La provisión de madera como una necesidad política: bosques, asientos y construcción naval en el reino de Portugal (1580-1640)

June 24, 2017 | Autor: K. Trapaga Monchet | Categoría: Early Modern History, Maritime History, Environmental Studies, Environmental History, Court Studies
Share Embed


Descripción

Instituto de História Contemporânea Seminário de Investigadores FCT e Pós-Doc’s 21 e 22 de Setembro de 2015 https://seminarioinvestigadoresfctposdocs.wordpress.com   São  investigadores  FCT:   Ana Isabel Costa Febrero de Queiroz Helena Sofia Rodrigues Ferreira da Silva Luís Manuel Duarte Antunes Figueiredo Trindade

São  Pós-­‐Doc:   Alice da Conceição Monteiro Pita Brito da Cunha Ana Paula Soares Pires Ana Cristina Nunes Martins Ana Maria dos Santos Cabrera Carlos Paulo Henriques Catrica da Silva Cristina Maria de Gouveia Caldeira Elisabetta Girotto Francisco Manuel de Jesus Pinheiro Giulia Strippoli, Activismo transnacional. Dirigentes comunistas e militantes Irene Flunsel Pimentel, A Justiça política pós-25 de Abril Ivo Teixeira Figueiredo Lima da Veiga Joana Vidal de Azevedo Dias Pereira Koldo Trápaga Monchet Manuel da Encarnação Simões Correia Maria Alice Dias de Albergaria Samara Maria Cristina Dias Joanaz de Melo Maria de Fátima Ferreira Queiróz Mario Ivani Pau Casanellas Peñalver Paula Alexandra Fernandes Borges dos Santos Paula Cristina Valente Vergas Caspão Raquel Cardeira Varela Ricardo Vieira de Campos d'Abreu Noronha Rosário Mascato Rey Rui Miguel Ponte Vieira Lopes Sara Manuela de Albuquerque Sebastião Nuno de Araújo Barros e Silva Steven Forti Tânia Manuel de Oliveira Alves e Casimiro Tiago Brandão Mascarenhas de Azevedo Virgínia do Rosário Baptista

1

Alice Cunha, As Ajudas de Pré-adesão como Instrumento de Europeização Alice Samara, Espaços e redes de resistência na Grande Lisboa Ana Cabrera, Vozes de mulheres nos velhos clubes masculinos? A voz das mulheres portuguesas em instituições europeias Ana Cristina Martins, Arqueologia em inovação num Portugal em transformação (1958-1977): o contributo da Associação dos Arqueólogos Portugueses. Uma reflexão preliminar Ana Isabel Queiroz, História das pragas agrícolas Ana Paula Pires, A outra frente: a economia africana e a Primeira Guerra Mundial (1914-1919) Cristina Caldeira, A tutela internacional dos direitos de propriedade intelectual: estudo comparado entre Portugal e o Brasil na ótica do direito autoral Cristina Joanaz, O álbum de Cronos, paisagens de Demiurgo: a paisagem como fonte histórica Elisabetta Girotto, Novas pistas de investigação: Estado e Igreja na transição democrática em Itália e Portugal Fátima Queiróz, Trabalho e Saúde dos Estivadores do Porto de Lisboa: proposta de construção da interdisciplinaridade em pesquisa Francisco Pinheiro, Sociedade, desporto e cultura no Portugal contemporâneo Giulia Strippoli, Activismo transnacional. Dirigentes comunistas e militantes Helena Silva, Cuidados de saúde aos soldados portugueses durante e após a Primeira Guerra Mundial Irene Flunsel Pimentel, A Justiça política pós-25 de Abril Ivo Veiga, Cooperação e resistência: processos de mudança tecnológica em regimes transicionais (1974-1985) Koldo Trápaga Monchet, La provisión de madera como una necesidad política: bosques, asientos y construcción naval en el reino de Portugal (1580-1640) Luís Trindade, Portuguese Culture and the Globalization of Sound and Image. A history of audiovisual culture in Portugal from the 1950s to the 1990s Pau Casanellas, Ordem pública e prática armada nos anos 70: desconstruindo relatos Paula Borges dos Santos, Paula Borges dos Santos, A organização parlamentar na Europa do Sul (1926-1976) Paula Caspão, Performances e Ecologias da Teoria, da Documentação e do Arquivo (metodologias em diálogo) Paulo Catrica, Arquétipos e estereótipos das fotografias de paisagem enquanto ‘lugar comum’ Ricardo Noronha, A via portuguesa para o neoliberalismo Rui Lopes, Portugal na ficção audiovisual dos aliados democráticos do Estado Novo Sara de Albuquerque, Botanical Exchanges and Networks of Knowledge: Friedrich Welwitsch’s African Expedition (Iter Angolense (1853 – 1860) Sebastião Silva, Novos instrumentos para o estudo da História da Doença do Sono Steven Forti, Biografía, análisis del lenguaje político e historia comparada. El caso de los tránsfugas en la Europa entreguerras Tânia Casimiro, A Faiança Portuguesa no comércio transatlântico luso-americano Tiago Brandão, História e devir da política científica portuguesa Virgínia Baptista, Mulheres trabalhadoras e saúde em Portugal (1900- 1976)

  2

Programa   21  de  Setembro   9h15 9h30 9h50 10h10 10h30 10h50 11h20 11h40 12h00 12h20 12h50 13h10 13h30 14h30 14h50 15h10 15h50 16h20 16h40 17h00 17h30 17h50

Recepção e abertura Alice Samara, Espaços e redes de resistência na Grande Lisboa Steven Forti, Biografía, análisis del lenguaje político e historia comparada. El caso de los tránsfugas en la Europa entreguerras Paula Borges dos Santos, Paula Borges dos Santos, A organização parlamentar na Europa do Sul (1926-1976) Pau Casanellas, Ordem pública e prática armada nos anos 70: desconstruindo relatos Debate Café Irene Flunsel Pimentel, A Justiça política pós-25 de Abril Ricardo Noronha, A via portuguesa para o neoliberalismo Elisabetta Girotto, Novas pistas de investigação: Estado e Igreja na transição democrática em Itália e Portugal Giulia Strippoli, Activismo transnacional. Dirigentes comunistas e militantes Debate Almoço Tiago Brandão, História e devir da política científica portuguesa Ivo Veiga, Cooperação e resistência: processos de mudança tecnológica em regimes transicionais (1974-1985) Alice Cunha, As Ajudas de Pré-adesão como Instrumento de Europeização Debate Café Virgínia Baptista, Mulheres trabalhadoras e saúde em Portugal (1900- 1976) Helena Silva, Cuidados de saúde aos soldados portugueses durante e após a Primeira Guerra Mundial Ana Paula Pires, A outra frente: a economia africana e a Primeira Guerra Mundial (1914-1919) Debate

22  de  Setembro   9h30 9h50 10h10 10h30 10h50 11h20

Ana Isabel Queiroz, História das pragas agrícolas Sara de Albuquerque, Botanical Exchanges and Networks of Knowledge: Friedrich Welwitsch’s African Expedition (Iter Angolense (1853 – 1860) Sebastião Silva, Novos instrumentos para o estudo da História da Doença do Sono Fátima Queiróz, Trabalho e Saúde dos Estivadores do Porto de Lisboa: proposta de construção da interdisciplinaridade em pesquisa Debate Café 3

11h40 12h00 12h20

12h50 13h10 13h30 14h30 14h50 15h10 15h30 15h50 16h20 16h40 17h00 17h30 17h50

Koldo Trápaga Monchet, La provisión de madera como una necesidad política: bosques, asientos y construcción naval en el reino de Portugal (1580-1640) Tânia Casimiro, A Faiança Portuguesa no comércio transatlântico luso-americano Ana Cristina Martins, Arqueologia em inovação num Portugal em transformação (1958-1977): o contributo da Associação dos Arqueólogos Portugueses. Uma reflexão preliminar Cristina Joanaz, O álbum de Cronos, paisagens de Demiurgo: a paisagem como fonte histórica Debate Almoço Ana Cabrera, Vozes de mulheres nos velhos clubes masculinos? A voz das mulheres portuguesas em instituições europeias Paulo Catrica, Arquétipos e estereótipos das fotografias de paisagem enquanto ‘lugar comum’ Cristina Caldeira, A tutela internacional dos direitos de propriedade intelectual: estudo comparado entre Portugal e o Brasil na ótica do direito autoral Francisco Pinheiro, Sociedade, desporto e cultura no Portugal contemporâneo Debate Café Paula Caspão, Performances e Ecologias da Teoria, da Documentação e do Arquivo (metodologias em diálogo) Rui Lopes, Portugal na ficção audiovisual dos aliados democráticos do Estado Novo Luís Trindade, Portuguese Culture and the Globalization of Sound and Image. A history of audiovisual culture in Portugal from the 1950s to the 1990s Debate

   

4

Resumos   Alice  Cunha,  As  Ajudas  de  Pré-­‐adesão  como  Instrumento  de  Europeização   Este projeto de investigação pretende analisar em concreto um dos aspetos que moldou também e significativamente a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia (CEE): a concessão de ajudas de pré-adesão. As ajudas de pré-adesão são o lado prático da estratégia da política do alargamento da CEE, e delas dependia, em larga medida, o êxito futuro de uma integração harmoniosa de Portugal na mesma. A economia portuguesa requeria de facto certas medidas de racionalização e de ajustamento, feitas em paralelo às negociações, nomeadamente sob a forma de ajudas de préadesão ou de cláusulas especiais incluídas no futuro Acto de Adesão. Assim, a 3 de Dezembro de 1980 foi celebrado o acordo relativo à criação de ajudas de préadesão a favor de Portugal, para reforçar a situação económica e o progresso social nos sectores industrial, regional, agrícola e formação profissional. Este projeto de investigação contempla uma análise à capacidade do Estado para gerir e aplicar essas ajudas, os papéis das partes envolvidas, e o seu desempenho geral, que seria, desde logo, uma amostra para a gestão de diversos fundos estruturais pósadesão. Para tal, beneficiaremos do acompanhamento legislativo nestas matérias, na adaptação da própria estrutura governamental e de apoio à aplicação destas ajudas, assim como dos principais indicadores económicos. Num contexto em que o conceito de estratégia de pré-adesão não existia formalmente enquanto tal, estava-se já então a lançar as bases para os futuros instrumentos de assistência de pré-adesão, com o mesmo intuito de preparar os países candidatos para o cumprimento das condições da adesão. Tendo como base as dimensões e a literatura do alargamento e da Europeização (como a CEE/UE afeta os Estados-membros e/ou de que modo é que os Estados-membros e os seus atores se adaptam à integração europeia), pretendemos responder às seguintes questões: 1) em que medida é que as ajudas de pré-adesão contribuíram para o desenvolvimento económico português e para a Europeização do país? 2) a europeização em Portugal começou antes da adesão? Para tal, entendemos que a aplicação deste tipo de ajudas é uma forma de Europeização préadesão. Deixando de lado a vertente conceptual de Europeização, iremos focar-nos num aspeto concreto, o das ajudas de pré-adesão, promovidas aquando das negociações de adesão, altura durante a qual Portugal, na qualidade de candidato à adesão, passaria por um processo de transformação interna, através do qual começaria a adaptar as suas políticas e instituições aos requisitos da adesão, funcionando inclusive o alargamento como um catalisador para uma mais rápida adaptação. No fundo, iremos aferir, como é que o chamado “poder transformador” da Europa se aplicou a Portugal, num momento e num caso concreto.

Alice  Samara,  Espaços  e  redes  de  resistência  na  Grande  Lisboa   O objectivo deste projeto é a análise da grande Lisboa, do final da segunda guerra mundial ao 25 de Abril de 1974, enquanto lugar político e cultural. Mapeia a espacialidade, a tensão e as dinâmicas entre as práticas urbanas da resistência ao Estado Novo, do combate contra a hegemonia cultural do regime, do associativismo cultural e político e dos lugares de encontro e sociabilidade, por um lado e a ordem espacial do Estado, por outro. Pretendemos recuperar fluxos e redes de partilha que se inseriram na cidade, cruzando os seus múltiplos agentes e 5

atores sociais com os locais políticos, culturais e simbólicos. Partindo do conceito de pequenas transformações e de interstício (BAURRIAUD 2005 e WRIGHT 2010), este projeto visa recuperar as formas de resistência ao Estado Novo, à cultura hegemónica e à moral vigente, ou seja, os espaços onde os indivíduos de ambos os sexos poderiam ter uma ação relativamente livre. Usamos a ideia de interstício para fazer referência a comunidades que iludiam um determinado contexto. Neste sentido recolhemos e analisamos comportamentos, sociabilidades e formas de organização social conscientemente construídas que tenham como objectivo a criação de um local de liberdade e de emancipação. É central para este projeto a coordenada espaço, muitas vezes referida, mas bastante negligenciada nos trabalhos historiográficos. A análise começa exatamente pelo espaço de uma determinada prática social, o espaço onde se resiste. Assumindo que o espaço não é neutro, interessa-nos perceber o espaço vivido e a forma como a própria cidade é mapeada, sentida e rememorada por um determinado sujeito.

Ana  Cabrera,  Vozes  de  mulheres  nos  velhos  clubes  masculinos?  A  voz  das   mulheres  portuguesas  em  instituições  europeias   A questão central deste programa de trabalho consiste em saber como, em que medida e de que forma as líderes políticas, nas instituições da UE, podem usar a sua voz para incluir as questões da igualdade de género na agenda da UE e no espaço público. O estudo situa-se no período entre 1987 e 2013, para poder avaliar o desenvolvimento das iniciativas das líderes politicas nas instituições da UE. O projeto tem como objetivos: a) identificar as experiências discursivas das mulheres políticas líderes nas instituições da UE; b) reconhecer se as suas vozes foram incorporadas na produção de conhecimento sobre politicas de género na UE; c) Conhecer como e em que medida os media dão voz àquela produção de conhecimentos no espaço público; d) Analisar as redes sociais e observar até que ponto podem apoiar as mulheres politicas no seu diálogo com a sociedade. Este projeto será desenvolvido a partir de três subprojetos: 1. Vozes Políticas – Experiências politicas e produção de conhecimento - o objetivo é analisar relatórios que se circunscrevam a três temas específicos – desigualdade e estratégias de integração, desemprego, intimidação e violência de género. 2. Vozes Mediáticas – O objetivo é analisar notícias de periódicos UE para conhecer as estórias e os enquadramentos das suas narrativas acerca produção relatórios sobre os três temas mencionados. 3. Vozes nas redes sociais – O objectivo é identificar as redes sociais mais utilizadas, as interações realizadas e os seus conteúdos.

Ana  Cristina  Martins,  Arqueologia  em  inovação  num  Portugal  em   transformação  (1958-­‐1977):  o  contributo  da  Associação  dos   Arqueólogos  Portugueses.  Uma  reflexão  preliminar   Pretendendo identificar e caracterizar as etapas fundamentais do período de inovação teórica e metodológica, verificado na arqueologia em Portugal entre o I Congresso Nacional de Arqueologia (Lisboa, 1958) e as III Jornadas Arqueológicas da Associação dos Arqueólogos Portugueses (Lisboa, 1977), quando uma nova geração se afastou do Histórico-Culturalismo para se aproximar do Processualismo e se reviu, parcialmente, no Estruturalismo, apresentaremos e discutiremos a metodologia e os métodos a utilizar no decurso da nossa 6

investigação, assim como o balanço da primeira análise efectuada ao arquivo histórico da Associação dos Arqueólogos Portugueses.

Ana  Isabel  Queiroz,  História  das  pragas  agrícolas   O termo globalização tem várias conotações na historiografia actual e todas elas importam para a compreensão dos fenómenos de transferência de organismos vivos. A dispersão pelo mundo de organismos vivos teve uma estreita ligação com fenómenos históricos à escala global, tais como a expansão e o colonialismo, o desenvolvimento dos transportes e a sua repercussão nas rotas comerciais, as migrações e a massificação do turismo. Em resultado de introduções de espécies provenientes de outros continentes, alguns territórios foram sujeitos a fenómenos de invasões biológicas (incluindo pragas agrícolas) com respostas a diferentes escalas, que culturalmente importa valorizar e compreender. O projecto “Introductions, invasions and control measures of plant pests in Southern Europe. An interdisciplinary comparative approach from the 19th century onwards” (referência FCT: IF/00222/2013/CP 1166/CT0001) estuda a história de introduções de espécies exóticas e que causaram prejuízos agrícolas no sul da Europa, desde o século XIX até à actualidade. No período contemporâneo, diversas pragas desencadearam graves crises de subsistência, emigração em massa, significativos impactos económicos e transformações da paisagem agrícola. Esta investigação histórica debruça-se sobre os momentos, as razões e as percepções relativas aos processos de transferência e introdução, mas também sobre as práticas e os processos de ajustamento das sociedades, provocados pelos efeitos devastadores das pragas, com expressão cultural, política e económica. Apesar de não ter os organismos como objectos de estudo – a história ambiental estuda as sociedades humanas, a forma como estas se relacionam com os elementos e os processos naturais, e como estes determinam o rumo dos acontecimentos – este estudo implica uma considerável literacia científica para interpretar os fenómenos naturais nas suas dinâmicas espácio-temporais e para compreender e avaliar as fontes. O projecto combina a análise crítica e a interpretação de diferentes materiais com metodologias digitais, que permitem (1) trabalhar simultaneamente com diferentes tipos de fontes; (2) estudar os processos numa perspectiva espácio-temporal; (3) construir novas representações (e.g. mapas, gráficos) e ferramentas quantitativas. Apresentam-se brevemente alguns casos de estudo que foram ou estão a ser analisados e dos quais resultaram ou resultarão publicações científicas e apresentações em congressos e conferências, nomeadamente: (1) sobre a expansão da formiga argentina (Linepithema humile) na Europa, do século XIX até à actualidade; (2) origem e impacto da mesma espécie na Ilha da Madeira; (3) origem e expansão do bicho das laranjeiras (Coccus hesperidum) nos Açores durante o século XIX.

Ana  Paula  Pires,  A  outra  frente:  a  economia  africana  e  a  Primeira  Guerra   Mundial  (1914-­‐1919)   Olhar para África ao longo do século XX, é observar um palco em constante mutação, onde interagem e se relacionam diferentes elementos suscitados por dinâmicas internas, é certo, mas que têm sido profundamente influenciadas por realidades exógenas ao próprio Continente. A observação tende a ganhar em rigor e minúcia se a concentrarmos numa realidade mais específica, como a conjuntura inaugurada pela eclosão da I Guerra Mundial, no Verão quente do ano de 1914. O Continente africano e, neste caso particular, da África portuguesa, surge assim como agente 7

do processo de globalização; quer como (i) elemento actuante directo, nomeadamente a partir da exploração das suas riquezas naturais, num sentido lato, mas também pela especificidade da sua situação política no quadro das relações internacionais, quer (ii) pelo papel que desempenhou, compondo um espaço que serviu simultaneamente de encruzilhada e plataforma de conexão e passagem aos diversos fluxos, materiais e imateriais, à escala planetária. A economia constitui o ponto de partida para sublinhar o carácter internacional e multirracial da Grande Guerra, inscrevendo os seus impactos e condicionantes, muito além do território da lembrança europeia, na âmbito mais genérico da memória colectiva mundial. O projecto tem como objectivo estudar os seguintes tópicos, observando o cumprimento de uma metodologia essencialmente de matriz histórica, mas pluridisciplinar: 1. As oportunidades e os desafios colocados às economias africanas pela eclosão da I Guerra Mundial; 2. Analisar o papel, a importância e o espaço de uma região periférica, escassamente povoada, na rede de negócios mundial do início do século XX; 3. Compreender as oportunidades e os desafios potenciados pela diversidade das economias africanas; 4. Entender a exploração dos recursos africanos, nomeadamente os de natureza estratégica como elemento de disputa e de interesse político e económico no plano internacional; 5. Avaliar em que medida é que a África portuguesa soube tirar partido do ciclo aberto pela Grande Guerra e entender e analisar o papel reservado aos produtores nacionais e internacionais em todo esse processo.

Cristina  Caldeira,  A  tutela  internacional  dos  direitos  de  propriedade   intelectual:  estudo  comparado  entre  Portugal  e  o  Brasil  na  ótica  do   direito  autoral   As alterações promovidas pela sociedade de informação, na medida em que expandem a obra intelectual, permitem-nos enquadrar juridicamente os direitos sobre bens intelectuais como direitos globalizados. Nessa nova dimensão (territorialidade e universalidade), são inevitáveis os problemas jurídicos relacionados com a constituição de exclusivos de utilização de bens intelectuais. Em face desta complexidade, propomo-nos uma melhor compreensão da propriedade intelectual não apenas na ótica do direito autoral, mas num sentido amplo, compreendendo todos os direitos subjetivos oponíveis erga omnes sobre bens intelectuais. Num primeiro momento do estudo, será realizado um breve percurso histórico, circunscrito ao foro jurídico, sobre a evolução da propriedade intelectual em Portugal e no Brasil. Nessa análise, incluiremos não apenas os direitos autorais, mas também a designada propriedade industrial, na qual se incluem os direitos que incidem sobre sinais distintivos de comércio, em especial a marca. Nessa conformidade, sem a pretensão de esgotar o tema, iniciaremos o trajeto partindo da Constituição dos dois países, colocando a ênfase no eixo que se desenvolve sob uma pretensa oposição mas simultaneamente de comunicabilidade entre os direitos, liberdades e garantias e os direitos económicos, sociais e culturais. Num segundo momento, passaremos à análise da dimensão teorética, através da qual se procurará apresentar as principais conceções doutrinárias sobre a estrutura dos direitos de propriedade intelectual. Por último, com base em casos práticos, procuraremos demonstrar como a propriedade intelectual desempenha na atualidade um papel fundamental no desenvolvimento económico. Este depende essencialmente da tutela dos direitos de propriedade intelectual, na medida em 8

que estimula a investigação científica e a inovação tecnológica por ela potenciada nos dois países.

Cristina  Joanaz,  O  álbum  de  Cronos,  paisagens  de  Demiurgo:  a  paisagem   como  fonte  histórica   As paisagens mudaram num contexto específico político, cultural, económico, social. E tanto ou mais que os documentos escritos, as paisagens e os ecossistemas falam. Mosaico permanentemente evolutivo, os seus fragmentos no testemunho atual e no transformado podem revelar tanto como um documento escrito quanto: contexto de produção, intenção de produção e execução da sua transformação. Aquilo que se acabou de enunciar consiste e tão só na grelha de leitura de heurística e hermenêutica da paisagem. Esta metodologia é utilizada no meu estudo sobre a gestão de recursos hídricos em Portugal no século XIX, explorados fora do âmbito das políticas e interesses da Administração central. Esta apresentação trata então metodologicamente a paisagem como documento e fonte histórica e as paisagens de zonas húmidas e ribeirinhas como fontes para a análise em curso. Pretende refletir-se o modo em como a paisagem - modelada no decurso do tempo, no mesmo espaço e lugar -, é um elemento estruturante de informação para a compreensão da utilização dos recursos hídricos das águas interiores, em Portugal no século XIX. Para este efeito analisam-se os cursos de água intervencionados pela administração central e os que não o foram; avalia-se o impacto que qualquer uma daquelas opções teve no desenvolvimento económico e social das populações servidas pelos rios regularizados para navegação bem como aqueles cursos que o não foram. O despacho interno do MOPCI permite-nos perceber que as tensões causadas entre o pessoal daquele departamento e as populações locais aquando da realização de obras para a navegação dos rios Douro, Cávado, Mondego e Tejo, sugerem a importância das atividades de rio que o “Estado alterou”. No entanto este núcleo não comporta informação sobre os rios não intervencionados. Para colmatar esta ausência podemos utilizar fontes locais, quando existentes mas não só. Os silêncios das fontes escritas podem ser compensados através de metodologia de análise comparativa entre paisagem intervencionada e não intervencionada. Os contextos de transformação da paisagem por parte do Estado assim como pelas populações locais comportam um tipo testemunho material, muito útil e visível. Através dele podemos analisar comparativamente as várias velocidades de desenvolvimento económico em áreas que ficaram sob diferentes alçadas de extração de recursos e ordenamento: estado, poder localcamarário, comunitário ou privada-caciquista. Para além disso, a paisagem também é um repositório de informação das atividades que permaneceram ao longo dos tempos. Informação que podemos obter através de testemunhos arqueológicos in sito mas também através da configuração geográfica (natural ou transformada do rio e respetivas margens e vertentes), da sua transformação, da manutenção dos ecossistemas. Estas diferenças permitem-nos hipotisar utilizações e gestão de espaços e recursos.

Elisabetta  Girotto,  Novas  pistas  de  investigação:  Estado  e  Igreja  na  transição   democrática  em  Itália  e  Portugal   Este trabalho pretende analisar a transição democrática na Itália do pós-Segunda Guerra e no Portugal da segunda metade dos anos setenta: em particular as continuidades e as mudanças nas relações entre o Estado e a Igreja sob o perfil institucional (Em relação às duas diferentes concordatas, a de 1929 em Itália, introduzida na Constituição de 1948, e a de 1940 em Portugal, 9

emendada com o Protocolo Adicional de 1975 no tocante ao matrimónio católico); o problema da representatividade política dos católicos; as relações entre as instituições eclesiásticas e civis, em particular o tema da laicidade, na cultura dos partidos políticos e das hierarquias eclesiásticas. Um ulterior aspecto da investigação, que contribui para a reconstrução de um quadro articulado do processo em análise, diz respeito ao modo através do qual na nova ordem democrática a presença e a influência da Igreja encontram expressão nas formas de propaganda e na ritualidade religiosa e civil, em sociedade e em contextos históricos diversos, mas que ambos conhecem fenómenos crescentes de secularização. Objectivo 1o O interesse da comparação entre Itália e Portugal reside no confronto de diferentes experiências de transição democrática, mas que marcaram profundamente a história dos respectivos países. Com esta comparação pretende-se alcançar um conhecimento mais profundo de ambas as realidades, bem como oferecer um contributo original para o estudo da democracia na contemporânea Europa do Sul. A análise da relação entre as esferas do civil e do religioso permite individuar alguns aspectos que tornam, hoje em dia, a democracia frágil e, em muitos países, incerta a laicidade das instituições públicas, tal como observar de diferentes ângulos as várias fases que caracterizaram as duas distintas transições democráticas. 2o São objecto de análise: as continuidades e das mutações nas relações entre Estado e Igreja sob o ponto de vista institucional; o papel desempenhado pelos católicos durante o processo de transição; os problemas colocados pela sua representatividade política no sistema democrático. Em particular uma reflexão sobre o tema da laicidade ajuda a perceber de que forma os partidos políticos e as hierarquias eclesiásticas responderam às novas exigências político-sociais ditadas pelo sistema democrático. 3o Individuar no processo de transição em que modalidades a presença e a influência da Igreja se confrontou com alguns aspectos de secularização que atingiram de formas e em tempos distintos os dois países. A ritualidade, enquanto espelho das instituições, permite indagar não apenas a esfera religiosa naquilo que lhe pertence na sua dimensão pública, mas também as múltiplas formas com que a democracia constrói a sua própria ritualidade, os seus modos de autorepresentação e de celebração pública. O cruzamento de metodologias e de fontes – como as audiovisuais – nas suas diferentes características, é um instrumento válido para individuar as modalidades em que a religião católica assume, nos países e nos períodos indicados, a forma de uma religião “civil”. Este aspecto permite uma releitura original sobre as relações entre Estado e Igreja nas duas transições, enriquecendo a abordagem político-institucional e conferindo maior precisão às análises de carácter sócio-cultural.

Fátima  Queiróz,  Trabalho  e  Saúde  dos  Estivadores  do  Porto  de  Lisboa:   proposta  de  construção  da  interdisciplinaridade  em  pesquisa   Propõe-se apresentar a pesquisa Trabalho e Saúde dos Trabalhadores Portuários de Lisboa: estudo comparativo com o Porto de Santos-Brasil (em desenvolvimento) que tem como proposição investigar a organização do trabalho e a saúde dos trabalhadores do Porto de Lisboa. Trata-se de pesquisa de pós-doutoramento sob a orientação da Doutora Raquel Cardeira Varela, historiadora, pesquisadora e coordenadora da Linha de Estudos do Trabalho e dos Conflitos Sociais da Universidade Nova de Lisboa, que se constitui como importante 10

universidade pública da área Metropolitana de Lisboa. O processo de modernização dos portos vem transformando as formas de organização e os processos de trabalho, identidades, formas de sociabilidade e valores de uma categoria profissional, os trabalhadores portuários. As mudanças em curso e suas repercussões nas experiências de saúde, adoecimento, bem como nas estratégias de cuidado desses trabalhadores, ainda pouco conhecidas, são aqui tomadas como objetos de investigação. O objetivo geral é analisar o processo de trabalho no porto de Lisboa nas formas de organização do trabalho das empresas portuárias e na configuração de diferentes experiências de saúde e adoecimento dos trabalhadores. Os objetivos específicos contemplam as análises do processo de trabalho aprofundando o olhar sobre a organização do trabalho; avaliação de sinais e sintomas da fadiga, de distúrbios musculoesqueléticos, da lombalgia e dos acidentes de trabalho, relacionando-os com a organização do trabalho no porto de Lisboa. Propõe-se ainda a uma comparação dos resultados, encontrados no porto de Lisboa, com os resultados da Pesquisa Processo de Modernização Portuária em Santos: implicações na saúde e no adoecimento dos trabalhadores (projeto este subvencionado pelo Conselho Nacional de Tecnologia e Pesquisa-CNPq-Brasil Processo 473727/2008 0). A consecução deste objetivo tem considerando o olhar interdisciplinar compartilhado com as (os) pesquisadoras (es) do Estudos do Trabalho e dos Conflitos Sociais, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa, de modo a garantir análises mais detalhadas sobre o objeto de pesquisa. A pesquisa é composta por etapas metodológicas, de abordagem quantitativa e qualitativa que contemplam: o conhecimento do processo e das condições de trabalho propondo uma investigação não exaustiva sobre as condições de trabalho de atividades selecionadas, pautado na ergonomia; o conhecimento do quadro de saúde/adoecimento dos trabalhadores através da avaliação da sensação de fadiga, dos distúrbios musculoesqueléticos, da lombalgia e dos acidentes de trabalho. Será também avaliada a Organização e Processo de Trabalho no porto de Lisboa através do discurso dos trabalhadores. Os resultados poderão contribuir para ampliar o conhecimento sobre o processo de trabalho, e organização deste, e suas implicações nos processos de saúde-adoecimento dos trabalhadores do porto de Lisboa (geração de fadiga, prevalência de lombalgia relacionada ao trabalho, distúrbios musculoesqueléticos e de acidentes de trabalho) e das representações e significados que os trabalhadores constroem sob a lógica do capital globalizado dos conflitos gerados nesta relação no âmbito do porto de Lisboa. A pesquisa apresenta elementos que podem contribuir na construção de uma política de Trabalho e Saúde para os trabalhadores portuários de Portugal, a partir de pesquisa no porto de Lisboa, procurando garantias de política pública de saúde para estes trabalhadores, bem como o compartilhamento de conhecimento com docentes da área de Ciências Humanas e Sociais.

Francisco  Pinheiro,  Sociedade,  desporto  e  cultura  no  Portugal   contemporâneo   Esta comunicação pretende abordar os principais paradigmas relacionados com a história do desporto na sociedade portuguesa, num percorrido histórico que relaciona desporto, lazer e cultura de massas na contemporaneidade. O desporto será colocado sob o olhar da oficina da História, contextualizando e enquadrando este fenómeno nas questões sociais, económicas, políticas e culturais que determinaram o século XX português, abordando igualmente o contexto internacional (especialmente o europeu) para uma melhor perceção global destes fenómenos. A comunicação será dividida em três períodos de evolução do desporto em 11

Portugal, abordando os seguintes tópicos: 1) 1875-1926 – do nascimento à popularização Nascimento, evolução e popularização do desporto e da ideia de lazer em Portugal, desde o último quartel do século XIX (Monarquia até 1910) ao fim da I República (1910-1926). Da criação do primeiro jornal desportivo (1875) ao auge da imprensa desportiva (1924-1926). Os primórdios do desporto português (1875-1893) e a consolidação de uma ideia de desporto. O surgimento das modalidades (ginástica, ciclismo, futebol, automobilismo) e o papel dos desportos tradicionais (tauromaquia, caça, pesca). As elites e o povo no contexto desportivo. A criação dos “grandes” clubes. Os primeiros jornalistas desportivos. A ideia de «novo homem» e o papel do desporto na sociedade republicana. Os conceitos de força e de «paz armada». O movimento olímpico e o herói nacional. O fenómeno desportivo durante a I Guerra Mundial. O papel doutrinal da imprensa desportiva. A expansão regionalista e a popularização urbana. A popularização do futebol. Profissionalismo e amadorismo. O desporto nas Colónias Ultramarinas. O auge da imprensa desportiva (1924-1926) e de um conceito de desporto popular através do futebol. A fotografia desportiva. O desporto entre as crianças e a mulher portuguesa. 2) 1927-1974 – da popularização à normalização A centralidade do meio urbano e as rivalidades desportivas entre Lisboa e Porto – a origem da “guerra norte/sul”. O desporto nos meios rurais e no Ultramar. O aparecimento da rádio desportiva. O jornalismo desportivo especializado e a criação dos órgãos informativos dos clubes. O papel do desporto durante a II Guerra Mundial. A fase de estruturação e organização do desporto durante o Estado Novo. O papel da Censura. A inauguração do Estádio Nacional e dos mega-estádios em Portugal (anos 40 e 50). O aparecimento da televisão e das grandes provas futebolísticas na Europa. O fotojornalismo desportivo de referência. Portugal no contexto dos megaeventos desportivos internacionais. O fim do Estado Novo e a Revolução do 25 de Abril de 1974. 3) 1975-atualidade – da normalização à espetacularização O desporto no contexto democrático. As conturbações pós-revolucionárias na sociedade e os seus efeitos no contexto do desporto. O domínio de Lisboa e o acentuar da Guerra Norte/Sul no futebol (clubes de Lisboa vs. clubes do Porto). O panorama radiofónico e televisivo desportivo na transição democrática e durante a democracia. Clubes e instituições na difusão de uma ideia de desporto. Diversidade política, diversidade cultural, diversidade informativa e desportiva. Consolidação da imprensa desportiva regional e o fim da relação com o Ultramar. O surgimento da imprensa desportiva diária e a espetacularização do fenómeno desportivo (futebolístico). O papel da televisão pública e dos canais privados. O jornalismo desportivo enquanto profissão. A violência e o fenómeno desportivo. Conflitualidade em nome das audiências. A imprensa desportiva impressa e online. Os social media, o herói desportivo e as novas fontes de informação. Os novos modelos de comercialização do desporto.

Giulia  Strippoli,  Activismo  transnacional.  Dirigentes  comunistas  e  militantes   Nesta comunicação pretendo discutir os conteúdos e os métodos do estudo das biografias dos dirigentes dos partidos comunistas e dos militantes de esquerda ao nível transnacional. O estudo das biografias – através das fontes, das memórias, e da literatura – demonstra a importância de ir para além de categorias definitórias amiúde abstractas e de investigar as combinações entre os vários factores. O interesse baseia-se no facto que não só na relação partido- movimento, mas também no interior do partido (e, mais interessante ainda, na mesmo percurso biográfico dum militante ou dum dirigente) podemos estudar as combinações - e as 12

possíveis configurações derivadas – de elementos como: a juventude, a ideia de autoridade e da direcção, o culto do leader, a identidade operária e a intelectual, a mediação entre estrutura e organização, etc. Sugiro então um percurso de pesquisa que considere a coabitação, seja dentro dos partidos comunistas, seja dentro das elites políticas, seja no interior dos percursos biográficos, dos vários elementos; as histórias de vida dos comunistas exprimem bem a articulação do cenário: é mais interessante descobrir as dinâmicas das relações e dos eventos de que definir as elites políticas comunistas como um tudo e neste sentido acho que as biografias possam ser esclarecedoras porque mostram as combinações e os afastamentos daqueles elementos fundamentais para compreender a história do movimento comunista internacional, tal como a relação entre direção e base, organização e espontaneidade, identidade operária e operaismo; e também a ideia do chefe e o culto do leader, as formas de militância dentro do partido e no ambiente familiar e social, a identidade de classe, o status de “intelectual”. Um outro aspecto interessante é o facto que esses elementos estão presentes e muito influentes também nos percursos biográficos e nas dinâmicas que concernem os grupos de esquerda revolucionária: também dentro dos grupos de esquerda que criticaram os partidos comunistas como revisionistas emergiram questões ligadas à liderança, à relação entre operários e intelectuais, ligadas ao género, aos gaps geracionais, etc. O estudo das histórias de vida e da actividade política de militantes comunistas que militaram fora dos partidos comunistas levou me a formular novas perguntas que considerem os membros dos partidos comunistas de formas menos preconceituosa possível, para melhor esclarecer a experiência política deles, as escolhas individuais e as repercussões que estas tiveram ao nível do colectivo partidário.

Helena  Silva,  Cuidados  de  saúde  aos  soldados  portugueses  durante  e  após  a   Primeira  Guerra  Mundial   Um em cada três soldados envolvidos na Batalha de La Lys morreu. A Primeira Guerra Mundial, conhecida pelo uso de artilharia avançada, causou inúmeras baixas e feridos. Quais foram os serviços de saúde dispensados aos soldados portugueses que lutavam na Primeira Guerra Mundial nas diferentes frentes e a reabilitação dos mesmos posteriormente? Este projeto pretende efetuar uma análise aprofundada sobre as condições de vida e de saúde dos soldados portugueses que lutaram na Europa (Flandres), bem como em África (sul de Angola e norte de Moçambique), mais precisamente quais foram as doenças que afetaram as tropas portuguesas, quais os tratamentos, quantos ficaram doentes ou morreram. Quais as políticas de saúde desenvolvidas pelo Estado português durante a guerra e qual o papel desempenhado por outras nações e instituições nos cuidados de saúde dispensados às tropas portuguesas? Se milhares ficaram feridos durante o conflito e sofreram importantes traumas, quais os esforços desencadeados pelo Estado português para assegurar a sua recuperação? Este projeto terá em conta os tratamentos dispensados aos feridos de guerra após o conflito, incluindo uma análise das diferentes instituições criadas para os receber e para a sua recuperação. Quem dispensou os tratamentos, onde, como e a quem? Estes tratamentos contribuíram de alguma forma para melhorar a qualidade de vida dos soldados feridos? Estes conseguiram integrar-se na sociedade e adaptar-se à vida civil após a guerra?

Ivo  Veiga,  Cooperação  e  resistência:  processos  de  mudança  tecnológica  em   regimes  transicionais  (1974-­‐1985)   Nesta época de transformação da Europa, em que é possível inverter trajectórias ou impulsionar uma mudança social e política mais efectiva, importa remontar a processos históricos e perceber a relação entre a mudança tecnológica e os contextos de crise e 13

instabilidade sistémica. Considerando as práticas das instituições e as interacções de diferentes actores sociais e políticos, este projecto pretende explicar como os processos de democratização afectam a reorganização da descoberta tecnológica e sistema científico. O papel da arquitectura institucional na mudança tecnológica tem merecido pouca atenção quando enquadrada em regimes transicionais. De resto, tomar como campo de análise a relação entre regimes políticos – uma democracia, por exemplo — e mudança tecnológica suscita algumas questões. Desde logo porque as dinâmicas da inovação inscrevem-se em diversas configurações históricas, espaciais e institucionais. Para mais, e neste período em concreto, as mudanças institucionais portuguesas e espanholas coincidem com a redefinição internacional dos sistemas de investigação e desenvolvimento exigindo uma ponderação do seus efeitos. Todavia, como demonstra a história recente na Europa de Leste, conjunturas de profunda mudança social e política podem afectar a inovação e tecnologia, pelo que o tema merece um renovado interesse empírico e historiográfico. Nesse sentido, esta problemática ganha maior pertinência analítica se nos focarmos nos processos de democratização e não num regime já consolidado. Por outras palavras, uma análise focada nas instituições em sistemas sociais e políticos em mudança ajuda-nos a perceber melhor como aquelas condicionam ou possibilitam transformações no âmbito tecnológico e sistema científico. Isto porque capta as novas condições institucionais ao mesmo tempo que realça a recomposição de velhos elementos, ou a sobreposição de ambos. O estudo incidirá sobre a democratização Portuguesa (1974-85) e Espanhola (1976-1985) e explorará as variações nacionais considerando os diferentes factores explicativos da mudança tecnológica relacionados com as configurações internacionais dos sistemas de investigação e desenvolvimento, mas fundamentalmente examinando a trajectória historicamente situada das instituições e agentes de tal processo. Assim, ao sublinhar a temporalidade e duração destes processos de transformação tecnológica procura-se tornar a grelha de análise comparada mais robusta, como também avaliar melhor o papel das políticas públicas, associações patronais, associações sindicais, actores políticos e comunidade científica nessa mudança.

Koldo  Trápaga  Monchet,  La  provisión  de  madera  como  una  necesidad   política:  bosques,  asientos  y  construcción  naval  en  el  reino  de  Portugal   (1580-­‐1640)   La investigación que procedo a exponerles forma parte de un proyecto de investigación más amplio dirigido por la profesora Rosa Varela Gomes dentro del Instituto de Arqueología y Paleociencias de la Universidad Nova de Lisboa. En ella mi compañero, Antonio Rocha Santos, y yo desarrollamos una investigación en la que combinamos varias disciplinas y enfoques variados con el propósito de responder a una serie de cuestiones relacionadas con la madera y la construcción naval. El nombre del proyecto es “Forest Resources for Iberian Empires: Ecology and Globalization in the Age of Discovery”. Las preguntas clave de las hipótesis de nuestro proyecto son las siguientes: 1) ¿Eran los recursos forestales ibéricos suficientes para proveer la madera suficiente para la construcción naval? 2) ¿De dónde procedía la madera? 3) ¿Cuáles fueron los recursos movilizados por los Reyes para su obtención? 4) ¿Quiénes formaban parte en el proceso de 14

5) ¿Cuál fue la importancia de la provisión de madera dentro de la Monarquía Católica? Los bosques del rey en Portugal y en Castilla eran insuficientes para garantizar toda la madera requerida en los astilleros de Lisboa y otros puertos de la Península Ibérica. Los reyes utilizaron cuatro estrategias para asegurar la provisión de madera para construcción naval, siendo importados aquellos componentes navales que no se encontraban en la Península Ibérica. De esta forma los bosques del rey, tierras privadas, asientos (desembolso económico) y comercio se interrelacionaban con un propósito claro: la construcción y reparación naval en el reino de Portugal. El objetivo de esta ponencia es detallar la importancia de cada una de las estrategias desarrolladas por los monarcas Habsburgo durante el periodo de Unión de Coronas entre 1580 y 1640.

Luís  Trindade,  Portuguese  Culture  and  the  Globalization  of  Sound  and  Image.   A  history  of  audiovisual  culture  in  Portugal  from  the  1950s  to  the  1990s   This project aims to open a groundbreaking field of research at the intersection of Portuguese cultural history and cultural studies by historicizing the development of audiovisual culture in Portugal from the mid-1950s to the early 1990s. Methodologically, it proposes a shift of the traditional object of cultural history from Portuguese Culture to Culture in Portugal. What at first may seem as a simple semantic change is aimed to constitute a decisive expansion in a field traditionally dependent on literary history and national identity. By focusing on what circulates throughout the cultural field, rather than what is intrinsically Portuguese, this research will not only engage with heterogeneous cultural media (cinema, radio, television, popular music), but it will also grasp the circulation of foreign works and authors in Portugal. This heterogeneous approach indicates a commitment to interdisciplinarity that can be traced back to the late 1990s, when I started my career as a cultural historian. For fifteen years, I built a research profile based on the questioning of dominant narratives and methods in early twentieth-century cultural history. This took different forms, from rethinking the structures of intellectual life and the literary field, to the expansion to cinema, journalism, the theatre and sport in my research. The main outcomes of this initial phase were two monographs in 2004 and 2008, the organization of a conference in 2004 (whose proceedings were published in 2008), and the organization of a research seminar at the ICH in 2006. These events represented an important contribution to the development of Portuguese cultural history and cultural studies. More recently, I have expanded my research to the second half of the century and specialized in new areas of study such as television, music and advertisement. This proposal can be seen as a follow up to my seven-year experience as Senior Lecturer in Portuguese Studies at the Birkbeck College. As a cultural historian working in a foreign department of cultural studies, I had the chance to participate in an academic environment committed to interdisciplinarity and comparative analysis. This experience has also enhanced my competence as a research leader and my ability to establish international research teams, particularly through the supervision of doctoral and postdoctoral projects, and close collaboration with colleagues from foreign universities. In these circumstances, the project will be in a particularly favourable position to contribute to the internationalization of Portuguese cultural history and cultural studies, not only through expected published outputs (three articles, one edited book, one monograph), but also through the development of research networks (a new research group and proposals for one international research project and one international FCT PhD programme – more details in “Expected Outcomes”) whose impact is likely to continue beyond the funding period.

Pau  Casanellas,  Ordem  pública  e  prática  armada  nos  anos  70:  desconstruindo   15

relatos   Ao longo dos anos 70 do século XX, abundaram na Europa Ocidental leis, normas e práticas formalmente encaminhadas a fazer frente à luta armada. Especial interesse têm os casos da Alemanha Ocidental, considerada o modelo a partir do qual se contruiu a excepção legislativa que imperou noutros países, e Itália, onde a força da esquerda radical foi combatida por uma feroz violência de extrema direita e parestatal, bem como por uma estratégia judiciária que equiparou as tentativas revolucionárias ao exercício da luta armada. A justificação da maioria destas medidas repressivas era simples: perante uma violência que atacava o coração mesmo das instituições parlamentares, a salvaguarda da democracia exigia a suspensão de alguns direitos fundamentais, se bem que isto quebrasse – pelo menos de maneira parcial – alguns dos princípios básicos do Estado de direito. Contudo, se olharmos detalhadamente ao desenvolvimento dos acontecimentos, surgirá a necessidade de construir um relato mais complexo, no qual a repressão do Estado aparece não somente como a resposta à aparição de formas de contestação violentas, mas também como parte do processo todo. A exposição tentará situar de maneira geral a temática, para aprofundar logo em alguns aspectos concretos ligados ao início da dinâmica aqui estudada, no contexto do final dos anos 60.

Paula  Caspão,  Performances  e  Ecologias  da  Teoria,  da  Documentação  e  do   Arquivo  (metodologias  em  diálogo)   O projecto de investigação em que actualmente trabalho teve início em 2013, e tomou forma com o intuito de explorar a relação entre as estéticas e as políticas geradas no âmbito das artes performativas contemporâneas, e as estéticas e as políticas geradas no âmbito do discurso crítico, da teoria, da documentação e do arquivo. Tentava assim responder à necessidade de fomentar espaços de diálogo e de problematização de fronteiras assumidas entre áreas de conhecimento e de acção: entre a investigação universitária, a prática artística contemporânea e a “composição do comum” ou espaço público (Latour 2005a). Entendendo-se como prática situada, e tendo em conta o enquadramento a um tempo intra- e extra-institucional em que se insere, o estudo em questão não podia deixar de atentar nas condições e implicações estéticas, sociopolíticas e económicas das suas próprias actividades de investigação (tanto académica como artística). Inspirando-se em estudos recentes da área da “teoria dos afectos” (Ahmed, 2004, 2010; Brennan, 2004; Carter, 2004; Clough, 2007; Grossberg, 2010), e recorrendo a ferramentas da área das práticas coreográficas – tomando nomeadamente a posição de entender a investigação académica e o “fazer teórico” em geral como práticas cinestésicas incorporadas (Connor, 2008) – este estudo pretende dar visibilidade às condições de produção do conhecimento (aos trâmites, à “vida” do trabalho imaterial), bem como evidenciar as potencialidades de encontro e intercâmbio crítico-construtivo entre correntes de investigação diversas; entre a investigação universitária, a criação artística e vários outros espaços de cultura, de produção e apresentação de obras. A partir de 2016 dar-se-á continuidade ao trabalho realizado nos primeiros três anos de investigação – sobre a relevância estética e política de um intercâmbio metodológico entre Performance, Crítica, Teoria, Documentação e Arquivo – mas abordando mais exclusivamente as Performances e as Ecologias específicas do Museu e do Arquivo. Não só como instituições de colecção, preservação, exposição/transmissão de conhecimento e de história, mas também e sobretudo como práticas sócio-coreográficas que implicam sempre uma política e uma estética do tempo e do espaço; que implicam, replicam e geram arquitecturas e ritmos de 16

acesso particulares ao conhecimento e à história de que dispõem, que acolhem e expõem – criando condições, de maneira em boa parte incorporada e sempre situada, para certos tipos de (des)encontros, experiências e relações com o conhecimento e com a história, que não cessam de re-performar. Pretende-se, por um lado, alargar as noções de Museu, Arquivo e Instituição de forma a nelas incluir o corpo, os afectos (Cvetkovich, 2003; Dinshaw, 2012), as performances dos curadores, arquivistas, artistas, investigadores, visitantes, espectadores, leitores, objectos e dispositivos implicados...Trata-se, por outro lado, de afirmar e reconsiderar a necessária relação de reciprocidade – intermediação – da performance e das práticas (ditas) do corpo com as infra-estruturas materiais e dispositivos institucionais que as apoiam e coconstituem (Jackson, 2011; 2001), no sentido de incentivar formas de reactivar a instituição; de pensar concretamente o tipo de instituições e funções sociopolíticas que necessitamos que assumam, e que hoje em dia tendem a ausentar-se da esfera pública (Cvejic & Vujanovic, 2012).

Paulo  Catrica,  Arquétipos  e  estereótipos  das  fotografias  de  paisagem   enquanto  ‘lugar  comum’   Esta apresentação pretende convocar, posicionar e discutir questões que envolvem a prática, e a teoria das fotografias enquanto paisagem de ‘lugar comum’. A discussão parte da investigação teórico-prática de pós-doutoramento que estou a desenvolver, tendo como limite geográfico o território português no período entre 1955 e 2010. Trata fotografias provenientes de espólios históricos e contemporâneos, seja concretizados sob espectro disciplinar e institucional, ou trabalhos desenvolvidos a partir da iniciativa de fotógrafos autores. A transversalidade de materiais e de trabalhos pautou a necessidade de distinguir arquétipos e estereótipos que mapearam as práticas da fotografia de paisagens. Esta análise considera as fotografias artístico/documentais enquanto arquétipo predominante do universo simbólico da representação fotográfica da paisagem desde o final da década de 1950. Partindo da relação assunto vs forma, pretendo (re)construir uma arqueologia de estereótipos, tendo por objectivo a discutir os paradigmas ideológicos e visuais que moldaram a produção e circulação das fotografias de paisagem de ‘lugares comuns’.

Ricardo  Noronha,  A  via  portuguesa  para  o  neoliberalismo   Esta comunicação assenta num esforço de identificação do neoliberalismo enquanto movimento transnacional de ideias, paradigma político e modo de governamentalidade, desenvolvendo algumas das hipóteses sugeridas no curso ministrado por Michel Foucaul no Collége de France entre 1978 e 19791, onde este analisou o desenvolvimento teórico desta corrente a partir das reflexões desenvolvidas no quadro da Escola de Friburgo (também designada por "Ordoliberalismo") e da Escola de Chicago (ou "Monetarista"). A abordagem de Foucault ao pensamento neoliberal - realizada num momento em que este começava a sair da sua relativa marginalidade e inspirava os programas económicos do Partido Conservador no Reino Unido e do Partido Republicano nos Estados Unidos da América - veio salientar os pressupostos e implicações epistemológicas da apologia da concorrência e do mercado enquanto lugar de formação dos preços, em contraponto à planificação económica e às técnicas de regulação de inspiração Keynesiana, bem como o longo esforço de elaboração teórica e experimentação levado a cabo no âmbito da Sociedade do Mont Pélerin desde 1947. Foucault avançou então o conceito de "governamentalidade" para designar o liberalismo 1

Michel Foucault, O nascimento da biopolítica (Lisboa: Edições 70, 2010)

17

enquanto uma "tecnologia de poder", ancorada num campo de saberes interdisciplinar desenvolvido numa esfera transnacional, acentuando as diferenças entre as modalidades clássicas do liberalismo desenvolvido nos séculos XVIII e XIX e a sua nova configuração na segunda metade do século XX. Esta perspetiva inspirou algumas das mais estimulantes abordagens do neoliberalismo enquanto projeto político, assentes numa genealogia da sua elaboração teórica e da sua ascensão a uma posição hegemónica, enquanto paradigma de política económica no contexto da crise económica da década de 19702. Trata-se de uma perspetiva analítica que valoriza o papel das ideias e das elites intelectuais, assinalando a sua influência sobre os agentes políticos e os imaginários sociais, sublinhando a relação entre reflexão teórica e intervenção estratégica que inspirou a reconfiguração da esfera do Estado e a consagração da esfera do mercado a partir da década de 19803. Partindo dessas abordagens e contributos interpretativos, procurar-se-á identificar os contornos e traços específicos de uma «via portuguesa para o neoliberalismo», enquanto crítica das várias formas de intervencionismo estatal na economia e enquanto regime de verdade sobre o conjunto das relações económicas e instituições sociais, a partir de conceitos como o de "indivíduo", "concorrência" e "liberdade".

Rui  Lopes,  Portugal  na  ficção  audiovisual  dos  aliados  democráticos  do  Estado   Novo   Esta investigação propõe-se analisar o desenvolvimento histórico da imagem de Portugal, incluindo a dimensão colonial, na ficção cinematográfica e televisiva das democracias com relações mais próximas do Estado Novo, nomeadamente os Estados Unidos da América, Reino Unido, França e República Federal da Alemanha. Este tipo de ficção – incluindo obras com grande apelo de massas, como filmes de aventuras, comédias românticas ou séries de espionagem cujo enredo se desenrola em território português – encorajou perceções do regime salazarista nas sociedades dos seus aliados. Pretendemos examinar o modo como essas representações evoluíram em diversos contextos políticos e culturais desde 1933 a 1974, bem como a gestão dessas representações feita pela ditadura. A relevância destas questões prende-se com o facto de as representações propagadas por este tipo de ficção elucidarem aspetos significativos da História do Estado Novo e dos seus aliados. Se é verdade que a análise de encontros ministeriais confidenciais ou das assembleias da ONU nos tem permitido discernir as perspetivas de políticos e diplomatas estrangeiros sobre a ditadura salazarista, falta ainda apurar as perspetivas dos criadores artísticos e, até certo ponto, do grande público, na sua maioria alheio aos detalhes de muitas das negociações governamentais mas exposto ao retrato de Portugal em filmes e séries de televisão populares. O sucesso da ficção cinematográfica e televisiva junto do público de massas nas sociedades ocidentais confere a estes ramos da indústria de entretenimento um elevado potencial de significado político. As mensagens veiculadas – aberta ou subtilmente, intencional ou inadvertidamente – alcançam largos sectores da opinião pública, a qual tem um papel

2 Nomeadamente em Dieter Plehwe e Philip Mirowski (Eds.), The road from Mont Pelerin - The making of the Neoliberal Thought Collective (Londres: Harvard University Press, 2009). Cf. Também Thomas Lemke, 2001, '«The Birth of Bio-Politics« – Michel Foucault's Lecture at the Collège de France on neoliberal governmentality', Economy and Society, Volume XXX (2), 190-207. 3 Michael A. Peters, "Neoliberal Governmentality: Foucault on the Birth of Biopolitics" in Susanne Maria Weber e Susanne Maurer (Eds.), Gouvernementalität und Erziehungswissenschaft (Wiesbaden: Verlag für Sozialwissenschaften, 2006), 37-49; Calin Cotoi, "Neoliberalism: a Foucauldian Perspective", International Review of Social Research, Vol. I, Nº 2, Junho 2011, 109-124; Nicholas Gane, "The Emergence of Neoliberalism: Thinking Through and Beyond Michel Foucault’s Lectures on Biopolitics", Theory, Culture & Society, Novembro 2013.

18

determinante na condução do poder em regimes democráticos. Naturalmente, as perceções de Portugal neste período não se esgotam nas imagens transmitidas pela ficção, muito menos exclusivamente pela ficção audiovisual. Do mesmo modo, não é certo que a visão do Estado Novo promovida por esses meios se traduza num substancial impacto social ou político. Não obstante, a análise destas representações é um passo essencial para começar a decifrar as relações entre a produção e disseminação cultural e o posicionamento (ou ausência dele) das sociedades em causa relativamente à ditadura e colonialismo portugueses.

Sara  de  Albuquerque,  Botanical  Exchanges  and  Networks  of  Knowledge:   Friedrich  Welwitsch’s  African  Expedition  (Iter  Angolense  (1853  –  1860)   My aim is to study and understand the nineteenth century’s botanical exchanges using the case study of Welwitsch’s African Expedition by illuminating the multiple histories entangled, using the colonial science in the Portuguese and European context. In this way, the scientific networks, the type of actors, interactions, methodologies and practices of botany during the Iter Angolense (1853 – 1860) are revealed providing insights into the botanical exchanges occurred during this period. These exchanges involved scientific networking, travelling specimens, collections and indigenous knowledge, between Portugal, its former colonies (Angola in particular) and other imperial powers (namely the British Empire). These collections which include herbarium specimens, correspondence, drawings, maps and raw materials are spread throughout different national and international institutions in particular the LISU Herbarium, Lisbon and the NHM, London. To explore this, a critical engagement with herbaria, economic botany collections, archives, publications as well as online library resources will be conducted.

Sebastião  Silva,  Novos  instrumentos  para  o  estudo  da  História  da  Doença  do   Sono   Este projeto tem dois objectivos principais: aumentar o nosso conhecimento acerca da Doença do Sono usando novas metodologias para reavaliar informação produzida durante o século XX e apresenta-la de uma forma compreensível para diferentes públicos, de acordo com as suas necessidades e interesses. Proponho atingir o primeiro objectivo através do estudo da evolução da doença do sono, a sua geografia e a sua relação com mudanças sociais, económicas e políticas que aconteceram em locais estratégicos de África durante o século XX. Estes locais – Príncipe, Niger, Bioko e o Kruger National Park – foram selecionados, por um lado, devido à circunstância de terem sofrido uma mortalidade especialmente alta causada pela epidemia e, por outro lado, por terem sido o palco de intervenções inovadoras que pretendiam eliminar a doença. O segundo objectivo do projeto assentará na visualização digital da informação recolhida e analisada acerca dos focos da doença e do impacto das medidas implementadas para a combater.

Steven  Forti,  Biografía,  análisis  del  lenguaje  político  e  historia  comparada.  El   caso  de  los  tránsfugas  en  la  Europa  entreguerras   En la intervención se presentará el proyecto de investigación post-doctoral que se ha empezado en verano de 2014 y que lleva por título “El tránsito de la izquierda al fascismo en la Europa de entreguerras. Historia comparada y análisis del lenguaje político”. En ella se está estudiando la cuestión del tránsito de la izquierda al fascismo en la Europa de 19

entreguerras, ciñéndose en seis casos nacionales (Italia, Francia, España, Portugal, Bélgica e Inglaterra). Se está abordando la temática del mal llamado transfuguismo a través de tres distintos niveles: el estudio de las biografías de los dirigentes políticos (y cuando posible también de algunos intelectuales) que transitaron de la izquierda al fascismo en estos seis contextos nacionales entre la Primera y la Segunda Guerra Mundial; la perspectiva de la historia comparada y transnacional y el análisis del discurso y del lenguaje político. Se trata de una investigción que se enmarca en los estudios de historia política y de historia del pensamiento y el lenguaje político del siglo XX, atenta también a las perspectivas de historia cultural y social. En la intervención se pondrán de relieve tanto los puntos de partida metodológico y teórico de la investigación como los avances de la misma, prestando particular atención a los tres primeros contextos nacionales analizados (Italia, Francia y España) y las primeras reflexiones a las cuales se ha llegado. Textos que se adjuntan sobre esta cuestión: • S. Forti, “Traidores, conformistas y apasionados de la política. Una nueva lectura de la Europa de entreguerras entre biografía, lenguaje e historia política”, Segle XX. Revista catalana d’història, 6 (2013), pp. 133-157. • S. Forti, "Partito, rivoluzione e guerra. Il linguaggio politico di un transfuga: Nicola Bombacci (1879-1945)", Memoria e Ricerca, 31 (2009), pp. 155-175.

Tânia  Casimiro,  A  Faiança  Portuguesa  no  comércio  transatlântico  luso-­‐ americano   A Faiança Portuguesa foi ignorada durante muitos anos enquanto produto de grande dispersão mundial, encontrando-se hoje comprovada a sua presença em diversos países do mundo, sobretudo em contextos datáveis do século XVII. Esta ocorrência foi identificada não apenas nas colónias portuguesas, uma extensão do nosso território, mas identicamente em quase todos os países europeus e respectivas colónias, nomeadamente na América do Norte, sobretudo na zona do Atlântico Norte, cuja actividade principal foi a pesca do bacalhau. Não obstante, ainda que a presença inglesa tenha sido menos intensa nos territórios mais a sul, até ao século XVIII, também aqui as colónias ofereceram interessantes quantidades deste produto. É objectivo do presente projecto identificar, registar, analisar e interpretar a presença de Faiança Portuguesa naquelas colónias, avaliando o impacto económico, social e cultural que a sua exportação protagonizou, não apenas naqueles territórios, mas igualmente nos centros produtores que para ali exportaram. O propósito deste projecto visa a análise e interpretação dos objectos em faiança descobertos nos contextos arqueológicos das colónias inglesas norte americanas. É este projecto o primeiro estudo metódico e coerente daqueles bens, atendendo às suas características produtivas, determinando centros de produção, analisando particularidades decorativas, redes de distribuição e consumo. Encontram-se assim em estudo milhares de peças acerca das quais nunca ninguém fez história. O presente trabalho constitui uma novidade científica nunca levada a cabo de modo sistemático e enquadrado por objectivos concretos, podendo, dessa forma, lançar novas luzes sobre um conjunto de questões ainda em aberto sobre a verdadeira importância da faiança enquanto produto transcontinental. Assim o presente projecto assenta em quatro grandes objectivos: 1) Construir um modelo complexo de distribuição e consumo da Faiança Portuguesa nas colónias norte-americanas, numa vertente material, económica e social; 2) Reconhecer e registar todas as evidências materiais de Faiança Portuguesa, distinguindo 20

centros produtores e permitindo a construção de catálogos de formas e decorações, fundamentais na interpretação tipológica e cronológica das evidências materiais; 3) Cruzar evidências arqueológicas e documentais que nos permitem inferir sobre o valor que aquelas tinham nos locais em estudo; 4) Concluir sobre a importância da Faiança Portuguesa nas colónias inglesas, respondendo a perguntais tais como: Quem eram os intervenientes no comércio de louça entre Portugal e as aqueles territórios? Ocupam aquelas peças um lugar de destaque nos contextos domésticos coloniais ou tratam-se apenas de mais um objecto do quotidiano? Que importância tinham as colónias inglesas para o comércio de louça português e consequentemente na sua produção? Quem eram os grupos sociais que as consumiam?

Tiago  Brandão,  História  e  devir  da  política  científica  portuguesa   O objetivo central do projeto de pós-doutoramento em curso – intitulado “A Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (1974-1997): Política Científica em Democracia” – é conhecer as problemáticas da política científica portuguesa, respectivas orientações e atores, a partir da evolução da JNICT, desde o período pós-Abril até 1997, altura em que esta mítica agência coordenadora dará lugar à Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Estudar a JNICT e respectivos protagonistas, as suas relações institucionais e as políticas promovidas, no sentido de captar o confronto das visões estratégicas, é uma forma de analisar a política científica do Portugal democrático, no entendimento de que o conhecimento da história da política científica em Portugal é um contributo importante para a compreensão histórica da organização e administração da ciência, das instituições e respectivos intervenientes da política científica, tanto no passado como no presente. Procurar-se-á então, nesta intervenção, elaborar um comentário em torno deste programa de trabalho em andamento, avaliando-se os resultados alcançados após dois anos de investigação e produção académica. Em particular, far-se-á um balanço sobre o sentido histórico dos trajetos da política científica portuguesa, identificando-se os mitos e problematizando-se sobre os seus atores e respectivos conceitos, assim contribuindo para caracterizar a identidade do ‘sistema científico’ português. Recomenda-se os seguintes textos de apoio: Brandão, Tiago. 2015. “A formação da JNICT e a política científica no período Pós-Abril” in 40 Anos de Políticas de Ciência e de Ensino Superior, org. por Maria de Lurdes Rodrigues e Manuel Heitor. Coimbra: Almedina, pp. 187–234. Brandão, Tiago. 2015. “Caminhos históricos da política científica portuguesa. Da matriz republicana à Revolução de Abril (1910-1976)”, CES Contexto – Debates, Julho, n.º 11 – Olhares sobre o século XX português – VIII e IX Ciclos Anuais de Jovens Cientistas Sociais, pp. 102-137. Brandão, Tiago. 2015. “Shaping Portuguese science policy for the European Horizon: The discourses of technological change”, 37 pp.. (no prelo)

Virgínia  Baptista,  Mulheres  trabalhadoras  e  saúde  em  Portugal  (1900-­‐  1976)   Esta apresentação insere-se no projecto de tese de pós-doutoramento, que agora inicio, sobre o tema das mulheres trabalhadoras, medicina e saúde em Portugal, na época contemporânea. O período cronológico escolhido explica-se do seguinte modo: desde o início do século XX foram elaboradas várias dissertações médicas reflectindo a preocupação e a necessidade da assistência social e médica das mulheres grávidas pobres e de protecção materno-infantil e, em 1976, a Constituição garantiu: «Todos têm o direito à segurança social» (artigo 63.º) e «O 21

direito à protecção da saúde é realizado pela criação de um serviço nacional de saúde universal, geral e gratuito…» (artigo 64.º). Pretendo neste projecto analisar a legislação elaborada e as medidas de protecção das mulheres trabalhadoras na saúde, enquadradas na assistência, na previdência e na segurança social, seguindo os conceitos de solidariedade definidos por Coriolano Ferreira, primeiro Diretor-Geral dos Hospitais, e, mais recentemente, pela historiadora Maria Antónia Lopes. Durante toda a época vigorou a assistência e a previdência públicas e privadas, e só em 1973, com a nova designação do Ministério das Corporações e Segurança Social, se inaugurou oficialmente a segurança social, entre nós, como salientou António da Silva Leal. Igualmente, em 1973, com a criação do o Ministério da Saúde, ocorrerá a autonomização da saúde relativamente à assistência. Múltiplas questões sobressaem neste projecto. Parto das conclusões sócio--demográficas de estudos anteriores que elaborei, correspondentes a problemas identificados nas épocas – as elevadas taxas de feminização no mercado de trabalho, a prevalência de mulheres activas em idade de fecundidade e as altas percentagens de mortalidade infantil, até aos anos 70. Procurarei responder às seguintes questões: Como evoluiu a concepção dos poderes público e privado sobre a protecção do trabalho feminino e a saúde das mulheres e das crianças? Quais foram as principais concretizações estatais e particulares no âmbito da protecção e saúde materno-infantil? Conhecendo a dispersão dos arquivos e da documentação nestas áreas científicas, pretendo basear-me em fontes primárias (recenseamentos gerais da população, anuários demográficos, registos médicos e de associações) e em bibliografia diversa da época, nacional e internacional.

22

Lihat lebih banyak...

Comentarios

Copyright © 2017 DATOSPDF Inc.