VIDEO LETTERS AMONG UNDERGRADUATE STUDENTS OF BRAZIL AND USA : APRENDI 2.0 IN CONNECTION WITH THE 9a MERCOSUL BIENNIAL | PORTO ALEGRE VIDEOCARTAS ENTRE ALUNOS DE LICENCIATURAS DO BRASIL E EUA : APRENDI 2.0 EM CONEXÃO COM A 9a BIENAL DO MERCOSUL | PORTO ALEGRE

July 25, 2017 | Autor: Katy Sosnowski | Categoría: Art Education, Visual Arts
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Modalidade: comunicação oral GT: Artes Visuais Eixo Temático: 1. Educação à Distância em Artes Visuais na América Latina e no Mundo.

VIDEOCARTAS ENTRE ALUNOS DE LICENCIATURAS DO BRASIL E EUA : APRENDI 2.0 EM CONEXÃO COM A 9ª BIENAL DO MERCOSUL | PORTO ALEGRE

Katyuscia Sosnowski (UFRGS,RS,Brasil) Maria Cristina Villanova Biasuz (UFRGS,RS,Brasil) RESUMO: Analisamos neste texto, sob uma perspectiva bakhtiniana, as primeiras interações produzidas e compartilhadas entre estudantes de graduação em artes visuais de dois países, neste caso específico - Brasil e Estados Unidos. As interações online foram produzidas no contexto do projeto “Aprendi 2.0 em conexão com a 9ª Bienal do Mercosul | Porto Alegre” desenvolvido como parte da investigação "Telecolaboração em Arte/Educação: diálogos interculturais" no Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – PGIE/UFRGS. Em um modelo de intercâmbio intercultural online o projeto foi realizado concomitante ao currículo. Entre nossas análises foi possível observar as limitações das atividades a distância bem como as possibilidades das interações produzidas por estudantes que não falam o mesmo idioma. É possível observar o encontro dialógico e responsivo entre os sujeitos envolvidos além da promoção da autoria exercida nas atividades. Por uma perspectiva ético-estética convidamos para o texto múltiplas vozes, advindas das imagens publicadas, da plataforma Moodle, no objetivo de compreender o processos de autoria e co-autoria em ambientes online. Palavras-chave: intercâmbio intercultural online; vídeocartas; Bakhtin; autoria.

VIDEO LETTERS AMONG UNDERGRADUATE STUDENTS OF BRAZIL AND USA : APRENDI 2.0 IN CONNECTION WITH THE 9ª MERCOSUL BIENNIAL | PORTO ALEGRE ABSTRACT: We analized in this paper from a bakhtine perspective, first interactions produced and shared among undergraduate students in the visual arts of the two countries in this particular case Brazil and the United States. The online interactions were produced in the context of the project " APRENDI 2.0 in connection with the 9th Mercosul Biennial | Porto Alegre" which developed as part of the investigation "telecollaboration in Art / Education: intercultural dialogue" in the Graduate Program in Computer Education Federal University of Rio Grande do Sul - PGIE / UFRGS. In a model of online intercultural exchange project was conducted concurrent with the curriculum. Among our analysis we observed the limitations of distance activities as well as the possibilities of interactions produced by students who do not speak

the same language. You can see the dialogic and responsive encounter between subjects involved besides promoting authorship exerted on activities. By an ethical-aesthetic perspective to the text invite multiple voices, the Moodle platform, in order to understand the processes of authorship and co-authorship in online environments. Key words: Online Interculture Exchange; Video Letters; Bakhtin; Authorship.

1 Introdução Maio de 2014: Jean Luc Godard enviou uma vídeocarta em vez de comparecer presencialmente ao festival de Cannes na França: A carta “Letter in motion” de Jean Luc Godard para Gilles Jacob e Thierry Fremaux, nos remete a dialogar com outros projetos tais como o “Global Vídeo Letters1” e o Global Art Exchange2, que são projetos que realizam trocas entre diferentes países utilizando videocartas, cartas escritas e desenhos como estratégia. O “Global Video Letters” desenvolve desde 2010 projetos participatórios utilizando a estratégia do envio de videocartas entre lugares como Birar e Rajastha na Índia (2010); Nova Holanda, no complexo da Maré, Brasil (2010); Bronx, New York, nos Estados Unidos (2011); em La Luna, Oaxaca, no México (2012). Atualmente está desenvolvendo um projeto em Kabul no Afeganistão (2013). Esses projetos tem em comum o uso das novas mídias como meio de apresentar, trocar e dialogar com estudantes geograficamente distantes. Nesses projetos que utilizam as novas mídias é possível observar que a língua nativa do enunciador aparece no áudio e o inglês nas legendas escritas. Esses projetos estabelecem previamente a língua inglesa como língua franca. Projetos de intercâmbio online, com objetivos de aprendizagem da língua inglesa, são bastante difundidos na Europa e nos EUA. Na Europa, desde a década de 1990, o “Programa Erasmus” (http://www.esn.org/) atua em 36 países com objetivos de intercâmbio entre 424 universidades associadas. No entanto, barreiras como o custo econômico da mobilidade física e a falta de proficiência dos alunos em línguas estrangeiras fazem com que, atualmente, apenas 4% dos estudantes universitários europeus utilizem os programas internacionais de mobilidade física (O’Dwod, 2007). O “Intent-project3” promove a conexão entre professores e universidade, de diferentes países, interessados em participar de atividades de intercâmbio online por meio de uma plataforma própria. As parcerias promovidas por essa plataforma são em geral realizados com ferramentas síncronas tais como chats e Skype. Em nosso campo da arte/educação há também iniciativas da comunidade européia em projetos de investigação colaborativa tais como o “Creative Connexions4” que explora a compreensão transnacional na Europa. A rede “Art Education 2.05” na Internet mantém uma comunidade “Connected Classrooms” com 270 arte educadores inscritos em um fórum sobre interesses em realizar intercâmbios. O projeto "Aprendi 2.0 em conexão com a 9ª Bienal do Mercosul – 2013", foco de nossa investigação, não teve como objetivo a aprendizagem e sim um intercâmbio intercultural com oportunidades de discussões sobre a cultura e aspectos da arte contemporânea local entre futuros professores de arte. Nossa estratégia foi o uso da linguagem visual por meio de vídeocartas, videos autorais e 1 Disponível em: http://globalvideoletters.org/ Acesso 22 jul 2014. 2 Disponível em : http://www.oneworldclassrooms.org Acesso 04 jul 2014. 3 Disponível em: http://www.intent-project.eu Acesso 04 Jun 2014; tem como público alvo estudantes universitários da Europa e Ásia e utiliza técnicas de telecolaboração focando como objetivo principal o ensino e aprendizagem da língua inglesa. 4Disponível em: http://creativeconnexions.eu/pt/about/ Acesso em 20 ago 2014. 5 Disponível em: http://arted20.ning.com Acesso 04 jul 2014.

videos colaborativos como estratégias de comunicação a distância além de uma plataforma do tipo Moodle com uma proposta de intercâmbio intercultural online. 2 Aprendi 2.0 em conexão com a 9ª Bienal do Mercosul | Porto Alegre O Projeto “Aprendi 2.0 em conexão com a 9ª Bienal do Mercosul – Porto Alegre", constitui-se como um desdobramento do Projeto “AprenDI - Aprendizagem dinamizada por objetos: tecnologia para múltiplas propostas de aprendizagens tendo a arte como fio condutor – iniciado no ano de 2005”, coordenado pela professora Dra. Maria Cristina V. Biasuz, o qual teve apoio financeiro da Cultural Petrobras. O projeto está em sua 4ª fase de desenvolvimento no ano de 2013 e foi desenvolvido como parte da investigação "Telecolaboração em Arte/Educação: diálogos interculturais" no Programa de Pós-graduação em Informática na Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Os participantes foram 13 estudantes de graduação em artes visuais brasileiros e 11 estudantes de artes visuais norte-americanos, 2 professoras brasileiras e 1 norte-americana. Para dar suporte online ao projeto foi utilizada a plataforma Moodle, um ambiente virtual de aprendizagem – AVA. O projeto foi planejado em colaboração e a distância com a professora norte americana para acontecer entre os meses de agosto e novembro, período em que a Mostra Bienal do Mercosul estaria ocorendo em Porto Alegre. Organizado em três modos de dialogar: - Diálogos sobre cada um de nós, que teve objetivo realizar o primeiro contato entre os participantes do intercâmbio através da produção de uma vídeocarta; -Diálogos sobre arte contemporânea, que objetivava promover a compreensão mútua da arte contemporânea disponível no contexto dos dois grupos, através da produção de um vídeo autoral; - Diálogos com a 9ª Bienal do Mercosul, o qual permitiu que os estudantes participassem da 9ª Bienal produzindo vídeos colaborativos e submetendo-os para a chamada pública "Invenções Caseiras6". A proposta do primeiro módulo do projeto consistia em produzir uma videocarta coletiva apresentando os integrantes do grupo, a universidade, a cidade, a cultura, o clima e a geografia da sua região em um vídeo de até 5 minutos. No intuito de diminuir a distância comunicacional das línguas estrangeiras entre os interlocutores, foi solicitada a inclusão de legendas e créditos para ambos os idiomas, português e inglês. O módulo chamado de “Diálogos sobre cada um de nós”, teve duração de 5 semanas e nele foram produzidas e publicadas 12 videocartas, uma dos estudantes brasileiros e 11 dos estudantes norte-americanos. As videocartas caracterizam-se por serem vídeos curtos de até 10 minutos, que em sua maioria são narrativas lineares e tem um destinatário determinado. No entanto quando essas videocartas foram publicadas na internet em canais como Youtube e Vimeo, ficaram disponíveis a quem quiser se tornar um destinatário também. 6 Caracterizou-se por uma convocatória nacional e internacional promovida pela Fundação Bienal do Mercosul que teve como objetivo promover a reflexão e a pesquisa acerca de soluções de problemas caseiros de maneira prática e barata e revelar os inventores adeptos de tal atividade. Era permitido participar pessoas de qualquer idade e residentes em qualquer país. A seleção foi feita pela equipe curatorial da 9a Bienal que se reserva o direito de veicular os vídeos/áudios de invenções selecionadas, que cumprirem com os seguintes critérios: originalidade e relevância da proposta; e resolução suficiente do vídeo ou áudio para apresentação na mídia ou legibilidade do roteiro enviado.

Vinculada a essa atividade das "vídeocartas" nós professoras/pesquisadoras propomos dois fóruns no Moodle para discussão e aprofundamento das questões levantadas pelos vídeos. As vídeocartas tinham como objetivo ser disparadoras das discussões nesses fóruns.

Fonte: Aprendi20.org Acesso em 22 ago 2014.

Todas as atividades de produção e publicação nos fóruns foram realizadas assíncronamente pelos grupos. Destacamos que essa investigação é parte de uma investigação maior e mais ampla, em nível de doutorado, que faz parte de um campo de experimentação no qual os sujeitos participantes falam línguas diferentes e se propõem a dialogar usando ferramentas de tradução da internet e a linguagem visual. O segundo módulo “Diálogos sobre arte contemporânea”, tinha como objetivo promover a compreensão mútua da arte contemporânea disponível no contexto dos dois grupos. Para o grupo do Brasil a enfase recaiu sobre a mostra da Bienal do Mercosul que estava ocorrendo na mesma ocasião em sua 9ª edição. Essa mostra tem como tradição ocorrer de forma desentralizada em diferentes espaços na cidade de Porto Alegre. Foram planejadas visitas aos espaços expositivos relevantes no Brasil e nos EUA as visitas a exposições foram selecionadas pela professora responsável pelo grupo norte americano. As visitas ocorreram durante os horários das aulas nas duas universidades. Como forma de registro e proposta de intercâmbio os estudantes produziram um vídeo autoral individual ou em duplas e publicaram na plataforma e abriram para discussão entre os grupos. No Brasil, em Porto Alegre, foram realizadas duas visitas aos quatro maiores espaços nos quais estavam ocorrendo as exposições da Bienal do Mercosul, essas visitas em grupo aconteceram acompanhadas das professoras e de mediadores da mostra. Em um segundo momento os estudantes, individualmente ou em duplas revisitaram a mostra para realizar as filmagens, entrevistas e coleta de dados para a produção do vídeo autoral. Os vídeos tinham um destinatário prescrito que era o grupo da universidade parceira. O vídeo apresentaria um ponto de vista, uma percepção singular, impressões sobre uma obra, dos estudantes/autores. O interesse em agregar os conteúdos da 9ª edição da Bienal do Mercosul ao projeto AprenDi 2.0, foi por esse evento ser de âmbito internacional e estava previsto para ocorrer no mesmo período que o Projeto. A mostra é bastante significativa para a arte e a educação local, haja vista que o projeto da Mostra é amplo e privilegia a formação de professores de arte de todo Brasil. A mostra por alguns anos se afastou

de sua missão original de mapear artistas vinculados aos países do chamado Mercado Comum do Sul e a 9ª edição sedimenta a internacionalização do evento. A 9ª edição da Bienal do Mercosul, aconteceu de 13 de setembro a 10 de novembro de 2013, foi realizada em 5 espaços diferentes da cidade de Porto Alegre e reuniu trabalhos de 66 artistas internacionais, 17 brasileiros sendo 9 gaúchos. Com o título “E se o clima for favorável”, a mostra fez um convite para refletir sobre quando e como, por quem e por que certos trabalhos de arte e ideias ganham ou perdem visibilidade em um dado momento no tempo. Essa edição foi marcada por distinções entre descoberta e invenção, assim como os valores de sustentabilidade e entropia. Nesse módulo foram produzidos entre os dois grupos 17 vídeos autorais sendo 10 do grupo da UFRGS e 7 do grupo da UNT. Iniciamos o planejamento das atividades a distância que seriam desenvolvidas no Projeto Aprendi 2.0 no mês de julho 2013 para que o projeto ocorresse no mesmo período da Mostra (setembro/novembro 2013), foram trocados email e realizadas reuniões semanais via skype entre as duas professoras e a pesquisadora envolvida. Elaboramos planilhas compartilhadas online com registro de todas as atividades planejadas para as duas turmas durante o semestre, tanto as atividades presenciais que envolviam só uma das turmas, como as atividades que seriam compartilhadas online em colaboração com a outra turma no Moodle nosso Ambiente Virtual de Aprendizagem. Esse procedimento tinha como objetivo facilitar o acompanhamento das atividades para ambas as professoras que estavam remotamente situadas. Todas as atividades dentro da plataforma Moodle foram planejadas para os dois grupos no entanto algums prazos de entrega foram diferenciados haja vista que o projeto foi desenvolvido concomitantemente ao curriculo das disciplinas. Agregar os conteúdos da 9ª Bienal do Mercosul ao projeto Aprendi 2.0 exigiu um estudo paralelo das professoras envolvidas sobre as obras e artistas participantes da edição 2013. Planejamos uma sessão de chat síncrono entre os estudantes no dia que antecedeu o início do segundo módulo, no entanto ele não foi confirmado devido aos dias diferenciados de aulas nas duas universidade e também o fuso horário que exigia que um dos grupos conectasse fora do horário de aula. No terceiro módulo “Diálogos com a 9ª Bienal do Mercosul”, A atividade foi lançada por subtemas, criamos uma enquete no Moodle para que os estudantes optassem em qual grupo gostariam de trabalhar. Tendo como desafio a produção de um vídeo colaborativo o qual seria submetido a chamada “Invenções Caseiras” da 9ª Bienal do Mercosul. A partir dessa chamada estabelecemos 5 subtemas para os cinco grupos: 1) Meio Ambiente, 2) Reciclagem, 2) Moda, 3) Invenção Pedagógica, 5) Arte e Tecnologia. Os estudantes de ambas universidades tiveram o prazo de uma semana para registrarem na plataforma o interesse nos subtemas e grupos de trabalho. A única regra de divisão dos grupos é que em todos os 5 grupos deveriam ter pelo menos um integrante da universidade parceira. Não era permitido que todos integrantes de um mesmo grupo fossem da mesma universidade. Nessa atividade foram produzidos e publicados no Moodle 5 vídeos e os todos foram submetidos a chamada da Bienal. O projeto Aprendi 2.0 faz parte do campo de pesquisa das autoras e está em processo de análise dos vídeos autorais e dos vídeos colaborativos. 3 Referencial teórico-metodológico

Nossas análises nesse texto recaem sobre as vídeocartas criadas no primeiro módulo do projeto e são pautadas no pensamento interacional de Mikhail Bakhtin (1895-1975), no que se refere a autoria, bem como nas implicações da pós-produção nos estudos de Nicolas Bourriaud (2009). Mikhail Bakhtin foi um filósofo da linguagem, que numa visão quase que antropológica escreveu entre os anos 1920 e 1970 sua teoria do Dialogismo, Polifonia e Heteroglossia, seu objeto de estudo principal foram obras literárias. Retomamos seus conceitos da teoria do dialogismo e os colocamos em um novo contexto para operar nos processos de autoria das videocartas produzidas no primeiro módulo do nosso projeto.Trazer a perspectiva Bakhtiniana para refletir e analisar as produções contemporâneas que se utilizam de mídias digitais no contextos dos ambientes virtuais de aprendizagem nos exige um olhar ampliado e renovado de sentidos. Para Bakhtin, uma atitude estética é uma atitude responsiva: ao aceitarmos o mundo, aumentamos nossa responsividade em face dos outros reais a partir de nossa posição exterior a seus mundos, e desse modo participamos da máxima quantidade de relações em suma, reconciliamo-nos com o diálogo. (EMERSON, 2003, p.265)

Aproximar-se das histórias, dos objetos, da vida e das expressões artísticas de um Outro em uma experiência estética pode ajudar-nos a aceitar e compreender suas produções. Há nesse ato de encontrar e criar para com/para o outro uma responsabilidade envolvida. Para Bakhtin, “não há álibi na existência”, e os atos do sujeito, sejam ou não voluntários, são responsabilidade sua, ou melhor, “responsibilidade” sua, isto é, responsabilidade pelo ato e responsividade aos outros sujeitos no âmbito das práticas em que são praticados os atos (SOBRAL, 2008, p. 229). Quando em uma proposta de trocas de videocartas entre sujeitos de diferentes culturas, sob uma proposta intercâmbio online, podemos nos apropriar do conceito bakhtiniano que trata da autoria. Bakhtin considera que em uma atividade estética há dois entes : o autor-pessoa e o autor-personagem que são diferentes agentes da atividade estética. o “homem” […] é o centro organizador do conteúdo ( BAKHTIN, 2011) [...] esse homen não é genérico é um sujeito único no mundo que com sua presença axiológica de mundo participa da atividade estética. Essa presença axiológica da qual trata Bakhtin seria os valores que esse homem sujeito único traz nas suas concepções de mundo. Na obra Estética da Criação Verbal a mais representativa compilação de seus textos, Bakhtin discorre sobre as categorias “eu-para-mim”, “eu-para-o-outro” e “outro- para-mim”. È possível situar nosso objeto de análise as “vídeocartas” na categoria “eu para o outro” essa que pode implicar os conceitos de alteridade e autoria. As vozes narradas nas videocartas são vistas por Miles (2011) como A voz é realizada somente quando os participantes no diálogo podem produzir, em vez de passivamente repetir, discursos. A voz é realizada quando os participantes desempenham um papel ativo na criação do discurso e co-autor do texto em questão. Reiterando, para Bakhtin, a língua é dinâmica e relacional, imbuída de um novo significado quando repetida em novos contextos. (MILES, 2011, p.15)

Podemos dizer que no Projeto Aprendi 2.0, os estudantes aceitaram tornar-se autores quando quebraram o silêncio e aceitaram o desafio de dialogar e criar um objeto estético no caso um vídeo para e com um outro desconhecido, distânte que falava um idioma diferente. Para Freire o homem apreende por meio de uma rede de colaboração dialógica na qual cada sujeito ajuda o outro a desenvolver-se, ao mesmo tempo em que também se desenvolve. Todos aprendem juntos e em colaboração. "Ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo" (1983, p. 79). Numa perspectiva bakhtiniana todo sujeito/autor/artista considera, em seu processo de criação, um interlocutor, aquele outro para quem o discurso/obra se dirige, embora esse outro, e a escuta que pode vir a realizar-se, apresentem-se como meros possíveis. Para Bakhtin o sujeito da linguagem é um ser inacabado que produz enunciados inacabados, buscando sempre se constituir no encontro com o outro. Para Bakhtin (2011) os enunciados são atividades estéticas que carregam em si a inconclusividade, ávidos por respostas. Segundo ele o diálogo é a forma clássica de comunicação discursiva. “Cada réplica, por mais breve que seja, possui uma conclusibilidade específica ao exprimir certa posição do falante que suscita resposta, em relação à qual se pode assumir uma posição responsiva” (2011, p.275). Nossa proposta para a produção das videocartas foram iniciadas como o seguinte enunciado. As imagens falam muito, mas não dizem tudo... Busquem um equilíbrio entre o visual e a escrita na elaboração das videocartas. As imagens devem ser acompanhadas pela linguagem escrita, para que sejam percebidas, mais do que apenas reflexos da nossa imaginação ou criatividade. Para que possamos dialogar numa experiência de intercâmbio a distância é preciso que as sensações e percepções permeiem nossas interações como uma maneira de dizer algo sobre o que somos, e com o que nos preocupamos. A ideia é que vídeos ou fotos sejam acompanhados por uma frase ou narração em Inglês/português expressando nosso enfoque sobre nossas imagens. Ampliando assim o olhar sobre a própria produção. Isto reforça a possibilidade de utilização das imagens como um ponto de partida para nosso diálogo (SOSNOWSKI, PEREZ e BIASUZ, 2013).

A proposta era disparar um diálogo por meio das vídeocarta aos dois grupos. Entendemos as vídeocartas como enunciados verbo-áudio-visuais que poderíam intercambiar aspectos culturais, sociais e educacionais. Os recursos visuais utilizados pelos estudantes nas vídeocartas objetivavam produzir sentido para o interlocutor. Nossa perspectiva teórico-metodológica é pautada em um paradigma ético-estético bakhtiniano proposto por Amorin (2009) e Axt (2011), a qual perpassa modos de ser, história, crenças, valores inatingíveis em sua totalidade. Essa perspectiva considera o(s) sujeito(s) da pesquisa e os autores do referencial teórico parceiros na experimentação e na escrita. Todo o processo é dialogado. Os pesquisadores lançam mão de enunciados vindos de todas as direções, na tentativa de organizar um novo texto, desafiando-se a propor novos e inúmeros

diálogos com outros novos interlocutores. Nossas reflexões são atravessadas por muitas vozes advindas de diferentes áreas como a filosofia, ciências sociais, teoria crítica, arte educação e os estudos da linguagem. Acreditamos que encontrar-se com o Outro é dar a oportunidade de encontrar-se com si mesmo. Segundo Axt, Trabalhar com o pressuposto dialógico em pesquisa é, antes, considerar múltiplas vozes, em relação de tensão entre si, tanto as vozes dos participantes da experimentação, quanto as vozes dos autores de referência teórica e a do pesquisador-autor, no âmbito de uma relação de confronto mais ampla entre campos de força monológicos e dialógicos (AXT, 2008, p.98).

4 Resultados e Análise Nós professoras pesquisadoras participamos online e pessoalmente na mediação de todo processo. Ao fim do projeto, revisitamos os dados registrados no Moodle e isso nos levou as primeiras interpretações. Os AVA possuem a característica de quantificar acessos, posts, horários, quantidade e tipos de acessos de todos os sujeitos envolvidos e cadastrados, o Moodle dá-nos a impressão de total controle. No entanto esses primeiros dados apenas atestam que houve algum tipo de interação entre os sujeitos com e pelo AVA. No entanto esses números não qualificam as interações que interessam a essa pesquisa, entendidas como diálogos verbo-áudio-visuais produzidos entre os sujeitos envolvidos no processo. Em busca de algumas constantes e contradições, é possível perceber nas 12 vídeocartas que os discursos estão intimamente relacionados com a identidade que circula nas manifestações culturais das duas sociedades representadas no projeto. Os estudantes/autores das vídeocartas escolheram imagens, sons e construíram uma narrativa singular no objetivo de produzir sentido para o destinatário. Além das vídeocartas são nossos objetos de análise também os enunciados escritos registrados nos 2 fóruns criados no Moodle, que tinham como objetivo o aprofundamento dos assuntos disparados pelas vídeocartas. Trabalhar em grupo é uma tarefa desafiadora, acompanhei a criação da videocarta do grupo da UFRGS presencialmente e pude perceber a tensão e os ruídos dentro do grupo. O projeto da videocarta coletiva foi discutido presencialmente em sala de aula. Duas alunas, Julia e Jeanne 7, tinham conhecimento técnico profissional sobre edição de vídeos, sendo assim se ofereceram para ficar responsáveis pela edição final. Os estudantes dividiram tarefas necessárias a produção, planejaram filmagens externas, escolheram cenários diferentes na cidade de Porto Alegre para realizar uma cena individual de cada participante para compor com a narrativa da vídeocarta. Rebecca ficou de narradora oficial pelo seu sotaque proeminente gaúcho. Enquanto Elias produzia o o texto a ser usado na narração, após isso Elias repassou para que outras duas colegas fizessem a revisão final do texto. Todos os 13 estudantes apresentaram 7 Todos os nomes dos estudantes citados foram substituídos por pseudonimos nesse texto no objetivo de preservar a identidade dos participantes.

para Julia e Jeanne imagens que fizeram sobre o seu cotidiano e que poderiam fazer parte da composição, um dos participantes trouxe uma de suas composições musicais de cunho tradicionalista, no entanto a decisão sobre o trabalho final ficou com Julia e Jeane que definiram por não utilizar muito do material apresentado pelo grupo. Figura 2: prints captados da videocarta do grupo da UFRGS

Fonte : https://www.youtube.com/watch? v=LI2eIXdaYFg&index=35&list=PL3EtZOdXjuVESew6W-_BDpGDXC4fzBldK Acesso em 20 ago 2014.

As diferenças de posicionamentos estéticos e políticos dentro do grupo da UFRGS ficaram explícitas quando na edição final da videocarta surgiram discordâncias no grupo referentes à enunciação que ali se apresentava. Quando a videocarta da UFRGS ficou pronta, os estudantes expressaram descontentamento com o resultado final: Julia: “As imagens não dialogam com o texto narrado.” (Julia.UFRGS), a qual defendia um conceito em tom positivo próximo a um tom publicitário, com uso de imagens realizadas com equipamento profissional, enquanto isso, Elias defendia um conceito próximo da vídeo art, com tomadas no estilo de documentário. Elias retirou-se da sala de aula e enviou-me um e-mail: Elias (UFRGS): Fiquei muito decepcionado com esse grupo de aspirantes a professores/artistas que não querem se posicionar e que acham relevante falar sobre futebol num vídeo que tinha tudo para ser uma obra de arte. Enfim, só posso participar se for assim, via Moodle.

O trabalho criador consiste na luta entre enunciações para se inscrever no mundo da vida. Em um novo contexto , quando a vídeocarta ficou pronta para ser enviada, a repetição da voz foi recebida como uma nova voz, o mesmo acontecerá, quando o enunciado brasileiro foi lido pelos estudantes norte americanos ele se renovará e estará em um novo contexto de enunciação. Sendo novo, constitui-se ali um novo contexto dialógico o que produz um novo sentido. (AMORIM, 2004). A videocarta do grupo da UFRGS, possuí um estilo contemporâneo de produção de vídeo, em toda ela foi usado um remix de imagens, nos 5:12 minutos de vídeo foram incluídos efeitos de velocidade e transição de imagens possibilitados pelos programas digitais de edição de imagem. A apropriação de outros vídeos já publicados na internet fez parte da composição. Os autores-criadores da UFRGS optaram por apresentar na sua videocarta imagens sobre as manifestações populares que tinham ocorrido na cidade de Porto Alegre poucos meses antes do início do projeto, e que tiveram repercussão nacional e

internacional na mídia. Bourriaud (2009) nos ajuda a compreender o estilo contemporâneo de produção de verbo-áudio-visuais quando escreve sobre “o uso da formas”, que a partir dos anos 1980 e 1990 com a expansão da informática e as possibilidade de amostragem e mixagem, (sampleamento) de sons e apropriação de imagens ampliaram-se o uso de manipular as formas. Na contemporaneidade “O remixador tornou-se mais importante que o instrumentista, a rave, mais excitante do que um concerto” (BOURRIAUD, 2009, p.35). A vídeocarta da UFRGS é um exemplo da cultura da apropriação, que implica em co-autorias na qual as imagens, sons e informações estão disponíveis a quem quiser manipulá-las. O acesso e a as possibilidades de apropriação das imagens promovidas pela internet geram ruídos nos modos como são construídos os processos de autoria. Para Bakhtin (2011) e Amorim (2004) e Miles (2011) o sentido é renovado em cada novo contexto. Sendo assim: Quem eram os autores das videos cartas? Quem eram os interlocutores que em determinado momento também se tornaram autores? Para Bakhtin são dois entes, o autor-pessoa (o artista, o escritor,)no nosso caso o estudante e o autor-criador (que exerce a função estética na obra), entes ou agentes distintos na mesma produção discursiva; o auto-criador, elemento da obra, e o autor-pessoa, componente da vida. Duchamp com seus ready-mades foi um dos primeiros artistas, no século XX, a se utilizar de materiais já existentes no cotidiano na artes visuais. A pós-produção é um modo de lidar com o material pronto, bruto, uma característica da arte século XX. Com a disseminação das ferramentas digitais há um crescimento significativo dessa forma de criação. Nos anos 1990, quando computadores e periféricos ficam mais acessíveis, artistas apropriam-se dessas ferramentas para criar obras dialogadas. Podemos compreender essas produções contemporâneas como obras dialógicas e inacabadas. O artista munido de conhecimento das ferramentas digitais pode narrar múltiplas vezes por meio de múltiplas vozes advindas das imagens, sons e textos produzidos anteriormente. A narração funda-se na recepção, no horizonte do enunciador está o interlocutor. Na performance narrativa da videocarta do grupo UFRGS os enunciados verbo-áudio-visuais elaborados pelos autores-criadores brasileiros é possível perceber dissonâncias dentro do vídeo que ora versa pelo narrador características formais geográficas e as imagens apresentadas simultaneamente são de times de futebol em um grande estádio lotado de torcedores. As publicações do fórum da plataforma Moodle podem ser consideradas como parte da vídeocarta. Na cibercultura os comentários postados pelos leitores nos blogs são considerados como parte do texto inicial da publicação. No post a seguir é possível perceber as questões disparadas pela video carta da UFRGS. Ju (UNT): […] Eu realmente gostei de assistir as imagens de sua cidade e ler o texto cuidadosamente preparado, que introduziu o seu país para nós. Ficou claro que foram muito bem planejadas na sua inclusão de certas informações e imagens, em particular sobre os protestos em relação ao evento Copa do Mundo e as dificuldades com o tráfego. Você poderia ter apenas nos mostrou aspectos positivos da sua cidade, mas você optou por incluir alguns de seus "preocupação, ansiedade e as incertezas." Esta é uma visão muito realista de sua cidade e do ambiente em que você está

trabalhando e como você diz um fator motivador na produção artística.

Entendemos as videocartas como eventos criativos (EMERSON, 2003) como obras de arte. Com sua singularidade não sistematizável, responsiva, participatória merecedora de respostas, “e sua execução deve ser assumida com um espírito de amor estético” (EMERSON, 2003, p.253). Ju (UNT): Apesar de ouvir o Português foi bom para tentar entender através do espanhol, que eu sei. Eu particularmente gostei de como você incluiu cada participante caminhando em direção à câmera e no elevador. Esta foi uma maneira muito legal de nos apresentar sem falar com a câmera. Eu também gostei do material com a gravação de telefone celular e nos mostrou parte do seu processo. Algumas das imagens que você usou é tão interessante e eu gostaria de saber como ele foi baleado. Muitas das imagens aéreas tem uma distância focal curta e algumas peças são borradas, enquanto outros estão em foco. Isso é muito atraente filmagens. Você quis atirar-vos esta? Estou muito impressionado com o seu vídeo! Grande trabalho!

O grupo da UNT utilizou a estratégia de produção individual nas vídeocartas. Entre as 11 vídeocartas publicadas pelo grupo da UNT, endereçadas ao grupo da UFRGS, é possível categorizar algumas constantes tais como: 1) praça, 2) campus da UNT, 3) espaços de arte e obras de arte pública, 4) utilização da imagem do google maps, 5) imagens da câmera captadas no carro ou na bicicleta 6) coleções e hobbys, 7) narração pessoal no vídeo, 9) usos de técnicas de edição 10) legendas e músicas na trilha sonora dos vídeos. Figura 3: prints captados das videocartas do grupo da UNT

Fonte:https://www.youtube.com/playlist?list=PL3EtZOdXjuVG2OdcD4mFHcqdTbk6s-pFR Acesso em 20 ago 2014.

A construção das narrativas são diferenciadas em 4 das 11 vídeocartas. Nessas 4 os estudantes iniciam uma narração livre em frente a câmera e após levam o interlocutor para um passeio no campus na sua casa e pela cidade. Entre as vídeocartas do grupo da UNT é possível perceber uma tendência na

narração linear preocupada em contextualizar para que o vídeo fizesse sentido ao “outro” distante, no caso o estudante da UFRGS. Os estudantes da UNT posicionavam-se diante da webcam de seus computadores individuais e improvisadamente falavam sobre os pontos requeridos na proposta de video carta do projeto. As vídeocartas eram como convites. Como obras abertas reverberantes, como ressonancias dialogicas. Elas se apresentavam como enunciados com um desejo de resposta. O sentido é renovado a cada novo contexto. A teoria bakhtiniana fala em renovação ilimitada do sentido em novos contextos, num diálogo infinito e inacabável entre obra minha - sujeito autor e sujeito leitor – interprete, no qual nenhum sentido morre, um real processo de co-criação, ou co-autoria. (BIAZUS, 2001, p.60). Desse modo, é possível compreender que os processos de criação desenvolvidos pelos sujeitos em nossa pesquisa englobam uma multiplicidade de contextos que são constituintes do próprio processo dialógico. (BIASUZ, 2001). Da mesma maneira que se instaura um processo dialógico de co-criatividade na esfera da compreensão, consideramos que se instaura um processo de coautoria, entendida enquanto hibridização, na criação em interação com os aparatos tecnológicos (BIAZUS, 2001, p.59).

A criação destacada por Biazus pode ser apreciada na costura dos textos entre os estudantes nos 2 fóruns que foram os espaços de discussão sobre as vídeocarta. Os estudantes de ambos os grupos discutiram, questionaram, responderam e silenciaram nas interações publicadas nos fóruns. Bakhtin (2011), afirma que é impossível tomarmos decisões sem considerarmos outras vozes. Assim compreende-se que autores e coautores produzem mais que obras: criam “ressonâncias dialógicas” (BAKHTIN, 2011, p. 300). A criação textual disparada pelas vídeocartas pode ser compreendida como uma construção de sentido. As vídeocartas são abertas a uma multiplicidade de sentidos, de leituras, de interpretações. Por exemplo Valter (UFRGS) escreveu para Alana (UNT): Valter (UFRGS) Olá, Alana, Seu vídeo é especial principalmente por você ter exposto suas preocupações, as quais não são tão diferente das nossas em relação a nossa profissão de professor aqui. Na verdade, todos os professores (de escolas públicas, que são a maioria) sofrem com baixos salários, violência nas escolas e falta de infra-estrutura adequada. Além disso, nós, os professores de arte, também sofremos com a desvalorização das nossas disciplinas em relação as outras, isto é, sofremos dos mesmos males que vocês. Um ponto positivo que temos aqui é que o governo federal aprovou um lei recentemente que torna obrigatório o ensino de Artes Visuais, Teatro, Música e Dança, mas diferentemente dos EUA (eu acredito), aqui tem leis que não funcionam na prática. Temos que lutar muito para que se cumpram. Eu fico surpreso com seu relato de crise no ensino em seu país. E gostaria de saber como funciona o ensino básico (antes da faculdade)? Se tem escolas públicas? ... e outras coisas que você puder me relatar. Fiquei muito interessado na sua visão e reflexão sobre a nossa área de atuação. Abraços

Alana (UNT) responde a seguir: É bom saber que não somos os únicos que lutam para alcançar o reconhecimento na educação, mas também é desanimador. Agora, a força motriz para as leis educacionais (e mais outras leis) parece ser para a reconstrução da economia, e eu acho que isso é míope. Como professores de arte que podem ser alguns dos melhores catalisadores de mudança em nossas comunidades. Eu quero ajudar os meus alunos a compreender Eles não são apenas espectadores, mas participantes na sociedade. Não apenas o seu entorno imediato, mas no geral todos nós somos cidadãos e lutar pela felicidade, amor e igualdade. Não importa em que país você vive dentro. Eu acho que não é tanto as leis não são tão brilhante aqui, mas que as pessoas encontram maneiras "legais" em torno deles para atender às suas agendas. Haverá sempre pessoas gananciosas e pessoas com baixos valores Acerca educação e direitos civis. Texas é um estado bastante rico, e muito do que não foi atingido tão duro quanto o resto do país durante a crise de 2008. Temos a sorte de ser isolado a partir de algumas das pessoas que realmente difíceis estão enfrentando dificuldades. Ele não está mandatado para ensinar artes na escola primária, mas é obrigatório para ensinar no ensino médio e do ensino médio.

Os autores desses enunciados assumem uma ativa e avaliativa posição em uma concreta situação de comunicação, na qual a entonação se torna expressiva para o enunciado. O conteúdo no enunciado é dado como uma rede de relações, essas que axiologicamente transcedem a materialidade. Isso é , além do trabalho com o o objeto material, é dado espaço para o trabalho estético, um objeto com base na história e cultura, permeado de significados e valores. A criação textual a partir das vídeocartas podem ser entendidas como uma construção de sentido, por meio dos enunciados como no exemplo abaixo da Kristy (UFRGS) para Juliane (UNT): Kristy (UFRGS): Grata pelo passeio de bicicleta! Eu adoro bicicletas e às vezes me junto a um grupo que se organiza mensalmente para andar de bicicleta pela cidade, a Massa Crítica. Incrível o Campus da sua Universidade! Seu vídeo me fez pensar sobre a potencialidade de coisas diferentes acontecendo no mesmo lugar. Aqui na nossa Universidade o Campus é fragmentado. As Artes (Música e Artes Visuais) ocupam um prédio fora do Campus Central, assim como as Artes Dramáticas. Mas no Campus Central resiste uma salinha de cerâmica e outra de escultura. Há ainda o Campus do Vale, muito, muito distante do centro da cidade (cerca de 40 minutos quando o trânsito está bem), um lugar lindo. E tem ainda a Faculdade de Educação Física que fica em outro bairro da cidade. Nossos espaços de convivência e encontro são poucos, no Instituto de Artes temos apenas os corredores e no Campus Central os espaços embaixo das árvores estão se transformando em estacionamentos. A preocupação com a mobilidade urbana e ocupação de espaços públicos tem motivado discussão e significativas manifestações dos moradores na nossa cidade.

Com base nos enunciados publicados nos fóruns, é possível observar a posição responsiva ou a co-autoria no processo de criação de sentidos a partir das

videocartas. As vozes individuais expressadas nas videocartas do grupo da UNT demonstraram conotações responsivas, as vozes dos estudantes incluindo seus discursos e ao mesmo tempo um tipo de responsabilidade dialógica que influenciava a percepção e o entendimento de outros diálogos pessoais e suas visões de mundo. Portanto, é possível compreender que o processo de criação desenvolvido pelos estudantes em nossa pesquisa, incluem uma multiplicidade de contexto, os quais constituem um processo dialógico (BIASUZ, 2001). Considerações As conexões possibilitadas pelo acesso a Internet beneficiam a comunidade estudantil em geral porém essa ampliação das condições de aprender, de acessar e de intercambiar imagens, textos, sons, ideias, também exige maior capacidade de selecionar e produzir sínteses coerentes. A cultura universitária das licenciaturas, muitas vezes sem cor, descolada da vida, repleta de regras replicadas dos modelos rígidos de currículo. Buscamos com essa investigação contribuir para ampliar o diálogo entre futuros professores de arte, desafiando-os a participar de um intercâmbio online, com a oportunidade de acessar diferentes culturas, criar práticas e metodologias inovadoras, que possam ser incorporadas ao uso das tecnologias de informação e comunicação - TIC e a Internet no ensino de arte. Nós acreditamos que experiências como essa de intercâmbio intercultural online com foco na promoção da autoria, entre países diferentes, podem contribuir com as práticas de Educação a Distância bem como dar suporte aos estudantes que tem interesse em participar de programas de intercâmbio que visem o estudo em universidade de outros países Ao estimular os participantes a serem pesquisadores e não meramente executores de tarefas, exploramos o potencial humano, cultural e tecnológico dos estudantes, futuros professores. Podemos ainda dizer que a oportunidade de participar do Projeto Aprendi 2.0 instigou os estudantes de ambas as universidades a revisitarem sua cultura, pesquisarem imagens, sons, linguagens e formas de expressão para produzir sentido por meio de textos verbo-áudio-visuais na elaboração da narrativa para as vídeocartas. A participação no projeto oportunizou uma troca e acesso a obras contemporâneas sob um ponto de vista de um estudante de arte. Para Bakhtin a palavra vive no encontro da outra palavra. Tudo em Bakhtin se concentra na questão da relação como o outro, na responsabilidade. O encontro da professora brasileira que havia recebido juntamente com os estudantes, as videocartas no Brasil, visitou após 4 meses os estudantes norte americanos, e esse encontro promoveu ressonâncias dialógicas. Discursos foram atualizados, novos sentidos foram atribuídos numa ânsia de completude advinda do instinto estético. Cada imagem, videocarta, ou palavra escrita no Moodle teve seu sentido renovado no novo contexto. Referências AXT, Margarete. Do pressuposto dialógico na pesquisa: o lugar da multiplicidade na formação (docente) em rede. Revista informática na educação v.11 n.01. Porto Alegre, 2008.

AMORIM, Marília. O pesquisador e seu outro: Bakhtin nas ciências humanas. São Paulo. Ed. Musa, 2004. BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. Tradução Paulo Bezerra. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011. BIAZUS, Maria Cristina Villanova. Ambientes Digitais e Processos de Criação. Porto Alegre: 2001. (Tese de Doutorado), PPGIE / UFRGS, 2001. ______, (org.). Projeto Aprendi: abordagens para uma arte/educação tecnológica. Porto Alegre: Promoarte, 2009. BOURRIAUD, Nicolas. Pós-produção: como a arte reprograma o mundo contemporâneo. Trad.Denise Bottmann. São Paulo: Martins, 2009. EMERSON, Caryl. Os cem primeiros anos de Mikhail Bakhtin. Tradução Pedro Jorgensen Jr. Rio de Janeiro: DIFEL, 2003. FREIRE, Paulo. Educação para prática da liberdade. 10ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980. _______, Paulo. Pedagogia do oprimido. 12ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. GUTH, Sarah / HELM, Francesca (eds) Telecollaboration 2.0 Language, Literacies and Intercultural Learning in the 21st Century.v.1. Peter Lang, 2010. SOBRAL, Adail. Ato “responsível” e Ato ético em Bakhtin e a centralidade do agente. Revista SIGNUM: Estud. Linguisticos., Londrina, n. 11/1, p. 219-235, jul. 2008.

Katyuscia Sosnowski Doutoranda em Informática na Educação (UFRGS), Bolsista CAPES, Mestre em Artes Visuais (UDESC). Especialista em Arte - Educação e Tecnologias Contemporâneas (UNB),e em Mídias na Educação (FURG), graduada em Ed. Artística- habilitação em Artes Plásticas (FAP). http://lattes.cnpq.br/4168299671341296 Maria Cristina Villanova Biazus Professora da UFRGS, Departamento de Artes Visuais, Coordenadora do Programa de Pós Graduação em Informática na Educação - doutorado / PGIE/CINTED/UFRGS. Desenvolve pesquisa na área das Tecnologias Digitais, coordena o N.E.S.T.A - Núcleo de Estudos em Subjetivação, Tecnologia e Arte, dentro da Linha de Pesquisa: Interfaces Digitais em Educação, Arte, Linguagem e Cognição. http://lattes.cnpq.br/0968244004421569

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