la obra y la reflexión teórica ofrecida en buena parte de los artículos la convierten en un material de lectura obligado para quienes quieran introducirse en el escenario del debate sobre la tecnología lítica en Brasil. En el primer artículo Pedro Ignácio Schmitz hace un breve recorrido por el origen y la evolución del PRONAPA (Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas) que constituye el fundamento del desarrollo de la arqueología brasilera actual. El autor resume, desde el interior, los objetivos principales y el contexto de surgimiento de este programa de investigaciones coordinado por Clifford Evans y Betty J. Meggers y anclado en los lineamientos teórico-metodológicos de la escuela histórico-cultural norteamericana. El trabajo comienza con un punteo de las principales herramientas conceptuales del modelo (tradición, fase, tipo) y su alcance en los estudios de los cazadores-recolectores del sur de Brasil. Luego describe el proceso que llevó a su aplicación no sólo al estudio de los contextos cerámicos, el objetivo inicial del PRONAPA, sino, también, a los precerámicos. A partir de allí las páginas del capítulo se adentran en la caracterización de las tradiciones precerámicas del planalto brasilero (Umbu, Humaitá e Itaparica), definidas a partir de la presencia de “tipos” artefactuales específicos, sobre todo puntas de proyectil. El modelo general de trabajo del PRONAPA fue ganando popularidad y fue aplicado en otras regiones del territorio de Brasil. El resultado fue un esquema básico supraregional tendiente a explicar la variabilidad tecnológica de las industrias líticas a una escala espacial amplia. Frente a las críticas recibidas por el modelo, sobre todo enfocadas en la definición de tradiciones 228

a partir de la tipología de las puntas de proyectil, el autor sostiene que las nuevas propuestas, alineadas con visiones básicamente procesuales, no modificaron la esencia de las tradiciones iniciales. Este trabajo sintetiza el enorme volumen de información generado por el PRONAPA y sus continuadores y el sofisticado esquema de categorías culturales definido a lo largo de un extenso territorio. Sin embargo, el trabajo carece de precisión en cuanto a la forma como puede construirse un cuadro histórico, evolutivo, ambiental y tecnológico partiendo de un esquema básicamente tipológico. El segundo artículo, Da tipologia à tecnologia: reflexões sobre la variabilidade das indústrias líticas da Tradição Umbu, de Adiana Schmidt Dias retoma el problema de la dispersión a lo largo del espacio y el tiempo de ciertos tipos de conjuntos líticos desde un enfoque crítico de las interpretaciones históricoculturalistas. Dias busca analizar la variabilidad del registro arqueológico asociado a la tradición Umbu mediante el estudio de materiales procedentes de colecciones. El énfasis del trabajo está puesto en la variabilidad del contexto dinámico de producción de los artefactos, lo cual implica entender dicha variabilidad como resultado de una construcción social y considerar para su análisis una compleja serie de factores. Luego de una bien resuelta introducción teórica del problema y de una apropiada y completa síntesis de los antecedentes la autora presenta los datos del análisis de las colecciones procedentes del nordeste de Rio Grande do Sul. Observa que hay un aprovechamiento de materias primas locales y que varían las estrategias de reducción según el tipo de roca utilizada. Para el caso de las puntas de proyectil vincula la reducción unipolar con la producción de puntas de proyectil triangulares pedunculadas y la bipolar

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con las lanceoladas apedunculadas. Las primeras habrían estado asociadas con una estrategia tecnológica conservada y las segundas con una estrategia expeditiva, es decir, parte de la variabilidad de los conjuntos sería el correlato arqueológico de la aplicación de diferentes estrategias. La autora lleva un poco mas allá su línea de razonamiento proponiendo que ciertas variaciones en las frecuencias de los tipos de puntas de proyectil podrían considerarse indicadores de identidad social. Aunque finalmente este último punto no es profundizado en el trabajo refleja un explícito interés por la consideración de variables no necesariamente tecno-económicas para la reflexión sobre las decisiones de las sociedades del pasado. En el tercer artículo, Organização tecnológica e teoria do design: entre estratégias e características de performance, Lucas Bueno propone analizar los conjuntos líticos de Brasil central desde una perspectiva “no tipológica,” privilegiando el aspecto dinámico del proceso de producción de instrumentos a fin de articular artefactos y comportamiento. Como en el artículo anterior el autor critica los estudios tipologistas propios de los enfoques histórico-culturalistas predominantes en la arqueología de las décadas de 1960 y 1970. Para el análisis de los datos utiliza los conceptos de “estrategia,” “diseño” y “performance,” concluyendo que la variabilidad de los conjuntos es, en buena medida, producto de su articulación. Aun cuando esta visión encuadrada en un enfoque procesual tradicional supera, desde un punto de vista interpretativo global, las propuestas tipologistas que critica se enfoca, exclusivamente, en las variables tecno-económicas del comportamiento, omitiendo cualquier alusión a los componentes ideacionales (sociales, culturales, etc.). Este aspecto, en alguna medida, diferencia este trabajo del de Reseñas / Resenhas

Schmidt que refleja una visión más holística para la discusión de la variabilidad de los conjuntos líticos En el cuarto artículo, Indústrias líticas como vetores de organização, Klaus Hilbert invita a reposicionar la óptica desde la cual la mayoría entiende y reflexiona sobre el pasado. Planteando un juego tan literario como filosófico pone al descubierto las limitaciones esenciales de la seudo-rigurosidad de la arqueología más empirista y demanda una mayor “humanización” del objeto material de estudio sin perder de vista que lo más significativo de las “industrias líticas” es el significado asignado a ellas por las personas. Para ello sugiere pensar la cultura material desde la fenomenología, intentando observar los “fenómenos e historias” de las piedras. Este artículo es una manera creativa de invitar a los arqueólogos a generar nuevas ideas para explicar los vínculos entre piedras y personas, prescindiendo del formalismo del empirismo cientificista. El siguiente artículo, Posibilidades de abordagens em indústrias expedientes, de Paulo Jobim Campos Melo resume los lineamientos teórico- metodológicos de la escuela francesa para el análisis de los materiales líticos. A partir de la crítica de los abordajes tipologistas se enfoca en los conceptos básicos desarrollados por la etnologie prehistorique de Leroi-Gourham y en los conceptos y metodologías más recientes, sobre todo los desarrollados por Eric Boeda, Gilbert Simondon y Jacques Pelegrin. Sobre la base del concepto de chaine operatoire destaca la importancia de interpretar los artefactos líticos teniendo en cuenta la secuencia compleja y dinámica de ideas y de gestos involucrados en su fabricación y uso. Un aspecto criticable de este trabajo es que el lector, con el correr de las páginas, espera con ansiedad la aplicación concreta de estos conceptos al estudio de las industrias líticas del Planalto 229

Central, esbozada al principio del trabajo pero nunca retomada. El siguiente aporte, de Maria Jacqueline Rodet y Marcio Alonso, Una terminologia para industria lítica brasileira, plantea como objetivo discutir las limitaciones que impone a la sistematización de los estudios líticos en Brasil la falta de una terminología descriptiva común utilizada por todos los investigadores; sin embargo, cuando uno comienza la lectura encuentra que ese objetivo se desdibuja en una estructura poco clara. El artículo desarrolla problemas puntuales no siempre relacionados con la falta de terminología descriptiva de los artefactos y sin conexión armónica. Tampoco las conclusiones se vinculan, directamente, con los objetivos ni surgen, claramente, de lo desarrollado en el trabajo. Si alguien quisiera obtener una idea general del surgimiento y desarrollo de la arqueología experimental en Brasil tiene en el artículo de André Prous una síntesis clara, simple y concreta. Experimentação na arqueologia brasileira: entre gestos e funçõe comienza con un pequeño punteo del surgimiento de la experimentación en la arqueología fuera de Brasil. A continuación define algunos conceptos generales y básicos como experiencias didácticas, experiencias de vida, experimentaciones paragmáticas y experiencias sistemáticas. La parte principal del trabajo recorre los temas vinculados con la experimentación en Brasil, desde la confección de artafactos líticos, óseos y de madera hasta la construcción de sambaquís y la realización de grabados rupestres. El autor finaliza con una reflexión, corta pero interesante, sobre la importancia del uso de la experimentación en la formación de los arqueólogos, sobre todo por constituir una instancia de contacto entre el investigador y las situaciones puntuales que pretende explicar a través del registro arqueológico. 230

En el octavo artículo, Metodologías de análise as indústrias líticas do Pleistoceno no Brasil Central, Agueda Vilhena Vialou resume las características más conspicuas de los artefactos líticos de los sitios arqueológicos del Pleistoceno y Holoceno temprano de Sudamérica, con un énfasis especial en el sitio Salta Elina (Jangada, Mato Grosso). En la discusión continental describe los materiales líticos de varios sitios aunque no hace referencia a que en muchos de ellos los contextos de asociación y cronología han sido fuertemente cuestionados (e.g. Los Toldos, Toca do Boqueirão da Pedra Furada y Abrigo do Sol). Los conjuntos líticos de los sitios del Pleistoceno que considera más tempranos del continente (sobre todo Santa Elina) se caracterizan por una morfología y tecnología rudimentarias, lo que los diferencia de las “industrias” de puntas y piezas plano-convexas que los sucedieron. Un planteo interesante de la autora es el referido a la necesidad de analizar los conjuntos pleistocénicos de Sudamérica siguiendo los lineamientos utilizados para el estudio de sitios del Paleolítico Medio e Inferior del Viejo Mundo; por la rusticidad de los artefactos la metodología utilizada para el estudio de sitios del Paleolítico Superior no sería apropiada para su abordaje. En el siguiente trabajo Andrei Isnardis pone a discusión un problema sobre el que cualquier lector seguramente ha reflexionado pero pocas veces ha leído su tratamiento explícito en un artículo. A partir de un examen crítico de la bibliografía arqueológica brasilera Isnardis observa una tendencia generalizada de los investigadores hacia la presentación de resultados de estudios de conjuntos líticos con escasas o nulas referencias a los otros tipos de registros recuperados en los mismos sitios. El autor ofrece algunas posibles explicaciones para este problema

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entre los que incluye, por ejemplo, la elevada frecuencia relativa de artefactos líticos en los sitios, el mayor desarrollo teórico metodológico para su estudio y el mayor potencial informativo de este tipo de material. Al finalizar reclama una articulación entre los estudios líticos con el resto de los contextos para lograr una mayor cercanía al objeto real de estudio: las sociedades humanas. El capítulo de Sirlei Elaine Hoeltz, Contexto e tecnología: parâmetros para uma interpretação das indústrias líticas do sul do Brasil, constituye un ejemplo claro de la vinculación y yuxtaposición de enfoques de la arqueología francesa sobre una matriz histórico-cultural norteamericana en un estudio arqueológico del sur de Brasil. La autora presenta, de manera bien estructurada y clara, dos casos de estudio del planalto sur: uno en el sur del estado de Santa Catarina y otro en el norte de Río Grande do Sul. Sobre una base metodológica de la escuela francesa presenta un completo análisis de una muestra de sitios detectados en ambas áreas durante la realización de estudios de arqueología de contrato. Lo interesante de este trabajo es que cuestiona la validez de las tradiciones culturales definidas por los investigadores del PRONAPA para los cazadores-recolectores del área a partir de un análisis enfocado en los aspectos contextuales y tecnológicos y no en los tipológicos. Con evidencia sólida y bien presentada muestra cómo varios sitios del sur de Santa Catarina, constituidos, básicamente, por artefactos líticos y atribuidos, inicialmente, a cazadores-recolectores de la tradición Humaitá corresponden, en realidad, a grupos horticultores de la tradición Taquara. Una situación similar observa en el norte de Rio Grande do Sul planteando que los conjuntos atribuidos a dos tradiciones diferentes (Umbu y Humaitá) deben entenderse como correlato Reseñas / Resenhas

arqueológico de uno o varios grupos portadores de una misma tradición. Este trabajo constituye una instancia claramente superadora de los estudios tipológicos que definían tradiciones a partir del reconocimiento de artefactos guía dado que incorpora al análisis variables contextuales y tecnológicas; sin embargo, también establece su argumento sobre la base de la categoría de tradición lo que implica, necesariamente, mantener el marco conceptual del enfoque histórico-cultural. El último de los capítulos de esta obra, y el único escrito en inglés, sintetiza, de una manera clara, la importancia del estudio del proceso de reducción de los artefactos líticos en los estudios arqueológicos. Michael Shott desarrolla aquí los principales conceptos teóricos que sustentan lo que él denomina reduction thesis, es decir, la idea según la cual muchos instrumentos líticos fueron reducidos continuamente durante el uso y que, como consecuencia de ello, su tamaño y forma fueron cambiando a lo largo del tiempo. Desde esta concepción las premisas esencialistas de las tipologías enmascaran el continuum de la variación del tamaño y forma de los instrumentos. Un aspecto interesante de esta síntesis es que el autor no sólo pone al lector en el escenario teórico del debate sino que plantea potenciales vías metodológicas para la cuantificación de la reducción en un conjunto lítico. En suma, aunque todos los artículos que componen este libro se enfocan en la tecnología lítica ilustran las variantes teóricas y metodológicas que definen el escenario de la arqueología brasilera contemporánea y que, en buena medida, también caracterizan la gestación de la disciplina en América Latina. Aquí las bases conceptuales histórico-culturales se mantienen muy vigentes en el debate actual y funcionan como principal marco 231

de referencia para las discusiones, independientemente del enfoque desde el que se efectúen. Cualquier arqueólogo o estudiante interesado en reconocer cómo se ha construido la arqueología brasilera encontrará en este libro todos los matices que definen el problema.

Objetos alheios, histórias compartilhadas: os usos do tempo em um museu etnográfico de Andrea Roca (IPHAN, Brasilia, 2008). Reseñado por Angélica Núñez (Departamento de Antropología, Universidad del Cauca). Desde su origen los museos universitarios han estado entre la producción del conocimiento especializado y los colectivos sociales como medios de comunicación a partir de los cuales se movilizan sentimientos de identidad y se construyen memorias comunes. Estos escenarios ofrecen una amplia gama de posibilidades de interpretación y son fuentes de datos pertinentes para el estudio de las historias de las disciplinas, sus desarrollos teóricos, discursivos y sus relaciones con los contextos sociales. En esta investigación Andrea Roca presenta el caso del Museo Etnográfico Juan Bautista Ambrosetti de Buenos Aires donde se ha logrado un nivel considerable de articulación y coherencia entre el discurso antropológico y arqueológico, construido desde la disciplina, y el discurso que transmite el museo en sus exposiciones, especialmente en su programa de visitas guiadas. La particularidad que tienen los museos frente a otros medios es que la visita a la exposición es un acto social, un acto de comunicación donde entran en juego los imaginarios colectivos y los contenidos que se quieren transmitir; en la puesta en escena de la exposición los visitantes 232

participan en la construcción de la historia, recibiendo y transformando la información que reciben a partir de sus propias experiencias y conocimientos (Davallon 1986). Esta característica de la exposición es bien aprovechada en esta investigación porque considera la visita como una situación etnográfica; en sus descripciones está siempre presente la idea de diálogo entre los visitantes. Él o la guía presta atención a los gestos que pueden dar indicios de los sentimientos e ideas que se exaltan en ellos a la hora de tratar temas álgidos en la construcción de las imágenes del otro. En este trabajo se toma como fuente de información principal el programa de guías porque da sustento a la comunicación entre el conocimiento especializado y el público. Los guías diseñan la visita teniendo en cuenta aspectos pedagógicos para que la transmisión del mensaje sea efectiva; también se preocupan por conocer los preconceptos de los visitantes, es decir, conocen al público y sus reacciones. Esto sólo se logra en un programa a largo plazo, con estudiantes calificados y con una proyección de su carrera hacia la divulgación del conocimiento científico. En este sentido Roca analiza la forma como el o la guía ha diseñado su temática y cómo la conjuga con los objetos y dispositivos museográficos exhibidos y los recursos pedagógicos que utiliza para incentivar el interés de los visitantes y confrontar ideas de racismo y exclusión de los grupos indígenas, arraigadas en su inconsciente colectivo, con informaciones bien direccionadas y que recrean conceptos básicos de la antropología. La descripción etnográfica logra trasladarnos, con una narrativa clara y amena, a los puntos cruciales del discurso colonialista en la construcción de la imagen del otro: las ideas evolucionistas, la criminalización de los indígenas, la satanización de un espacio geográfico, las ideas esteticistas de los rasgos indí-

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genas, los adjetivos despectivos usados para deslegitimar al otro, etc, salen a flote y nos ubican en el punto a donde quiere llegar la investigación, es decir, indagar sobre las distancias y discontinuidades temporales usadas en la construcción del discurso del museo. La investigación se muestra en cuatro capítulos. El primero, Un museu universitário que foi chamado “Etnográfico,” hace un recorrido por la historia del museo y sus cambios, caracterizando las ideas desarrolladas en cada época, mostrando las tensiones políticas que generaba cada cambio de gobierno en la institución, las tendencias que adquirían las disciplinas involucradas en la temática del museo y las condiciones administrativas en que quedaba la institución en cada uno de estos cambios. En el segundo capitulo, O museu etnográfico “Juan Bautista Ambrosetti,” se hace una descripción de la forma como funciona actualmente el museo y cómo se realizó la gestión para llegar hasta aquí; también se describen los espacios, las actividades que en ellos se llevan a cabo y el patrón organizacional a partir del cual se trabaja, con los perfiles del equipo humano y el concepto de museo con el que se opera en la institución. El tercer capítulo, Arqueologia e história nas visitas ao Museu Etnográfico, entra en materia con las descripciones etnográficas de las visitas guiadas y su análisis en dos temáticas específicas — Incas y señores: la llegada del Imperio a los Andes del sur y Platería Mapuche, mucho más que joyas— a partir de entrevistas con profesores y guías; se analiza el papel del museo como complemento de la educación básica, el tiempo de la visita con relación a los mensajes que los guías transmiten y las expectativas del público. Finalmente resalta que el papel de la arqueología, la historia y la antropología Reseñas / Resenhas

en el museo es dar profundidad temporal a las temáticas que presenta, en contraposición a las historias oficiales que muestran las discontinuidades y rupturas temporales, aislando los relatos del pasado de las dinámicas sociales y políticas actuales. Tempos e temporalidades no Museu Etnográfico, cuarto capítulo del libro, comienza con una introducción sobre el concepto del tiempo y sus usos políticos a partir del cual Roca enmarca su análisis; continua con el planteamiento de un sistema de preconceptos que forman la categoría indígena para los visitantes antes de entrar al museo y cuales son las estrategias de aproximación que se utilizan para poner estos preconceptos en contraste con explicaciones provenientes de las investigaciones arqueológicas, históricas y antropológicas, apelando a las múltiples posibilidades de transmitir el conocimiento que ofrece el espacio del museo a partir de la experiencia sensible, la lúdica, la interactividad y el juego para que otras representaciones puedan ser incorporadas en actos efectivos de creación de la memoria. Para cerrar su argumentación Roca muestra cómo en este museo se ha logrado jugar con las temporalidades para estructurar un discurso que ofrezca una perspectiva diacrónica y continua, dando a las comunidades indígenas un lugar en la historia y una imagen más libre de preconceptos que legitiman la exclusión en el contexto actual; postula el museo como un lugar de producción de memoria a partir de objetos ajenos que cuentan historias compartidas. Finalmente, incluye un apartado de conclusiones donde hace un resumen de los capítulos y amplía algunos de los argumentos que desarrolló en ellos, así como observaciones y datos adicionales. Este trabajo hace reflexionar a fondo sobre el papel de los museos universitarios 233

ligados a la antropología, la arqueología y la historia y nos muestra un buen ejemplo de cómo pueden ser espacios donde se articulan los lugares de producción del conocimiento y los lugares de producción de la memoria. En un espacio concebido de esta manera las investigaciones pueden llegar al público no especializado en forma de contenidos temáticos e influir en la percepción que se tiene del pasado y de la alteridad en contextos que han sufrido la imposición de una historia oficial excluyente y colonialista. Sin embargo, en estos espacios no sólo es importante la visibilización de las identidades en el discurso que se quiere transmitir sino, también, la participación activa de las comunidades en la producción de ese discurso y su apro-

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piación de los lenguajes de divulgación y del museo como medio de comunicación; así pueden dar a conocer las formas como conciben el tiempo y la memoria desde sus propio referentes y narrativas. Los especialistas simplemente acompañan el proceso dando a conocer su versión y la forma como se puede jugar con los elementos museográficos y los recursos pedagógicos para que construyan un espacio de autorepresentación de su identidad. Referencia Davallon, Jean 1986 Claquemurer pour  ainsi  dire  tout  l’univers. Centre Georges Pompidou, París.

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UNIVERSIDAD DEL CAUCA INSTITUTO COLOMBIANO DE ANTROPOLOGÍA E HISTORIA DOCTORADO EN ANTROPOLOGÍA

Resolución Resolución 5291 de 2005 del Ministerio de Educación Nacional

Informes: Instituto de Posgrados en Ciencias Sociales, Universidad del Cauca Calle 4 No 3 – 56, Popayán, Cauca (Colombia) Telefax: 57 + 2 8244656 / 8240050 Ext. 118. Correo Electrónico: [email protected] Página web: www.unicauca.edu.co Instituto Colombiano de Antropología e Historia Calle 12 No 2-41. Bogotá, D.C. (Colombia) Teléfono: 5619500 / 5619600. Correo Electrónico: [email protected] Página web: www.icanh.gov.co

DOCTORADO EN ARQUEOLOGÍA UNIVERSIDAD NACIONAL DEL CENTRO DE LA PROVINCIA DE BUENOS AIRES, OLAVARRÍA El Doctorado en Arqueología en la Universidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires, Argentina, amplía el horizonte de formación académica de los graduados en arqueología y disciplinas afines y genera una oferta diferente y de calidad para los graduados de Argentina y de América del Sur. Aborda temas que no son regularmente ofrecidos en otros programas pero que son de crucial importancia para alcanzar una completa formación arqueológica contemporánea (e.g. temas de teoría arqueológica actual, etnoarqueología, geoarqueología, procesos de formación de sitios, tafonomía, protección del patrimonio, etc.). Aunque el Doctorado pretende que el graduado tenga una formación universal está enfocado a tratar temas de relevancia para la arqueología latinoamericana. El objetivo del Doctorado es formar doctores con una sólida formación teórico-práctica, capacidad crítica y reflexiva y aptitud para desarrollar un trabajo científico original de alta calidad. Se espera, además, que los alumnos del Doctorado desarrollen criterios éticos en relación a la práctica profesional y al respeto de los pueblos originarios de América y adopten una actitud consciente y reflexiva sobre las implicaciones sociales y políticas de sus investigaciones. El Doctorado en Arqueología tiene una planta estable de 20 profesores que dictan, al menos, un curso cada dos años. Este plantel se amplía anualmente con profesores invitados nacionales y extranjeros que imparten cursos en sus respectivas especialidades. El director del Doctorado es el Dr. Gustavo G. Politis. La inscripción está abierta de marzo a noviembre de cada año. Informes: Facultad de Ciencias Sociales de la Universidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires, Avda. Del Valle 5737 - B 7400 JWI Olavarría, Argentina. Tel.+54(0)2284 450331/450115 int.315/392/306. Fax: +54(0)2284 451197 int. 301. Correo electrónico: [email protected]; sitio web: www.soc.unicen.edu.ar/posgrado

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