Artec Identidade
VINTE EUM POR VINTE EUM Revlsla da Escola Superior Artísllül do Poria Número dois: Arte & Identidade
Direc1ora-comissárta Maria Helena Mala
Edição iMfica
Alice cardoso Edição ESAP 1 2006
Propriedade CESAP ISB1\J : 1646-4915 Depósllo Legal: 244627/06
Vinte e Um por Vinte e Um é uma revista semestral da Escola Superior Artística do Porto (ESAP). que visa constituir-se num espaço simbólico do
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entrecruzamento das artes. neste inicio do século vinte e um.
Multltema
A ESAP ao desenvo lver. nestes últimos vinte e cinco anos de vida. as áreas de formação da Arquitectura. da Animação Sócio-Cultural. da Arte e
Perlodic/clade
Semestral
Comunicação, das Artes Plásticas. do Cine - Vídeo. da Fotografia e do Teatro. num projecto de ensino universitário. tem inscrita na sua matriz
Largo de S. Domln!IOS. 80 °;J050.545 Porto Telefone +351 223 392 130 Fax +351 223 392 139
[email protected] www.esap.pt
este espírito do entrecruzamento das art es, que a revista que r consubstanciar.
Vinte e Um por Vinte e Um tem em cada número um director-comissário que a constrói e recria. num sentido de abertura e pluralidade deste projecto na abordagem do fenómeno artístico contemporâneo.
A Direcção Académica da ESAP
Fernando Somer. Sandra Antunes. Susana M ilão
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cesap cooperativo
de ensino superior
ortislicodo porto
Apoios:
UNIVERSIDADE DE VIGO Departamento de &c,,/t,va
I NSTITUTOPORTUGUÊSDAJ UVENTUDE IHA. Estudos de Arte Contemporânea
Alexandra Trevisan O Bloco de Casas Económicas na Rua Duque de Saldanha: Um Bairro à Procura de Identidade
Ana Pais Teatro em Portugal: o Desafio da Periferia
Carlos Melo Ferreira Cinema: Identidades
Daniel Villalobos Le Corbusier e a Identidade do Lugar. Reflexões sobre o projecto do Hospital de Veneza em relação ao poema do ângulo recto
Fátima Sales Regionalismo versus Internacionalismo: Uma reformulação da sua relação
Fernando Peixoto As lágrimas amargas de um País cinzento
lgnácio Oliva A Propósito de "Identidade" e Cinema Documental em Espanha
Javier Tudela Construir a Identidade no Tempo
Joana Cunha Leal A indi vidualidade de Lisboa e o tipo de casa portuguesa em Júlio de Castilho
Juan Carlos Arnuncio O "Local" Como Estratégia de Projecto. O bairro Tuscolano de Adalberto Libera
Juan Carlos Román Gure Artea ou como explicar a nossa arte a Margit Rowell
Né Barros Dança: corpo número e corpo pós-pátria
Margarida Machado ldentidade(s) da Música Tunisina
Maria Helena Maia Notas sobre a construção de uma Identidade possível: O Manuelino
Mariann Simon Nacional, Regional, Pessoal. Identidade na Arquitectura Húngara Contemporânea
Pedro Viei ra de Almeida Arquitectura e Identidade
7 18 28 34 46
54 64
69 73 86 92 104
112 118
129 138
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Poema, pertencente à única obra poética con hecida de le Corbusier. Como no resto deste trabalho publicado em 1955, O
Poema do Ângulo Recto, é acompanhado de um desenho: trata-se de um apontamento mais do que rápido, instantâneo. Nele se representa o perfil de uma ci dade, Veneza.
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A imaQem apanhada pelo seu olhar sempre analítico
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descreve Qraficamente a linha natural do mar na ilha de San GiorQio, que se enq uadra com um traço descontínuo horizontal, e contrasta com o perfil da arquitectura que assinala, timidamente, a direcção vertical (fiQ
1). As
silhuetas da fachada Paladiana de San GiorQio MaQQiore, o campanário e torres à sua esquerda e, do lad o contrário, o contorno da cúpu la da iQreja de Le Zitelle na ilha próxima da Giudecca, afirmam este contraste de linhas: vertical contra horizontal, direcção natural em contraponto aos
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traços verticais da arqu itectura que determinam o siQno desta contraposição, o ânQulo recto. (fiQ. 2) Por outro lado, o desenho recorda-nos a pintura setecentista, sobre este mesmo
tema,
reali zada
por
Francesco
Guardi
e
conservada na Academ ia de Veneza. Veneza assinala a etapa final da obra de Le Corbusier. O seu projecto do Novo hospital de Veneza (1964), ainda que não co nstruíd o, perman ece, e não de forma secundária, na memória da sua obra'
Na altura, o
projecto foi objecto de crítica por parte dos seus detractores pela sua "insensibilidade" ante o contexto " .. ~·
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urbano em que se desenvolveu, a sua suposta indiferença pela id entidade da cidade de Veneza1 . Crítica que foi
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severa sobre a sua aparente despreocupação face a uma adequação ao lu Qar, ainda que não tivesse sido tão mordaz como a fe ita por aq ueles mesmos motivos em relação ao seu plano urbano para Paris em qualquer das suas cinco versões que fo ram desde 1922 a 1946.
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4 Anali se mos este proj ecto de Le Corbu sier qu e. singularm ente. fo i um dos últimos da sua prolífica obra antes da sua morte em 1965 . A sua traça é completamente ortogonal, e em planta contrasta de maneira em absoluto contrad itóri a com o traçado medieval da trama da cidade.
co rrespo ndente à planta dos co nval escentes. ali se
Esta oposição da traça fo i suficientemente estudada por Le
compreendendo claramente a sua geometria: surge de um
Corbusier em. pelo menos. três planos Neles se re fl ecte
módulo quad rad o repetido segundo as necessidades. em
a sua proposta de hospital
cuj o centro existe um espaço de distrib uição de onde
Nestes planos desenha-se no seu co njunto edi fício e
saem quatro corredores sit uados radialmente em seu
conj untamente a cidade
e
cidade (fi g 3), como se se tratasse da visão, a partir de um
redor. estes con tinu am-se co m os co rr espon dentes
avião. da cidade uma vez construíd o o projecto Na sua
inve rtid os
localização. o edifício está a cavalo entre a cidade e o mar.
co ntíguos. (fig
junto à estação de Santa Lu cía
e
ao lado do canal
Cannaregio A geo metria da sua planta baseia-se na possibilidade
sim etri came nte 4
e
dos
quat ro
quadrados
5). enlaçando-se toda a planta
mediante este percurso . A cruz central de cada um dos quadrados
comp leta-se
co m
bandas
de
espaços
hospitalares com uns. fi cando livres os quatro quadrados
de crescimento ilimitado, dependendo das necessidades
das esquinas. destin ados às galerias dos quartos dos
da povoação O seu contorn o, ortogonal, desenvolve as
co nvalescentes. apenas ilu m inadas zenitalmente para
possibilidades que lh e oferece uma geometria totalmente
iso lar a nível visual o doente do exteri or e assim garanti r o
ri gorosa que se manifesta na sua maior clareza no nível 3
seu repouso. Virá a emprega r este esq uema de cruz em x,
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6
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em dois projectos posteriores, tendo com ele solucionado o esq uema geral das suas plantas: o Palácio de congressos para Strasbu rgo (1964) e o M useu do sécu lo XX em Nanterre ( 1965) No caso do Novo hospital de Veneza, os módulos vãose adossando entre si, enq uanto simultaneamente se
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eliminam de forma irregu lar distintas áreas das galerias de quartos dos convalescentes, dando lugar a um traçado geral esburacado, poroso, sob o qual su rge independente o limite com o meio em que se situam: a borda entre água
e terra. No entanto, estes vazios dos elementos da trama em nen hum caso incluem os corredores que vinculam a trama de quad rados, metamorfoseando-se de corredores em pontes. A partir da sua origem regu lar, cria-se assim um
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