Antropotécnicas, Intimidade E Subjetividade - O Homem

May 23, 2017 | Autor: E. Dos Santos Rocha | Categoría: Peter Sloterdijk, Filosofía
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Descripción

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SLOTERDIJK, Peter. Regras para o parque humano: uma resposta à carta de Heidegger sobre o humanismo. São Paulo: Estação Liberdade, p. 19 e pp. 42-52.
BRÜSEKE, Franz. J. Uma Vida De Exercícios: A Antropotécnica de Peter Sloterdijk. Revista Brasileira de Ciências Sociais. São Paulo. 2011, Volume 26, nº 75. Disponível em: . Acesso: 25 Set. 2016.
SLOTERDIJK. Peter. Du musst Dein Leben ändern. Über Antropotechnik. Frankfurt, 2009, Suhrkamp.
JUNIOR, Paulo Ghiraldelli. Sócrates:Pensador e Educador: A Filosofia do Cconhece-te a ti Mmesmo. São Paulo: Cortez, 2015, p. 68.
JUNIOR. Paulo Ghiraldelli. Para Ler Sloterdijk. Disponível em: . Acesso em: 19 Ago. 2016.
O filósofo alemão concedeu uma entrevista à Redescrições – Revista Online do GT de Pragmatismo. Teoria das Esferas: Conversando Comigo Mesmo Sobre a Poética do Espaço, nº. I. Ano VI, 2015, p. 86-105. Disponível em: . Acesso em: 05 Mar. 2017.
Ver entrevista de Peter Sloterdijk no Brasil: "O que Separa o ser Humano da Natureza", onde ele diz que houve uma nova promessa de sonho entre homem e natureza, porque o primeiro Romantismo Alemão no início do século XIX tinha um aspecto reprimido de madrasta, que foi substituído por uma fantástica figura ideológica de mãe. Na verdade, os seres humanos são, em primeira linha, pronunciados pela sua bionegatividade. Quer dizer que o humano é um fantasma da sua língua. E a língua, é sempre seu retiro instintivo e a sua unidade com a biológica condição e, necessariamente, é o que o distancia da primeira natureza. Entre o homem e a natureza a uma grande cova que é rasgada pela ordem simbólica e reunida de fantasia o que não pode ser superado. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=EKbfweNE1zw>. Acesso: 28 Set. 2016.
AGAMBEN, Giorgio. Pilatos e Jesus. 1º Ed. São Paulo: Boitempo, 2014, p. 46.
O que viria a ser o Iluminismo. Para se enxergar algo é preciso estar na distância adequada. Simplesmente só o iluminar ou o aparecer na luz não é o suficiente.
SLOTERDIJK, Peter. O Sol e a Morte. Lisboa: Relógio D'Água, 2007, pp. 270-271.
Sobre isso, temos aquela discussão sobre o aborto e da discussão metafísica de quando começa a vida e o que é a vida? E se o feto já pode ser ou não considerado como um ser que é protegido juridicamente, garantindo o direito que ele tem à vida. Atualmente no Senado Federal há a Sugestão nº 15/2014 que trata do assunto. Ver mais em MARTINS, Giovani. "O Aborto e os Conservadores". . Acesso: 25 Set. 2016.
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Genealogia da Moral. São Paulo: Cia das Letras, 2008, p. 72-85.
SLOTERDIJK, Peter. O Quinto Evangelho de Nietzsche. 1º Ed. Rio de Janeiro: Editora Tempo Brasileiro, 2006.
JUNIOR, Paulo Ghiraldelli. Sócrates: Pensador e Educador: A Filosofia do Conhece-te a Ti Mesmo. São Paulo: Cortez, 2015, pp. 175-191.
A melhor forma de visualização disso seria como se o bebê fosse um violão. A movimentação de uma corda causa no seu interior uma ressonância, há uma espécie de vibração que se torna o som das notas.
SLOTERDIJK, Peter. Esferas I: Bolhas. Trad. José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: Estação Liberdade, 2016, pp. 31-41.
A banda Inglesa Porcupine Tree possui uma música chamada "Synesthesia". O grupo é caracterizado por criar sons e músicas que deixam o ouvinte "em outro mundo" ou "o levam para outro lugar" por meio da combinação de sintetizadores, teclados e das guitarras. Algo típico do Prog-Rock experimental e alternativo. É uma música com a capacidade de vibração sonora interior. Onde o ouvinte sente a música.
A frase nos remete à Nietzsche muitos acham que filósofo está dizendo para que sejamos algo que está já em nossa essência. Mas Nietzsche é o primeiro abandonar qualquer essencialismo. Sua frase é um imperativo ético: faça-se, reconstrua-se, seja o que você decidiu e que, enfim, é o que você é, pois talvez não exista outro para ser você senão aquele que você vai colocar na jogada por decisão sua. A própria filosofia de Sloterdijk é anti-substancialista, muito em virtude de Thomas Macho e Martin Bubber. Além disso, faz uma pequena argumentação sobre conceitos e definições de sujeito e como Sloterdijk e sua esferologia, visam fugir do materialismo ou substancialismo clássico que dão uma concepção do indivíduo enquanto elemento substancialmente unitário, pondo o homem no mundo já pronto e acabado (adulto, com emprego e inserido em um contexto ético). Esse trabalho toma o protótipo de relações íntimas entre o sujeito-homem estabelecendo a ontologia do indivíduo com o outro ao falar sobre a subjetividade.
Idem, Ibidem, p. 28.
Ver mais em Serial Experiments Lain (シリアルエクスペリメンツレイン, shiriaru ekusuperimentsu rein), ano de 1998. É um anime muito interessante e com treze episódios. Serial Experiments Lain é um anime complexo com influências da Filosofia, história da computação, literatura cyberpunk, ordens místicas, hermetismo, alquimia e teorias da conspiração, e foi assunto de vários artigos acadêmicos. Trouxe ao público um tema considerado inovador em sua época, foi um dos animes que obteve maior repercussão, e ostenta, até hoje, a fama de ser um dos maiores sucessos do segmento junto com Akira, Ghost In The Shell e Neon Genesis Evangelion. Sobre o anime ver uma monografia interessante. Disponível em: . Acesso em: 11 Out. 2016.
Escutar Sunlounger. Change Your Mind (Feat. Kyler England), Álbum Sunny Tales, gravadora: Armada Music, 2008. Sloterdijk no seu mais recente livro diria: "você tem que mudar sua vida!".
O corpo não é nada mais que uma máquina. Se as limitações físicas do corpo restringem a evolução da raça humana, seria como se o fim da espécie chamada homem já tivesse sido decidido por um Deus que nem ao menos existe. A informação contida dentro dos humanos não é apenas a que eles mesmos adquiriram como indivíduos. Essa espécie chamada homem é conectada com seus antepassados, e a informação é acumulada com ele. Se essa informação não for compartilhada, ela é inútil. Apenas dados. A humanidade pode evoluir. Através de seu próprio poder. Mas para fazer isto, eles devem saber o que eles realmente são. O que você acha que você é? Para entender melhor, o anime aqui citado acaba por fundir o homem com a máquina e o "mundo real" com o "mundo virtual". Ver Layer 12. Anime Serial Experiments Lain. Além disso, recomendo outra monografia disponível em: . Acesso 17 Out. 2016.
SARTRE, Jean-Paul. Entre Quatro Paredes. 3º Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007, p. 34.
SANDEL, Michael. J. Contra a Perfeição: Ética na era da Engenharia Genética. Tradução Ana Carolina Mesquita. 2º Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015, p. 25.
Tratei disso no artigo O Futuro Asséptico – Capitalismo, Luxo e Antropotécnicas. Disponível em: .
O filósofo que ele menciona é o coreano Byung-Chul Han e sua obra que tem relação com o assunto em questão é Sociedade do Cansaço. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2015 ou com o título Müdigkeitsgesellschaft, 2010.
LYOTARD, Jean François. 3ª Ed. O Pós-moderno. Rio de Janeiro. Editora: José Olympio, 1988.
SELL, et al., Teoria Social e Técnica. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2012, pp. 41-66.
Sobre a transcendência, importante mencionar um livro muito importante que capta como nasce a transcendência. Ler SLOTERDIJK, Peter. A Loucura de Deus. Lisboa: Relógio D'água Editores, 2009.
SLOTERDIJK, Peter. You Must Change Your Life. Malden: Polity Press, 2013, p. 292.
BRÜSEKE, Franz. J. Uma Vida De Exercícios: A Antropotécnica de Peter Sloterdijk. Revista Brasileira de Ciências Sociais. São Paulo. 2011, Volume 26, nº 75, p. 163.
Seria possível uma espécie de upload da consciência humana para uma máquina? Ou a prótese cerebral nos permitiria isso? Seria uma possível ressurreição?
ANTROPOTÉCNICAS, INTIMIDADE E SUBJETIVIDADE - O HOMEM


O filósofo Alemão Karl Marx no século XIX já tinha pincelado que a psicologia humana poderia ser entendida através das fábricas, fazendo aflorar seus conhecimentos de antropologia e sobre o Darwinismo, apontando para o local onde o homem se produz e produz que era seu "habitat natural": o trabalho. Temos então uma ideia de simbiose entre a atividade de maneira geral e emergência do homem. Seu livro Manuscritos econômicos filosóficos nos diz que a psicologia humana poderia ser estudada a partir do que o homem fazia na fábrica.
Richard Rorty deixou de lado o desenvolvimento humano, os chamados "mistérios do homem", ou melhor, os mistérios que fizeram nascer como disse Platão o "bípedes-sem-penas", ou seja, tudo aquilo que fez o homem ser homem. A Filosofia de Rorty de certa forma o distanciou desses questionamentos. Pois, os limites do meu mundo são os limites da minha linguagem. Tudo que ele precisava saber era que o bípede-sem-pena era menos importante que este mesmo, já submergido na linguagem como que está no mundo.
Tanto Marx quanto Rorty com suas correntes filosóficas (Marxismo e Pragmatismo) são herdeiros do Hegelianismo. A técnica foi deixada de lado. Tanto um quanto outro criaram resistência em adentrar na antropologia e fugir da mentalidade tecnofóbica de Heidegger, o que não ocorreu. Mas curiosamente tinham tudo para se pôr ao longe da tecnofobia estilo Heidegger, mas adentraram por um fio condutor semelhante, traindo de certa forma suas próprias doutrinas. Trabalho, experiência ou linguagem deram vazão às noções de práxis e pragma, e desse modo não foi difícil, principalmente para filósofos, entrar pelo século XX com uma ojeriza ao antitecnológico arraigado no comportamento diário e, inclusive, tornado um elemento de atraso na investigação teórica.
Até então, a técnica foi tomada como o que era acessório ao humano e não como o que já é o humano. Isso só foi uma tese levada a sério mais recentemente, com o filósofo Alemão Peter Sloterdijk, o criador da expressão: "antropotécnicas". Explico melhor. A antropotécnica é o procedimento humano que faz com que os humanos gerem humanos. O homem é homem porque criou e desenvolveu técnicas de se fazer. É aquele que se fez ao fazer técnicas de se fazer. Jamais fomos solitários. Somo uma díade uterina. Dois seres, ou um ser e um proto-ser ocupando o mesmo espaço. Devemos ter em mente isso, tanto do ponto de vista da ontogênese quanto da filogênese, somos criadores de mundos, de espaços interiores ou designer de interiores (Dasein ist Designer). Para entender isso, pensemos na mulher. Ela pode e deve maquiar-se. "A mulher está perfeitamente nos seus direitos e cumpre até uma espécie de dever esforçando-se em parecer mágica e sobrenatural; é preciso que desperte admiração e que fascine; ídolo deve dourar-se para ser adorada" (BAUDELAIRE, 2011, p. 64).
Ele estava falando justamente da modernidade e comentando obra de artes plásticas. Com isso, Baudelaire não foi só capaz de gerar uma boa caricatura da modernidade. Trata-se aí da compreensão do homem como o que se faz homem por meio das "antropotécnicas", na expressão adotada por Peter Sloterdijk. O homem é um animal de próteses, e as antropotécnicas são os procedimentos que fazem vingar a hominização. As propostas de hominização se fazem por técnicas de hominização. Boa parte dessas técnicas inclui um regime crescente de confecção e uso de próteses. Há aí uma gramática do apêndice que se torna não só necessário, mas efetivamente o que é próprio para que possamos falar em algo que Platão chamou de "o bípede sem penas".
Um elemento de antropotécnica é a prótese da maquiagem. Não à toa a maquiagem é chamada de cosmético. Cosmético vem de cosmos. Kosmos em grego, que significa o todo organizado e, por isso, pela organização e harmonia – o contrário de kaos – o que é belo. O cosmético é prótese. Doura o ídolo que deve dourar-se para dourar o ambiente e ser ídolo. Doura para harmonizar. Cosmetizar é harmonizar, organizar o rosto e tudo o mais, dando uma ordem que é o sinal da beleza. Cosmos é ordenação. E a palavra "cosmético" deriva de cosmos, é a arte e produto de tornar um rosto harmonioso, e por isso mesmo belo.
Os gregos nunca viram beleza no desorganizado e caótico. A beleza é da ordem. Trata-se da harmonia e, claro, da proporcionalidade. Há algo de belo na matemática e vice-versa. A mulher é superior ao homem, então, porque usa logo cedo à prótese. Desenvolve como ninguém a antropotécnica que, no caso, é a prótese. A modernidade abriu-se para a ideia de maquiagem como apêndice da mulher-mulher. A maquiagem, portanto, é a roupa do rosto.
A modernidade abriu-se para a ideia de maquiagem como apêndice da mulher-mulher. Ou seja, trata-se da mulher que cumpre funções que não são do homem, a prostituição em forma de sonho da democratização do desejo. Mas, em seguida, na pós-modernidade e nos movimentos da pós-pós-modernidade, toda a vestimenta e maquiagem que um dia pertenceu às prostitutas, foram incorporadas pelas mulheres em geral. Lingeries e maquiagem se casam. A maquiagem é a roupa do rosto. Voltando a Baudelaire no mesmo escrito citado, podemos vê-lo falando de como o homem torna-se cada vez mais, em seus traços físicos, aquilo que veste. O vestuário traz para o homem o que ele entende como o belo, "arredonda ou alinha seu gesto e inclusive impregna sutilmente, com o passar do tempo, os traços do seu rosto". Então, ao falar da mulher e seus trajes, diz que cumprem uma função especial: "a matéria viva tornava ondulante o que nos parece muito rígido". É assim que somos enquanto o animal que se veste.
Somos geradores de uma esfera com um duplo uma espécie de polo-elíptico, e para o bom funcionamento da esfera, deverá existir uma vibração, uma fricção que ecoará em uma ressonância em uma espécie de simbiose mútua (mãe-útero-placenta e filho). Aqui cabem as palavras de Brüseke (2014, p. 1):

Já Hannah Arendt, na condição humana, complementou o olhar heideggeriano na direção da morte e da finitude pela percepção da "natalidade" do homem. Sloterdijk amplia essa perspectiva quando procede na direção de uma topologia da relação da díade, mãe-filho. Sua "uterologia" já começa no ventre da mãe e mergulha literalmente nos movimentos, sons e sentimentos daquele que está por vir. Uma parte da sua análise das "bolhas" é dedicada à análise do uterotopo, análise que, todavia, não se deixa captar por simplificações feministas, pois o pai e as instituições podem substituir a "mãe", assumindo a função da "mãedade" (Mutterheit). Aqui e em outros momentos Sloterdijk mostra-se como filho do seu tempo e habitante de um pedaço de "espuma" (a Alemanha europeizada na virada do milênio) interpretado, não obstante, de maneira provocativa, bem-humorada e longe do mainstream.

Sloterdijk cria então uma investigação desse processo de "esferalização", do ponto de vista ontogênico, filogenético e do que é o micro. Isso ele chama de "arqueologia da intimidade". Sloterdijk está preocupado com a "domesticação do ser" e se propõe a tratar o homem sem o crivo humanista e, portanto, se apropria da terminologia de Heidegger. O homem é o Dasein. Ou seja, não é o princípio deslocado (buraco no Dasein pela linguagem), como o homem adulto e já pronto, único, isolado do Humanismo, mas o ser que está lançado na existência e no puro exterior isso é o que conta. Entretanto, Sloterdijk amplia a noção de Dasein ao quebrar com o receio de Heidegger quanto à antropologia (que para ele reintroduziria o vício humanista, o homem isolado, ou o "homem animal racional" de Aristóteles). Nas palavras de Latour (2009, p. 140):

Peter asks his master Heidegger the rather mischievous questions: "When you say Dasein is thrown into the world, where is it thrown? What's the temperature there, the color of the walls, the material that has been chosen, the technology for disposing of refuse, the cost of the air-conditioning, and so on?" Here the apparently deep philosophical ontology of "Being qua Being" takes a rather different turn. Suddenly we realize that it is the "pro-found question" of Being that has been too superficially considered: Dasein has no clothes, no habitat, no biology, no hormones, no atmosphere around it, no medication, no viable transportation system even to reach his Hütte in the Black Forest. Dasein is thrown into the world but is so naked that it doesn't stand much chance of survival.

A primeira esfera diz respeito à "arqueologia da intimidade" os seres humanos no mundo da coexistência, em que a configuração de sua intimidade-subjetividade existe enquanto um "nós" e não enquanto um "eu" individual, "a micro-esferologia" traduz a era da pré-história até a idade média em que a criação de bolhas (grupos sociais como hordas), revela o acento na coletividade como nexo primordial de segurança e proteção". (LEAL, 2010, p. 227). A bolha é uma pequena esfera em ressonância psico-acústica ou um espaço de ressonância capaz de aprender e de se reproduzir pela aprendizagem cujo individual comparece como polo de ressonância das relações coletivas. O que hoje entendemos por mundo e a própria globalização se casam perfeitamente com o trabalho de Sloterdijk em criar uma "esferologia". Primeiro temos a esfera inicial. Ela infla até passar para globos e depois virar espuma, não à toa os títulos dos livros do alemão fazem referência a isso. O homem para Sloterdijk é um arquiteto clandestino de espaços interiores para poder existir. É o "Dasein ist Designer", porque o homem é um construtor de lares, de algo como "o dentro", e nisso coabita, coexiste e consequentemente isso vira um local de mimo e de conforto - uma casa, uma caverna.
Esta ampliação é que dá a Sloterdijk, a condição de ver o Dasein efetivamente como Dasein, pois revela o ambiente-espaço como ambiente concreto demonstrando que essa ambientação de produção do homem pelo homem, não tenha necessariamente que pressupor o humano. É o que pode ser feito expondo quatro mecanismos que formam a antropotécnica básica: insulação, desconexão, neotecnia, pedamorfose, e, por fim, transferência.
A insulação diz respeito a um grupo de seres vivos que se isolam e, então, adquirem um clima favorável, existe aqui uma espécie de "aclimatação" ao cuidado de seus membros pertencentes. Nesse ambiente mais favorável, o que existe é um "efeito estufa" de cuidado (para utilizar Foucault um "cuidado de si") e preservação ou um melhor, espaço de mimo. Utiliza-se aqui da Biologia e Antropologia e, diga-se de passagem, é algo muito parecido com o que alguns animais fazem. Alguns mamíferos e outros animais se isolam e passam por um processo de "engorda", como os ursos. Eles se preparam para o inverno que será frio e escasso de alimento, portanto, aproveitam as épocas mais quentes de comida e água (abundância) para que o excesso de gordura os sustente mais tarde, e ao se isolarem poderem aguentar a fome, sede e o frio. Logicamente, após esse período impróprio para reprodução ou mesmo para parir, há a volta da "aclimatação". As condições agora são mais colaborativas e fazem à progenitora se tornar mãe e a cria pode ter a ver a algo que sejam infantes.
A desconexão diz respeito aos membros desse grupo isolado que podem se desgarrar do contato grudento com o ambiente. Isso é feito ao se manusear, por exemplo, uma pedra. A pedra se põe à mão e faz a mão. Ela agora é uma intermediadora entre os indivíduos do grupo e o que, então agora de fato passa a ser o seu arredor - espacialidade, a "redondeza". Os movimentos com a pedra são um protótipo simbólico da linguagem que será também incorporada na esfera via antropotécnica. A desconexão me lembrou de uma leitura sobre Giorgio Agamben. O termo "intermediadora" pode ter outros adjetivos iguais como facilitadora ou árbitro, o que Pilatos foi para Jesus.
A neotecnia está ligada, ao cuidado das mães com os filhos, de se ter aspectos infantis e até fetais incorporados no fluxo genético da espécie. Afinal, somos "sinais da escuridão" como bem disse Thomas Macho. Somos aqueles que estão no Cosmos interagindo com o mundo. Daí vem à expressão "dar à luz". Com conotação das parteiras, mas também para filósofos. A metáfora das luzes ganhou os filósofos. "dar à luz" é uma expressão banal, se algo vem para ganhar luz, onde estava era o sem-luz, o escuro, uma espécie de "caverna". Sem dúvida um lar por um bom tempo. Não se pode viver em um lar sem nada aprender. Durante um bom tempo nossa casa, a primeira casa, foi nosso primeiro lar, o aconchegante escuro: o útero, a esfera do dois em um. O primeiro "ser-em".
A pedamorfose é o fenômeno evolutivo de retomar características físicas juvenis ancestrais num organismo adulto. Por fim, a transferência já se dá numa situação propriamente histórica: o homem cria situações de levar para momentos hostis os momentos bons vividos, e isso está na base das grandes religiões e das caminhadas dos grupos humanos (épocas pré-cambrianas, Egípcias, América do Sul, Astecas, etc.).
Dentro da caverna o que temos? Uma imersão em líquidos (água, sangue, líquido amniótico, a placenta, o cordão umbilical, o saco amniótico e sons em eco vibrando em ressonância com a esfera - útero). Tudo ali no escuro é tomado como objeto. As relações ali, não podem ser abordadas como se estivéssemos no campo de uma relação sujeito-objeto, foge-se do modelo cartesiano do sujeito-objeto. Temos o "instinto de relações" fala de Martin Bubber gerando então o indivíduo que nunca termina seu aprendizado, o animal que nós somos.
O homem não é um ser monoelementar. Nietzsche fala de como a má consciência pode ter se originado de uma inicial situação em que os instintos ainda cobram satisfação pela mudança de ambiente, uma vez duramente contidos porque no novo ambiente não poderiam mais ajudar. Sobre isso, ele volta praticamente à origem da vida, ao proto-homem. Escreve sobre animais aquáticos que tiveram de sair da água e se por sobre pés. Ou melhor, a transposição dos proto-símios para a terra. Para isso, é claro, houve o desenvolvimento morfológico de "patas", os primeiros "suportes" ou muletas de apoio. Antes no seu habitat natural aquático tudo era conhecido, os proto-símios eram levados e se deixavam levar docemente pelas águas, sabiam onde o alimento ficava. Não faziam esforço físico, ou o esforço era mínimo. Para fugir davam uma causada partindo em disparada com ajuda da correnteza. Todavia, uma vez em terra, passaram a ter de criar pernas e se erguer sobre elas, e carregar seus corpos em uma situação bem mais difícil. Antes era só abrir a boca e deixar-se alimentar. Na terra, precisaram "pensar", se equilibrar, andar, se arrastar e do cálculo para a busca do alimento.
O novo ambiente terrestre era desconhecido. Onde caçar? Onde comer? Onde repousar? Agora, há o esforço do respirar, do levantar, se movimentar, fora os outros predadores. Não podendo mais saciar as antigas demandas que eram satisfeitas no ambiente aquático, esses instintos se aglutinaram e se comprimiram causando um "desconforto" e se descarregaram para dentro, causando dor interior em cada um desses novos seres terrestres. Dor interna como a dor da culpa, como elemento central da má-consciência do homem ou, talvez, já de um seu ancestral. Como já dito, o homem não é um ser somente monoelementar. É até hoje aquático. Vide que na esfera há diversos líquidos das mais diversas formas. Passando desse "estágio" até a transposição para o ar-terrestre que também é sonoro (saída da placenta e do útero).
Sloterdijk tem uma ideia do homem como mais próximo dos anfíbios. Utiliza de conceitos biológicos e antropológicos em uma perspectiva ontogenética e filogenética. Como o homem sendo aquele que não é exclusivamente pertencente a um elemento, não devemos, portanto, batizar o que é humano exclusivamente na terra. O homem vem do líquido, filogeneticamente, por isso, não desaprendeu de nadar. Mais ainda, ele vem do líquido, ontogeneticamente, e não entrou para a terra sem vir consequentemente para o ambiente aéreo. O próprio feto é cultivado nesse ambiente. Sloterdijk está pensando no homem que interessa à antropologia, mas uma antropologia-anfíbia capaz de romper com os procedimentos padrões, por exemplo, uma antropologia do trabalho (Marx) ou o "homem comunicador" por meio da linguagem (Habermas), Sloterdijk é capaz de admitir a anfibologia. Com sua teoria das esferas, instaura uma filosofia que já nasce clássica e até então não vista, estamos falando de uma esferologia da intimidade que é devedora de uma antropologia anfíbia.
Dito isso, há no campo esférico uma espécie de "pré-sujeito fetal" com presença sem confronto com algo como uma contraparte ao sujeito. São não-objetos.
Segundo Ghiraldelli Junior (2016a, pp. 1-2):

Thomas Macho faz uma crítica da psicanálise a partir da constituição de um modelo de relações entre não-objetos. Com isso, nutre uma teoria da medialidade psicossomática que, segundo Sloterdijk, poderia, um dia talvez, representar em uma linguagem adequada, finamente tramada, o íntimo tecido da mais inicial díade de solubilidade mútua e de suspensão em um éter de relação bipolar. Uma teoria assim, se baseada em Macho, deve então assumir ao menos três fases antes da fase oral, insistindo em uma abordagem radical de focalização antes do meio que de qualquer outra coisa. Uma teoria assim deve notar três meios: líquido, sonoro e aéreo. Nessas condições não há um si-mesmo, um eu guarnecido que enfrenta um objeto bem formado. Há no campo esférico uma espécie de pré-sujeito fetal com presença sem confronto com algo como uma contraparte ao sujeito. São não-objetos. Criaturas originais próximas, isto é, em intimidade, em um sentido literal. Elas devem ser pensadas segundo o procedimento que adentra para um campo em que, se existisse algo como "objetos", eles seriam como que sombras de objetos ou como coisas emergentes; seriam os conteúdos de um primeiro Além em acordo com um primeiro Aqui. Assim, podemos pensar, primeiramente, uma fase de coabitação fetal em que uma criança incipiente irá experienciar sensorialmente a presença de líquidos, de corpos moles e de fronteiras da caverna. Trata-se de um ambiente preenchido pelo sangue placentário, o líquido amniótico, a placenta, o cordão umbilical, o saco amniótico em conjunto com uma prefiguração ainda vaga da experiência de fronteiras espaciais através da resistência da parede abdominal e da elasticidade interna do campo mais interno seguro por tais paredes. 

Há na placenta, uma fase de coabitação fetal em que uma criança irá experimentar sinestesicamente a presença de líquidos, de corpos moles, gelatinosos e sons que mais tarde serão anjos, Daimons e de fronteiras da caverna. Trata-se de um local espremido pelo sentir-provar-ouvir do sangue placentário. A experiência ali é a da proximidade-intimidade, do aumento que torna tudo mais apertado e ao mesmo tempo aconchegante – algo como "ataduras" de conforto. Quase uma múmia. É a arqueologia da intimidade e da teoria da subjetividade, eis que surge o sujeito em busca do fora sempre querendo voltar para o dentro.
Segue-se o trajeto dos proto-símios. O útero deles é o mar, o ambiente aquático propriamente dito que expele os seus filhos paridos para a terra ao desenvolverem patas em um constante esforçar-se (mar-água-útero -> proto-símios -> saída para novo ambiente + terra -> morfologia alterada + instintos ainda cobram satisfação = má consciência -> internalização = culpa, má-consciência e mal-estar. Para Nietzsche a má consciência era uma doença. E temos o nosso útero materno, em um ambiente que também é aquático onde a alimentação vem sem qualquer esforço ou o esforço é mínimo pelo cordão umbilical. Somos postos para fora também no ambiente terrestre. Onde devemos também nos pôr de pé, andar e criar o próprio caminho.
É por isso que Sloterdijk bebe bastante nas fontes de Nietzsche. Segundo aquele, o homem quando traz a si próprio no mundo não se trata de trabalho, mas de dores e sofrimento de chegada, de dores do parto (Labors, em inglês). É um literalmente abrir caminho para tudo o que é exterior, como se pode observar abaixo nas palavras de Sloterdijk (2004, p. 132):

O nascimento do sujeito por si próprio, dizem-no as fórmulas de Nietzsche, é um nascimento para se ficar em pé. Também quanto a isso, Marx representa uma segunda voz concordante: «Um ser só se tem por independente, logo que anda por seu próprio pé*, desde que deva a sua existência a si próprio» (Ibidem, pág. 246). Assim, essa maneira de nascer conduz diretamente à vertical, isto é, a estar de pé, graças a um endireitar-se do próprio, descurando as possibilidades de um suportável estar deitado ou de um basilar ser-levado por se tratar do imediato. Pôr se tratar do imediato pôr-ser-direito-por-si-próprio, o sujeito que se intensifica pelo nascimento. Por seus próprios meios também não é, para Nietzsche, da mesma natureza que os sujeitos nascidos passivamente, falhados, que – por serem eles próprios apoucados, intoxicados, asfixiados – não podem fazer outra coisa senão espalhar à sua volta uma atmosfera de sufocação e apoucamento – para grande tormento daqueles que ainda trazem na carne o aguilhão do êxito. É por isso que quem resolutamente nasce por si próprio se tem de afastar do que é indecorosamente cómodo, medíocre e enfezado.

Na caverna tem a experimentação do estar-aqui-próximo como quem recebe um primeiro presente, o sangue placentário. O sangue não é da mãe ou do filho, mas comum, ambos ocupam o mesmo espaço, a conexão é também dupla feita pelo cordão umbilical e estabelece o primeiro elo ou, melhor dizendo, "laços sanguíneos" entre parceiros que formam a bipolarização. Muitas culturas em diversas épocas irão falar em "laços de sangue", "sangue divino" ou "quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia" (João 6.54). Ou seja, há uma espécie de regressão ao estado de coabitação fetal ao celebrar a comunhão quase que "relembrando" o compartilhamento do líquido-sanguíneo (na placenta), e vão fazer isso, com banhos e bebidas-vinho, batizados na água e festas de entrelaçamento por meio de bebida comum simbolizando uma aliança que agora é dois e um. A própria hóstia e o vinho são o corpo de Cristo simbolizando o elo criado do dois em um. Jesus e eu agora somos um só. Devo embrenhar-me nela, entrar em simbiose e deixá-la moldar-me por conta de atravessar meus poros, minha alma. Quando quero salvar minha alma verdadeiramente tenho de engolir a hóstia e, tendo me purificado antes por meio da confissão, deixar o alimento sagrado penetrar em meu corpo, fundir-me com ele de modo que até minha alma seja atingido por ele que, afinal, é o Corpo do Senhor.
Nessa esfera, logo vem a iniciação psico-acústica do feto no âmbito do mundo de sons uterinos (muito parecido com o que vemos e ouvimos em filmes, aquele barulho de "água se deslocando. O som não é canalizado auditivamente, mas cria uma fricção, ressoando, envolvendo, penetrando e constituindo todo um ambiente de "ondas" e ecos. Toda a esfera uterina é um conjunto de vibração e o feto irá experimentar sinestesicamente esse mundo líquido, sonoro e escuro. O homem deveria ser mais contemporâneo, por exemplo, para os contemporâneos ouvir uma música é estar na música e ter a música estando em si. Sentir as vibrações, as ondas e os ecos balançarem seu corpo das mais diversas formas, uma perfeita sintonia que recai em simbiose (uma espécie de interiorização de vibrações sonoras fazendo um eco).
É bastante comum as mães realizarem massagem na barriga em uma noite, há de se imaginar a boa nova começando a produzir a boa massagem ou o evangelho, isto é, as congratulações de boas-vindas e boas novas que sempre são emitidas pela mãe. O feto sente as mãos e seus movimentos circulares lhe causando carinho ou qualquer outra coisa. O próprio som ecoa na esfera-útero em forma de sinestesia. As próprias vozes do pai, avós e parentes são "ouvidas" e serão os anjos, Daimons ou o demônio. Familiares mortos que na verdade não morreram porque carregamos eles dentro de nós e que nos protegem. Na tradição cristã orar é sempre uma prática de volta para casa, uma recuperação das forças uterinas que aparecem pelos melhores conselhos de pai, mãe e avós que nos acalentam em derrotas. Anjos da guarda oriundos de familiares mortos possuem força redobrada. Há aqueles que dispensam a mediação da figura angélica tradicional, aproveitando-se da própria figura do antepassado.
Muitos de nós não oram para seus mortos como quem os quer bem encaminhados, mas oram para eles querendo que eles cumpram a função de anjos da guarda. Pedimos graças a parentes mortos do mesmo modo que a Jesus, Deus ou santos. Os romanos tinham uma prática de falar em Daimons do lar. Ou seja, Daimons de antepassados mortos, que ficavam na casa para proteger parentes. Muito de nós, hoje, tem a fé em anjos da guarda que, não raro, são avós ou parentes, que estão a nos ajudar. Ajudam mesmo, principalmente quando, em nossas orações para eles, nos lembramos de amostragem de comportamentos deles, que nos ensinaram muito. Nas palavras de Ghiraldelli Junior (2015, p. 190):

Apuleio faz uma descrição do demônio como guardião, de modo a torna-lo aquilo que, modernamente, dentro do cristianismo popular - que obviamente se formou nesse contexto da cultura greco-latina -, chamamos de "anjo da guarda", guiando cada pessoa de modo a protegê-la, assisti-la em suas necessidades, fortalecer suas preces, ajudá-la em situações de falha e depressão, regular a prosperidade de cada um e até mesmo modificar as adversidades [...].

A sinestesia é o nascimento do ouvido crítico. Quando o bebê nasce surdo, sabemos que ele "ouviu" a "boa nova", pois ao receber um aparelho de surdez ele não se apavora, mas sorri segundo as vozes lhe são apresentadas. Temos então, uma espécie de ouvido crítico. O iluminismo do escutar antes de tudo e de todos. Após a saída da caverna, há para nós modernos, a perda da placenta muito venerada em outras culturas, a egípcia, por exemplo. Foi com eles que surgiram as bandeiras que continham placentas. Levi Strauss notou a prática de comer placenta entre nossos índios. Os primitivos comiam placentas. As grandes civilizações antigas foram não só comedoras de placenta, mas plantadoras de placentas em árvores que deveriam acompanhar o crescimento da criança companheira da placenta. Novamente a verticalidade em Sloterdijk e essencial. A placenta foi o travesseiro de faraós que mais tarde usaram em porta-estandartes e serviram como origem do que hoje chamamos de bandeiras ou bandeiras nacionais. Não era incomum entre egípcios alguns grupos se identificarem a partir da exibição, como bandeiras mesmo, das placentas de faraós. Cada clã com sua placenta mais significativa.
Claro que isso está ligado a uma situação em que o lugar da verdade não é o transcendente, ou seja, a casa do pai-soberano-Deus, mas um lugar anterior, que é o útero da mãe. Nesse caso, o útero é um parceiro do bebê (que agora é o faraó), ou seja, a placenta que esteve com o mandatário durante nove meses. Sloterdijk mostra como que demônios, gênios, Daimons, anjos da guarda nunca foram outra coisa, na antiguidade, que substitutos dessa parceira chamada placenta, que ganha outro destino após o nascimento do bebê. Somos todos gêmeos. Somos todos, portanto, preparados sinestesicamente para relações e posteriormente a subjetividade. Na clareira isso se torna mais e mais simbólicas, movimento este que dá a linguagem. Assim, o modelo de subjetividade de Descartes, o cogito solitário – penso, logo existo e o modelo de intersubjetividade de Habermas com as relações forjadas pela linguagem, devem abrir espaço para um novo modelo de subjetividade gerada a partir de uma "ontologia do dois". Uma esfera, um ovo o útero. Há também a perda do cordão umbilical. Tudo isso é substituído imediatamente pela saída de uma esfera e a reconstituição de outra esfera (reconstituição da matriz), como companheiro e ampliador, como amigo interno e primeiro polo da díade, agora pelo "cordão umbilical da voz" da mãe (ou o seu seio), mas também em ressonância, agora, com outras vozes e inclusive com a sua própria que ecoa, falar e chorar agora também provoca vibrações internas, mas o interior agora é outro, é o da própria caixa-craniana-torácica sonora do bebê.
Ali, no ambiente uterino, recebemos alimento sem esforço. Depois, imediatamente fora, quando do nascimento, já que somos contínuos designers de interiores, então recriamos a esfera por meio do acolhimento da mãe. Ela abre os braços e nos coloca novamente em simbiose com ela. Na sequência, recebemos alimento. Logo depois o fazemos por meio de um chamado mágico: emitimos sons e o leite vem num bom seio (a mãe pensa "só pode ser fome ou dor") enquanto nosso corpo é acolhido pelo corpo da mãe, que imita a caverna de onde viemos (na ontogênese, mas também na filogênese). Por fim, gememos mais um pouco, e eis então que o leite, um determinado dia, não vem mais; é necessário movimentar a boca, segurar a mamadeira – a mágica foi substituída pelo início do esforço. Surge, portanto, o trabalho - um esforçar-se. Força-se o surgimento do sujeito, uma vez que o sujeito é esforçar-se. A felicidade do prazer do alimento deixa de depender de mágica e passa a depender do trabalho. No útero estamos em uma situação de não esforço ou esforço mínimo estamos enquanto não objetos. Alimento, respiração, sons tudo vem em nós e para nós numa situação de díade uterina placentária. Ao vir ao mundo temos então, o lema moderno: quem não trabalha não come, não tem direito à felicidade. A simbiose, mágica e trabalho são uma sequência. Efetivamente são todos meios (meio ambiente) de preenchimento da esfera, o local da ressonância. É a ressonância que estabelece a esfera. Ressonância entre polos que só podem ser mencionados porque o meio se faz e se mantém: o líquido amniótico, a mágica, o esforço – o sopro da vida. Uma insuflação e o próprio espírito. A cena primitiva daquilo que na tradição judaico-cristã, merece ser chamado de inspiração é a criação do homem – um acontecimento que, no relato do Gênesis aparece em duas versões.
O cordão umbilical sonoro aparece então para manter a continuidade entre a esfera antes e depois do nascimento, de modo que a voz do Daimon, do anjo da guarda, do amiguinho oculto ou do demônio revela que o polo adquiriu um novo parceiro para que a ressonância que compõe a esfera se mantenha. A própria esfera, então, gera sua mutação e nova confecção, sem catástrofe. Se o meio líquido é substituído pelo ar e, portanto, há agora a mudança do não esforço para o esforço, iniciado pela sensação de fome em menor escala pela respiração e posteriormente o ato de sucção do seio e mamadeira. Há toda uma continuidade que é a não interrupção da esfera enquanto esfera sonora. O problema do Dasein ou do homem é especial e particular então: o que acontece se na transmutação das esferas, ou seja, o espaço que se transforma imerso no tempo, algo de errado venha a ocorrer? Nas palavras de Ghiraldelli Junior (2016b, pp. 1-2):

O problema do Dasein ou do homem é especial e particular então: o que acontece se na transmutação das esferas, ou seja, o espaço que se transforma imerso no tempo, algo de errado venha a ocorrer? A resposta de Sloterdijk é seca: psicose. O homo sapiens e seus pets têm o privilégio de se tornarem bem cedo uns psicóticos. A catástrofe da esfera em um de seus momentos de mutabilidade resulta na psicose e não é à toa que tal patologia seja um tema da modernidade, sendo esta uma época de mudanças de fronteiras e, portanto, de possível desajuste no que se espera de esferas se transformando em harmonia. "Dasein ist Designer" é um lema sloterdijkiano, porque o homem é um construtor de lares, de algo como "o dentro", e nisso coabita. Quando esse projeto contínuo tem sua ressonância interna impedida, que é o próprio meio, conteúdo e fronteira da esfera, as coisas então vão de mal a pior. Não há o Dasein no exterior, a não ser como falha. E se o meio básico de continuidade é o som, então está correto Nietzsche ao dizer que "a vida sem música seria um erro". Uma falha. Aqui e além; feto e placenta + cordão umbilical + líquido amniótico + sangue; elementos da placenta e vibração sonora; feto-criança e desaparecimento do cordão umbilical + placenta; finalmente criança e ar + mãe + não-mãe. Esses estágios descrevem as transformações da esfera. Um momento tenso: o da substituição da placenta, como companheiro e polo inicial do duplo, pela pura vibração sonora que, enfim, passará para o plano audível-psíquico com o daimon, gênio, anjo da guarda e similares. Nessa transição, uma primeira catástrofe da esfera pode ocorrer, colocando o homem, então, na situação de ficar "fora" e perder seu duplo. Uma vida sem música do gênio é um erro, uma falha. Nessa teoria, o filósofo não pode ser outra coisa senão um tipo de médico da cultura, alguém que se converte em um "imunologista da cultura" e efetivamente aborda como este "hibernante humano" pode se instalar e se aclimatar. Quem não faz isso, diz Sloterdijk, funciona antes como professor de filosofia que como filósofo. É um passageiro, um consumidor de produtos culturais apenas, não um teórico da cultura. Um teórico da cultura é um esferologista.

Não aprendemos a escutar após nascer. "Escutamos" antes, e de diversas formas. Na esfera inicial, tudo tem seu começo por meio das vibrações do líquido amniótico e pela bolsa placentária, ganhamos a sinestesia do som. Isso se deu no útero, onde se criaram as condições sinestésicas para que o feto "sentisse-vibrasse-soubesse" o que é som, mesmo que depois, por algum problema na sua má formação (um erro na esfera, ou seja, a música tocou errado ou não houve música) seu ouvido não tenha se desenvolvido adequadamente. A dupla relação uterina dos sons advém da simbiose - interpenetração e, é claro, posterior ressonância.
Cioran é mencionado por Peter Sloterdijk, isso nos faz compreender toda essa história de vibração sonora. "Carregamos conosco toda a música: lá nos mais profundos estratos da memória. Toda a música pertence à reminiscência. No tempo em que não possuíamos nome algum, deveríamos já ter ouvido tudo". Segundo Ghiraldelli Junior (2016c, p. 2):

Cada um de nós está antes de tudo na música, se pensando – fomos feitos assim! A filosofia então se encaminha para esse modelo na qual a música dá as pistas, não somente os olhos. Ambos, contemporaneamente, estão com a música. Talvez agora possamos compreender mesmo a frase de Nietzsche "sem música a vida seria um erro". Não se trata então de uma frase que adverte para que tenhamos música, mas uma frase de constatação, de descrição ontológica.

O homem é sem medo de mobilizar a sua própria técnica para "melhorar o homem" e suas condições imunológicas. Esses mecanismos todos dão vazão a uma continuidade de procedimentos que também podem ser chamar "antropotécnicas". Técnicas de "domesticação" do homem, não no sentido de torná-lo dócil-manso, embora ela cumpra esse papel também, mas no sentido de fazê-lo ser o que ele é, um ser "de casa", do "dentro" e do "espaço de mimo". O homem é um "designer de interiores". As antropotécnicas modernas são condizentes com esse seu desejo de voltar ao útero ou de construir exo-úteros.
Segundo Ghiraldelli Jr. (2014a, p. 1):

Nietzsche nos ensinou que o platonismo é o senso comum moderno. Sloterdijk completa lembrando que o aristotelismo reina na semântica do senso comum. "A nossa cultura, pela sua gramática filosófica, continua totalmente comprometida, como no tempo de Aristóteles, com um ponto de vista substancialista e individualista", de modo que "compreendemos o essencial à luz de uma concepção ontológica da coisa". A substância, diz Sloterdijk, "é aquilo que dá consistência ao mundo na sua dimensão mais íntima, pelo que, de um ponto de vista universal, só valem a pena as coisas e as regularidades que trazem o predicado de 'substanciais'. E continua: "Na ordem das coisas e na ordem das palavras reina, portanto, a mesma predileção pelo sólido, pelo apreensível, pelo substancial e pelo fundamental, ideia ligada à crença de que as coisas isoladas, os objetos e as pessoas físicas individuais formam a espinha dorsal do real".

Na obra de Sloterdijk, o exercício e a técnica são vistos como parte integrante do homem, não podendo este fugir dela. Porque é por meio dela que o homem se faz. A única opção é melhorar a técnica e sistemas imunológicos que nos protegem contra técnicas nocivas. Heidegger de certa forma atingiu seu limite parando nas suas reflexões sobre a modernidade técnica na beira do abismo. Há aí um caminho aberto para o "desocultamento" técnico desenfreado, Sloterdijk vai por outra via.
O que entendemos por "mundo" pode receber próteses e nosso corpo também. Até nosso pensamento pode ganhar próteses. Veja o que acontece com os computadores e a internet; tudo está conectado. Present day... present time! Hahahaha!. Somos o artificial misturado ao natural.
Nossa vida é de exercícios. Nós nos construímos através deles. No futuro teremos Bolt versus homens e mulheres com próteses (e a tendência é Bolt perder). O homem incorpora a prótese em si e essas próteses também serão cerebrais (tudo por meio do ascetismo, antropotécnica e tecnologia). O que estar por vir ou o que é o homem atual é ou não homem? Essa ideia nos parece distante, mas o homem está se fundindo com a máquina, com o computador e porque não com a intervenção genética. Essa "antropotécnica" gerará um homem ou um Deus? Os homens serão os novos Deuses? Eles serão humanos? Temos que admitir então que o homem tem dentro de si o "alto" e o "baixo", o "vertical" e o "horizontal". Ele é o ser que se aperfeiçoa, seu destino é alcançar um lugar mais alto.
O homem é o que vai do animal-homem (prematuro) ao homem-Deus. Ele pratica, repete, corrige, aprende e se prepara para ser divino. Os reis e seus tronos verticais já não o eram? O sujeito é um esforçar-se, diz Sloterdijk. Em Sloterdijk existem "verticalidades de grandezas superiores" e "inferiores". Ou seja, os polos negativos e positivos acabam se relacionando atingindo no homem uma influência orientadora (porque o exercício tem um objetivo específico, apontando a direção a ser tomada que é, ao mesmo tempo, tensa. Tensa, porque exige as "faíscas" do esforço). Os exercícios estão para superar um estado dado a favor de uma superioridade ainda não alcançada. Tentávamos chegar aos Deuses por meio da religião, mas a própria religião é prática e exercício.
Para Nietzsche, o ascetismo é um sub-produto da religião. Não é esse o caminho que temos que escalar. O homem é o ser ilimitado. Os céus não têm limites. Não temos "ponto de chegada" só de partida. Alcançaremos o "estágio" divino pelos nossos próprios esforços (faça a si próprio). O próprio ascetismo nos dá a "sensação divina". O homem cria em si o "germe" da divindade. Seja o seu próprio herói! A pergunta: o que é o homem? Diria que sua missão é a de virar Deus, não por via religiosa, mas produzida por nós mesmos. Construímo-nos até a mais alta verticalidade. Você e eu podemos voar entre outras tantas coisas, ouça a "boa nova" chegando: [...] when you hold me, i can hear your heart. Beating loud and clear, without fear, but you chose a moment that we part. You and I could fly, baby we could be so high if you just let go. But you're too busy keeping two feet on the ground and keeping one hand on the door. When you change your mind. You know where to find me. When you change your mind, baby. You know where to find me […].
Sobre isso é importante mencionar Brüseke (2011, p. 163):

Ampliar seu domínio bibliográfico, melhorar sua performance física, alterar sua alimentação? Seguramente enquadram-se essas tentativas de superação na direção de um estado mental ou corporal tido como superior nesta nova concepção de Sloterdijk: nossa vida é uma vida de exercícios. Fazemos esses exercícios porque sentimos uma "tensão vertical", expressão cara ao autor. Para entender o que são tensões verticais temos que saber que todas as culturas, inclusive suas subculturas, são edificadas a partir de diferenças norteadoras. Dessa forma valem, para culturas religiosas, a diferença sagrado versus profano, para culturas aristocratas, nobre versus comum, para culturas cognitivas, conhecimento versus ignorância, para culturas militares, covarde versus valente, para culturas administrativas, subordinado versus superior, para culturas políticas, poderoso versus impotente e assim adiante. Conhecemos uma argumentação semelhante de Niklas Luhmann para quem os diversos sistemas sociais seguem um código binário que constitui sua identidade, possibilita sua comunicação interna e regulamenta e restringe, ao mesmo tempo, sua comunicação com seu ambiente (Luhmann, 1984). Sloterdijk, todavia, dá um passo além; ele atribui a um dos polos um valor mais alto do que a outro. O primeiro torna-se um atrativo, o segundo ganha a função de grandeza negativa, a ser evitada pelos atores. Entendemos que a horizontalidade dos códigos binários de Luhmann se transforma, assim, na verticalidade de grandezas superiores e inferiores, na concepção de Sloterdijk. Entre estes polos negativos e positivos surge uma dinâmica que exerce sobre o homem uma influência orientadora que é, ao mesmo tempo, tensa. Orientadora, porque define claramente a direção a ser tomada, tensa, porque exige do homem um esforço – e permanentes exercícios – para superar um estado dado a favor de uma superioridade ainda não alcançada. "Você tem que mudar sua vida!". Assim resume Sloterdijk, apropriando-se de uma expressão de Rilke no poema "Torso arcaico de Apolo", o apelo que emana da tensão vertical. Exercitar-se exige uma postura ascética, necessária para garantir as energias que os permanentes esforços de se aproximar do ideal e de evitar a decadência consomem. É compreensível que Sloterdijk tome Friedrich Nietzsche como ponto de referência, já que este na sua Genealogia da moral apresentou a ascese como base de todas as culturas religiosas e suas condutas morais. Curiosamente, os ideais ascéticos retornam na virada do século XIX para o XX. Desta vez não como sine qua non de uma nova religiosidade, mas, pelo contrário, como expressão da descoberta e valorização do corpo humano. O atletismo, sob o pretexto da restauração do olimpismo da antiguidade, reativa o asceta, que, fora de qualquer contexto transcendental, tenta se superar para conseguir competir com outros atletas envolvidos no mesmo projeto de autossuperação. Sloterdijk constata que o renascimento atlético e somático possibilita e requer "asceses desespiritualizadas" e responde à indagação de Nietzsche no final da Genealogia sobre valores que seriam capazes de orientar a vida depois do crepúsculo dos deuses. "A vitalidade, entendida somaticamente e espiritualmente, é mesmo o meio que contém um desnível entre o mais e o menos. Ela tem dentro de si o movimento vertical que orienta as subidas, ela não precisa adicionalmente atratores externos e metafísicos. Que Deus deve estar morto, neste contexto, não importa. Com ou sem Deus cada um chega somente tão longe quanto a sua forma [física] permite" (Idem, p. 67).

Só existe uma verdade absoluta: se tornar um Deus. Deus está vivo! Não mais como busca do absoluto. O louco de Nietzsche disse que Deus morreu, ou seja, que o absoluto metafísico não era mais do interesse de gente séria. Estamos todos conectados. Estamos incorporando próteses. Explico melhor: há pouco tempo atrás tínhamos pessoas com problemas de visão e para isso elas usam óculos, mas óculos bem grossos. Com o passar do tempo e do avanço da tecnologia temos agora óculos bem finos, depois a lente de contato e mais recentemente a cirurgia de correção visual, o que é isso senão uma antropotécnica sendo incorporada? Chegará o tempo em que a lente ampliará o alcance visual ou geneticamente faremos isso. Piscar para quê? "Nobody has time for an entire generation anymore", diz Sloterdijk. Viveremos sem interrupção. Então, a gente não precisa mesmo do sono? Por que dormir se a gente não tem sono? Perfeito. Espera... Espera: por que é um castigo? Por que isto é necessariamente um castigo? Já sei: é a vida sem interrupção. Seremos uma sociedade sem interrupção. Estaremos todos conectados como já estamos mesmo antes de nascermos. O inferno ainda serão os outros? Acredito que não.
Vivemos na sociedade desonerada ou da leveza. Não queremos nada com o inferno. As classes médias do mundo todo não estão a fim de nenhum sacrifício. Inauguramos desde o século XVIII a era antigravitacional: começamos com balões e agora não queremos nenhum peso a mais em nossas vidas. As espumas estão voando cada vez mais alto e leve. Por isso, que as obras de Sloterdijk são: Esferas: Bolhas, Globos e Espumas. Várias de nossas responsabilidades ou serviços braçais não podem mais estar no horizonte. Toda desoneração é bem-vinda e as onerações que são sobrepostas às desonerações, e que podem até piorar a coisa toda, precisam vir sob o invólucro de um novo patamar de peso, uma novidade. Só o novo tem espaço. Dentro do objetivo de nenhum sacrifício, inclui-se aí o fim do inferno Sartreano. Portanto, há a supressão do outro. Não existe mais uma porta trancada. Não há mais objeções, um simples não. Estamos na busca do outro como os cientistas no espaço buscando a vida fora da terra. O outro é de fato um incômodo na nossa modernidade. Porque ele formada quase que uma relação dialética com o si mesmo e o eu. Algo como um alter ego que me nega mas serve justamente para o eu poder existir. Para o eu ter uma circunscrição e delineamento. Essa ausência do eu é potencializada pela tecnologia, pois, o outro é na verdade o eu mesmo. Potencializando assim, o eu narcísico. Seria necessário um "parar no tempo" ou a famosa epoché de Husserl.
As próteses também serão cerebrais (sem um sistema nervoso que nos acompanhe sucumbiremos). Quando olhamos para o homem nessas condições, deixamos de lado a dicotomia entre tecnologia e filosofia ou máquina e homem ou natureza e cultura etc. Conseguimos então nos confortar, como na prática já fazemos a manipulação genética e a ampliação de meios de comunicação.
O vestuário um dia irá se incorporar a nós, literalmente. Como ocorreu com a tatuagem e, mais radicalmente ainda, como ocorrerá com os chips que serão colocados em nosso cérebro, ou que já estão sendo colocados para correção de patologias. Ainda veremos o dia em que nossa conformação dita natural e nosso vestuário serão o mesmo, inclusive com possibilidades (infinita) de troca. Nossa segunda pele será a primeira e vice-versa, até chegarmos à situação em que jamais poderemos distinguir uma coisa e outra. Seremos o animal que se veste, mas num sentido que adoraremos que é o do camaleão. Usaremos roupa como quem usou óculos e passou para lente de contato e, ao fim e ao cabo, operou os olhos para alterar o grau. Antropotécnicas levadas ao grau extremo. Sim, mas não termina aí a coisa: um dia teremos engenharia genética para já nascermos vestidos, em favor de várias modas, como podemos hoje fazer para evitar algumas doenças. Todas as clínicas de estética e engenharia genética já estarão acopladas à indústria da moda, do vestuário e do design.
Segundo Ghiraldelli Junior (2015a, p. 2):

Não há nenhuma conversa aqui, nisso que anuncio, sobre "ficção científica" ou "futurismo". Falo aqui do funcionamento das antropotécnicas que nos geraram: foram elas, já, que nos fazendo nascer como abortos no primitivo mundo das savanas africanas, isto é, precoces, nos fizeram diferentes. São elas, agora, que nos mostram que se somos pós-pós-modernos, somos também modernos enquanto filhos de Frankenstein. Nada mais natural que o artificial, em uma época pós-moderna ou pós-pós-moderna.

Sloterdijk define a atual sociedade como a "sociedade da leveza" ou a "sociedade do entretenimento", ao contrário de Nietzsche, que definiu o ascetismo pela religião, Sloterdijk diz que o ascetismo é inerente ao homem. "Onde procuramos homens, encontramos acrobatas", diz Sloterdijk, mostrando que somos seres da atividade ascética que envolve praticar hoje para fazer amanhã a mesma coisa que fazemos hoje, mas melhor. Não temos como evitar isso. Somos assim desde o nascimento, ou antes, até. Ou seguimos esse aperfeiçoamento, ou perecemos. No contexto de Sloterdijk, a técnica é vista "como parte integrante do homem, não podendo fugir dela. A única opção é melhorar a técnica e sistemas imunológicos que nos protegem contra técnicas nocivas".
Segundo Ghiraldelli Junior (2017a, p. 1):

A primeira via diz respeito ao contexto em que a imunização aparece em Sloterdijk, e que não é, ao menos conceitualmente, de modo algum algo completamente estranho a Baudrillard ou Espósito. Imunização em Sloterdijk não é uma simples metáfora biológica para situações de narrativas em ciências humanas e filosofia. Sloterdijk não trabalha dessa maneira. Arrisco dizer que ele concordaria em muito com a noção de Davidson e Rorty de que a metáfora não tem um sentido literal que a explique, ela é a instituição pura e simples de uma provocação linguística. Pois o filósofo alemão trabalha em um registro parecido ao de Bruno Latour com o seu "parlamento das coisas". As antropotécnicas de Sloterdijk são isso: narrativas em que não faz sentido o estabelecimento de um campo cultural em separado de um campo biológico. Antropotécnicas são procedimentos de várias ordens que mostram que a divisão cultura versus biologia antes atrapalha que ajuda entendermos as coisas. Assim, imunização é imunização. Não se trata de metáfora. É um conceito no contexto das narrativas das antropotécnicas. A segunda via que pego para discordar do filósofo coreano é a do próprio entendimento do conceito de imunização. Ele toma a imunização como um processo no qual a questão básica é a expulsão do estranho, que hoje não valeria mais, pois hoje em dia as fronteiras teriam acabado, o estranho não seria mais O Outro uma vez que a própria figura da alteridade teria desaparecido. A positividade da performance e o mundo "neoliberal" teriam trazido antes a diferença que estranheza causada pelo outro. Seria o fim da alteridade e, portanto, o fim da imunização que precisa do outro, exatamente para expulsá-lo, para negá-lo, para se livrar dele. Ora, há um erro aí: a imunização é de fato um regime de consideração do outro, mas, de modo algum, como o que deve ser expulso e eliminado. Na imunização são criados caminhos e fronteiras móveis para a incorporação do outro e, por um processo de simbiose qualificada, ocorre a absorção do outro no contexto da produção de elementos que energizam o interior e o fazem não ter o outro como inimigo. Não há propriamente a anulação totalitária do outro, mas uma ressonância entre elementos distintos que gera fortalecimento do sistema interno, do organismo. A linguagem militar do campo médico não deveria enganar o filósofo coreano. Notemos: a brincadeira da criança com o cachorro, no ambiente de "aquisição de anticorpos"; o processo de aquisição de resistência no contexto da vacinação. Trata-se de formação não de fronteiras com negação eliminatória, mas a absorção, convívio e aproveitamento de forças. A imunização é como a arte de certas lutas marciais em que não há o choque de força contra força, mas o aproveitamento da força do outro para fazer o que se quer fazer com o movimento. Essa explicação continua valendo para a sociedade atual, como não? Ao entendermos o conceito de imunidade, que aparece equivocado no texto do filósofo coreano, fica fácil perceber que tal conceito não se tornou obsoleto. Não creio que o que estamos vendo com Trump e com o problema dos imigrantes na Europa seja apenas uma questão de "peso", no sentido que o filósofo coreano diz. Creio que há sim o componente de medo, em vários sentidos. As fronteiras não estão tão abertas quanto a tal globalização gostaria. Nem há tanto "promiscuidade". Por outro lado, a imunização não forma barreiras intransponíveis, ela faz o contrário, ele cria barreiras que são perfeitamente seguras por conta de serem transponíveis. Um vírus volta sim a penetrar alguém após a vacina, e pode sim causar um mal, mas os sintomas desse mal se revelam não mais preocupantes, por que o próprio vírus foi incorporado para ajudar o corpo a conviver com ele. Isso é a imunização. Domesticação do vírus, aculturação do vírus, capacidade de interagir com o corpo estranho tornando-o parte do sistema. Ela não é a eliminação do outro ou a busca de alteridade para a sua eliminação. E, por outro lado, não é verdade que estejamos hoje no reino da diferença sem alteridade. A globalização é perfeitamente coadunável com uma narrativa que a explique por meio de imunização, se levarmos em conta o conceito correto de imunização.

Nossos sistemas imunitários teriam comportas de evasão, transporte e integração. É um modelo do próprio homem. O começo de tudo uma microesfera (útero-placenta-feto). Teríamos relação da díade, mãe-filho, ressonância, vibrações, sons, sinestesia e depois o surgimento do esforço e reconstituições de mais esferas. Para posterior macroesferas, abordando a tentativa de recriar o conforto do útero materno (a esfera original). Não vejo como o paradigma imunológico não se coaduna com o processo de globalização. Muito pelo contrário. As bolhas de sabão flutuantes no espaço podem sim se integrar para formar um campo único. Temos antropotécnicas, intimidade e subjetividade. O outro é eu quase que em uma experimentação-absorção-fusão. A imunização não pode ser uma barreira. Ela é porosa ou menos. Na verdade, o "corpo estranho" serve para estabilização das funções imunitárias do próprio sistema. Estamos todos conectados antes mesmo de nascermos. O processo de troca e intercâmbio começa - sangue, cordão umbilical, etc. A própria ideia de sistema permite a conectividade seja ela qual for, pois, cada sistema imunitário possui sua especificidade e função, sua topologia específica. Entender o mundo atual é estar adiante de nossas antropotécnicas e nossas próteses. O designer de interiores é como uma casa ou como nave espacial é parte de entender o homem e a mulher como construções acima da ideia de "construção social" da velha Sociologia. Vamos artificializar ambientes cada vez mais, uma vez que nós todos já seremos naturalmente artificializados. Já estamos fazendo isso no processo de criação de nossos interiores como, casas, apartamentos e no sentido de tomar a Terra como uma espécie "estação orbital" – a nave mãe, onde tudo será interiorizado e serve de transporte do micro para o macro. De certa forma isso já foi feito com a "acessibilidade" dos aleijados (as muletas que todos precisamos e melhoramento dos ambientes interiores para "integração").
Nesse sentido, nossa vida é um grande esporte e entretenimento, jogos eletrônicos são um esporte, uma grande jogatina, que chega ao suprassumo no vídeo game ininterrupto. A guerra virou um vídeo game de modo que até matar e morrer ficou leve. Somos tão leves e tão desportistas que viemos a criar a palavra "estresse", ou seja, a nossa percepção do que seria um cansaço, que o homem não "moderno" jamais conheceu. Precisamos desse estresse, ou seja, da transição do vídeo game para o esforço olímpico ou algo parecido para nos sentirmos em uma sociedade séria, real e pesada. Precisamos recriar uma situação ontológica de peso porque estamos flutuando como balões para o espaço – como bolhas e espumas. Buscamos a oneração do tipo esportiva numa sociedade desonerada a ponto de tudo virar esporte. Existe é claro uma forte influência da tecnologia e dos mais diversos meios de comunicação que intensificam isso. A pós-modernidade como escreveu Lyotard é caracterizada pelo fim das grandes metanarrativas por excelência, instauradas com o fim das filosofias políticas inspiradas no liberalismo, nazismo, comunismo, social democracia e o Humanismo, ou seja, todas as doutrinas baseadas em alguma utopia da "sociedade do trabalho". O que fizemos na pós-pós-modernidade foi reconstruímos nossa modernidade atual, o trabalho acabou virando um jogo. Estamos na sociedade da abundância ou da leveza. A única metanarrativa que temos é aquela que nos coloca integrados em um grande espaço imunitário, em uma grande esfera – que pode ser pensada com uma grande internet mista com a vida física – em que a esportização se apresenta como o reino do entretenimento. Ou nos entretemos vinte e quatro horas por dia, ou o monstro do tédio nos pega. Junto dele, aparece o vazio, como Nietzsche trabalhou muito chamado de niilismo.
Surge aí a "insustentável leveza do ser". Um vetor vertical pela perda do peso nos levou ao rarefeito e ao azul dos céus. O mundo parece perder realidade por perder seriedade, então, práticas não sérias são tornadas sérias. Portanto, esse caráter de "alta performance" do homem nada tem de mágica, e nisso os deuses são iguais a todos nós. Dependem de rotina de exercícios. Em alguns desenhos e filmes a diferença de um Deus para um homem é algum tipo de melhoramento ou alguma capacidade única desenvolvida. E o homem para "bater de frente" deve se superar como Goku do Dragon Ball Z (exercícios, exercícios, prática, prática, treino, treino). Tudo em um ambiente extraordinários com mestres e treinadores. A autosuperação ascética é transformadora de um "estágio inferior" para um "estágio superior". Na demonstração performativa está tudo dado. Somos todos irmãos, é esse o recado. Corremos, fazemos dieta, tomamos suplementos, fazemos academia, tudo em busca do melhoramento. A própria religião não e mais religião, pois, virou pura prática.
Diante disso, a própria religião não tem mais nenhuma transcendência por ser pura prática quase que uma educação física, "religiões não existem". (SLOTERDIJK, 2009, p. 133). A religião deixa de ser religião para ser uma "religião" dos que não podem ter religião (cientologia). Dança e ciência, sexo e oração, guerra e culinária – eis que tudo depende de um profundo trabalho que, como Sloterdijk diz, é a substituição da vida contemplativa (cartesiana do sujeito-objeto) pela vida ativa, de Hannah Arendt, mas tudo isso submetido à verdadeira vida, a vida performativa. Até mesmo a diversão própria se expressa segundo a aquisição de performance: jogos de computador ou de celulares que nos levam ao mundo do divertimento.
Quando nos vemos assim, na "sociedade do espetáculo" de Debord enquanto um mundo cujo conteúdo é a prática, o exercício, a conduta do ascetismo despido de qualquer fundo religioso, começamos a perceber que, talvez, Peter Sloterdijk tenha razão ao dizer que onde buscamos o homem só encontraremos acrobatas. Só os que treinam, ou seja, todos nós, é que são humanos. O homem é aquele que pratica sua prática para fazer melhor o que já vem fazendo. Não se trata de notar certo caráter performativo da vida humana, mas de notar a performance como todo e qualquer conteúdo que nos preenche como humanos (físico, material, mental e espiritual). Nosso improviso é praticado. Pelas atividades cerebrais do "pensamento", um exercício. O espetáculo já é o exercício e vice-versa.
Peter Sloterdijk tem a coragem de dizer que "só os aleijados viverão". Só os que se superam porque, nascidos sem mãos, podem pintar, e realmente se tornaram pintores. Sua perna é uma mão. Eles é que são os do futuro. Isso porque são os do presente. Os homens todos precisam de muletas. Todos são aleijados. Por isso são fazedores de exercícios corretivos. Treinam e treinam a exaustão. O que mais fazemos senão treinar? A técnica é tão perfeita que seus membros são um monstro (um monstro literalmente) humanista do filme O Labirinto do Fauno, o monstro em questão possui a visão ligada ao tato. O homem é isso. Aquele que sem as mãos pode fazer as "atividades típicas das mãos" com os pés por meio do exercício e correção.
Grande parte disso se dá ao mal-nascimento do homem. Este é um ser prematuro - malnascido. Na sua mais recente aparição no Brasil em Outubro, no Fronteiras do Pensamento, Sloterdijk diz que "neste momento, pela primeira vez na história da evolução a xenofobia humana com relação à natureza é levada a consequências realmente sérias. Além disso, é claro para o homo sapiens, por ser um animal símbolo da natureza, é tido como um animal desnaturado, que falhou como animal e, por isso, é perturbado dentro da sua cultura". Sloterdijk em sua principal obra Esferas pensa o sujeito de maneira que ele quebra a tradição grega do ser contemplativo (sujeito e objeto), "a subjetividade, enquanto feito desse cumprimento pelo próprio, não é, pois, uma fundamentação tranquila, mas um esforçar-se" (Sloterdijk, 2004, p. 128).
Na visão de Sloterdijk, o mundo é um feixe de relações (cosmos). O homem é um ser da prática. Argumenta até no sentido de que devemos largar de configurar e encarar o homem como um "comunicador" ou um "trabalhador". Na verdade, o homem é o ser da busca pela performance através da repetição (prática em si). Para Sloterdijk, o homem amanhã vai fazer a mesma coisa melhor do que ele faz hoje.
Ao falar sobre o assunto (BRÜSEKE, 2011, p. 163):

No seu mais recente livro, Você tem que mudar sua vida!, Peter Sloterdijk anuncia a virada antropotécnica. Partindo da percepção que o próprio homem geraria o homem, ele se volta imediatamente contra posições semelhantes que apontam o trabalho, a comunicação ou a interação como veículos desta autoprodução humana. Com isso, deixa claro que não é Marx ou Habermas que inspiram este livro de mais de setecentas páginas, mas que ele, o próprio Sloterdijk, teve uma ideia original: O homem se produz através de exercícios. [...] Sloterdijk recomenda nada menos que suspender todas as interpretações do homem como "trabalhador" ou "comunicador" para traduzir na linguagem do exercício o que conhecemos até então como manifestações do homo faber ou homo religiosus.

Vemos isso nos espíritos olímpicos, os atletas de alguma coisa. "O que é um exercício? Como exercício defino qualquer operação que conserva ou melhora a qualificação do ator para realizar a mesma operação da próxima vez, seja ela declarada como exercício ou não" (SLOTERDIJK apud BRÜSEKE, 2011, p. 163).
Eis a pergunta: então, o que devemos ter em mente é até o onde o homem pode chegar? O homem é o ser do ascetismo, da superação e esse seu processo vai gerar sim o monstruoso. O homem vai mudar por meio de intervenção da engenharia genética e também vai mudar por meio da fusão com a máquina e com o computador, como já mudou por meio da educação humanística hoje chegada ao fim. É um imã aglutinando o metal em si e tecnologias dos mais diversos tipos, mas não só por essa visão substancialista. Não haverá volta nisso. O futuro que nos aguarda já é o presente.
Platão falou que o homem é um bípede-sem-pena, mas o que será o homem no futuro? Uma Fênix que quando sua chama estiver se apagando renascerá das cinzas em brasas incandescentes? Nossa própria roupa será incorporada. Teremos então, algo como uma "armadura" ou uma prótese na pele (a prótese será a própria pele). Não distinguiremos mais o que é humano e o que é máquina e tecnologia (metahumanos). Seremos um camaleão que muda de cor. Poderemos pensar no futuro do homem no espaço como um ser que não precisará mais de trajes para viagens espaciais, o traje será nossa própria epiderme. Resistente ao frio, calor, pressão, radioatividade e gravidade. O próprio conceito de "viagem espacial" será remodelado. Tudo será feito em nós mesmos, cálculos, telemetria, respiração, pouso, próteses cerebrais e mecânicas.
Essa ideia nos parece longínqua, mas já está acontecendo. O homem poderá excluir doenças e "defeitos" no seu próprio DNA, incorporando um sistema imunológico mais eficiente e resistente. Incorporando e anulando tendências da família, sejam elas boas ou ruins como: câncer, intolerância à lactose, alergia, calvície, obesidade, problemas respiratórios, problemas visuais, roupa, cor de olhos, altura, memória, sexo, tipologia física, envelhecer será trocado pelo "enferrujar", imortalidade, etc. Estaremos perto do "oni", onipresente, onisciente e onipotente. Será possível estar na mente do outro. Se não na mente, "sentir" o pensamento como a ressonância na esfera em forma de ondas. A vibração do pensar. Teremos superatletas com músculos diferentes. Agora o ácido lático não nos afetará como antes, um coração melhorado para aguentar ainda mais a performance e um sistema nervoso adaptado, afinal com grandes "poderes" surgem grandes responsabilidades.
E como lidaremos com isso? Impactos econômicos? Sociais e políticos? O homem pagará o "tributo espacial" (com o surgimento do mercado capitalista espacial). O trânsito das mercadorias e demais tributos serão por meio de II, IPI, ISS e ICMS. A jurisdição será igual para todos os homens, máquinas e homem-máquina? E a jurisdição quando estivermos no espaço? Teremos modificações tanto sociais quanto econômicas. Lembremos que os pobres não são minoria. O conceito sociológico não é aplicado formalmente, mas sim, historicamente. Os pobres não carecem de direitos, representação política e doutrinária, ao contrário, eles apareceram em cena para fundar a cena e a política moderna. O pobre é fundante da sociedade moderna, ao contrário das minorias que escapam da noção de pobreza e riqueza. A política em favor de minorias nasceu da reação ao genocídio da Segunda Guerra Mundial e consolidação dos Direitos Humanos. Teremos uma "minoria" das máquinas e homem-máquinas? Teremos representantes das máquinas e homens-máquina na nossa Democracia: o PM – partido das máquinas e o PHM – o partido dos homens-máquina? Quem sabe até um presidente
No ramo empresarial quem não quer um funcionário assim? Com habilidades estupendas, treinado, inteligente, que não fica doente, capaz de tudo ou quase tudo. Eles terão "direitos iguais" e "todos serão iguais perante a lei"? Eles exigirão direitos trabalhistas sim. Aqui o Liberalismo como disse Marx tem um pé na ideologia. Porque ele prega a liberdade e a igualdade, mas só o faz como igualdade e liberdade perante a lei e ele põe a igualdade perante a lei como toda e qualquer igualdade de modo a universalizá-la. Isso é errado. A igualdade perante a lei é uma parte da igualdade. Há muitas coisas que precisam ser iguais até para que a liberdade perante a lei ocorra. Segundo Marx, o Liberalismo seria uma doutrina verdadeira, mas ao mesmo tempo ideológica. De falsa universalização, onde os iguais para serem iguais devem ter desigualdades. O futuro está aí no presente, resta saber o que o homem será.
Eduardo Rocha, 28. São Luís - 21/02/2017.
Versão não revisada.










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