ISSN: 1647-3949
N.º 2
Centro de Estudos de História do Atlântico REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA
ANUÁRIO DO CENTRO DE ESTUDOS DE HISTÓRIA DO ATLÂNTICO N.º 2 2010
SECRETARIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO E CULTURA CENTRO DE ESTUDOS DE HISTÓRIA DO ATLÂNTICO FUNCHAL
Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico • 2010
TÍTULO: Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico
N.º: 2 ANO: 2010
EDIÇÃO:
Centro de Estudos de História do Atlântico Rua das Mercês, n.º 8, 9000-224 Funchal Telef.: 291 214970 / FAX: 291 223002 Email:
[email protected] Webpage: http://www.madeira-edu.pt/ceha
ISSN 1647-3949
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Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico • 2010
DIRECÇÃO •
Alberto Vieira.
CONSELHO REDACTORIAL
•
Alberto Vieira;
•
Ana Madalena Trigo de Sousa;
•
Filipe dos Santos;
•
Nélio Pão.
CONSELHO CONSULTIVO •
Ana Viña Brito, Universidad de La Laguna (Canárias);
•
Antonio Abreu Xavier, Universidad Central de Venezuela;
•
António Barros Cardoso, Universidade do Porto;
•
Antonio Macías Hernández, Universidad de La Laguna (Canárias);
•
Antonio Malpica Cuello, Universidad de Granada (Espanha);
•
Augusto Nascimento, Instituto de Investigação Científica e Tropical;
•
Avelino de Freitas de Meneses, Universidade dos Açores;
•
Daniel Campi, Universidad de Tucuman (Argentina);
•
David J. Hancock, University of Michigan (EUA);
•
Eddy Stols, Katholieke Universiteit Leuven (Bélgica);
•
Fátima Sequeira Dias, Universidade dos Açores;
•
Gaspar Manuel Martins Pereira, Universidade do Porto;
•
Genaro Rodriguez Morel, Real Academia de la Historia de Santo Domingo;
•
Inês Amorim, Universidade do Porto;
•
Iordan Avramov, Center for Science Studies and History of Science (Bulgária);
•
Javier Maldonado Rosso, Universidad de Cádiz (Espanha);
•
Joám Evans Pim, Instituto Galego de Estudos de Seguranza Internacional e da Paz (Galiza);
•
Joaquim Romero de Magalhães, Universidade de Coimbra;
•
João José Reis, Universidade Federal da Bahia (Brasil);
•
John G. Everaert, Universiteit Gent (Bélgica);
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Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico • 2010 •
Jorge Freitas Branco, Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa;
•
Jorge Nascimento Rodrigues, Editor, Tradutor e Revisor;
•
José Ángel Rodríguez, Universidad Central de Venezuela;
•
José Curto, York University (Canadá);
•
José Eduardo Franco, Instituto Europeu de Ciências da Cultura Padre Manuel Antunes;
•
José Viriato Eiras Capela, Universidade do Minho;
•
Luís Filipe Barreto, Universidade de Lisboa;
•
Manuel Lobo Cabrera, Universidad de Las Palmas de Gran Canaria (Canárias);
•
Maria Beatriz Rocha-Trindade, Universidade Aberta;
•
Maria Helena da Cruz Coelho, Universidade de Coimbra;
•
Maria Isabel Rodrigues dos Santos, Universidade Católica Portuguesa;
•
Miguel Angel de Puig Samper, Consejo Superior de Investigaciones Científicas (Madrid);
•
Miguel Real, Centro de Literatura de Expressão Portuguesa da Universidade de Lisboa;
•
Mónica Teixeira, doutorada em Literatura Moderna Portuguesa, Madeira;
•
Naidea Nunes Nunes, Universidade da Madeira;
•
Óscar Zanetti Lecuona, Academia de Ciencias de Cuba;
•
Ottmar Ette, Universität Potsdam (Alemanha);
•
Paulo Esteireiro, Gabinete Coordenador de Educação Artística, SREC – RAM (Madeira);
•
Pedro Luís Puntoni, Universidade de São Paulo (Brasil);
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Timothy Joel Coates, The College of Charleston, South Carolina (EUA);
•
Vera Lúcia Amaral Ferlini, Universidade de São Paulo (Brasil);
•
Victor Pereira da Rosa, University of Ottawa (Canadá).
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Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico • 2010
SUMÁRIO
7
Apresentação
8
Tema de Capa
Congresso: “O mundo das ilhas e as ilhas do mundo”
1041
VARIA
1155
Livros e Leituras / Recensões
1172
Notícias
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Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico • 2010
Apresentação O presente volume do Anuário do CEHA é dedicado à publicação das actas do Congresso Internacional sobre o Mundo das Ilhas e as ilhas do Mundo, que decorreu no Funchal de 26 a 30 de Julho de 2010, como principal evento de evocação dos 25 anos de actividade do CEHA. Na sequência do encontro realizado em Outubro de 2009, que serviu de mote para a apresentação do primeiro número desta publicação, o CEHA decidiu como prioridade o estabelecimento de debates de carácter inter-disciplinar, como forma de dar corpo a NESOLOGIA, a nova ciência das ilhas. A presente publicação, fruto desse primeiro debate, de acordo com esta nova orientação, reúne as conferências e comunicações que serviram de ponto de partida a esta nova forma de intervir do CEHA. Para Junho de 2010 teremos novo encontro subordinado a painéis temáticos especializados, que contarão com a participação de especialistas de diversas áreas, convidados para debater questões em torno das problemáticas históricas e actuais que dão formam ao sistema de inter-relações que se estabeleceram entre os espaços insulares, a metrópole, os continentes próximos ou distantes. Disso se ocupará o próximo volume deste Anuário. Das actas do presente encontro temos a destacar três aspectos, que a leitura do presente volume o confirmam. Em primeiro lugar, nota-se uma participação numerosa de investigadores madeirenses de distintas áreas, o que prova termos criado nos últimos anos um grupo capaz de estudar, debater e divulgar os temas que nos preocupam em termos da nossa realidade histórica e, até mesmo, actual. Estamos perante uma viragem significativa neste tipo de encontro que temos obrigatoriamente de assinalar. Por outro lado não podemos esquecer a participação numerosa de jovens investigadores do vizinho arquipélago de Canárias, que se assume como um incentivo para as novas gerações de madeirenses que ainda sintam dificuldades em intervir de forma activa na evolução e debate do conhecimento em torno da sua ilha. Por fim, registe-se a abertura pela primeira vezes a outros espaços insulares no Mediterrâneo(Baleares e Córsega). Mas, neste caso, ainda estamos distante da meta que nos propomos de criar para as novas instalações do CEHA aquele espaço aberto de criação, debate e divulgação dos estudos insulares, numa perspectiva global. A crise que nos bateu à porta e alguns efeitos do temporal de 20 de Fevereiro de 2010, condicionaram este nosso desejo, que o tempo permitirá a sua concretização. Ainda, no presente encontro iniciámos, no âmbito do Seminário sobre as Mobilidades Insulares, projecto que desenvolvemos anualmente em colaboração com o Centro Cultural John dos Passos na Ponta de Sol, um painel temático dedicado ao tema NÓS E OS OUTROS: escritas e correspondências, que terá continuidade no próximo ano com a participação de instituições como a de instituições como a Universidade de Santiago de Compostela, CETRAD/ISMAI, Universidade do País Vasco-Euskale da Universidade de Alcalá. Mantemos as rubricas de Vária, Livros e Leituras, e Noticias do CEHA, no sentido de permitir que outros se juntem a nós neste debate anual a partir deste suporte, bem como de apresentar aos interessados informações que permitam aprofundar os conhecimentos sobre esta realidade, através de notas de leitura, como noticias de encontros a realizar-se no âmbito do propósito insular que nos une neste espaço. Finalmente queremos recordar a todos os leitores deste espaço, insulares ou não, que abrimos esta porta à sua participação, estando abertos a qualquer contributo que permita trazer novas informações sobre esta nova batalha pela afirmação dos estudos insulares.
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Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico • 2010
TEMA DE CAPA
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Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico • 2010
ÍNDICE
14
Saudação aos Congressistas
Alberto Vieira
16
As Ilhas: Da Nissologia à Nesologia
Alberto Vieira
22
The Islands: From Nissology to Nesology
Alberto Vieira
27
Madeira
28
Post-1974 Economic Development of the Portuguese Autonomous Region Of Madeira: Which Key Opens The Door To Sustainable Development?
Rubina Everlien Berardo
57
Ideologia empresarial global e actores empresariais insulares: algumas evidências a partir da Madeira
Ricardo Fabrício Rodrigues
69
Do Asilo de Mendicidade e Órfãos do Funchal ao Abrigo Infantil de Nossa Senhora da Conceição (1847-1959). Contributos para a história da assistência na Madeira.
José Vieira Gomes
115
Elisabeth Phelps – Da Grã-Bretanha para a Madeira
Cláudia Ferreira Faria
123
O recrutamento militar e a emigração madeirense nos finais do século XIX
Joaquim da Costa Leite, Benedita Câmara
130
Ilha da Madeira e a Literatura de Viagens: o episódio de Machim
Marco Livramento
9
Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico • 2010 145
Duas Ilhas e um mesmo Oceano: Mitos, Símbolos e Identidade nas Lendas de São Francisco do Sul e da Ilha da Madeira
Andréa de Oliveira
182
A United States Exploring Expedition (1838-1842), e o seu Contributo para o Conhecimento da Botânica da Ilha da Madeira.
Nélio Pão
210
“Da insularidade: prolegómenos e contributo para o estudo dos paradigmas da Madeirensidade” (1910-1926)
Paulo Miguel Rodrigues
229
Manuel Pereira, entalhador e imaginário madeirense do século XVII, e os circuitos de divulgação de modelos para as periferias
Rita Rodrigues
338
A expressão do espaço insular na produção artística contemporânea da Madeira
Isabel Santa Clara
354:
A Pesca na História da Madeira: Estado dos Conhecimentos e Problemáticas Futuras de Análise
Filipe dos Santos
398
Canárias
399
Tenerife y las Islas Atlánticas Portuguesas Durante la Primera Mitad del Siglo XVII
Javier Luis Álvarez Santos
411
Presente y Evolución de la Legislación Turística en las Islas Canarias
Óscar Amador García
419
La plasmación de los archipiélagos macaronésicos en los grabados de la colección del Parlamento de Canarias.
Jonás Armas Núñez
441
La memoria lusitana en la arquitectura de las Islas Canarias en el siglo XVIII.
Carlos Javier Castro Brunetto.
449
Ultraperiferia y autonomía: el caso de Canarias.
Israel Expósito Suárez
466
La periferia de la periferia. Una revisión del patrimonio artístico del interior de la isla de La Gomera.
Pablo Jerez Sabater
475
La Delimitación de las Aguas Territoriales en los Archipiélagos de Estado: Análisis Comparativo de las Islas Canarias y las Islas Portuguesas
Vicente J. Navarro Marchante
489
La Comunidad Autónoma de Canarias como modelo de descentralización para los Archipiélagos.
Fernando Ríos Rull & Israel Expósito Suárez
10
Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico • 2010 510
Inmigración y Prensa en la Frontera Sur de la UE. El Caso de la Línea Editorial del Periódico El Día, de Canarias (España)
Rodrigo Fidel Rodríguez Borges
523
Influencia Creativa del Entorno Isleño: una Visión Personal en la Escultura.
Francisco Javier Viña Rodríguez
534
El silencio de las pobladoras. La mujer en la colonización de Canarias.
Ana Viña Brito
549
Elementos Navales en Arquitectura: La Tipología Casa-Barco en la Isla de Tenerife
Eduardo Zalba González
569
Outras Ilhas
570
Turismo sustentável em contexto insular africano. Exemplos de boas práticas
Brígida Rocha Brito
581
Um Olhar Sobre Duas Ilhas – Fernando de Noronha e Trindade: Entre a História e a Literatura.
Washington Dener dos Santos Cunha
590
Peaceful Islands: Insular Communities as Nonkilling Societies
Joám Evans Pim
605
Développement touristique insulaire et qualité de vie des résidents : Une analyse critique des indicateurs de soutenabilité
Jean-Marie FURT, Marie Antoinette MAUPERTUIS, Pauline RIOT
624
¿Más Allá de la Frontera? Aproximación teórica a la práctica artística caribeña actual.
Carlos Garrido Castellano
630
Tourism Versus Agriculture: Which Way Towards a Sustainable Land Allocation?
Sauveur GIANNONI and Caroline TAFANI
639
Políticas Públicas de Cultura e Educação: Contributos para um Estudo Nesológico
KAUPPILA, Ana Maria
656
Lugar como personaje: La representación simbólica de la Isla de Man en Cremaster 4 de Matthew Barney
Monika Keska
662
Un Plan de Acción para resolver la compleja relación entre la insularidad y las actividades agropesqueras en las Islas Baleares.
Antoni Miquel Lucas i Vidal
677
La insularidad en el Estado español. Una comparativa de los casos canario y balear.
Antoni Miquel Lucas i Vidal
693
A Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense: A Intervenção Associativa das Elites Sociais no Mundo Económico das Ilhas
Margarida Vaz do Rego Machado
11
Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico • 2010 705
Sports et nationalisme en Corse : des rapports ambigus (1966-1995).
Didier REY
714
Tourism and the dissemination of the image of the Balearic Islands
Catalina Aguiló Ribas and Maria José Mulet Gutiérrez
727
“Ilhas para além das Ilhas. Cartografia da Ilheidade e Processos de Referência em Cabral do Nascimento (Madeira), G. T. Didial (Cabo Verde) e João de Melo (Açores)”
Ana Salgueiro Rodrigues
747
Os Açores no Feminino: ser, viver e amar (1900-1925)
José Avelino Rocha Santos, Lúcia Tavares Santos
775
A Ilha como Prisão: Cartografia da Violência
Marilene Rosa Nogueira da Silva
791
Outermost regions and economic development: dilemmas in built-up a resilient economy
António Almeida
798
A Exploração dos Recursos Marítimos numa Perspectiva Histórica: Uma Abordagem Metodológica das Escalas de Conflito (Institucionais e Locais) – o Arquipélago da Madeira
Inês Amorim
815
‘NANBAN’? sweets introduced by Portugal to Japan in the 16th-17th century
Miyo Arao
820
El Papel de las Islas Curazao y Trinidad en la Inmigración Portuguesa a Venezuela. Siglos XIX y XX. Autor:
Antonio de Abreu Xavier
833
Nós e os Outros
834
Writing Home: The Iberian Emigrant Letter and the Challenges of the History of Migration
Xosé M. Núñez Seixas
849
Escritura y comunicación epistolar en la España moderna y contemporánea
Antonio CASTILLO GÓMEZ
879
Cartas desde América. Dos Visiones de los Estados Unidos en la Correspondencia de Emigrantes Vascos.
Óscar ÁLVAREZ GILA
898
Escritas e representações de «Nós e os Outros» sobre a mobilidade de madeirenses
Elina Baptista
903
Escritas de Viagem: Destino Ilhas Sandwich : Diário de Bordo de Dois Madeirenses que Rumaram ao Hawaii [1887]
Susana Caldeira
915
La Correspondencia Interceptada: La Visión de la Situación Política Portuguesa a Comienzo del Segundo Periodo Liberal (1826) en las Cartas de los Emigrantes Gallegos.
Camilo Fernández Cortizo
12
Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico • 2010 932
“Aquí no se mira un velo, solo se usa yapeu”. Preservación de la identidad e integración a través de la correspondencia de emigrantes.
Domingo L. González Lopo
957
Escritas de Emigrantes - Uma abordagem à correspondência oitocentista
Henrique Rodrigues
1003
Infancia, Guerra y Escritura: la Historia de unas Cartas Perdidas
Verónica Sierra Blas
1028
Congresso das Ilhas - Imagens do evento
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Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico • 2010
TENERIFE Y LAS ISLAS ATLÁNTICAS PORTUGUESAS DURANTE LA PRIMERA MITAD DEL SIGLO XVII Javier Luis Álvarez Santos1
Resumen: Con este trabajo pretendemos abordar las relaciones entre el archipiélago canario y las islas macaronésicas portuguesas. Cronológicamente, se enmarca dentro del periodo de la Unión Ibérica, y más concretamente en los años en que estos contactos fueron más frecuentes y fructíferos. Para ello, nos hemos centrado en Tenerife, la isla más poblada y la principal plaza económica de Canarias. Asimismo, analizamos los vínculos económicos y los flujos migratorios que se establecen entre estos espacios insulares atlánticos; los cuales llegan a crear un importante entramado socioeconómico que se desarrolla como nexo entre Europa, África y América. Palabras clave: Islas; Tenerife; Atlántico; Historia Atlántica; Actividades; emigración; integración. Abstract: We want to tackle, with this work, the relationships between Canary Islands and Macaronesia Portuguese Islands. It is chronological surrounded at the Iberian Union time, at the ages where contacts were fructiferous and very frequent, to be exact. We have centered the work in Tenerife, the most populated island and with the first financial fluctuations of Canary Islands. In this sense, we analyze financial links and migratory flows between the Atlantic Islands, setting up an important socioeconomic society which is developed as a link between Europe, Africa and America. Key words: Islands; Tenerife; Atlantic; Atlantic History; Activities; Emigration; Integration.
1 Doctorando en Historia. Becario de Investigación por la Universidad de La Laguna. Línea principal de investigación: Las relaciones socioeconómicas entre Canarias y Portugal y las posesiones lusas en el Atlántico durante la Unión Ibérica. Así, Tenerife y la Unión Ibérica. Los portugueses en La Laguna y su comarca: 1575-1650 (En prensa) fue el trabajo defendido en 2008 para la obtención del Diploma de Estudios Avanzados. Sus publicaciones: “Portugueses en Tenerife durante la Edad Moderna: Una aproximación”, II Jornadas “Prebendado Pacheco” de Investigación Histórica, Roberto González Zalacain (Coord.), Tegueste, 2008, pp.89-101. “Los portugueses en Tenerife y sus redes socioeconómicas en el mundo atlántico, 1575-1604”, El mar en los siglos modernos, Isidro Dubert, Hortensio Sobrado Correa (ed.), Santiago de Compostela, Xunta de Galicia, t. I, 2009, pp. 223-234. “La actividad manufacturera en Canarias durante el Antiguo Régimen a través de los artesanos portugueses”, Nexo nº5, Instituto de Estudios Hispánicos de Canarias, 2009, pp. 24-26. “Microhistoria: El estudio de la vida cotidiana”, Nexo nº6, Instituto de Estudios Hispánicos de Canarias, 2009, pp. 22-25. “Hermigua en la historia moderna”, Hermigua en el tiempo, Pablo Jerez Sabater (Coord.), 2010, pp. 13-28.
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Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico • 2010
Introducción Para desarrollar este tema, la exposición se ha dividido en dos partes. Tras un repaso historiográfico y metodológico, en la primera de éstas enfatizaremos el valor que tiene el espacio atlántico como nexo entre las islas, pero también entre los territorios insulares y los continentales. El segundo bloque, partiendo de las fuentes primarias consultadas, vendría caracterizado por el estudio de las actividades desarrolladas por los isleños portugueses en Tenerife; así como el planteamiento de los diversos modelos de integración en la sociedad tinerfeña2. Estado actual de la cuestión Han sido numerosas las investigaciones que se han dedicado al estudio de las comunidades extranjeras en Canarias, habitualmente en forma de trabajos concretos para determinados grupos nacionales. Así, han destacado los ensayos acerca de la presencia de italianos, y en particular de genoveses; de flamencos y sus lazos con el norte de Europa; así como la estadía de ingleses, franceses, o irlandeses3. No obstante, siempre han estado referidos a determinadas islas y períodos, siendo escasas las publicaciones que hayan tratado esta cuestión de manera general. Sin ninguna duda han sido las relaciones con los archipiélagos de Azores y La Madera, las que han atraído con mayor fuerza el interés de los historiadores. Por parte de los investigadores canarios, Lobo Cabrera y Torres Santana han destacado el intercambio poblacional entre las islas y las actividades comerciales complementarias que se generan entre ellas4. En el mismo sentido, han realizado estudios en los que comparan estos territorios insulares; tanto en el contexto económico, como en político y cultural5. Por su parte, del lado portugués, han llevado sus trabajos sobre los 2 La documentación consultada para este trabajo proviene en su mayoría de los protocolos notariales de la ciudad de La Laguna y de Garachico durante la primera mitad del siglo XVII conservados en el Archivo Histórico Provincial de Santa Cruz de Tenerife (a partir de ahora AHPSCT), así como los Informaciones de Solterías y Viudedades del Archivo Histórico Diocesano de San Cristóbal de La Laguna (AHDSCLL) y los procesos inquisitoriales custodiados en el Archivo del Museo Canario (AMC). Metodológicamente se han realizado varias catas para diversos años, lo que nos ha permitido establecer una valoración temporal de los datos obtenidos. 3 Algunos de estos trabajos: MARRERO RODRÍGUEZ, Manuela, 1950, “Los genoveses en la colonización de Tenerife”, Revista de Historia Canaria, 89, pp. 52-65; ASÍN, Luis y VIÑA BRITO, Ana, 2004, La Palma. La herencia de Flandes, Cabildo Insular de La Palma; FAJARDO SPÍNOLA, Francisco, 1996, Las conversiones protestantes en Canarias: siglos XVII y XVIII. Cabildo Insular de Gran Canaria; LOBO CABRERA, Manuel, 1987, “Los mercaderes franceses en Canarias en el siglo XVI”, VI Coloquio de Historia Canario-Americana (1984), Las Palmas, Tomo I (primera parte), pp. 11-48; GUIMERÁ RAVINA, Agustín, 1985, Burguesía extranjera y comercio atlántico: la empresa comercial irlandesa en Canarias, Santa Cruz de Tenerife, Gobierno de Canarias/CSIC. 4 TORRES SANTANA, Elisa, 1996, “Los azoreanos en las Canarias orientales”, História das Ilhas Atlánticas (Actas do IV Coloquio Internacional de História das Ilhas Atlánticas), Funchal, Tomo I, pp. 287-301; LOBO CABRERA, Manuel, 1985, “Gran Canaria y los contactos con las islas portuguesas atlánticas: Azores, Madera, Cabo Verde y Santo Tomé”, V Coloquio de Historia Canario-Americana (1982), Las Palmas, Tomo IV, pp. 311-333. 5 LOBO CABRERA, Manuel, 1990, “La Historia de las islas: Canarias y Madeira”, II Coloquio Internacional de Historia da Madeira, Funchal, pp. 531-546.
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Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico • 2010 archipiélagos a un entorno más amplio, partiendo de la posición geoestratégica de éstos han analizado las conexiones entre la Península y América a través de las rutas atlánticas6. A este respecto, Alberto Vieira es uno de sus máximos exponentes, persistiendo en sus investigaciones en la valorización de los espacios isleños como sujeto de estudio, cuya realidad socioeconómica se desarrolla en el contexto atlántico7. El Atlántico y la «Historia Atlántica» En este sentido, en 1999 la Universidad de Hamburgo organizó una Conferencia Internacional en la que distintos investigadores debatieron acerca de la «Historia Atlántica» y la definición del concepto de «sistema atlántico». Posteriormente, estas ponencias fueron publicadas y editadas por Horst Pietschmann. Éste, en su estudio introductorio, expuso las conclusiones a las que había llegado en aquellas jornadas8. Los resultados más evidentes para el autor pueden sintetizarse en: apuntar la posibilidad de asentar una «Historia Atlántica» para la Edad Moderna como una subdisciplina situada entre la Historia de Europa y la Historia Universal; la imposibilidad de concebir un único «sistema atlántico»; y la identificación de los factores que habrían caracterizado a aquél como la suma del conjunto de los flujos humanos, mercantiles y culturales9. A este respecto, en la historiografía ibérica el término «Atlántico» habría estado ligado a la noción de «descubrimiento y conquista», probablemente como resultado de tres factores. En primer lugar, al papel adquirido tan rápidamente por España y Portugal en la administración de los archipiélagos del Atlántico, situados entre Europa y África. Asimismo, a partir del tratado de Tordesillas, ambas potencias establecieron un acuerdo geopolítico delimitando sus competencias en este espacio. Y finalmente, el acercamiento al Océano estuvo favorecido desde sus orígenes por la organización trasatlántica española, caracterizada por el envío regular de flotas con destino a las Indias. Por tanto, el concepto «Atlántico» es inherente a la definición propuesta por la historiografía ibérica para el espacio marítimo y, por ende, a la de su propia historia. Pero al mismo tiempo, no se puede generalizar y tratar un único modelo atlántico. Es verdad que existen muchas similitudes y paralelismos en el trato las distintas posesiones europeas en el Océano, pero hay que señalar que ni las colonias inglesas, ni las hispánicas, siguieron un patrón homogéneo de desarrollo histórico. Incluso la América española y la portuguesa difieren en cuanto que interactúan con diferentes tipos de realidades sociales y económicas.
6 MATOS, Arthur Teodoro de, 1985, “Las relaciones de las Azores con la América española y las Canarias durante los siglos XVI y XVII”, V Coloquio de Historia Canario-Americana (1982), Tomo I (segunda parte), Las Palmas, pp. 723745. 7 Entre sus obras podemos destacar: 1987, “O comércio de cereais das Canárias para a Madéira nos séculos XVI-XVII”, Coloquio de Historia Canario-Americana (1984), Las Palmas, Tomo I (primera parte), pp. 325-351; 1991, “As conexôes canario-madeirenses nos sécalos XV al XVIII”, VIII Coloquio de Historia Canario-Americana (1988), Las Palmas, Tomo I, pp. 865-917; Portugal y las islas del Atlántico, 1992, Madrid, Mapfre; 2001, “Las Islas y el mundo atlántico. 15801648”, 2001, en IV Centenario del ataque de Van der Does a las Palmas de Gran Canaria (1999): Coloquio Internacional Canarias y el Atlántico, 1580-1648, Las Palmas, Cabildo Insular de Gran Canaria, pp. 309-347; 2002, “The Fortune of Fortunates. The Islands and the Atlantic System”, en PIETSCHMANN, Horst (Ed.): Atlantic History. History of the Atlantic System. 1580-1830, Göttingen, Vandenhoeck&Ruprecht, pp. 199-247; 2004, “As ilhas atlánticas para una visao dinâmica da sua história”, Anuario de Estudios Atlánticos, 50, pp. 219-264. 8
PIETSCHMANN, Horst, 2002, “Introduction: Atlantic History. History between European History and Global History”, en PIETSCHMANN, Horst (Ed.): Atlantic History. History of the Atlantic System. 1580-1830, Göttingen, Vandenhoeck&Ruprecht, pp. 11-53.
9 Pieter Emmer, por su parte, insistió en la transferencia de “valores y normas”. EMMER, Pieter, 2002, “In Search of a System: The Atlantic Economy, 1500-1800”, en PIETSCHMANN, Horst (Ed.): Atlantic History. History of the Atlantic System. 1580-1830, Göttingen, Vandenhoeck&Ruprecht, pp. 169-177.
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Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico • 2010 Canarias y su entorno geográfico El mundo insular macaronésico siempre ha estado presente en la Historia del Atlántico, y viceversa. Desde la Antigüedad ya se meditaba sobre unas islas míticas, constructoras de utopías, cuya localización se situaba en el Atlántico. Este interés por unas tierras en el Océano continuó durante los descubrimientos europeos. De este modo, en la ruta hacia América tropical, Canarias fue el principal acceso de Europa al Nuevo Mundo mientras que en el tornaviaje Azores era un puerto estratégico. Y es que las condiciones de la navegación a vela en el Atlántico hacían obligatoria la escala de las embarcaciones en estas islas; pero al mismo tiempo existían razones de tipo económico, ya que la permanencia de las naos en los Archipiélagos permitía el intercambio de mercancías. Así, de manera recíproca, los isleños demandaban productos foráneos para el consumo interno a la vez que comercializaban los excedentes en el mercado exterior. En este sentido se ha aplicado para Canarias un modelo económico, el cual es extensible al resto de las islas macaronésicas, cuyas características son las siguientes: máxima potenciación de las economías de escala; equilibrio entre los recursos agrícolas dedicados al consumo interno y los comercializados; complementariedad entre islas exportadoras y abastecedoras mediante la vertebración del mercado regional; y minimización de costes y riesgos con la diversificación y especialización económica entre Archipiélagos a lo largo de los siglos XVI y XVII10. Por tanto, se infiere que el Océano se ha convertido en el eje regulador de estos espacios insulares. El Atlántico, va adquiriendo durante la Edad Moderna el mismo papel estructural que hasta entonces había ostentado el Mediterráneo como mar interior que articula, relaciona y comunica entre sí distintas regiones. A este respecto, Alberto Vieira ha planteado que aquél habría sido una invención europea de los siglos XV y XVI, orquestado por las políticas coloniales de las potencias emergentes11. Desde entonces, se habría forjado un vínculo entre ambos lados del Océano a través de la mediación directa de las Islas, asumiendo éstas una función estratégica en el cruce de rutas, así como en la circulación de personas y productos. En definitiva, como unidad de análisis, la historiografía americanista ha enfatizado el valor de los espacios insulares según las competencias adquiridas en los intercambios trasatlánticos durante los distintos periodos históricos, sin ignorar que junto a estas relaciones subsisten otras que conectaban las sociedades y economías interinsulares12. El contexto económico canario Es sabido que la Europa el siglo XVII se caracteriza por estar sumida en un periodo de crisis económica. Mientras que Canarias, por su parte, va a adaptarse a este contexto desvinculándose del comercio castellano-mediterráneo al tiempo que se consolida como una de las plazas mercantiles más importantes del Atlántico13. Así, el Archipiélago había conseguido una estabilidad económica 10 GUIMERÁ RAVINA, Agustín y VIEIRA, Alberto, 1996, “El sistema portuario-mercantil de las Islas del Atlántico Ibérico”, História das Ilhas Atlánticas (Actas do IV Coloquio Internacional de História das Ilhas Atlánticas), Funchal, Tomo I, p 206. 11 VIEIRA, Alberto ������������������������������������������������ “Las Islas y el mundo…”, art. cit., pp. 309-347. 12 Una trilogía clásica para la historiografía Canaria, sobre el comercio internacionales, así como para entender las relaciones atlánticas: MORALES PADRÓN, Francisco, 1955, El comercio canario-americano (siglos XVI-XVIII), Sevilla, Escuela de Estudios Hispano-Americanos,; PERAZA DE AYALA Y RODRIGO-VALLABRIGA, José, 1977, El régimen comercial de Canarias con las Indias en los siglos XVI, XVII y XVIII, Sevilla, Publicaciones de la Universidad de Sevilla; y RUMEU DE ARMAS, Antonio, 1991, Canarias y el Atlántico. Piraterías y ataques navales, Madrid, Gobierno de Canarias, Cabildos Insulares de Gran Canaria y Tenerife. 13 ������������������������������������������������������������������������������������������������ MACÍAS HERNÁNDEZ, Antonio, 1992, “Canarias y la crisis del siglo XVII. La singularidad isleña”, Revista de Historia Canaria, 177, pp. 176-206.
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Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico • 2010 –al contrario que la Metrópolis-, que junto a su inmejorable situación oceánica le convertirá en un polo de atracción de comerciantes extranjeros14. Canarias, al igual que Portugal, son territorios cuya área de difusión natural es el océano Atlántico. Los portugueses, tras el proceso de Reconquista entendieron que su estabilidad dependía de la capacidad de expansión hacia nuevos espacios. Igualmente, los canarios fueron conscientes de la necesidad de integrar su economía en el mercado americano y africano a través del tráfico marítimo. Además, junto a esta misma visión atlantista, se añaden otros vínculos que van más allá de los intereses mercantiles. Con este mismo principio de intensiones no extraña la existencia de un continuo y abundante intercambio entre Portugal y sus colonias que tenía su base de aprovisionamiento en las islas Canarias, cuyos vinos conseguidos a más bajos precios que en la Metrópoli -y en los propios archipiélagos lusos-, se utilizaban para abastecer los puertos brasileños, para el truque de esclavos en las costas africanas y para mantener el contrabando con Indias. La presencia portuguesa en Tenerife El peso cuantitativo de la comunidad lusa en Tenerife desde su incorporación a la corona de Castilla ha repercutido en un atractivo debate en la historiografía canaria. La obligación de una rápida repoblación facilitará la integración de este contingente en la incipiente sociedad insular. No en vano, los portugueses se beneficiarán de los repartimientos de tierra de la Isla e, igualmente, participarán en el cultivo de la caña de azúcar y su exportación desde estos primeros años15. En consecuencia, es un hecho constatable la implantación de este colectivo en la sociedad y en la economía isleña, así como su intensificación durante gran parte de la Edad Moderna, por lo menos hasta mediados del Seiscientos. Por otro lado, es indudable que la población portuguesa es una de las comunidades foráneas más relevantes en cuanto al número de individuos se refiere. De este modo, mientras genoveses y flamencos irán desapareciendo, los naturales de Portugal se adecuarán a cada nueva circunstancia, consolidándose con el paso de los siglos. En proporción, los portugueses ya eran mayoritarios frente a otros extranjeros desde antes de la Unión Ibérica, pero se acrecentarán gradualmente hasta alcanzar su máximo esplendor durante el primer cuarto del XVII. Este hecho es consecuencia del establecimiento de redes socioeconómicas instituidas tanto en Europa como en América, haciendo que sus acciones en Tenerife sean notables y continuas en el tiempo. Y, a su vez, la sociedad isleña se percatará y accederá a este nivel de integración de largo recorrido de la población portuguesa para aprovecharse de sus negocios y conexiones. No se trata, por tanto, de un contingente hermético dedicado exclusivamente al comercio exterior, como los ingleses, sino que participan en todas las actividades productivas que se desarrollan en la Isla. Por tanto, han establecido un entramado tan próspero, a la vez que amoldable a las distintas coyunturas, que casi no sufren los cambios significativos en tiempos cortos. La historiografía canaria ha justificado la relevancia de la población extranjera según la capacidad mercantil que son capaces de desarrollar a partir de un determinado negocio que les trae a Canarias para extender todo su potencial económico hasta que por un acontecimiento preciso esta empresa monopolista en la que intervienen deja de ser rentable para éstos y se marchan; sin concebir que los portugueses, gracias a su capacidad de adaptación, han permanecido en el Archipiélago e incluso han interactuando con estos otros extranjeros durante un siglo y medio. 14 �������������������������������������������������������������������������� OTTE, Enrique, 1982, “Canarias: plaza bancaria europea en el siglo XVI”, IV Coloquio de Historia Canario-Americana (1980), Las Palmas, pp. 157-174. 15 ������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� BELLO LEÓN, Juan Manuel, 1998, “La participación de los extranjeros en los repartimientos canarios. Introducción a su estudio”, El Museo Canario, LIII, pp.187-213.
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Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico • 2010 Las islas del Océano La multiplicidad de rutas fue el resultado del complemento entre las áreas insulares y continentales, como consecuencia de las características de aprovechamiento económico allí disponibles. Pero estas particularidades deben ser entendidas dentro del entorno geográfico del Océano, ya que las corrientes y vientos delinearon el trazado de los viajes hacia el Nuevo Mundo. De este modo, los itinerarios portugueses y castellanos presentaban un recorrido bien distinto. Mientras que los primeros salían de Lisboa y Oporto, los castellanos partían de Sevilla con destino a las Antillas teniendo como puntos clave en sus derroteros los archipiélagos de Canarias y Azores. Esta última escala, la azoreana, tiene su interpretación en la protección de los navíos por las armadas de la Corona en el retorno desde América más que por la necesidad de abastecimiento o reparo de las embarcaciones. Por el contrario, la intervención del archipiélago madeirense en las grandes rutas atlánticas fue ocasional, entendiéndose esta ausencia por su posición marginal en el trayecto natural. Pero aquél no quedó ajeno en este itinerario, en ocasiones sirvió como escala en viajes a Brasil y Guinea o para el suministro de vino para el consumo de los tripulantes. La permanencia de esta ruta de aprovisionamiento aceleró la expansión de los cambios mercantiles entre los tres archipiélagos, ya que el comercio entre éstos se asoció al intercambio de productos concretos. Los madeirenses tenían para ofrecer a Azores: vino, azúcar o manufacturas europeas; mientras que para Canarias la oferta se centraba en frutos y paños. Por su parte, las islas azoreanas suministraron cereales a las otras dos regiones a la vez que se convertían en consumidoras principales del vino madeirense y canario. Pero estos contactos comerciales surgen simultáneamente como consecuencia -y causa- de las migraciones humanas. Desde fines del siglo XVI el archipiélago español se sitúa en primer lugar en la emigración madeirense. Esta acentuada presencia fue el resultado de las posibilidades económicas que Canarias ofrecía, así como por la demanda de mano de obra y la posibilidad de penetración mercantil en la costa africana y posteriormente en el continente americano. Sin embargo, para que permanezca este entramado de contactos económicos, es necesaria previamente la existencia de una comunidad que quiera mantener dichos vínculos para después desarrollar las posibilidades de cambio. Además, el contexto de la Unión política facilitó esta interacción, ampliándose los intereses hacia otras áreas, mostrándose especialmente en el trato triangular que mantenía Canarias con Cabo Verde, Guinea y Angola16; así como en la localización del Archipiélago en el mejor camino de las embarcaciones desde Lisboa a Brasil. Lo mismo ocurría con el mercado esclavista: en ocasiones los barcos portugueses se abastecían de vino antes de partir hacia este continente, a la vez que muchos de estos barcos negreros recalaban en Canarias antes de continuar hacia América aprovechando para dejar parte de la mercancía a requerimiento del mercado isleño. Este comercio se fundamentaba en la presencia de un factor, asentado principalmente en Cabo Verde, encargado de exportar esclavos y otras mercancías como carne y cuero a cambio de caldos tinerfeños. En estas operaciones actuaban tanto vecinos, autoridades civiles y eclesiásticas de la Isla, como mercaderes portugueses que procedían por su cuenta o por orden de agentes radicados en Lisboa17.
16 En 1625, Álvaro González Gransses, vecino de Cacheo en Guinea, dio crédito por 2000 ducados en diversas letras a Pascual de Acosta, vecino de Santiago de Cabo Verde y capitán de la carabela San Antonio, a pagar a Luis Rodríguez de Acuña en Lisboa. Éstas las ha de pasar en Canarias y cargar tantas pipas de vino como pudiese. AHPSCT, leg. 2278, fº 358v. 17 LOBO CABERA, Manuel, 1998, “Viajes y negocios entre La Palma y Cabo Verde”, XII Coloquio Internacional Canarias y el Atlántico (1996), Las Palmas, p. 62.
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Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico • 2010 Las actividades desarrolladas por los isleños portugueses en Tenerife Agricultores El trabajo agrícola va a ser la actividad principal en que se desenvuelvan los madeirenses que se establezcan en Tenerife durante la primera mitad del siglo XVII18. La explicación podría encontrarse en el hecho de que La Madera está relegada, como hemos visto, a un segundo plano en cuanto a su participación en la ruta Atlántica que conecta Europa con América. Se trata de una región que en este periodo se encuentra esquilmada en cuanto a recursos agrícolas y por lo tanto es incapaz de rivalizar con el trigo de Azores y el vino de Canarias. De esta manera, los agricultores madeirenses se encontrarían en la necesidad de emigrar a otros lugares más prósperos a la par que cercanos. En este caso, Tenerife. No podemos decir lo mismo de los azoreanos. Aunque aparezcan representados en las fuentes consultadas como cultivadores, sobresalen en otros oficios como el de marinero y, sobre todo, el de artesano. Por otro lado, la ocupación agrícola conlleva una estancia mínima de varios años, según se percibe al consultar la temporalidad de los contratos agrarios. Este hecho obligará a los campesinos que llegan a Tenerife a integrarse en la sociedad que les acoge. Los protocolos que hemos estudiado nos indican que después de esta larga estadía, una cantidad importante de deciden quedarse definitivamente en la Isla. Así, por ejemplo, el medianero Manuel Díaz decidió vender en 1603 su propia heredad de viña y casa en la villa de la Caleta en la isla de La Madera19.
Artesanos La sociedad tinerfeña durante este período de la Edad Moderna poseía la capacidad para autoabastecerse -o en caso de necesidad, de obtener provisiones de otras islas del Atlántico- y de fomentar la exportación de caldos. Por tanto, con los suministros garantizados y regulados por las autoridades, se desarrollará un tejido económico apto para sustentar otros oficios que no dependan directamente de la producción de alimentos. Al mismo tiempo, el desarrollo de estos sectores viene determinado por las carencias derivadas de las características geológicas y geográficas de Canarias. Se precisan productos de primera necesidad que adquieren una gran demanda, tales como los metales y ciertos tejidos. Pero, para que estos productos lleguen debe de existir alguna contrapartida para los barcos y comerciantes que trafican con Tenerife. Es aquí donde encajan los productos de carga -azúcar y vino-, así como unas condiciones favorables para navegar en el Océano. Destaca la presencia lusa en este oficio desde antes de la Unión -probablemente rastreable desde la Conquista-, aumentando desde 1580 y consolidándose especialmente desde comienzos del Seiscientos. Esta característica no es exclusiva de Tenerife, Alexis Brito muestra para el siglo XVII en las Islas Orientales el predominio de los originarios de Portugal como principales artesanos, seguidos muy de lejos por franceses y holandeses en Gran Canaria20. En Canarias no existe un gremio, por lo menos constituido legalmente como tal, pero sí existen estrechos vínculos, entre el oficio, la familia y la procedencia, como se desprende de las 18 Son realmente escasos los agricultores portugueses que mencionan su procedencia en la documentación trabajada. No obstante creemos que es significativo indicar que la mitad de éstos son originarios de La Madera. 19 AHPSCT, leg. 1527, fº 49. 20 BRITO GONZÁLEZ, Alexis Daniel, 2002, Los extranjeros en las Canarias Orientales en el siglo XVII, Las Palmas, Cabildo Insular de Gran Canaria , p. 35.
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Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico • 2010 diligencias hechas por el Santo Oficio en 1632 sobre el azoreano Gaspar Hernández. Un individuo que se avecindó en Garachico, casándose con María García y que en el año 1600 se marcha a Asunción en Paraguay21. La particularidad de este asunto, es que tanto el protagonista como su suegro son toneleros. Además, sus dos hijos llegaron a ser oficiales de toneleros, marchándose éstos a Angola y Buenos Aires respectivamente. Observamos a partir de esta información que se crea una red familiar mediante un parentesco común, que comienza en San Miguel de Azores, pasando por Tenerife y que termina diversificándose por América y África. Pero es que a esta trama familiar se complementa con la laboral: si el matrimonio no fue pactado, por lo menos tiene un motivo para celebrarse. Tanto el padre como él son toneleros de la misma zona, lo que nos señala una relación previa. Es más, cuando se le pregunta a María García por los testigos de la boda, informa que uno de ellos es Gonzalo Álvarez, asimismo tonelero de Garachico y también llamado a declarar ante la Inquisición por el mismo caso junto con otros dos toneleros más. Por otro lado, debemos constatar que el acceso al aprendizaje podía estar motivado por el entorno del joven, habitualmente de procedencia humilde, y la necesidad de la familia que requería la marcha del muchacho para hacer frente a situaciones de crisis, puesto que durante el aprendizaje el mantenimiento corría a cargo del maestro. Así Leonor Hernández, que tiene a su marido ausente en La Madera, coloca a su hijo José con el cordonero Lázaro de Soberanis durante cuatro años y medio22. También este mismo maestro va a acoger a otro portugués, en este caso Manuel Viera, menor de veinticinco años, que se compromete a aprender el oficio de sombrerero durante tres años23. Acuerdo que será ratificado un año después, en 1626, cuando su padre, vecino de La Madera, llegue a Tenerife24. Por tanto, se esboza cómo predominan los procedentes de las islas portuguesas en este oficio dentro del conjunto de portugueses. Su integración puede ser consecuencia de que es un trabajo de larga duración, derivando en la necesidad de un arraigo en la Isla. Este establecimiento está igualmente condicionado por un entorno propicio. Esto es, debe haber una demanda de manufactureros durante un periodo de tiempo considerable para favorecer el asentamiento y así poder desprenderse de su vida pasada y traer a la familia. Por ejemplo, Manuel Álvarez era un sedero azoreano de La Laguna. Al parecer con un negocio favorable, ya que en 1604 da un poder a un paisano con la orden de que vendan todos sus bienes en Angra, cobre todo lo que se le adeuda y traiga a su mujer a Tenerife25. Y, posteriormente, en un finiquito, observamos cómo efectivamente se liquidan estas cuentas26. Otra variante que indica interés por asentarse es casarse con una mujer vecina de Tenerife. Así, otro azoreano, el sastre Antonio Machado, pide a determinados ciudadanos de Tercera que busquen testigos que afirmen que es soltero y que indiquen de quién es familia27. Y este último paso para la integración en la sociedad isleña se concretará en el propio matrimonio. De este modo, el cantero Manuel Penedo28, en presencia de sus padres que vienen desde Azores, se compromete en matrimonio con la hija de Domingo Hernández. De este último sólo sabemos que vive en La Laguna, pero es probable que tenga algún interés en la cantería, ya 21 AMC, Inq., XLIV-13. 22 AHPSCT, leg. 696, fº 186v. 23 AHPSCT, leg. 696, fº 295. 24 AHPSCT, leg. 696, fº 90. 25 AHPSCT, leg. 1528, fº 199. 26 Un vecino de Tercera le debía 15000 reis. AHPSCT, leg. 795, sin fol. 27 AHPSCT, leg. 920, fº 682. 28 AHPSCT, leg. 1527, sin fol.
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Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico • 2010 que dos de los testigos de la carta dotal pertenecen a este oficio. Y a su vez, uno de estos presentes procede también del mismo Archipiélago. A través de lo anteriormente expuesto hemos cerrado el ciclo. Desde la llegada e inicio como aprendiz hasta la consolidación social mediante el matrimonio, siendo el colectivo artesanal el que crea el nexo de unión entre los paisanos y el propio oficio.
Navegantes Sin volver a desarrollar el entramado de las relaciones comerciales, por lo menos debemos recordar que la principal circunstancia que determina el paso de navegantes lusos por Tenerife es el avituallamiento de las naves, esencialmente vinos canarios, de tal forma que tras el embarque de los suministros los navíos capitaneados por portugueses continúan su derrotero hacia las propias colonias lusas. Pero esta ruta no está establecida por los vínculos políticos entre la metrópoli y sus territorios de ultramar, sino por el carácter mercantil del mismo. Es decir, si nos fijamos, las embarcaciones que se dirigen a Brasil, Angola y Cabo Verde, trafican con el principal producto exportador de la Isla, mientras que las demás mercancías –cereales principalmente- se comercializan con los puertos peninsulares. Algo similar ocurre con las islas del Atlántico. Como hemos señalado, el comercio macaronésico es básicamente complementario. Así, en 1626, el madeirense Juan Fernández despachó de su navío surto en Garachico ciertas fanegas de trigo que había cargado en la isla de San Miguel por varias pipas de vino29. Pero también puede ocurrir que navegantes de las islas portuguesas participen en los intercambios dentro del propio Archipiélago. Por ejemplo, otro oriundo de La Madera, el maestre Pedro Pires, fletó su fragata al regidor de origen luso Luis Lorenzo para hacer diversos viajes a Lanzarote y Fuerteventura para traer a Tenerife trigo y ganado caprino. Como se observa, los dos interesados tienen la misma procedencia pero el encargo no tiene nada que ver con Portugal, sino con el tráfico interinsular canario30. Por otro lado, contamos con un porcentaje de lusos que han trabajado en la mar y que finalmente deciden hacer vida marital en Tenerife, con el consecuente arraigo. Particularmente reveladoras son las aportaciones de los expedientes de Solterías y Viudedades consultados a este respecto ya que las autoridades eclesiásticas solían preguntarles a aquéllos por su origen, su familia, por dónde han viajado, etc. Además consultaban a otros testigos, generalmente también marinos portugueses, para contrastar y ampliar la información del solicitante. Así ocurre en el caso del madeirense Domingo Hernández, el cual salió de su isla en 1636 con Gaspar Perera, «su primo de consanguinidad», con el que creció. Juntos se fueron a Brasil y volvieron a La Madera en 1638. Y, un año después, tras pasar por La Palma, se establecerán en Tenerife. Del mismo modo, a comienzos de marzo de 1640 un marinero de Setúbal, Tomás Borges, pretende casarse con María López, vecina de Santa Cruz de Tenerife. Lo llamativo del caso es que se descubre que ya estaba comprometido. No una, sino dos veces: en La Madera y en Setúbal. Pero al profundizar en las declaraciones detectamos que los testigos están influenciados por el capitán de la carabela. Las autoridades, dudosas de las declaraciones, vuelven a preguntar a los marineros al servicio del dicho señor. Finalmente, se da a conocer que el que estaba casado en La Madera era su hermano y no él. Y que en esa isla le embarcó el capitán, con la intención de casarle con una sobrina suya en la villa de Setúbal. 29 AHPSCT, leg 2105, fº 287v. 30 AHPSCT, leg. 2104, fº 180v.
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Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico • 2010 Por otro lado, las fuentes consultadas nos indican que destacan en primera instancia los portugueses mareantes de las principales ciudades portuarias del centro y norte del Continente – Setúbal, Lisboa y Oporto-. Mientras que los de las islas del Atlántico representan una cifra muy baja. No obstante, la explicación a esta carencia de macaronésicos debe buscarse en primer lugar en la documentación utilizada y sus particularidades. Esto es, la información que nos aporta se restringe casi exclusivamente al comercio internacional y no a las relaciones interarchipielágicas. Asimismo, las motivaciones son distintas, mientras que con la Península las relaciones tienen un cariz mercantil, la cercanía de las islas del Océano genera una complementariedad tanto económica como humana. En consecuencia, creemos que este número tan escaso de mareantes naturales de Azores y La Madera deriva de una menor dedicación marinera frente a otras regiones portuguesas. Además, como hemos comprobado, los isleños que hemos localizado en Tenerife tienden a dedicarse a otros oficios, como el de agricultor o el de artesano.
Los mecanismos de integración A lo largo de la exposición se ha ido presentando, en líneas generales, la importancia demográfica de este colectivo así como los sistemas de integración en la sociedad tinerfeña. Pero creemos que es necesario profundizar en ciertos puntos así como aportar nuevos datos para comprender estos vínculos sociales y familiares. En primer lugar, debemos detenernos en los mecanismos migratorios, los cuales podemos dividirlos en dos modelos. El primero de estos fenómenos se caracteriza por la llegada de un grupo que se va a mantener unido, como se desprende del expediente del azoreano Francisco González de 1635, el cual llegó con poca edad, en compañía de sus tíos, que lo criaron y lo han asistido durante más de 10 años. En cuanto a los testigos, un compatriota de Francisco sostiene que en esta Isla éste tiene hermanos y primos hermanos. Asimismo, Pedro González, primo hermano del pretendiente, declara que éste vino en compañía de su mujer por «haberla mandado a llamar». De la misma forma, Juan González, primo segundo de Francisco, mencionó que vino con «una deuda suya y acompañando a la mujer de Pedro González». Y, por último declaró su hermano Manuel González31. El segundo de los supuestos está determinado por la llegada de un individuo que, una vez se ha establecido, se responsabiliza de requerir a sus parientes para que también se asienten en Tenerife. En ocasiones, muy jóvenes. Es el caso de Juseph de Arce y Rojas, natural de Angra, en cuya información de Soltería se menciona que cuando tenía 10 u 11 años sus padres lo enviaron a Garachico con sus tíos para estudiar. Siendo uno de los testigos el propio tío materno, el mercader Juan de Rojas32. Por otro lado, este modelo de emigración obedece a otra pauta. Con frecuencia, los emigrantes utilizan la isla de La Madera como escala antes de llegar a Tenerife, pasando previamente por Lanzarote. Efectivamente, esta isla es a menudo la puerta de entrada al Archipiélago para los procedentes de las islas portuguesas, y ese acceso se realiza muchas veces pasando por La Madera, donde muchas veces han hecho una escala de varios años33. Como ejemplo, el marinero Thomé González, natural de San Miguel. Éste salió de su tierra hacia La Madera, donde pasó cuatro
31 Informaciones de Solterías y Viudedades, 1635. AHDSCLL, Fondo Histórico Diocesano, leg. 01. 32 Informaciones de Solterías y Viudedades, 1644. AHDSCLL, Fondo Histórico Diocesano, leg. 01. 33 A este respecto, véase FAJARDO SPÍNOLA, Fajardo, 1990, “Azores y Madeira en el archivo de la Inquisición canaria. Nuevas aportaciones”, II Colóquio Internacional de História da Madeira, Funchal, pp. 663-684.
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Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico • 2010 años, de allí a Lanzarote y finalmente se estableció en Tenerife34. Asimismo, otro mecanismo de integración y paisanaje lo encontramos en los soldados de la leva, como se deduce del informe de soltería de Lorenzo Cardoso de 1640, natural de las Islas de Abajo y vecino de Santa Cruz –aunque antes había estado en La Madera-, cuyos testigos son todos compañeros del reclutamiento. Es más, uno de éstos indica que lo conoce y trata, «por ser como son de una tierra y lugar»35. A este respecto, madeirenses y azoreanos debieron conformar el grupo luso que más población aportó a Tenerife, así como los que mejor se adaptaron a esta sociedad. Este interés de los macaronésicos por establecerse en la Isla se percibe asimismo tanto en los contratos matrimoniales como en los testamentos. En el caso de las cartas de pago de dote destacan los azoreanos –y en menor medida los madeirenses-, consolidándose socialmente mediante el matrimonio con isleñas. Por su parte, los testadores tienen un origen más diverso, aunque siguen predominando los isleños portugueses. Otra muestra de la existencia de una conciencia de naturalización la encontramos en ciertos poderes notariales analizados en los que reclaman bienes y herencias de familiares en sus regiones de procedencia. De igual forma, los otorgantes de estas escrituras suelen ser macaronésicos y predominando abrumadoramente los oficios artesanos frente a otras actividades tales como las agrícolas. A este respecto, lo usual es la demanda de los bienes de los padres difuntos, así como dejar constancia del interés por las futuras herencias. Así, en 1603 Manuel Martín, «portugués residente en Tenerife y vecino de las Terceras en el pueblo de Villafranca […] da poder a Juan Ferrera, portugués estante en Tenerife y vecino del mismo lugar para que pueda vender y cobrar lo que les pertenezcan, así de parte de sus padres, Juan Afonso e Inés Martín, vecinos de la dicha parte de la isla de San Miguel, y de sus abuelos y hermanos»36. En el mismo sentido, Cristóbal Álvarez, esclavo del tonelero Tomás Álvarez, aprovecha la estancia del mercader Domingos de Lomba, vecino de Santiago de Cabo Verde, para otorgarle un poder para que en su nombre cobre de su tío Sebastián Sánchez –igualmente vecino de Santiagolo procedido de las mercancías que le ha ido enviando, las cuales están publicadas en una memoria que le ha entregado al dicho comerciante�. Como se detecta en estos ejemplos, y será una pauta habitual en estos documentos, los individuos que recogen el poder suelan ser vecinos de la misma población, hermanos, mercaderes y marineros. Esto es, se les confiere a aquellas personas más o menos cercanas que están de paso por Tenerife y se dirigen al lugar de origen del otorgante.
Conclusiones A modo de síntesis, cabe atender que las relaciones entre los archipiélagos macaronésicos deben englobarse en un contexto más amplio: el Atlántico. Éste va a determinar los lazos económicos, sociales y culturales entre los espacios insulares; pero también la reciprocidad entre tres continentes y estos territorios fragmentados. A partir de este razonamiento, hemos analizado la complementariedad entre los Archipiélagos, más concretamente los vínculos constituidos entre Tenerife con las islas portuguesas en un periodo 34 Informaciones de Solterías y Viudedades, 1640. AHDSCLL, Fondo Histórico Diocesano, leg. 01. 35 Informaciones de Solterías y Viudedades, 1640. AHDSCLL, Fondo Histórico Diocesano, leg. 01. ����������������������������� AHPSCT, leg. 2105, fº 500v.
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Anuário do Centro de Estudos de História do Atlântico • 2010 marcado por el auge de su comercio exterior. En contrapartida a la expansión del cultivo de la vid, este espacio insular canario demandará productos de primera necesidad, los cuales serán abastecidos en gran medida por las posesiones lusas del Océano. Igualmente, esta economía basada en la producción de caldos, precisará de más mano de obra tanto en el sector agrícola como en el manufacturero. Aunque las fuentes primarias analizadas no acostumbran indicar la procedencia de los cultivadores, creemos que los madeirenses participaron enérgicamente en las labores de labranza. Éstos habían trabajado en la caña de azúcar y ahora intervienen en la producción vitivinícola. Por su parte, los azoreanos se dedicaron en su mayor parte a la actividad manufacturera; incorporándose incluso al colectivo artesanal tinerfeño. Asimismo, este espacio insular requiere de individuos que conecten las distintas plazas atlánticas; bien como agentes comerciales asentados en los distintos puertos estratégicos; o bien como navegantes que distribuyan este sistema mercantil interinsular y atlántico. Entre los primeros destacan los mercaderes que trafican con Cabo Verde, mientras que será poco usual la aparición de mareantes macaronésicos. No obstante, gracias a la información aportada por los marineros portugueses que surcan los Archipiélagos, hemos podido conocer los múltiples mecanismos de integración en la sociedad canaria.
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