A Tipologia Wh-de Algumas Línguas Indígenas: explorando a Sintaxe Aberta e Encoberta
Descripción
A Tipologia Wh- de Algumas Línguas Indígenas: explorando a Sintaxe Aberta e Encoberta Rafael Saint-Clair Braga (Programa de Pós-Graduação em Lingüística)
Novembro de 2009 1
‘On the typology of Wh-Questions’
Sheng Cheng 1991
‘What moves where when in which languages?’ Richards
1997
‘Partículas interrogativas’
‘Clausal Typing’ Ausência de movimento em sintaxe aberta
1.Línguas de 1. Palavras Wh‘multiple fronting’ antepostas Tipologia de Perguntas Wh-
tipos de línguas
2.Línguas wh2. Palavrasde Whin-situ in-situ Movimento 3.3.Línguas de moviheterogêneo mento wh- opcional
2
Línguas wh- in-situ e suas partículas Language Mandarin Cantonês Hopi
yes/no question
Wh-question
ma / A-not-A
ne / ø
A-not-A
a
ya
ya
Japonês
no-(ka)
Koreano
ci
ka/(no)-ka ci
Hindu
kyaa
ø
Swahili
je
ø CHENG 1991:21 3
CP Expandido Rizzi (1997,1999,2001)
CP 3 IP 3 4
CP Expandido Rizzi (1997,1999,2001) ForceP 3 TopP* CP 3 IntP 3 TopP* 3 FocP 3 Top* 3 FinP 3 IP 3 5
CP Expandido RIZZI (1997,1999,2001) ForceP 3 Force’ 3 e IntP 3 marik Int’ 3 TP +IntF 3 aiböj T’ 3 ma vP 6 OLIVEIRA (2007:252)
tj
tire
tk
6
Questões Wh- Múltiplas Richards (1997, 2001) sistematiza da seguinte forma:
Palavras wh- antepostas na periferia esquerda - búlgaro (Boskovic 1995a,13)
(1)Kogo whom
kakvo e what
AUX
pital Ivan? asked
Ivan
‘Who did Ivan ask what?’
Palavras wh- in-situ - japonês (2) Taroo-ga Taroo NOM
dare-ni who DAT
nani-o
ageta no?
what ACC
gave Q
‘To whom did Taroo give what?’
Línguas de “movimento heterogêneo”
- inglês, alemão,
português
(3) Who did John give what? Para quem João deu o quê?
7
Questões Wh- Múltiplas Será que poderíamos tipificar as LIB a la Richards (2001)?
Palavras wh- antepostas na periferia esquerda
?
Palavras wh- in-situ – Ticuna (2) Te’e
i
Quem
x
ta’cü que
ümatü-’ü̃
i x
?
desenhar-NMLZR
‘Quem escreveu o quê’
Facó Soares (2008)
Línguas de “movimento heterogêneo” - Xavante, Karajá, línguas da família Tupi-Guarani. (3) E waima da
aibö
Q quem para homem
ma ti-tsõ
e
mari
3P/PASS
Q o que
‘Para quem aquele homem deu o que’
? Oliveira (2007)
8
A questão do Movimento no Minimalismo (a) Especificadores de dois núcleos XP (4) 3 Ciclicidade Clássica (Chomsky 1995) X’ BP 3 atende ao PCC de X0 Pesetsky (1982) YP ‘nested’. [+F] 3 AP Y’
3
Y0 [+F]
ZP
3 AP Z’ 3 Z0
BP 9
A questão do Movimento no Minimalismo
*
(a) Especificadores de dois núcleos XP (5) 3 X’ AP 3 X0 YP [+F] 3 BP Y’
3
Y0 [+F]
ZP
3 Z’ 3 Z0
BP
10
A questão do Movimento no Minimalismo (6)
(a)Adjunção: múltiplos especificadores de núcleo único
XP 3 XP
3 AP X’ 3 X0 [+F]
YP
3 Z’ AP 3 Y0
BP 11
A questão do Movimento no Minimalismo (a)Adjunção: múltiplos especificadores de núcleo único
(6)
XP
3 XP AP 3 BP
‘Anti-Superioridade’ “múltiplos movimentos (setas) podem se cruzar.”
X’
3
X0
scrambling
YP
3 Z’ 3 Y0
BP 12
Scrambling em Ticuna (6) Ta’cü i te’e i ümatü-ü̃ que
x quem x desenhar-NMLZR
Facó Soares (2008)
IP
3 Absorção em IP IP ta’cü 3 i te’e
I’
3
I0
vP
3 v’ 3 v0
ümatü-ü̃
13
A questão do Movimento no Minimalismo “Um conceito de ciclicidade baseado em checagem de traços, logo, de acordo com uma concepção de Movimento Mínimo, prediz que múltiplos especificadores de um núcleo único serão tratados de maneira bem diferente dos especificadores de núcleos múltiplos. As linhas de tais especificadores devem se cruzar, em vez de aninharem-se, resultando na manutenção das relações de c-comando de base (e, em princípio, a ordem de base) entre os constituintes XPs que se movem para estes especificadores. Argumento que esta asserção é correta; as linhas para múltiplos especificadores de núcleos únicos de fato se cruzam, sendo que as demais configurações (especificadores de múltiplos núcleos) permanecem da mesma forma.” RICHARDS, Norvin (2001:45) – grifos meus
14
Derivation by Phase - CHOMSKY (1999,2001) ZP
2
Spec
Z’
2
Z0[uF,EPP] HP PROBE
2
XP[+F]
H’
GOAL
2
H0
YP
Z0 possui um traço [uF], o que faz dele uma SONDA (PROBE). 15
Geração in-situ de palavras t- em TopP Ticuna 3 TPOP TopP (4) Peduro te’e-’ü̃ na-dau? 3 Pedro quem-‘DAT’ 3-ver Peduru Top’ ‘Pedro viu quem?’ 3 Facó Soares (2008) FinP 3 Fin’ 3 IP 3 I’ 3 I vP 3 DP v’ 5 3 te’e-ü̃ v VP [Φ,EPP] 3 na-dau te’e-’ü̃ V’ 3 V DP na-dau te’e-ü̃
16
Questões wh- múltiplas em Ticuna Ticuna a) Quem viu o quê? Te’e nü-ü̃i Quem
3P-‘DAT’
Te’e
3P-ver
i x
que
Te’e
ni’ĩ 3P-ser, existir
(Quem oi viu, o quêi?)
x que
ta’cüi nü-ü̃i
Quem
Quem
ta-dau i ta’cüi ? [mais comum] dau-ü?
3P-‘DAT’
nü-ü̃i
3P-‘DAT’
ver-NMLZR
dau-ü̃
ver-NMLZR
i ta’cü? cü x que
b) Quem escreveu o quê? Te’e Quem
na-ümatü-ü̃ 3P-desenhar-NMLZR
Te’e Quem
x
i
ta’cü? cü
que
ta’cü ta-ümatü? que
3P-desenhar (Quem desenhou o quê?)
Te’e i ta’cü i ümatü-’ü̃ Quem
x que
Ta’cü Que
x desenhar-NMLZR
i te’e i ümatü-ü̃ ? x quem
x desenhar-NMLZR
17
Questões Wh- Múltiplas “… sugiro que a ocorrência de palavras wh- em posição inicial de oração não é um bom diagnóstico para se decidir se uma língua possui movimento wh-, pois estas podem estar em uma posição inicial como resultado de scrambling ou de alguma outra operação.” Sheng Cheng (1991:19)
18
Quantificadores, palavras wh- e escopo Ticuna Extensão de opções interpretativas ao se tomar quantificadores como exemplos canônicos de operadores (SOARES, 2005)
a) Wü‘itchigü
i
ngueü̃,
nguerüü̃
na-wai
Cada um x estudante professor(a) 3P-beijar (Cada estudante, professora beijou) Tradução: ‘Cada estudante beijou uma professora’.
b) Wü‘i
i
ngueü̃
nguerüü̃
na-wai
Um/ (cada) um x estudante professor(a) 3P-beijar (Cada estudante, professora beijou) Tradução: ‘Cada estudante beijou uma10 professora’. Os dados mostram que a extensão de opções interpretativas não é ilimitada em Ticuna. Dadas como sentenças sinônimas, (a) e (b) apresentam um quantificador que tem no seu escopo apenas o nominal que a ele se encontra ligado por uma das partículas que assinalam estruturas em adjunção.
19
Quantificadores, palavras wh- e escopo Ticuna ( i ) Wü‘i
eü̃
na-wai
Um/ (cada) um alguém 3P-beijar (Um/ (cada) um alguém beijou) ‘Cada um beijou alguém’ Inglês
(ii) a. Everyone kissed someone b. Everyonex [someoney [ x kissed y]] c. Someoney [everyonex [x kissed y]]
As possibilidades de uma dupla leitura de (iia) – possibilidades mostradas em (iib) e (iic) – derivam do fato de que um operador pode estar no escopo de outro, podendo-se inverter, sem restrições, a posição dos operadores. O Ticuna, entretanto, não apresentaria esse caráter de irrestrição ilimitada quanto a operadores, e uma sentença como (i) não seria ambígua.
20
Quantificadores, palavras wh- e escopo Inglês: Escopo em LF CP C’
QPk ∃ someone
∃→∀ TP
C QPi
T’ vP
∀ everyone
ti
v’ v kissed
tk
21
Diagnósticos para distinguir IP e CP Richards (2001:30)
Obedece Ilhas whPossui Scrambling A-local Obedece
Superioridade local Exibe efeito weak
crossover Movimento wh- = QR Palavras wh-
‘clausemate’ podem mover-se para diferentes CPs
Absorção IP
Absorção CP
sim servo-croata sim japonês não
não búlgaro não chinês sim
húngaro não
romeno sim
(alemão) sim
(inglês) não
ticuna não
xavante sim 22
Que modelo adotar?
modelo Y Chomsky 2001
modelo MD Halle, Marantz, Embick, Harley & Noyer 1993, 1997
F[Wh-]
Conclusão A ocorrência de palavras wh- antepostas não é um diagnóstico sintático confiável para se detectar movimento em línguas naturais (Cheng 1991); Para diagnosticarmos movimento em uma língua particular é necessário estudar nesta as relações de escopo de palavras wh-, de quantificadores, efeitos de scrambling, e weak-crossover, ilhas, etc.. (Richards 2001); Dentro do quadro atual da teoria, o movimento é desencadeado por um núcleo (SONDA) portador de [uF] que ‘olha para baixo’, dentro de seu domínio de c-comando, por um traço pareante que constitui o ALVO. (Chomsky 2001); Segundo Richards (2001), as setas (‘paths’) podem se cruzar desde que ocorram dentro de um contexto sintático particular, i.e., múltiplos especificadores de núcleo único; sendo a configuração que possui dois núcleos deve obedecer ao PCC. (Pesetsky 1982); Visto que a maioria dos trabalhos sobre movimento wh- estão enquadrados dentro do aporte minimalista, só poderíamos tratar este fenômeno dentro da MD se reconhecermos a complexidade da morfologia das palavras wh- dentro da propriedade de ‘Lateinsertion’ - Harley (2009, p.c.).
Referências bibliográficas: CHOMSKY, Noam (1995). The Minimalist Program. MIT Press. ________ (2001). ‘Derivation by phase’. In: Ken Hale: a life in language. MIT Press EMBICK, David & NOYER, Rolf (2006). ‘Distributed Morphology and The Syntax-Morphology Interface’. In: RAMCHAND, Gillian & REISS, Charles. Oxford Handbook of Linguistic Interfaces. Oxford, OUP. FACÓ SOARES, Marília (2000). O Supra-segmental em Ticuna e a Teoria Fonológica: Aspectos da Sintaxe Ticuna. Unicamp, SP, Editora Unicamp. ________ (2005). ‘Da representação do tempo em Ticuna’. In: Rodriugues, ARYON & CABRAL, Ana Suelly A. (orgs). Novos estudos sobre línguas indígenas. Brasília: Editora UnB. ________ (2007). ‘Língua/linguagem e tradução cultural: algumas considerações a partir do universo ticuna’. In: FACÓ SOARES, Marília & BRAGA, Rafael Saint-Clair (2009). Os operadores interrogativos em Ticuna: para uma proposta de movimento encoberto. Trabalho apresentado no VI Congresso Internacional da ABRALIN, João Pessoa, Universidade Federal da Paraíba. GINSBURG, Jason (2008). Interrogative Features. PhD dissertation. University of Arizona. HARLEY, Heidi & NOYER, Rolf (1999). Distributed Morphology. Glot International. V.4, issue 4. OLIVEIRA, Rosana C. (2007). Morfologia e Sintaxe Xavante. Tese de Doutorado em Lingüística, Rio de Janeiro, UFRJ. PESETSKY, David (1982). Paths and categories. PhD. Dissertation, MIT. RICHARDS, Norvin (1997). What moves where when in which language? PhD dissertation. MIT ________ (2001). Movement in Languages: Interactions and Architectures. Oxford, OUP. SHENG-CHENG,Lisa (1991). On The Typology of Wh-Questions. PhD dissertation. MIT SHENG-CHENG,Lisa et alii (2006). On Wh-Movement: Moving On. MITPress
Lihat lebih banyak...
Comentarios