A Muralha de Lagos

Inicialmente defendida por uma muralha medieval de configuração quadrangular, com 5 hectares de área e 850 metros de perímetro, Lagos é provida de uma nova cerca de forma pentagonal no reinado de D. João III, com uns impressionantes 30 hectares de área e 2.400 metros de perímetro. A velha cerca com adarve evolui para uma nova cerca abaluartada, acompanhando a expansão da cidade e as necessidades da sua defesa, introduzindo-lhe, por mão do seu projectista, Miguel de Arruda, as mais recentes inovações da arquitectura militar, garantindo a transição das técnicas da neurobalística para utilização da pirobalística.Limite físico da cidade, a Muralha começa a constituir um problema quando o tecido urbano extravasa o seu perímetro, e as novas modernidades exigem soluções muitas vezes incompatíveis com a sua preservação. As portas são destruídas para deixar passar os automóveis, vários troços são demolidos para garantir a continuidade do tecido urbano e suas funções. Outras agressões surgem na forma de embelezamento, servindo a ideologia do regime, criando novas verdades com base em ilusões.A gestão da Muralha é indissociável da gestão da própria cidade, que deve encontrar soluções compatíveis com a sua preservação, equacionando-a no âmbito de uma estratégia integrada, que encare a sua salvaguarda e reabilitação física com a sua gestão sustentada e fruição pela população e visitantes.