Artigo Final Ergonomia Estudo de Caso de Biomecanica Ocupacional

September 20, 2017 | Autor: R. Bartneck de Ol... | Categoría: Ergonomics
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Descripción






Mecânica & Produção v. X, n. Y, pp. XX-YY, ZZZZ
ISSN XXXX-XXXX
Acesso livre em www.mecprod.ufs.br


Levantamento e Transporte de Cargas: O Estudo De Caso de Donald Bloswick

Gilbran Vinícius Costa Santos, Mayara Almeida de Oliveira,Paulo Henrique Adib Dantas Salim, Roberto Bartneck de Oliveira, Saulo Augusto Lima Teixeira, Sérgio Filipe Santos de Jesus.

Departamento de Engenharia de Produção, Universidade Federal de Sergipe – http://npr.4h.com.br.
E-mails para correspondência: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]

Recebido em XX/YY/ZZZZ. Aceito na forma final em XX/YY/ZZZZ
Todas as informações contidas neste artigo são de responsabilidade dos autores.


O exposto traz uma análise sucinta e direta sobre o estudo de caso criado por Donald S. Bloswick em 1994, onde é retratada uma atividade de levantamento e transporte de carga, situação na qual o trabalhador sofre em decorrência de disfunções ambientais e comportamentais que contrariam os preceitos fundamentais da Ergonomia. Uma solução, para a referida problemática, é desenvolvida por meio de conhecimentos adquiridos em uma breve pesquisa bibliográfica.


Palavras-Chave: Análise ergonômica do trabalho; levantamento e transporte de cargas; recomendações ergonômicas




Introdução
Em face dos constrangimentos físicos e cognitivos impostos aos trabalhadores decorrentes da abrangência e complexidade das tarefas, e da pressão por resultados cada vez mais eficientes, a busca pela erradicação de condições desfavoráveis assume papel primordial no ambiente de trabalho. Dessa forma, Abrahão [1] salienta que a ergonomia tem sido solicitada, cada vez mais, a atuar na análise de processos de reestruturação produtiva, sobretudo, no que se refere às questões relacionadas à caracterização da atividade e à inadequação dos postos de trabalho, em especial em situações de mudanças ou de introdução de novas tecnologias.
A Associação Brasileira de Ergonomia (ABE) [2] a define como sendo o estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando intervenções e projetos que

visem melhorar, de forma integrada e não dissociada, a segurança, o conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades humanas.
Oliveira et al. apud Custódio [3] considera que a ergonomia está conceitual e eticamente comprometida com o ser humano e deve ser entendida como a ciência de aplicação dos conhecimentos relativos ao homem, ao processo e aos produtos, buscando o funcionamento harmônico e seguro do sistema homem-máquina.
Já Wisner [4] assinala que a ergonomia é a arte na qual são utilizados o saber tecnocientífico e o saber dos trabalhadores sobre a própria situação do trabalho.
Abrahão & Pinho [5] ressaltam que a ergonomia incorpora na base de seu arcabouço teórico, um conjunto de conhecimentos científicos vindos de diversas áreas (Antropometria, Fisiologia, Psicologia,...) e os aplica com vistas às transformações do trabalho.
Assim, inserido nesse contexto de aperfeiçoamento do cenário homem-máquina-ambiente, o presente trabalho propõe o uso da metodologia de análise ergonômica do trabalho (AET) a fim de dispor de um parecer a cerca da tarefa de levantamento e transporte de cargas, e posteriormente construir as recomendações ergonômicas cabíveis.
A AET é considerada um método de abordagens ascendentes (bottom up) se opondo ao método experimental (descendente ou top down), é utilizada para responder a uma questão precisa e é orientada para a proposição de soluções operatórias. A AET aparece como ferramenta essencial de orientação da intervenção ergonômica e não leva somente às transformações ergonômicas, mas também às contribuições essenciais para a organização do trabalho, à definição dos postos de trabalho, à formação das transferências de tecnologias, dentre outros (Custódio) [3].
Para esta investigação científica, lançaremos mão da resolução do estudo de caso criado por Donald S. Bloswick em 1994 (então professor doutor da Universidade de Utah, EUA), que aborda as adversidades provenientes do levantamento e transporte de cargas. É notável que, embora a problemática analisada não seja real, ela é válida, ao passo que nos confere os dados sobre um panorama irregular, fornecendo bases para uma pesquisa a cerca dos fundamentos da Ergonomia. Em consonância com a tese de Grünbaum [6], que afere que estudos de caso podem ser descritivos, exploratórios ou explicativos, isto é, podem gerar teoria ou contribuir para sua modificação.
Ponderamos ainda que a AET não será representada minuciosamente em sua totalidade. Ao passo que as primeiras etapas do método não serão abordadas, pois o estudo de caso observado já traz em sua descrição as transgressões verificadas. A ênfase ocorrerá, portanto, sobre intervenções propostas.
Vale destacar também que "ao se propor um método para estudar as condições de trabalho não se pode esquecer que os modelos dependem muito da organização a ser estudada. Desta forma, o que se propõem são princípios, pressupostos básicos para, através da utilização de diferentes técnicas, tentar-se adquirir um resultado esperado" (Vasconcelos & Camarotto) [7].

O estudo de caso
Trata-se de um trabalho repetitivo em que o operador pega uma carga em cima de um pallet que está localizado no nível do piso e, dessa forma, ele acaba por dobrar-se para baixo na altura da cintura. Em seguida, o indivíduo leva a carga por aproximadamente 15 pés (3,048 m) e a dispõe em um transportador. Na sequência, o funcionário volta para o pallet e realiza os mesmos procedimentos.
Após uma análise ergonômica no posto de trabalho, foi identificado como fatores de risco que:

- É necessário mover a carga do nível do piso;
- A forma da carga dificulta seu transporte;
- É necessário dobrar a cintura para pegar a carga e elevá-la.

Discussão e implicações
A nível de categorização, pode-se enquadrar o problema proposto dentro do escopo da biomecânica ocupacional abrangido pela ergonomia, visto que entre outras coisas, a mesma aborda diversos aspectos relacionados ao desempenhar das funções atribuídas ao trabalhador em seu posto de trabalho, tais como: trabalho muscular, trabalhos estático e dinâmico, posturas do corpo, aplicação de forças, levantamento e transporte de cargas.
Segundo Iida [8], a biomecânica ocupacional é uma parte da biomecânica geral, que se ocupa dos movimentos corporais e forças relacionadas ao trabalho. Assim, preocupa-se com as interações físicas do trabalhador, com o seu posto de trabalho, máquinas, ferramentas e materiais, visando reduzir os riscos de distúrbios másculo-esqueléticos. Analisa basicamente a questão das posturas corporais no trabalho, a aplicação de forças, bem como as suas conseqüências.
Com isso, muitos produtos e postos de trabalhos inadequados provocam estresses musculares, dores e fadiga que, às vezes, podem ser resolvidas com providências simples, como o aumento ou redução da altura da mesa ou da cadeira, melhoria do layout ou concessão de pausas no trabalho, segundo Iida [8].
É nesse contexto ocupacional que será feita aqui uma discrepância nas análises e discussões de pontos importantes de acordo com os três principais fatores, identificados como fatores de risco pelo diagnóstico ergonômico fornecido pelo estudo de caso em questão. São eles:
- É necessário mover a carga do nível do piso;
- A forma da carga dificulta o seu transporte;
- É necessário dobrar a cintura para pegar a carga e elevá-la.


Mover a carga do nível do piso
Fazendo-se uma análise da situação exposta, percebe-se facilmente que se trata de uma atividade de caráter postural extremamente fatigante, na qual só o fato de mover a carga do nível do piso, aliado às demais condições da operação, induz o trabalhador a proceder incorretamente na hora de executar a tarefa, independentemente do peso da carga. Isso pode expor o mesmo a dores e traumas musculares.
Na visão de Iida [8], a musculatura humana tem um bom desempenho contínuo quando é contraído até 15% de sua capacidade máxima. Acima disso, o trabalho deve ser seguido de uma pausa para recuperação. A dor é causada pela acumulação dos subprodutos do metabolismo no interior dos músculos. Isso decorre das contrações musculares acima da capacidade circulatória em remover os subprodutos do metabolismo. Ocorre, sobretudo, nos trabalhos estáticos, que tendem a ser mais fatigantes, porque eles prejudicam a circulação sangüínea nos vasos capilares. Se persistir, pode provocar cãibras, acompanhadas de espasmos e fraquezas.
Nesse âmbito, Iida [8] também argumenta que em muitos casos, o trabalhador assume posturas inadequadas devido ao projeto deficiente das máquinas, equipamentos, postos de trabalho e também, às exigências da tarefa. O redesenho dos postos de trabalho para melhorar a postura promove reduções da fadiga, dores corporais, afastamentos do trabalho e doenças ocupacionais. Um exemplo típico é quando o trabalhador precisa inclinar-se para levantar cargas a partir de uma superfície baixa, representando justamente o estudo de caso aqui proposto.
Ainda de acordo com Iida [8], existe um certo tipo de postura que pode ser considerado mais adequado para cada tipo de tarefa. Muitas vezes, projetos inadequados de máquinas, assentos ou bancadas de trabalho obrigam o trabalhador a usar posturas inadequadas. Se estas forem mantidas por um longo tempo, podem provocar fortes dores localizadas naquele conjunto de músculos solicitados na conservação dessas posturas.
Assim como existe um tipo de postura que pode ser considerado mais adequado para cada tipo de tarefa, tem-se pelo mesmo raciocínio um conjunto de tarefas no qual se espera que determinados registros posturais sejam evitados, pois podem acentuar-se em sérios danos à saúde física daquele trabalhador. A Tabela 1 relaciona posturas inadequadas com o risco de dores localizadas, mostrando pontualmente quais regiões são afetadas quando tais posturas são identificadas.


Tabela 1. Localização das dores no corpo provocadas por posturas inadequadas.
Postura inadequada
Risco de dores
Em pé
Pés e pernas (varizes)
Sentado sem encosto
Músculos extensores do dorso
Assento muito alto
Parte inferior das pernas, joelhos e pés
Assento muito baixo
Dorso e pescoço
Braços esticados
Ombros e braços
Pegas inadequadas em ferramentas
Antebraço
Punhos em posições não-neutras
Punhos
Rotações do corpo
Coluna Vertebral
Ângulo inadequado assento/encosto
Músculos dorsais
Superfícies de trabalho muito baixas/altas
Coluna vertebral, cintura escapular
Fonte: Iida (2005)

Das posturas retratadas na tabela, algumas merecem destaque justamente por se relacionarem diretamente com a ocasião estudada aqui, tais como a postura predominantemente em pé, com possíveis rotações do corpo e ainda com superfícies de trabalho muito baixas, isto é, com a carga localizada no nível do piso. Este nível de localização da carga já induz o trabalhador em seu posto de trabalho a proceder de forma inadequada, o que segundo a tabela, pode agravar o risco de dores em regiões como pés e pernas, coluna vertebral e cintura escapular.
Ao partir para a ação repetida de pegar a carga, percebe-se a importância de se estudar os conceitos e fundamentos envolvidos dentro do levantamento e transporte de cargas, já que segundo Bridger apud Iida [8], o manuseio de cargas é responsável por grande parte dos traumas musculares entre os trabalhadores. Aproximadamente 60% dos problemas musculares são causados por levantamento de cargas.
De acordo com Iida [8], isso acontece devido a uma gama de fatores, mas principalmente devido à grande variação individual das capacidades físicas, treinamentos insuficientes e freqüentes substituições de trabalhadores homens por mulheres. Torna-se, então, necessário conhecer a capacidade humana máxima para levantar e transportar cargas, para que as tarefas e as máquinas sejam corretamente dimensionadas dentro desses limites.
Nesse contexto, Iida [8] argumenta que a capacidade da carga é influenciada pela sua


localização em relação ao corpo e outras características como formas, dimensões e facilidade de manuseio. Em relação à localização relativa, para movimentos repetitivos, a força máxima para o levantamento de peso é exercida quando a carga encontra-se a 30 cm de distância do corpo e a 30 cm de altura do solo. Essa capacidade logicamente diminui a medida que a carga se afasta do corpo, chegando a zero quando se encontra a 90 cm do mesmo.
Por se tratar de uma atividade repetitiva e de uma distância relativamente curta (15 pés), Iida [8] ainda complementa que se deve primeiro determinar a capacidade de carga isométrica das costas, que é a carga máxima que uma pessoa consegue levantar, flexionando as pernas e mantendo o dorso reto na vertical. A carga recomendada para movimentos repetitivos será, então, 50% dessa carga isométrica máxima.
E dessa forma, o ato de mover e levantar essa carga do nível do piso levando-se em consideração que a mesma não foi dimensionada no estudo de caso, quanto ao peso ou simetria, e que ainda não se pôde obter informações importantes como a idade ou o atual estado de saúde (avaliação médica) deste operador, deve levar em conta primeiramente fatores primordiais como a altura desfavorável dessa carga em relação à região de alcance do mesmo, mas também como isso pode influenciar em registros posturais inadequados, no risco de aparecimento de dores e traumas musculares severos e na capacidade máxima de levantamento repetitivo de cargas.

A forma da carga
A situação exposta fornece a informação de que a forma da carga acaba por dificultar o transporte da mesma. Essa influência da forma e qualidade de manuseio da carga pode ser melhor vista explorando-se a equação de NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health – EUA).
Segundo Walters et al apud Iida [8], a equação de NIOSH foi desenvolvida para calcular o peso limite recomendável em tarefas repetitivas de levantamento de cargas. Essa equação foi desenvolvida inicialmente em 1981 e revisada em 1991, tendo o objetivo de prevenir ou reduzir a ocorrência de dores causadas pelo levantamento de cargas. Ela refere-se apenas à tarefa de apanhar uma carga e deslocá-la para depositá-la em um outro nível, usando as duas mãos. Foi desenvolvida por uma comissão de cientistas que se baseou em critérios biomecânicos, fisiológicos e psicofísicos.
A equação de NIOSH estabelece um valor padrão de referência de 23 Kg e é expressa pela fórmula:
PLR = 23 x (25/H) x (1 - 0,003/[V - 75]) x (0,82+
+ 4,5/D) x (1 - 0,0032 x A) x F x C
(1)
Onde:

PLR = peso limite recomendável
H = distância horizontal entre o indivíduo e a carga (posição das mãos) em cm
V = distância vertical na origem da carga em cm
D = deslocamento vertical entre a origem e o destino, em cm
A = ângulo de assimetria, medido a partir do plano sagital, em graus
F = freqüência média de levantamentos em levantamentos/min
C = qualidade da pega

Tendo em vista as diversas variáveis que influem no cálculo final da equação de NIOSH, e que por sua vez são representativas das condições de trabalho daquele posto de trabalho, percebe-se para o contexto do estudo de caso a importância de se enfatizar duas dessas variáveis: a freqüência média de levantamentos e a qualidade da pega.
O primeiro, como já foi visto na subseção anterior, estabelece já alguns cuidados e precauções que devem ser analisados quanto ao caráter repetitivo desta atividade. O segundo, que envolve a forma da carga e sua conseqüente qualidade da pega e manuseio, pode ser evidenciado de acordo com a Tabela 2.

Tabela 2. Qualidade da pega para a equação de NIOSH
Qualidade da Pega
Coeficientes de pega

V < 75
V 75
Boa
1,00
1,00
Média
0,95
1,00
Ruim
0,90
0,90
V = Altura inicial do levantamento, cm.
Fonte: Iida (2005)

A qualidade da pega acaba por influenciar nos valores numéricos dos coeficientes de pega (C), de forma que pegas adaptadas, ou mais adequadas ao manuseio, possibilitam chegar a um resultado de peso limite recomendável (PLR) maior. Isso também gera uma facilidade no levantamento e transporte dessas cargas, visto que cria maior aderência, estabilidade e equilíbrio ao operador que conduz manualmente este tipo de carga.

Dobrar a cintura para pegar e elevar a carga
O diagnóstico ergonômico inclui a ação de dobrar a cintura para pegar e elevar a carga, em uma determinada freqüência de levantamentos, isto é, pode-se claramente perceber que este fator de risco ergonômico decorre justamente do primeiro, em que se constata a necessidade de mover a carga do nível do piso.
No tocante à resistência da coluna, Iida [8] esclarece que ao levantar um peso com as mãos, o esforço é transferido para a coluna vertebral, descendo pela bacia e pernas, até chegar ao piso. A coluna vertebral é composta de vários discos superpostos, sendo capaz de suportar uma grande força no sentido axial (vertical), mas é extremamente frágil para as forças que atuam perpendicularmente ao seu eixo. Portanto, na medida do possível, a força sobre a coluna deve ser aplicada no sentido vertical, visto que ao dobrar a cintura para elevação da carga, ela se constitui como uma das regiões mais afetadas pelo movimento.
Essa situação é ilustrada na Figura 1. O trabalhador, na posição ereta, recebe carga (C) no sentido axial. Entretanto, na posição inclinada, isto é, dobrando-se a cintura para a realização do movimento, essa carga produz duas componentes:
Figura 1. A carga sobre a coluna vertebral deve incidir na direção do eixo vertical.
Fonte:Iida(2005)
uma na direção axial (C1) e outra na direção perpendicular (C2). Esta última tem efeito "cortante" e é extremamente prejudicial à coluna. Na situação ideal, então, C1 deve coincidir com um C, ou seja, anulando-se a componente C2, de acordo com Iida [8].
Iida [8] ainda complementa afirmando que pesos muito distantes do corpo ou cargas assimétricas tendem a provocar momento (no sentido da física), criando um torque em torno do próprio corpo e com isso exigindo um esforço adicional da musculatura dorsal para manter o equilíbrio durante o transporte manual de cargas.
Desta forma, já se tem uma análise fundamentada em diversas áreas do conhecimento acerca dos principais pontos considerados importantes dentro do diagnóstico ergonômico proposto pelo problema. Agora com essa base de informações e implicações, já se pode partir para a mobilidade e dinâmica exigidas dentro da intervenção ergonômica, já que segundo Falzon [9], a mesma visa a ação ergonômica propriamente dita na prática.

Recomendações ergonômicas:
Tendo em vista o que foi abordado, Iida [8] sugere um conjunto de recomendações que reúne os aspectos mais primordiais das considerações anteriores, aplicando-se ao estudo de caso na forma do seguinte caderno de recomendações ergonômicas:
- a carga deverá estar a 30 cm acima do piso: a capacidade de carga máxima varia bastante de uma pessoa para a outra, de acordo com a musculatura utilizada das pernas, dorso ou braço. As mulheres possuem em média metade da força dos homens para levantamento de cargas. A capacidade de carga é influenciada pela sua localização em relação ao corpo e outras características como forma, dimensões e facilidade de manuseio. Tratando-se de posições relativas para movimentos repetitivos, existe uma força máxima aplicada quando a carga encontra-se a 30 cm do solo e a 30 cm de distância do corpo.
- utilizar uma equipe ou providenciar carrinhos para o transporte, caso o peso da carga exceda os limites do indivíduo: A partir do momento em que essa atividade é realizada em grupo, suas consequências na saúde individual são reduzidas. O revezamento na execução da atividade promove aos trabalhadores intervalos regulares de descanso, ao tempo que dividir o peso com um companheiro diminuirá o desgaste de todos os membros da equipe. Utilizar um carrinho para o transporte da carga é uma alternativa viável, já que as rodas, em trabalho conjunto com a estrutura do carrinho, diminuem a resistência oferecida pelo peso da carga, facilitando assim o seu deslocamento.
- manter a carga sempre próxima ao corpo, e, quando possível, na altura da cintura, conservando os braços esticados de maneira que se evite o aumento da carga estática no músculo: O transporte de cargas com braços flexionados (fazendo ângulo no cotovelo) aumenta a carga estática dos músculos e cria momento em relação ao centro de gravidade do corpo, que se situa à altura do umbigo.
- definir o melhor caminho, removendo os obstáculos entre o pallet, onde a carga é pega, e o transportador: É importante decidir qual o caminho mais seguro e mais curto para seguir com a carga. Fazendo essa análise, o trabalhador será poupado, realizará seu trabalho de forma segura e produzirá mais em menos tempo. Objetos, máquinas, pessoas ou qualquer tipo de obstáculo podem atrapalhar e comprometer a integridade física do trabalhador.
- realizar o levantamento do objeto com a coluna ereta, utilizando a musculatura das pernas (Figura 2): A coluna vertebral é uma estrutura óssea constituída de 33 vértebras empilhadas uma sobre as outras ligadas por discos cartilaginosos. E como foi visto, ela é capaz de suportar uma grande força no sentido axial, mas é extremamente frágil para as forças que atuam perpendicularmente ao seu eixo.
Assim, sempre que possível, a força sobre a coluna vertebral deve ser aplicada no sentido vertical. Caso contrário ela pode sofrer deformações como lordose, cifose e escoliose e o indivíduo ainda pode apresentar dores na região lombar (lombalgia), que são provocadas pela fadiga da musculatura das costas. Em relação à musculatura inferior, sua força varia em função da posição. Seu valor máximo pode chegar a 200 kg, o que pode conferir ao trabalhador segurança ao se sustentar e equilibrar.
Figura 2 – O levantamento de cargas deve ser feito com a coluna na posição vertical. Fonte: Iida (2005)
- providenciar pegas adequadas utilizando manuseio do tipo "agarrar", e com essa finalidade, as cargas devem conter alças ou furos laterais (Figura 3): a concentração das tensões nas mãos pode ser reduzida introduzindo pegas adequadas no material a ser transportado. Ações como melhorar o desenho da pega, aumentando-se o diâmetro da pega, eliminando-se as superfícies angulosas ou "cantos vivos" e substituindo as superfícies lisas por outras rugosas ou emborrachadas podem otimizar o levantamento e o transporte.
Figura 3 – Manuseio do tipo "agarrar"
Fonte: Iida (2005)


- ter pausas programadas para descanso, por ser um trabalho repetitivo e fatigante: Em trabalhos que exigem atividade física pesada, ou em ambientes desfavoráveis, devem existir pausas durante a jornada de trabalho. Em geral, pausas de curta duração, embutidas no próprio ciclo de trabalho são mais efetivas do que aquelas longas, após o término desse trabalho. Nesse caso, pode ocorrer um acúmulo da fadiga e a recuperação ser mais difícil.
Trabalhos repetitivos causam monotonia e fadiga e suas consequências refletem-se de forma mensurável na produtividade. Entre elas temos: aumento de erros, aumento do tempo de reação, diminuição da atenção, menor precisão e segurança, movimentos descoordenados, diminuição da força e velocidade.

Conclusão
Dessa forma, a AET é considerada um método de abordagens ascendentes se opondo ao método experimental. Ela aparece como ferramenta essencial de orientação da intervenção ergonômica não levando exclusivamente às transformações ergonômicas, como também à definição dos postos de trabalho, e ás contribuições para organização do mesmo.
Vale salientar que modificações na produtividade do trabalhador podem ser causadas pelo fato do trabalho ser mal projetado e prescrito, causando assim danos físicos/mentais ao operador, mas também por se constatar que as reais situações e condições de trabalho, quando inadequadas, geram tais efeitos, e que no entanto podem ser corrigidas ou melhoradas pela ação ergonômica.
Após todo o estudo realizado aqui, percebe-se que desde pequenas modificações no modo de executar as tarefas, até modificações de maior dimensão como modificações no layout, ambas exercem um significativo impacto no que diz respeito a um maior bem estar no trabalho.


Assim, é mostrado que a AET junto com a intervenção ergonômica são importantes para manter a integridade social e orgânica do trabalhador e, se ambas forem bem planejadas e organizadas, trazem como principal conseqüência, a eficiência do sistema produtivo.

Referências

[1] Abrahão, J.I.: Reestruturação Produtiva e Variabilidade do Trabalho: Uma Abordagem da Ergonomia,Psicologia: Teoria e Prática, vol. 16, n. 1, p. 49-54, 2000. disponível em www.scielo.br/pdf/ptp/v16n1/4387.pdf, acesso em 25/11/11.
[2] Disponível emwww.abergo.org.br, acesso em 25/11/11.
[3] Custódio, R.A.R.: Análise Ergonômica do Trabalho Aplicada à Odontologia – Clínica Geral – Um Estudo de Caso, Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Ciências em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Itajubá, 2006. Disponível em adm-net-a.unifei.edu.br/phl/pdf/0030609.pdf, acesso em 25/11/11.
[4] Wisner, A.: Por dentro do trabalho. Ergonomia: método & técnica, São Paulo: FTD/Oboré, 1987.
[5] Abrahão, J.I. & Pinho, D.L.M.: As Transformações do Trabalho e Desafios Teórico Metodológicos da Ergonomia. Estudos de Psicologia. vol. 7, número especial, p. 45-52, 2002. Disponível em www.scielo.br/pdf/epsic/v7nspe/a06v7esp.pdf, acesso em25/11/11.
[6] Grünbaum, N.N.: Identification of ambiguity in the case study research typology: what is a unit of analysis?, Qualitative Market Research: an international journal, vol. 10, n. 1, p. 78-97, 2007. Disponível em www.scielo.br/scielo.php?script=sci_nlinks&ref=000196&pid=S1678-6971200900020000500018&lng=em, acesso em 27/11/11.
[7] Vasconcelos, R.C. & Camarotto, J.A.: Análise Ergonômica do Trabalho na Prática: Um Estudo de Caso, Anais ABERGO. Gramado, 2001, p 7. Disponível emwww.scielo.br/scielo.php?script=sci_nlinks&ref=000184&pid=S0104-530X200800020001500024&lng=en, acesso em: 25/11/11.
[8] Iida, I.:Ergonomia, Projeto e Produção, 2ª ed, São Paulo: Editora Edgard Blücher, 2005.
[9] Falzon, P.: Ergonomia, 1ª ed, São Paulo: Editora Edgard Blücher, 2007.
















































































































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