Le Corbusier e a Identidade do Lugar. Reflexões sobre o projecto do Hospital de Veneza em relação ao poema do ângulo recto. (Le Corbusier y la identidad del lugar. Reflexiones sobre el proyecto del Hospital de Venecia en relación al poema del ángulo recto)

May 23, 2017 | Autor: D. Villalobos Alonso | Categoría: Modern Architecture, Le Corbusier, Architectural Composition, Composición Arquitectónica
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Descripción

Artec Identidade

VINTE EUM POR VINTE EUM Revlsla da Escola Superior Artísllül do Poria Número dois: Arte & Identidade

Direc1ora-comissárta Maria Helena Mala

Edição iMfica

Alice cardoso Edição ESAP 1 2006

Propriedade CESAP ISB1\J : 1646-4915 Depósllo Legal: 244627/06

Vinte e Um por Vinte e Um é uma revista semestral da Escola Superior Artística do Porto (ESAP). que visa constituir-se num espaço simbólico do

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entrecruzamento das artes. neste inicio do século vinte e um.

Multltema

A ESAP ao desenvo lver. nestes últimos vinte e cinco anos de vida. as áreas de formação da Arquitectura. da Animação Sócio-Cultural. da Arte e

Perlodic/clade

Semestral

Comunicação, das Artes Plásticas. do Cine - Vídeo. da Fotografia e do Teatro. num projecto de ensino universitário. tem inscrita na sua matriz

Largo de S. Domln!IOS. 80 °;J050.545 Porto Telefone +351 223 392 130 Fax +351 223 392 139 [email protected] www.esap.pt

este espírito do entrecruzamento das art es, que a revista que r consubstanciar.

Vinte e Um por Vinte e Um tem em cada número um director-comissário que a constrói e recria. num sentido de abertura e pluralidade deste projecto na abordagem do fenómeno artístico contemporâneo.

A Direcção Académica da ESAP

Fernando Somer. Sandra Antunes. Susana M ilão



cesap cooperativo

de ensino superior

ortislicodo porto

Apoios:

UNIVERSIDADE DE VIGO Departamento de &c,,/t,va

I NSTITUTOPORTUGUÊSDAJ UVENTUDE IHA. Estudos de Arte Contemporânea

Alexandra Trevisan O Bloco de Casas Económicas na Rua Duque de Saldanha: Um Bairro à Procura de Identidade

Ana Pais Teatro em Portugal: o Desafio da Periferia

Carlos Melo Ferreira Cinema: Identidades

Daniel Villalobos Le Corbusier e a Identidade do Lugar. Reflexões sobre o projecto do Hospital de Veneza em relação ao poema do ângulo recto

Fátima Sales Regionalismo versus Internacionalismo: Uma reformulação da sua relação

Fernando Peixoto As lágrimas amargas de um País cinzento

lgnácio Oliva A Propósito de "Identidade" e Cinema Documental em Espanha

Javier Tudela Construir a Identidade no Tempo

Joana Cunha Leal A indi vidualidade de Lisboa e o tipo de casa portuguesa em Júlio de Castilho

Juan Carlos Arnuncio O "Local" Como Estratégia de Projecto. O bairro Tuscolano de Adalberto Libera

Juan Carlos Román Gure Artea ou como explicar a nossa arte a Margit Rowell

Né Barros Dança: corpo número e corpo pós-pátria

Margarida Machado ldentidade(s) da Música Tunisina

Maria Helena Maia Notas sobre a construção de uma Identidade possível: O Manuelino

Mariann Simon Nacional, Regional, Pessoal. Identidade na Arquitectura Húngara Contemporânea

Pedro Viei ra de Almeida Arquitectura e Identidade

7 18 28 34 46

54 64

69 73 86 92 104

112 118

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Poema, pertencente à única obra poética con hecida de le Corbusier. Como no resto deste trabalho publicado em 1955, O

Poema do Ângulo Recto, é acompanhado de um desenho: trata-se de um apontamento mais do que rápido, instantâneo. Nele se representa o perfil de uma ci dade, Veneza.

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A imaQem apanhada pelo seu olhar sempre analítico

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descreve Qraficamente a linha natural do mar na ilha de San GiorQio, que se enq uadra com um traço descontínuo horizontal, e contrasta com o perfil da arquitectura que assinala, timidamente, a direcção vertical (fiQ

1). As

silhuetas da fachada Paladiana de San GiorQio MaQQiore, o campanário e torres à sua esquerda e, do lad o contrário, o contorno da cúpu la da iQreja de Le Zitelle na ilha próxima da Giudecca, afirmam este contraste de linhas: vertical contra horizontal, direcção natural em contraponto aos

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traços verticais da arqu itectura que determinam o siQno desta contraposição, o ânQulo recto. (fiQ. 2) Por outro lado, o desenho recorda-nos a pintura setecentista, sobre este mesmo

tema,

reali zada

por

Francesco

Guardi

e

conservada na Academ ia de Veneza. Veneza assinala a etapa final da obra de Le Corbusier. O seu projecto do Novo hospital de Veneza (1964), ainda que não co nstruíd o, perman ece, e não de forma secundária, na memória da sua obra'

Na altura, o

projecto foi objecto de crítica por parte dos seus detractores pela sua "insensibilidade" ante o contexto " .. ~·

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urbano em que se desenvolveu, a sua suposta indiferença pela id entidade da cidade de Veneza1 . Crítica que foi

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severa sobre a sua aparente despreocupação face a uma adequação ao lu Qar, ainda que não tivesse sido tão mordaz como a fe ita por aq ueles mesmos motivos em relação ao seu plano urbano para Paris em qualquer das suas cinco versões que fo ram desde 1922 a 1946.

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4 Anali se mos este proj ecto de Le Corbu sier qu e. singularm ente. fo i um dos últimos da sua prolífica obra antes da sua morte em 1965 . A sua traça é completamente ortogonal, e em planta contrasta de maneira em absoluto contrad itóri a com o traçado medieval da trama da cidade.

co rrespo ndente à planta dos co nval escentes. ali se

Esta oposição da traça fo i suficientemente estudada por Le

compreendendo claramente a sua geometria: surge de um

Corbusier em. pelo menos. três planos Neles se re fl ecte

módulo quad rad o repetido segundo as necessidades. em

a sua proposta de hospital

cuj o centro existe um espaço de distrib uição de onde

Nestes planos desenha-se no seu co njunto edi fício e

saem quatro corredores sit uados radialmente em seu

conj untamente a cidade

e

cidade (fi g 3), como se se tratasse da visão, a partir de um

redor. estes con tinu am-se co m os co rr espon dentes

avião. da cidade uma vez construíd o o projecto Na sua

inve rtid os

localização. o edifício está a cavalo entre a cidade e o mar.

co ntíguos. (fig

junto à estação de Santa Lu cía

e

ao lado do canal

Cannaregio A geo metria da sua planta baseia-se na possibilidade

sim etri came nte 4

e

dos

quat ro

quadrados

5). enlaçando-se toda a planta

mediante este percurso . A cruz central de cada um dos quadrados

comp leta-se

co m

bandas

de

espaços

hospitalares com uns. fi cando livres os quatro quadrados

de crescimento ilimitado, dependendo das necessidades

das esquinas. destin ados às galerias dos quartos dos

da povoação O seu contorn o, ortogonal, desenvolve as

co nvalescentes. apenas ilu m inadas zenitalmente para

possibilidades que lh e oferece uma geometria totalmente

iso lar a nível visual o doente do exteri or e assim garanti r o

ri gorosa que se manifesta na sua maior clareza no nível 3

seu repouso. Virá a emprega r este esq uema de cruz em x,

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1

6

\

em dois projectos posteriores, tendo com ele solucionado o esq uema geral das suas plantas: o Palácio de congressos para Strasbu rgo (1964) e o M useu do sécu lo XX em Nanterre ( 1965) No caso do Novo hospital de Veneza, os módulos vãose adossando entre si, enq uanto simultaneamente se

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eliminam de forma irregu lar distintas áreas das galerias de quartos dos convalescentes, dando lugar a um traçado geral esburacado, poroso, sob o qual su rge independente o limite com o meio em que se situam: a borda entre água

e terra. No entanto, estes vazios dos elementos da trama em nen hum caso incluem os corredores que vinculam a trama de quad rados, metamorfoseando-se de corredores em pontes. A partir da sua origem regu lar, cria-se assim um

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