Mujeres Guerreras. El mito amazónico en la Época Arcaica y Clásica; en VVAA; Experiências Religiosas no Mundo Antigo. Volume II. (Warrior women. Amazons myth in Archaic and Classical Greece)

May 23, 2017 | Autor: Arturo Sánchez Sanz | Categoría: Religion, Mythology And Folklore, History, Ancient History, Military History, Cultural History, Cultural Studies, Archaeology, Classical Archaeology, Near Eastern Archaeology, Music History, Gender Studies, Anthropology, Forensic Anthropology, Mythology, Classics, Greek Literature, Archaic Poetry, Art History, Social Anthropology, Historical Archaeology, Sex and Gender, Art, Art Theory, Cultural Heritage, Gender History, Landscape Archaeology, Social and Cultural Anthropology, Historiography, Cultural Theory, Gender and Sexuality, Identity (Culture), Gender, Culture, Gender Equality, Funerary Archaeology, Gender Discourse, Archaeological GIS, Gender and Development, History of Art, Social History, Greek Archaeology, Ancient Greek Religion, Ancient myth and religion, Greek Myth, Archaic Greek history, Classical Reception Studies, Ancient Greek History, Cultural Anthropology, Classical Mythology, Greco-Roman Mythology, Comparative mythology, Arqueología, Archaic Greece, Religious Studies, Women and Gender Studies, Historia, Arqueología histórica, Archaic Period, Arqueologia, Artes, Ancient Greek Mythology, Athens and Attica (Neolithic to Archaic), Antropología, Arqueología del Paisaje, archaic Greek Pottery, Amazons, Ancient Amazons, Anthropology of Religion, History of Philosophy, Cultural History, Cultural Studies, Archaeology, Classical Archaeology, Near Eastern Archaeology, Music History, Gender Studies, Anthropology, Forensic Anthropology, Mythology, Classics, Greek Literature, Archaic Poetry, Art History, Social Anthropology, Historical Archaeology, Sex and Gender, Art, Art Theory, Cultural Heritage, Gender History, Landscape Archaeology, Social and Cultural Anthropology, Historiography, Cultural Theory, Gender and Sexuality, Identity (Culture), Gender, Culture, Gender Equality, Funerary Archaeology, Gender Discourse, Archaeological GIS, Gender and Development, History of Art, Social History, Greek Archaeology, Ancient Greek Religion, Ancient myth and religion, Greek Myth, Archaic Greek history, Classical Reception Studies, Ancient Greek History, Cultural Anthropology, Classical Mythology, Greco-Roman Mythology, Comparative mythology, Arqueología, Archaic Greece, Religious Studies, Women and Gender Studies, Historia, Arqueología histórica, Archaic Period, Arqueologia, Artes, Ancient Greek Mythology, Athens and Attica (Neolithic to Archaic), Antropología, Arqueología del Paisaje, archaic Greek Pottery, Amazons, Ancient Amazons, Anthropology of Religion, History of Philosophy
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Descripción

Experiências Religiosas no Mundo Antigo Volume II

Experiências Religiosas no Mundo Antigo Volume II

Carolina Kesser Barcellos Dias Semíramis Corsi Silva Carlos Eduardo da Costa Campos (organizadores)

Experiências religiosas no Mundo Antigo - Volume 2 Carolina Kesser Barcellos Dias | Semíramis Corsi Silva | Carlos Eduardo da Costa Campos (organizadores) 1ª Edição - Copyright© 2017 Editora Prismas Todos os Direitos Reservados. Editor Chefe: Vanderlei Cruz [email protected] Agente Editorial: Sueli Salles [email protected] Capa, Diagramação e Projeto Gráfico: Conrado Dittrich Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Elaborado por: Isabel Schiavon Kinasz Bibliotecária CRB 9-626 E96

Experiências religiosas no mundo antigo / organização de Carolina Kesser Barcellos Dias, Semíramis Corsi Silva, Carlos Eduardo da Costa Campos 1.ed. - Curitiba: Editora Prismas, 2017. v.2: il.; 23cm ISBN: 978-85-5507-532-2 1. Religião – História antiga. 2. História das religiões. I. Dias, Carolina Kesser Barcellos (org.). II. Silva, Semíramis Corsi (org.). III. Campos, Carlos Eduardo da Costa (org.). CDD 200.9(22.ed) CDU 291

Coleção Estudos sobre o Mundo Antigo e Medieval Direção Científica: Carlos Eduardo da Costa Campos - PPGH/UERJ - CAPES Carolina Kesser Barcellos Dias - UFPel

Conselho Consultivo: Carmem Soares - Universidade de Coimbra Claudia Beltrão da Rosa - UNIRIO Gabriel de Carvalho Godoy Castanho - UFRJ

José Maria Neto - UPE Ian Wood - University of Leeds Margaret M. Bakos - UEL

Conselho Editorial: Alexandre Moraes - UFF Anderson Martins Esteves - UFRJ David Ambrogio Faoro - Università di Bologna Ian Wood - University of Leeds

Moisés Antiqueira - UNIOESTE Paulo Duarte - UFRJ Renan Marques Birro - UNIFAP

Assessoria Executiva: Arthur Rodrigues Pereira Santos - UFRJ Debora Casanova - UNIRIO Gabriel Freitas Reis - UFSM

Luana da Silva de Souza - UFSM Luis Filipe Bantim de Assumpção - UFRJ Milena Rosa Araujo Ogawa - UFPel

Revisão: Arthur Rodrigues Pereira Santos - UFRJ

Editora Prismas Ltda. Fone: (41) 3030-1962 Rua Morretes, 500 - Portão 80610-150 - Curitiba, PR www.editoraprismas.com.br

Braulio Costa Pereira - UFRJ

Apresentação As sociedades que integram o vasto Mundo Antigo fascinam e encantam muitas pessoas ao longo dos tempos. Como exemplo, podemos citar o interesse dos copistas medievais em transmitir os textos do passado, a paixão dos artistas renascentistas e iluministas pelo período grego e romano, as aventuras expostas no cinema como os filmes com temática ambientada em cidades antigas ou tratando de histórias da mitologia. Ademais, não podemos deixar de mencionar, o aumento considerável de estudos historiográficos sobre as sociedades antigas, inclusive no Brasil. Em meio a tais vivências, poucos são indiferentes às experiências religiosas dessas Antiguidades, principalmente, ao entrarem em contato com as múmias egípcias, a magnificência dos templos e das estátuas assírias, chinesas, hindus, gregas e romanas. Além disso, em várias sociedades modernas, os jovens crescem envolvidos pelas cosmogonias e práticas religiosas antigas através da mídia, dos livros e por essas práticas ressignificadas. As religiões antigas são constantemente revisitadas, relidas e representadas pelo mundo atual. Todavia, esses mundos e suas cosmovisões não são importantes simplesmente porque são interessantes e distantes: tais estudos também nos ajudam a compreender e ampliar nossos horizontes mentais sobre os períodos posteriores da história. Não podemos esquecer que antigas crenças e práticas muitas vezes foram absorvidas pelas culturas posteriores, assim como certas imagens e locais de culto foram apropriados por cultos que se tornaram hegemônicos, como no caso do cristianismo com as religiões politeístas. Se buscarmos compreender o espaço das religiões em nossa modernidade, em suas várias interfaces com a política, os monumentos e o uso da violência, o conhecimento da historicidade religiosa em suas várias práticas na trajetória humana é de vital importância para os pesquisadores contemporâneos. Vale ressaltar que essas experiências voltadas ao sagrado também apresentam inquietações particulares de interpretação às quais nos levam a problematizar os seus mitos, suas ações religiosas, construções e legitimações do poder. Dessa forma, elaboramos um livro em dois volumes que reuniu múltiplas leituras sobre as religiões

e as suas práticas antigas. Cada capítulo é escrito por um autor especialista em seu objeto de estudo, integrando nestes livros, em nível nacional e internacional, estudiosos da Argentina, do Brasil, da França, de Portugal e da Espanha. O segundo volume do livro “Experiências Religiosas no Mundo Antigo” é composto por treze capítulos. Optamos por organizar os capítulos dividindo-os contextualmente, apresentando primeiramente os textos sobre aspectos mágicos e religiosos em contextos mesopotâmico, egípcio, fenício e indo-nepalês, seguidos pelos contextos grego e romano. Embora muitas vezes haja intersecções e comunicações entre os contextos e as cronologias, não conformamos a ordem dos textos em uma linha temporal propriamente delimitada e precisa. No capítulo 1, Simone Silva da Silva analisa as representações de ornamentos e cenas com aspectos religiosos em relevos de pedra, do esquema artístico e decorativo da sala do trono do palácio de Aššurnazirpal II (883-859 a. C). Em suas análises, a autora realiza um mapeamento das divindades cultuadas no âmbito bélico e que estavam evidentemente relacionadas no discurso do poder real, para estabelecer as funções dessas divindades na concepção do panteão Assírio do período estudado. O capítulo 2, de Liliane Cristina Coelho, objetiva discutir alguns aspectos geográficos e sobretudo simbólicos relacionados à escolha do local para a instalação de uma nova cidade egípcia. A opção pela localização, segundo a autora, é parte de um projeto político-religioso levado a cabo por Akhenaton, que incluirá também a adoção do Aton como divindade dinástica, e a mudança na titulatura do faraó. No capítulo 3, Francisco B. Gomes analisa o papel desempenhado pelas estruturas religiosas no estabelecimento da extensa e complexa rede de colônias e entrepostos comerciais que ligou o Mediterrâneo Central e Ocidental ao Próximo Oriente, observando como espaços religiosos – templos e santuários fenícios – parecem ter atuado como representantes do poder central, possuindo uma autêntica missão diplomática com papel ativo no estabelecimento de relações sócio-políticas com as comunidades indígenas das múltiplas áreas de incidência da colonização fenícia. O capítulo 4, de Cibele E. V. Aldrovandi, apresenta as tradições tântricas, e como na Índia e mais tarde no Nepal, a paisagem urbana, a arquitetura sagrada e secular, as escul-

turas, os relevos, as pinturas e a estrutura narrativa de algumas fontes textuais budistas foram permeados por uma concepção espácio-temporal recorrente que replica a cosmografia budista – o maṇḍala. Em suas reflexões, a autora demonstra como essas esferas culturais distintas apresentam dimensões formais semelhantes que estruturam, de modo subjacente, as experiências com o sagrado a partir desse elemento cosmográfico comum e onipresente no contexto do budismo tântrico indo-nepalês. No capítulo 5, Camila Diogo de Souza discute a especialização dos espaços na conformação das sociedades no período geométrico na Grécia antiga, espaços esses engendrados por duas práticas cultuais distintas, uma em homenagem aos mortos e a outra em homenagem às divindades, o que contribuirá de forma efetiva na constituição de uma nova configuração social e política das comunidades gregas. Por meio de estudos de caso em que analisa contextos de natureza funerária, a autora reflete sobre exemplos radicalmente distintos de especialização do espaço de culto enquanto elemento fundamental no processo de formação da polis. No capítulo 6, Arturo Sánchez Sanz elabora um estudo sobre o mito das amazonas na Grécia Arcaica e Clássica. Para Arturo Sanz, o contexto histórico e as funções moralizantes dos textos clássicos foram responsáveis pela caracterização de diversos modelos de mulheres, entre os quais as Amazonas, que se destacam por uma variedade de representações. Desse modo, Sanz debate as construções discursivas sobre essas figuras mitológicas através dos autores clássicos, focando em suas relações com a esfera do sagrado. No capítulo 7, de Priscilla Gontijo, os discursos de Antifonte, em particular as Tetralogias, são abordados para demonstrar possíveis relações entre as esferas jurídicas e religiosas na pólis, onde, segundo Vernant, “todo sacerdócio é uma magistratura e toda magistratura comporta um aspecto religioso”. Em seu texto, a autora discute que atos da vida cotidiana possuíam elementos que reportavam a uma dimensão religiosa, e que todo o poder político antes de ser efetivado, ou toda discussão para ser legitimada, exigia uma validade no plano do sagrado, atingida após a prática de um ritual religioso, o sacrifício. No capítulo 8, Carolina Kesser Barcellos Dias analisa a iconografia de um conjunto específico de vasos áticos de figuras negras produzidos entre finais do século VI e meados do V a. C. para compreender como

os artistas-artesãos do período representavam o ritual de sacrifício de animais, e a quais contextos ritualísticos e religiosos essas imagens poderiam estar relacionadas. O capítulo 9, de Fernando Cândido da Sila e Marcelo Neris Hoffmann, propõe um exercício de reflexão metodológica sobre a historiografia bíblica, a partir de uma leitura formal dos livros bíblicos de Deuteronômio até 2 Reis. Os autores procuram contribuir com uma interpretação em favor de uma escrita da história no presente que não esteja subordinada às normas e sua performatividade, procurando assim esclarecer que toda essa agenda interpretativa em torno da norma e do abjeto antecede os meros conteúdos, uma vez que a forma articula, em si, relações sócio-históricas. No capítulo 10, Carlos Eduardo da Costa Campos analisa as descrições de Augusto formuladas pelo biógrafo latino Suetônio (69 – 122 E.C.), em sua obra Vida do Divino Augusto, sobretudo no discurso mítico que atrela o nascimento de Augusto ao deus Apolo. Tomando como base as concepções teóricas de Georges Balandier, o autor propõe analisar esses discursos como fontes essenciais para o processo de legitimação do poder do princeps, apresentando as possibilidades interpretativas das representações míticas do nascimento augustano. No capítulo 11, Natan Henrique Tavares Baptista procura compreender a manipulação mágica do corpo atlético do auriga no contexto das relações de poder que se estabeleceram no cotidiano de duas das maiores cidades norte-africanas: Cartago e Hadrumeto. Em seu texto, o autor procura analisar as questões lúdicas corporais por intermédio dos conflitos entre aurigas, também chamados de agitatores, e torcedores das factiones através dos discursos mágicos religiosos presentes em quatro defixiones de um conjunto total de dez tábuas execratórias. O capítulo 12, de Roberta Alexandrina da Silva, trata dos discursos de feminilidades e masculinidades presentes tanto no corpus paulinum - textos canônicos de Paulo de Tarso que definem uma teologia e uma identidade cristã, quanto nos gnósticos de Nag Hammadi, não canônicos, com o intuito de abordar as definições de gêneros existentes nesses dois tipos de cristianismos, o ortodoxo e heterodoxo no período pré-Nicênico. Assim, pretende compreender acerca dos processos e mecanismos que possibilitaram a delimitação e hierarquização dos papéis sexuais dentro do espaço eclesial.

Finalmente, no capítulo 13, Daniel de Figueiredo trata da construção da divindade cristã ortodoxa na perspectiva de Nestório de Constantinopla, de maneira a compreender em que medida as formulações doutrinais defendidas pelo referido bispo em sua obra O Livro de Heraclides estavam associadas às suas pretensões político-administrativas como bispo da Sé episcopal de Constantinopla e, em que sentido, tais pretensões levaram o imperador Teodósio II a decretar a sua exoneração e exílio. Gostaríamos de agradecer a todos que trilharam este árduo e produtivo caminho conosco. Em especial, legamos uma homenagem póstuma ao colega e autor de um dos capítulos, Danilo Andrade Tabone: A cada chamado da vida o coração deve estar pronto para a despedida e para novo começo, com ânimo e sem lamúrias, aberto sempre para novos compromissos. Dentro de cada começar mora um encanto que nos dá forças e nos ajuda a viver. Hermann Hesse

Boa Leitura! Carolina Barcellos Kesser Dias – UFPel Semíramis Corsi Silva – UFSM Carlos Eduardo da Costa Campos – PPGH/UERJ

Prefácio O estudo da História Antiga passa, necessariamente, pela compreensão do papel da religião na vida quotidiana dos indivíduos e de suas comunidades. A relação com o sagrado e com as práticas e instituições religiosas impregnam as relações sociais, políticas e econômicas desses períodos. Buscando um significado para sua existência num cosmo permeado por forças naturais que procura dominar, e que reverberam em seus mitos, ritos, cultos, festividades e em suas instituições políticas, religiosas e jurídicas, o homem antigo expressa em sua literatura e em sua cultura material a marca e o dinamismo de suas crenças. Assiste-se no Mediterrâneo e no Oriente a um processo permanente de mobilidade social e política que se torna responsável pela troca não apenas de produtos e serviços, mas também de valores religiosos e simbólicos que deixam sua geografia original para espalhar-se por outras regiões, levando complementações e mesmo substituições na forma de compreender o universo e de se relacionar com suas forças. Há uma frequente imbricação entre poder religioso e poder político, numa perspectiva polifuncional e polissêmica da religião; a religião é usada para legitimar diferentes formas de poder, com movimentos de questionamento de hegemonias religiosas e suas consequentes legitimações de poder, ainda que haja setores da religião antiga, como o da magia, que permanecem à margem da oficialidade. Se já encontramos desde a Antiguidade o uso de métodos comparativos na descrição e análise das religiões, com destaque para as obras de Heródoto, Plutarco e, a partir do século II d.C., nas discussões dos Padres da Igreja, preocupados em distinguir e relevar o cristianismo frente às outras religiões, deve-se dizer que a religião ganha status de ciência apenas em meados do século XIX, impulsionada pelo iluminismo. O turn point da ciência da religião se dá quando ela se distancia da teologia e do confessionalismo, para se tornar uma peça fundamental na definição dos componentes essenciais das culturas e das relações que elas mantêm entre si. São decisivas as contribuições de pesquisadores como Max Müller (1823-1900), Frazer (1854-1941),

Freud (1856-1039), Durkheim (1858-1917), Mauss (1872-1950), Jung (1875-1961), Eliade (1907-1986), Lévi-Strauss (1908-2009), Burkert (1931-2015), dentre outros, que alargam o horizonte e o foco da pesquisa. Eliade, por exemplo, além do judaísmo e cristianismo, discute aspectos do taoísmo, confucionismo, ioga, bramanismo, hinduísmo, budismo e outros grupos religiosos, com forte inspiração para os estudos atuais sobre religião na perspectiva da globalização e dos crescentes movimentos migratórios. A importância dos estudos de história das religiões manifesta-se na fundação, em 1950, da Associação Internacional de História das Religiões (IAHR), em Amsterdã, que reúne um amplo grupo de filiados que se dedicam ao estudo científico da religião ao redor do mundo. Em 1999, foi criada, na UNESP de Assis/SP, a Associação Brasileira de História das Religiões (ABHR) que a cada ano congrega um número cada vez maior de pesquisas sobre religião no Brasil em seus congressos e publicações. Este crescente interesse pelos estudos sobre religião se manifesta também em relação à Antiguidade como se verifica nesta obra Experiências Religiosos no Mundo Antigo, a qual foi organizada por Carolina Kesser Barcellos Dias, Semíramis Corsi Silva e Carlos Eduardo da Costa Campos, que reúne 26 importantes pesquisas que proporcionam uma discussão temática e metodológica sobre sociedade e religião no âmbito mediterrânico e oriental, com uma cronologia que vai do III milênio a.C. a meados do I milênio d.C. e que coloca em destaque a importância das pesquisas nessa área no âmbito nacional, ao lado de pesquisas da França, Espanha, Portugal e Argentina. Se há nelas elementos muito característicos de um tempo e espaço muito específicos, outros denotam presenças e influências de longa duração e expressas, por vezes, de forma contundente e fora do âmbito privado, como nos episódios recentes de extremismos religiosos. As análises aqui apresentadas e que não partem de pressupostos religiosos dão uma forte ênfase à base documental literária, mas não deixam de destacar que elas podem e devem ser complementadas pela cultura material, pela iconografia, pela epigrafia, pela estatuária votiva e cultual presentes na arquitetura antiga e reveladas principalmente pela arqueologia. Destaca-se no mundo greco-romano a iconografia presente em monumentos, vasos, moedas e tábuas exe-

cratórias. Descobertas mais recentes como a de Nag Hammadi trazem novas luzes para a compreensão do mundo antigo e medieval. Os textos indicam que nos deparamos não apenas com conflitos políticos, mas também religiosos e simbólicos. A força das lideranças religiosas deixaram marcas profundas nas relações internas e externas de uma comunidade. Temos frequentemente a presença de facções em litígio com fortes componentes religiosos. A definição de uma cultura grega, romana, oriental homogênea tem sido abandonada pelos historiadores e antropólogos. Tem sido dada uma crescente atenção para a relação entre identidade e alteridade no âmbito das sociedades antigas. Chega-se cada vez mais à conclusão de que não se pode pensar em uma homogeneidade religiosa e simbólica de um determinado grupo humano, mas sim em heterogeneidades, hibridizações e até mesmo em conflitos internos. O leitor tem nos textos aqui apresentados uma oportunidade ímpar de ampliar sua visão sobre religião e cultura no Período Antigo. Auguramos que este livro organizado por Carolina, Semíramis e Carlos Eduardo contribua para uma compreensão mais densa da religião, não apenas como uma filigrana da História Antiga, mas como um dos componentes centrais de sua trama sociopolítica e mental e para a fundamentação do arcabouço da forte reemergência do componente religioso numa contemporaneidade pretensamente secularizada. Prof. Dr. Ivan Esperança Rocha Professor de História Antiga da UNESP/Assis

Sumário A RELIGIÃO NA ASSÍRIA: ESTUDO DOS RELEVOS DO PALÁCIO DE ASSURNAZIRPAL II .........................................................................17 Simone Silva da Silva A FUNDAÇÃO DE UMA NOVA CIDADE: AKHETATON, O HORIZONTE DO ATON .......................................................................................39 Liliane Cristina Coelho O PAPEL DA RELIGIÃO NA COLONIZAÇÃO FENÍCIA: CONSIDERAÇÕES A PARTIR DO CASO PORTUGUÊS ....................................................63 Francisco B. Gomes A UBIQUIDADE DO MAṆḌALA NO BUDISMO TÂNTRICO INDONEPALÊS ........................................................................................91 Cibele E. V. Aldrovandi CULTUANDO OS MORTOS E AS DIVINDADES: EXPRESSÕES DA RELIGIOSIDADE E A FORMAÇÃO DA POLIS GREGA NO PERÍODO GEOMÉTRICO (900 A 700 A.C.). .................................................... 121 Camila Diogo de Souza MUJERES GUERRERAS: EL MITO AMAZÓNICO EN LA GRECIA ARCAICA Y CLÁSICA ..................................................................... 145 Arturo Sánchez Sanz RELIGIÃO E JUSTIÇA: O USO DE ARGUMENTOS RELIGIOSOS NAS TETRALOGIAS DE ANTIFONTE ...................................................... 169 Priscilla Gontijo Leite ‘KILLING IN THE NAME OF’. CENAS SACRIFICIAIS DE ANIMAIS NOS VASOS ÁTICOS DE FIGURAS NEGRAS ............................................ 193 Carolina Kesser Barcellos Dias O ABJETO NA HISTORIOGRAFIA BÍBLICA: UMA AVALIAÇÃO LINGUÍSTICO-ANTROPOLÓGICA DA “FÓRMULADO MAL”................. 207 Fernando Candido da Silva - Marcelo Neris Hoffmann SUETÔNIO E A REPRESENTAÇÃO DO NASCIMENTO APOLÍNEO DO

PRINCEPS AUGUSTO .................................................................... 229 Carlos Eduardo da Costa Campos ASPECTOS RELIGIOSOS E CORPORAIS NAS DEFIXIONES NORTEAFRICANAS (SÉC. III-IV) ................................................................ 253 Natan Henrique Taveira Baptista DAS COMUNIDADES À ROMA: O FEMININO NAS COMUNIDADES GNÓSTICAS E O PROCESSO DE SEGREGAÇÃO SEXUAL ENTRE OS PROTO-ORTODOXOS (SÉCULOS I-IV) ............................................ 269 Roberta Alexandrina da Silva A CONSTRUÇÃO DA DIVINDADE CRISTÃ ORTODOXA NA PERSPECTIVA DE NESTÓRIO DE CONSTANTINOPLA E O CONFLITO COM O PODER IMPERIAL (SÉC. V D.C.) ................................................................. 293 Daniel de Figueiredo

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