A olaria medieval da Porta da Lagoa em Évora (Alto Alentejo, Portugal

October 8, 2017 | Autor: Thomas Schierl | Categoría: Acculturation and 'Romanisation', Portugal, Augustus, Roman Small Finds, Barbaricum, Roman Brooches
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Descripción

F. Teichner, T. Schierl *

A olaria medieval da Porta da Lagoa em Évora (Alto Alentejo, Portugal) Palavras chave: olaria medieval, Évora, séculos XIII-XV. Resumo: Uma recente intervenção arqueológica em Évora (Portugal) deu-nos pela primeira vez, a oportunidade de estudar uma olaria medieval nesta capital Alentejana. Uma análise pormenorizada do material encontrado durante a escavação, nomeadamente da cerâmica defeituosa, permitiu uma descrição dos tipos e da morfologia da cerâmica que era produzida nesta olaria, que se localizava na “Porta da Lagoa” nos séc. XIII-XV. Palabras clave: Alfar, Évora, Siglos XIII – XV. ****Resumen: Excavaciones recientemente realizadas en Évora (Portugal) han permitido identificar, por primera vez, un alfar en esta ciudad del Alemtejo central. Un análisis detallado del material descubierto en esta excavación, en especial de las piezas con defectos de cocción, nos permite proponer una tipología de las cerámicas producidas en el taller de la Porta da Lagoa entre los siglos XIII y XV.

cially through pieces with firing flaws, enables us to propose a typology of ceramics produced in the Porta da Lagoa workshop between the 13th and 15th centuries. Mots clés : atelier de potier, Evora, XIIIe - XVe siècles. **Resumé : De récentes fouilles menées à Evora ont permis d’identifier pour la première fois un atelier de potier dans cette ville centrale de l’Alentejo. Une analyse détaillée du matériel découvert dans cette fouille, en particulier des pièces présentant des défauts de cuisson, nous permet de proposer une typologie des céramiques produites dans l’atelier de la Porta da Lagoa entre le XIIIe et le XVe siècle.

Key words: pottery workshop, Evora, 13th-15th centuries. *Abstract: Recent excavations carried out at Evora (Portugal) have enabled identification for the very first time of a pottery workshop in this town in central Alemtejo. A detailed analysis of the material found during work on the site, espe-

Schlüsselwörter: mittelalterlichen Töpfereien, Évora, 13.-15. Jahrhundert. Zusammenfassung: Im Zuge einer jüngst abgeschlossene Notgrabungen im portugiesischen Évora, wurde es zum ersten Mal möglich, eine der aus den Schriftquellen wohl bekannten mittelalterlichen Töpfereien dieser Metropole des Alto Alentejo archäologisch zu identifizieren. Auf der Basis einer minutiöse Analyse des geborgenen Fundmaterials, insbesondere der Fehlbrände, werden das Produktionsspektrum der zwischen dem 13. und 15. Jahrhundert arbeitenden Töpferei an der “Porta da Lagoa” beschrieben.

As produções em cerâmica da região do Alto Alentejo são ainda hoje das mais populares de Portugal continental (Parvaux, 1968; Baart, 1992; Sardinha, 1997). Famosos centros produtivos localizam-se em Estremoz, Nisa (Portalegre), Flor da Rosa (Crato) e São Pedro do Corval (Reguengos de Monsaraz). O centro administrativo e económico desta região é desde a época romana a cidade de Évora. Graças à intensificação da arqueologia urbana nas últimas décadas, conhece-se bem a cerâmica local utilizada ao longo dos tempos nesta capital alentejana, quer esta seja da época romana,

da Idade Média ou da época pós-medieval / moderna (Gonçalves et alii, 2003; Teichner, 2003: 2006). Porém até agora nunca tinha sido possível identificar concretamente a localização dos centros oleiros nesta cidade. Somente o escrutínio das fontes escritas apontavam para a existência de um telheiro - uma oficina de produção de telha - na Porta da Lagoa que teria existido no séc. XIV (Beirante, 1995: 422). Exactamente neste local foi efectuada uma intervenção arqueológica levada a cabo pela empresa ARKHAIOS Lda., nos anos 2002 e 2005 no An-

* F. Teichner, Johann-Wolfgang-Goethe-Universität Frankfurt am Main, Institut für Archäologische Wissenschaften II: Provinzialrömische Archäologie, Grüneburgplatz 1, D-60323 Frankfurt am Main, Alemanha. [email protected] T. Schierl, Römisch-Germanische Kommission des Deutschen Archäologischen Instituts; Palmengartenstraße 10-12, 60325 Frankfurt am Main. [email protected].

Actas del VIII Congreso Internacional de Cerámica Medieval. Ciudad Real ( 2009 ) TOMO II / 975-986

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Fig. 1: Forno tardo - medieval (UE 215) da olaria da Porta da Lagoa (Évora, Portugal), escavado por baixo do Palácio de Sepúlvedas.

tigo Palácio dos Sepúlvedas, na Rua Cândido dos Reis, nº 72 - 78. Aqui, na periferia da antiga Porta da Lagoa a escavação colocou a descoberto uma primeira, mas importante pista, com dados concretos sobre esta olaria eborense. As diversas sondagens arqueológicas e a escavação em área, permitiram identificar e realizar o levantamento de uma extensa zona de cerca de 1,8 ha. Encontraram-se diversos indícios de actividade oleira, sendo a descoberta de pelo menos, sete fornos a mais conclusiva (fig. 1), assim como os respectivos vestígios de produção e os utensílios utilizados no processo produtivo. Relacionados com a actividade da olaria acrescenta-se,

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ainda, a descoberta de dois poços, diversas entulheiras e restos de produção que se estendiam por quase toda a área escavada. Enquanto que o estudo destes resultados arqueológicos, nomeadamente das estruturas e dos fornos1, se encontra em fase de preparação para publicação (Almeida et alii, em prep.), o estudo apresentado neste congresso especializado, divulga já, uma breve descrição sobre a 1. S. Almeida (2006), Intervenção Arqueológica no Antigo Palácio dos Sepúlvedas, 2ª a 5ª Fases – 2005. Rua Cândido dos Reis (Antiga Rua da Alagoa), nº 72 a 78, Évora - Relatório Final da Intervenção Arqueológica realizada no âmbito da obra de remodelação do espaço com vista a adaptação ao Futuro Hotel Quinta Palácio. Texto policopiado – ARKHAIOS Lda.

F. Teichner; T. Schierl: A olaria medieval da Porta da Lagoa em Évora (Alto Alentejo, Portugal)

Fig. 2: Cerâmica técnica da olaria tardo - medieval da Porta da Lagoa, Évora (Portugal).

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cerâmica produzida nesta primeira olaria descoberta em Évora2. Cerâmica tecnica da una olaria. Proveniente do entulho dos fornos e das lixeiras da olaria reconheceu-se uma grande variedade de utensílios técnicos. Os mais característicos são as trempes, compostas por três braços, aproximadamente cilíndricos, unidos no meio e com um acrescento cónico, nas extremidades de cada braço (fig. 2, 1-3). Estas eram usadas para separar as cerâmicas de forma aberta durante o enfornamento, técnica bem conhecida e utilizada em várias olarias medievais (Duda, 1971: lam. 69a; Bazzana, 1983: 149, no. 490; Gallart et alii, 1991: 28 e 57, no. 185-186; Coll & Pérez, 1993: 889 lam. II 4; Sánchez-molero, 2005: 266; Algarra & Berrocal,1993: 872 e 877 fig. 5, 9-10; Bugalhão et alii, 2003: 135 seg. fig. 9). No caso concreto, as gotas de vidrado que se encontraram nas trempes comprovam a produção local de cerâmica com uma decoração monocromática, vidradas a cor verde-escuro ou ocre acastanhado. Simples anéis com um perfil acentuado (fig. 2, 4), serviriam para estabilizar as panelas com fundo convexo, especialmente durante o fabrico e o enfornamento (Mokrani, 1997: 281 no. 22; 282 no. 46; 283, no. 70; 84 no. 89-90; cf. Bazzana & Montmessin, 1985: 14 e 56 fig. 26, 63). Fragmentos de, pelo menos três discos de cerâmica diferentes (fig. 2, 5-7), têm uma morfologia e uma marcação pouco vulgar na cerâmica medieval. À primeira vista podiam ter sido usados como testos para talhas ou para fogões (Navarro, 1991: 35 e 62 fig. 14 tipo A; Castillo & Martínez, 1993: 83 fig. III 7; 102 fig. XIII 10; Coll I Riera et alii, 1993: 839 fig. 4,1; Lopes & Ramalho, 2001: 68; Ramalho et alii, 2001: 158). No entanto a sua acumulação numa olaria e a forma circular e concêntrica das peças aqui em referência, parece apontar contudo para uma outra utilização, como base de torno. Este é também o caso de um outro objecto, que lhe é bastante comparável e que 2. Os autores querem agradecer mais uma vez a possibilidade de apresentar este estudo preliminar à Dr.ª Ana Gonçalves, Arqueóloga gerente da Empresa ARKHAIOS (Profissionais de Arqueologia e Paisagem, Lda. Apartado 8, P- 7002.501 Évora, Portugal) e também à arqueóloga Sara Almeida, responsável pela direcção dos trabalhos de escavação arqueológica. 3. Peças bem comparáveis às provenientes de uma escavação urbana em Málaga (Andalucia) e atribuídas ao séc. XIII: Exposição actual na Alcaçova árabe (“Depósito municipal”).

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é proveniente da Mālaqa islâmica (Málaga)3. Outros discos parecidos, encontrados na olaria de Paterna (Espanha) indicam uma outra aplicação na moldagem dos fundos das grandes talhas de transporte (Mesquida, 1995: 235 fig. 4, 1-5; Mesquida, 1996: 63 nota 7; 79 fig. 6e.g; cf. Coll Conesa, 1998: 169 fig. 4). No caso dos fragmentos encontrados em Évora, apresentavam ainda dois exemplares de grafitos, provavelmente marcas de oleiro. Foram riscados “ante cocturam” na superfície do disco, o que significa que posteriormente seriam visíveis em relevo na base das cerâmicas que eram aqui produzidas (cf. Mesquida, 1996: 79, fig. 6c-d). No Barreiro (Portugal) foi encontrado um disco com a provável inscrição “pan” o que fez os arqueólogos pensar que se trataria de um molde para biscoito (Barros et alii, 2003: 298 e 301, fig. III 10). Cerâmica defeituosa. Do ponto de vista metodológico, para a caracterização da produção da olaria da Porta da Lagoa, os materiais rejeitados, na sua maioria peças defeituosas que foram cozidas a temperaturas altas de mais, são os mais importantes. Através desta observação, em Évora, pode ser comprovada a produção local de no mínimo duas formas altas fechadas: Num dos casos as peças apresentam um colo com dobra formando um ressalto exterior pronunciado e a asa apresenta um perfil triangular. (fig. 3,1). Este tipo de morfologia expõe elementos tipológicos antigos, que já se podiam encontrar na cerâmica romano - visigótica (Alarcão, 1975: lâm. XIX 379; XXXII 664; CEVPP 1991, 54 fig. 4,7-8; 55 fig. 5,12-13.16; 57 fig. 7,8; Teichner, 2006: tipo F4(a) no. F402) e mais tarde estão também presentes na época islâmica, particularmente nalgumas variantes das redomas desta época (Bugalhão et alii, 2003: 184, fig. 41; Gutiérrez, 1996: 110, fig. 39 T17.1.2-3;). Especialmente a versão com bocal trilobado encontrou-se também em estratos quinhentistas em Évora (Convento de São Domingos: Teichner, 2003: 511, tipo 5 fig. 6) e, existe tanto em cerâmica comum como em cerâmica vidrada ainda na época pós-medieval (Cardoso & Rodriguez, 1999: 205, no. 42-43; Marchesi et alii, 1997: 239-240, fig. 206). No caso de um outro fragmento com dimensões maiores, o colo e a garganta afunilada estão claramente separados e nota-se um bordo que for-

F. Teichner; T. Schierl: A olaria medieval da Porta da Lagoa em Évora (Alto Alentejo, Portugal)

Fig. 3: Cerâmica defeituosa (1-8) e cerâmica comum (9-11) proveniente da olaria tardo - medieval da Porta da Lagoa, Évora (Portugal).

ma um lábio interno (fig. 3, 2). Bordos de cântaros parecidos puderam ser identificados em Évora num silo que foi datado numismaticamente como pertencente ao séc. XIII (Gonçalves et alii, 2003: 248-250, tipo F; cf. Teichner, 1997: 347, fig. 1, 15 Teichner, 2006: no. F201-202). Em contrapartida, exemplares provenientes de Beja sugerem uma produção quinhentista (Mestre, 1991: 571, no. III). Duas candeias com câmara aberta, uma com vidrado verde grosso pigmentado, apresentam uma morfologia muito parecida, com um bordo trilobado e paredes côncavas, terminando num fundo plano (fig. 3, 3-4). Estas candeias substituí-

ram a partir do séc. XI as candeias do tipo “bico de pato” (Gallart & Garcés, 1987: 642, fig. 2,7), enquanto que a sua maior divulgação se localizou entre os séc. XII (Catarino, 1998: 799, var. 19C; Marchesi et alii, 1997: 263, seg. fig. 230; Sánchez-molero, 2005: 234 seg.) e o séc. XVI (Dias & Trinidade, 2000: 227, fig. 6,4-5; Mendes et alii, 2002: 266 e 274, fig. 5, 23; Teichner, 2006: tipo F18a). Ao contrário do que é habitual, somente uma peça, das formas claramente produzidas na olaria eborense, pode ser atribuída ao grupo das panelas (normalmente as panelas são as mais numerosas) (fig. 3, 5). Trata-se de um fragmento com bojo es-

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férico e bordo anguloso formando uma garganta interna pronunciada. Ainda que esta moldagem da garganta -para facilitar a fixação de um testo- seja bem conhecida já na época islâmica (Catarino, 1998: 787 seg. tipo 12 D; 1147 lam. 61, 5; Benabat & Pérez, 2003: 121, fig. 2, 1-4; Teichner & Schierl, 2006: ser. 1. fig. 5 XXX-K5), a pasta e a textura da cerâmica indica aqui claramente uma cronologia alto ou pós- medieval (�Rosselló & Lerma, 1999: 312, fig. 4, 5114-16; 313 fig. 5, 5114-21; Fernandes & Carvalho, 2003: 233, no. 32-34). Deformações em resultado de uma cozedura com temperaturas altas de muito elevadas caracterizam também uma tigela (fig. 3, 8). A morfologia é dominada por um bordo ligeiramente afilado, parede carenada, com a parte superior levemente oblíqua e fundo em anel. Como também acontece nas outras tigelas encontradas durante a escavação na olaria da Porta de Lagoa, todas apresentam uma pasta vermelha e em nenhum caso se conseguiu identificar restos de vidrado (fig. 3, 11). Este facto é a diferença mais evidente quando em comparação com as tigelas islâmicas (Torres, 1987: 198; Retuerce & Zozaya, 1991: anexo 3 sér. 3-4; anexo 4 sér. 5; Pérez & Bedia, 1993: 61, fig. 18; Rodríguez, 1999: 110, fig. 5; Catarino, 1998: 776 seg. cf. var. 5c; Sánchez-molero, 2005: 164 seg. tipo II-III). Nestas peças mais antigas domina tradicionalmente a decoração policromática com vidrado, especialmente em corda seca, manganês e verde ou melado e morado. Também, contrariamente a estes percursores, os produtos tardo e pós- medievais raramente tem um lábio boleado para o exterior, o mais frequente é o bordo estar sublinhado externamente por uma ou duas caneluras (fig. 3, 11: Almeida & Rodrigues, 2001: 240, lam. 8,1; Dias & Trinidade, 2000: 232, fig. 11, 68). Com o seu característico fundo abaulado, as tigelas eborenses são a ligação com as posteriores formas de malgas e pratos em pré - faiança e faiança (Teichner, 2006: tipo F11f; Gomes & Gomes, 1996: 155, fig. 11 Silv.1-152; Silv. 1-151; Gomes et alii, 1996: 55, fig. 13 Silv. 3 Q1/C2-14; Huarte et alii, 1999: 153, fig. 3, 10.12; Cardoso & Rodrigues, 1999: 207, no. 52.56). Finalmente também duas variantes de testos faziam parte do espectro de produtos da olaria eborense. Em ambos os casos a forma-base é tron-

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cocônica e tem uma pega central e um fundo ligeiramente côncavo. Peças com um bordo simples arredondado ou levemente afilado são cronologicamente pouco sensíveis (fig. 3, 6 = var. D). Já se conhecem desde a época islâmica (Gomes, 1988: 203, Q10/C5-5; Gutiérrez, 1996: 121, fig. 48, T30.1; Catarino, 1998: 802 seg. var. 18C.1; Lafuente, 1999: 145, fig. 4, 1; Gomes, 2003: 500, fig. 279 Q3/C8-58, Q3/C8-44), sobreviveram durante a reconquista cristã, como mostram vários exemplares do séc. XIII (Gomes, 2003: 288, fig. 175 Q86/C2-1 até Q7/C2-3; Teichner, 2006: no. F1701-3) e encontram-se ainda em estratos claramente pós-medievais (Gomes et alii, 1996: 41, fig. 7 Silv.3 Q2/C2-45 até Q2/C2-2; Cardoso & Rodrigues, 1999: 199, no. 1-4; Dias & Trinidade, 1995: 169, no. 5-8; Dias & Trinidade, 2000: 227, fig. 6, 6), por isso não surpreende que o fragmento proveniente do entulho do tardio forno 1811 da Porta da Lagoa (fig. 3, 6) tenha vários paralelos tardo-medievais em Évora, nomeadamente provenientes do Convento de São Domingos e do Templo Romano (Teichner, 2003: 515, fig. 9 tipo 13). Uma outra variante dos testos com a forma-base troncocônica, é definida por um bordo ovalado e lábio introvertido formando um garganta interior (fig. 3, 7.10 = var. B; cf. Teichner, 2006: no. F1712-13). Peças semelhantes provenientes de Silves são atribuídas a uma cronologia de inais do séc. XII e à 1a metade do séc. XIII (Gomes, 2003: 320, fig. 192 Q155/C22; cf. Catarino, 1993: 79, fig. 8,1). Em Lisboa estes testos continuaram a ser produzidos nos séc. XV-XVI (Dias & Trinidade, 2000: 227, fig. 6, 7-11; cf. Cardoso & Rodrigues, 1991: 575 e 582, lâm. 2, 20-21). Para complementar a imagem dos testos com forma-base troncocônica, têm de ser incluídos dois fragmentos encontrados nas entulheiras da zona da olaria mas, com a particularidade destes, não apresentarem sinais de terem sido mal cozidos. Uma peça com um bordo extremamente prolongado e descaído mas ainda com uma pequena garganta interior (fig. 5, 2= var. C), encontra paralelismos no material proveniente do Templo Romano de Évora e pode ser considerada como derivada da variante B (= fig. 3, 7.10) com uma cronologia pós-medieval / moderna (Teichner, 2006: no. F1714; cf. Mendes et et alii, 2002: 265 e 272, fig. IV 17). Ao contrá-

F. Teichner; T. Schierl: A olaria medieval da Porta da Lagoa em Évora (Alto Alentejo, Portugal)

Fig. 4: Cerâmica proveniente do silo 13 (1-4) e cerâmica comum (5-9) encontrada na olaria tardo - medieval da Porta da Lagoa, Évora (Portugal).

rio desta, a outra peça com um bordo triangular com a extremidade biselada representa uma variante mais antiga (fig. 3, 9 = var. A), que se encontra em grande número em contextos islâmicos (Catarino, 1998: 802 seg. var. 18C.2; Bugalhão et alii, 2003: 168 seg. fig. 28, 2992) mas que também, continua a ser usada em épocas posteriores; então com uma tendência para apresentar fundos mais planos (Mendes et alii, 2002: 272, fig. 4, 19). Cerâmica contemporânea da olaria. Dois conjuntos de cerâmica comum podem estar, directamente relacionados com a fase de actividade da olaria da Porta da Lagoa em Évora. Um

deles diz respeito às peças de cerâmica comum de pasta vermelha provenientes de um dos diversos silos (U.E. 13) descobertos durante a intervenção arqueológica, que são bastante significativas. Trata-se por um lado de dois copos com duas asas, colo alto cilíndrico e bojo globular, com um pé alto, cilíndrico e base plana (fig. 4, 1-2). Apesar da forma-base destes copos ou púcaros ser bem conhecida na cerâmica almoada (Torres et alii, 1991: 500 e 530, seg. no. 85. 90), na zona do Alto Alentejo, estes produtos são ainda muito frequentes nos séculos XIIIXIV (TEICHNER, 2006: tipo F8b; cf. GASPAR & AMARO, 1997: 340, est. 3, 2-4) e passam, somente, no final da época medieval, a sai lentamente de moda (cf. Cardoso & Rodrigues, 1999:

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210, 70; Dias & Trinidade, 2000: 208 e 232, fig. 11, 69). Para além destes, foram encontrados no mesmo silo duas panelas com uma morfologia igualmente característica. São peças com um colo cilíndrico canelado (fig. 4, 4.9) e podem ser situadas cronologicamente através do material proveniente de outras escavações na cidade de Évora, entre a época almoada (Teichner, 2006: tipo F6j) e o final da idade média (Gonçalves et alii, 2003: 245, type B; cf. Catarino, 1995: 130, fig. III 3; Gomes et alii, 1996: 41, fig. 7 Silv.3 Q1/C2-5). Para a panela com um bordo triangular moldurado (fig. 4, 3.6-8) foi possível confirmar no estudo tipológico do espólio de um silo escavado no Palácio do Arcebispo de Évora (actual Museu de Évora), que a sua divulgação teria sido feita, principalmente a partir do reinado de D. Sancho II (Gonçalves et alii, 2003: 244, seg. tipo A; cf. Gaspar & Amaro, 1997: 342, est. 5, 1-3). O abandono de um poço ligado ao processo da produção marca o fim da actividade da olaria da Porta da Lagoa (fig. 5; U.E: 1904). O espólio do entulho desse poço deveria pertencer com grande probabilidade, ao espectro da última fase de produção. Além dos copos e púcaros (fig. 5, 11-12), panelas (fig. 5, 1.3) e testos (fig. 5, 2), já anteriormente analisados e atribuídos aos séculos XIII/XIV, identificaram-se aqui mais outras duas formas da loiça eborense. Por um lado, tratam-se de vários exemplares de jarros com um gargalo alto e quase cilíndrico, ligeiramente curvado e bojo globular com o arranque das asas vertical (fig. 5, 8-9). Mais uma vez esta morfologia tem de ser entendida como produtos na linha da tradição islâmica, na época cristã (Teichner, 2006: tipo F5e; cf. Catarino, 1995: 130, fig. III 1-2; Bugalhão & Folgado, 2001: 131, seg. no. 13-18). Mais concretamente, a base bem separada do bojo em forma de bolacha, indica uma cronologia anterior às variantes quinhentistas, conhecidas em Évora principalmente pelos espólios provenientes do Convento de São Domingos e do Convento de São Francisco (Teichner, 2003: 512, tipo 7). Somente uma bilha encontrada quase completa dentro de um silo ao lado do poço em referência, aponta para uma morfologia do séc. XIV/XV (fig. 6, 4). Esta peça é caracterizada por um gargalo troncocônico e - em vez de uma base bem separada do bojo -, termina simplesmente num fundo plano com ônfalo (cf. Mendes et alii, 2002: 268, fig. 1, 2-3; Amigó, 1998: 121, fig. 3-4). Dois fragmentos com uma forma aberta, até agora pouco conhecida na loiça eborense, perten-

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cem também ao espólio proveniente do poço da olaria (fig. 5, 6-7). São peças - provavelmente panelas, caçoilas ou frigideiras (Teichner, 2006: tipo F9b.c; cf. AAVV 2001: 93, no. 117) - com um fundo convexo ou globular, de onde arrancam três pequenos pés (fig. 5, 6-7). Aqui era adaptado um utensílio auxiliar, quer dizer um suporte, tradicionalmente fabricado em metal, necessário para fixar as panelas com fundo convexo (Bazzana, 1996: 157, seg. fig. 22-23, cf. Bazzana & Montmessin, 1985: 10, pl. 1; 17 fig. 3; Salvatierra & Castillo, 2000: 130, seg. fig. 46-48). Para completar a tipologia da loiça eborense identificada na olaria da Porta da Lagoa, resta indicar uma importante forma de cântaros (fig. 6, 1-3). Os três bordos apresentam as mesmas linhas morfológicas. Característico destes é, o colo estreito, separado na parte superior por um ressalto e um bordo moldurado ou arredondado, elementos bem identificados em cântaros de finais do séc. XII e da 1a metade do séc. XIII, em peças provenientes de Santarém (Mendes et alii, 2002: 269, seg. fig. 2, 78; 3, 9; Trinidade & Dias, 2003: fig. 5, 22-26), da Alcáçova de Silves (Gomes, 2003: 315, fig. 190; AAVV 2001: 95, no. 124) e das escavações do Instituto Arqueológico Alemão no Templo Romano de Évora (Teichner, 2006: nº. F201). Resumo. Segundo os registos de propriedade na cidade medieval de Évora, no ano 1327 existia um ferragial e um telheiro localizados na Porta da Lagoa, que tinham sido doados à Sé de Évora (BEIRANTE, 1995: 74). Aqui num primitivo terreiro dentro da cerca medieval o atelier tinha uma posição favorecida para o comércio, situado na Rua da Alagoa, que ligava a cidade de Évora com o “hinterland” oeste e norte, ou seja em direcção a Arraiolos e Montemor-o-Novo (Carvalho, 2004: 197). Tradicionalmente estes “telhais” fabricavam principalmente peças de barro destinadas à construção urbana local, tal como lambazes, ladrilhos, telhas, tijolos, baldosas, canos, alcatruzes para noras, etc. (Moniz, 1976: 148). Na realidade, as entulheiras escavadas nas intervenções acima referidas eram quase inteiramente constituídas por telha e tijolo. Contudo, verifica-se igualmente, mas com muito menor expressão, a ocorrência de cerâmica comum defeituosa, o que significa que apesar de orientado para o fabrico de cerâmica de construção, o atelier complementava esta produção com a manufactura de alguma cerâmica comum. O

F. Teichner; T. Schierl: A olaria medieval da Porta da Lagoa em Évora (Alto Alentejo, Portugal)

Fig. 5: Cerâmica comum encontrada no entulho de um poço da olaria tardo - medieval da Porta da Lagoa, Évora (Portugal).

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Fig. 6: Cântaros encontrados na olaria tardo - medieval da Porta da Lagoa, Évora (Portugal).

espectro da loiça produzida aqui, incluía cântaros, panelas, copos, testos e candeias, todos em pasta vermelha, ferruginosa. Além disso, pingos de vidrado existente nos utensílios auxiliares indicam também a produção de loiça vidrada, facto comprovado por um cantil com vidrado verde. A análise tipológica e morfológica do espólio cerâmico encerrado nas entulheiras permite, estimar o período de actividade desta unidade artesanal, entre os séculos XIII e XV. Esta datação arqueológica pode ser comprovada por dados históricos bibliográficos, assim como também por dados de datação por radiocarbono. Em referência à preocupação dos municípios medievais em localizar os bairros oleiros no exterior da cerca, a localização da oficina / “telheiro” inserida no perímetro amuralhado, indica uma precedência do início da produção à construção da muralha de Évora na época fernandina, quer dizer durante do no século XIV (Cerca Nova). Esta hipótese pôde

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entretanto ser confirmada, através de análises de radiocarbono de carvões provenientes de um dos fornos, que forneceram uma datação que os coloca no séc. XIII. Em contrapartida, a construção do Palácio dos Sepúlvedas, neste terreiro no início de quinhentos marca o final (terminus ante quem) da existência desta olaria na porta da Lagoa (Espanca, 1966: 276). Resumindo, as últimas intervenções arqueológicas desenvolvidas pela equipa da empresa Arkhaios constituíram um contributo fundamental para a identificação de uma olaria de consideráveis dimensões, no terreiro do posterior Palácio dos Sepúlvedas. Além da recolha de interessantes dados para o conhecimento da evolução urbanística e económica da capital alentejana, pela primeira vez foi possível, no caso da Olaria da Porta da Lagoa, identificar, descrever e datar um lote de cerâmica comum de fabrico local eborense pertencente à Baixa Idade Média, tendo como base uma escavação científica.

F. Teichner; T. Schierl: A olaria medieval da Porta da Lagoa em Évora (Alto Alentejo, Portugal)

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