Identidade Nacional

September 11, 2017 | Autor: Artur Victoria | Categoría: Nationalism, National Identity, Nacionalismo
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Descripción

IDENTIDADE NACIONAL

JORGE DIAS

- Elementos fundamentais da Cultura in Estudos do Carácter Nacional Português - Lisboa 1971 · Unificação e permanência da Nação deve-se ao mar · Igualmente a perda de uma das partes ou a anexação de uma parcela nova acaba por afectar com o tempo as características da cultura nacional (1) · Os 4 pilares da cultura Portuguesa os Lusiadas os Jerónimos o Poliptico de Nuno Gonçalves os Tentos de Manuel Coelho ·Capacidade de adaptação a climas, profissões, culturas, idiomas e gentes. O português foi sempre poliglota · Integração de várías culturas. Autocnes - celtas, romanos, judeus, germanos, muçulmanos. · Ambiente natural em que vive (na chamada Ibéria Húmida contrastando com a Ibéria Seca segundo Jean Brunhes). (1) A perda do Ultramar, posterior a este estudo poderá, ou não confirmá-lo.

EDUARDO LOURENCO ln Nós e a Europa ou as duas razões, Imprensa nacional, 1988 · A questão não é a Identidade mas a superidentidade de quase mórbida fixação na diferença que nos caracteriza (ou imaginamos que caracteriza) dos outros povos. · Analogia com o povo judaico. A nossa Jerusalém é o nosso passado. · O nosso grau de segurança ontológica é elevado contrastando com a consciência da nossa fragilidade objectiva.

. Sentimento de identidade homogeneizado pela: - Língua; - História; - Cultura; - Religião; - Marginalização no contexto europeu. - Uma estrutura social de malha cerrada, uma aldeia de todos, uma parentela com mais de 8 séculos de coabitação, uma árvore geneológica comum.

- É uma condição que nos marca para a vida.

-a perigo é confundir esta "particularidade" com a Universalidade, o de nos imaginarmos o Centro do Mundo criando um universo de referências autistas.

JORGE BORGES DE MACEDO

ln Não temos o direito de desistir - ln Prelo n° 1 - 1983 Identidade Nacional é a consciência pública e comunicada da Nação, estabelecida sempre segundo o princípio de que as suas convergências e opções se definem na sua história, na sua cultura, no seu território e na sua missão que desempenhou ou desempenha e são superiores, em eficácia e segurança, às divergências que naturalmente comporta. . A identidade nacional constitui a apreensão actual da continuidade definida pelo processo da sobrevivência e exprime-se na convicção de que essa continuidade deve manter-se. É simultaneamente uma vivência e um projecto. A Identidade Nacional não é um elixir ou um conjunto automático de soluções: é um guia, um conselho uma esperança, uma advertência, uma exigência de pensar.

a enfraquecimento de Identidade Nacional

'e muito mais a consequência de muitas vias e

incidências que desprevenidamente se exercem sobre a Sociedade Portuguesa, sem debate nem ajustamento. É o resultado da programação tecnocrática do ensino despojado de respeito pela identidade nacional e pela sua indiscutivel experiência.

JOSÉ AUGUSTO FRANÇA Falemos antes de definição in Prelo n" 1-1933

...a dita "identidade nacional" está por natureza, satisfeita entre a montanha e o mar que nos empurra ou puxa, vai para dez Séculos duma história vivida na miséria de pais pobre que só tem de seu os céus, de rezar ou de dar chuva e sol.. Identidade não falta a Portugal. .pela própria natureza do sol e do solo e das gentes harmoniosamente moçárabes

opostas..

.. Filhos

de

Senhores

godos

ou

de

Servos

de uns tomaram uns a brutalidade... e de outros, outros a paciência sem

finuras sábias de cultura... .

.

.

Não é pois de identidade que se trata ou pode tratar mas de definição, isto é, de não como somos mas de como podemos ou não escolhermo-nos. A diferença da problemática da identidade para a problemática da definição está em que a primeira assenta no passado histórico e a segunda no futuro histórico a partir do presente histórico...

..

EDUARDO LOURENÇO

Crise de Identidade ou Ressaca Imperial ln Prelo n" 1-1983 A autêntica questão da identidade é a que nasce "desde dentro"

Para cada Nação, aliás, a História (como discurso sobre o seu processo) é, antes de mais, a necessária e voluntária ficção de uma identidade "à posteriori", processo de sublimação do seu caótico, imprevisível, precário ou aleatório viver real. Para nenhuma destas Nações ... a identidade foi um "dado em si", um mero atributo da sua existência histórica. Para todas a "identidade" foi esforço e luta por uma estruturação, sem cessar posta em causa, "afirmação de si" com tonalidades as mais diversas. Neste sentido uma Nação está sempre em crise de identidade... Enquanto comunidade definida por uma relação consistente com um solo exiguo, uma lingua comum, um passado politico largamente partilhado, Portugal, é um povo sem problemas de identidade....

o

nosso caso é talvez mesmo único e a consciência desta unicidade não é alheia ao

sentimentalismo tão intenso da nossa coesão nacional, ou melhor da nossa identidade.

o

nosso problema nunca foi o da identidade mas o do próprio

excesso com que nós

vivemos, em suma o da hiperidentidade que historicamente nos adveio não só desse facto da nossa intensa singularidade como do suplemento que lhe foi agregado quando nos tornamos "senhores da conquista da Guiné, Etiópia etc." ... Após breve exitação, de povo colonizador por excelência, multi espacial e racial, passamos a nação criadora de Nações. Assim a mitologia Salazarista de nós mesmos, desmentida na prática, triunfou no plano simbólico. Pudemos continuar os mesmos sendo já outros. Mais uma vez a simples manipulação do discurso nos economizou um exame de consciência devastadora como são, em geral, aqueles que se traduzem por uma crise de identidade.

JOSÉ FERNANDES FAFE Reflexões sobre "A crise da identidade nacional" in Prelo n02 - 1984

Identidade - É uma noção da Psicologia O sentimento do sujeito da sua unidade (apesar das clivagens) e da sua continuidade (apesar das mudanças).

É um sentimento adquirido. Em "identidade nacional" há "Nação" Conceito de Nação Sentimento generalizado de pertença na população de um estado, a esse Estado, que será então, por virtude de tal sentimento, com toda a propriedade, um Estado Nação. A crise ou a revolução de 1383/85 representa o sentimento de pertença á Nação sobre o sentimento de pertença ao Senhor.

Novo projecto Nacional - A Coerência de 4 projectos O pedido de adesão á CEE e os necessários planos modernizadores, a condição de membros da NATO, os laços com Brasil e Palop, os núcleos de emigrantes.

DOUGLAS L. WHEELER ln Portugal Ancient Country, young democracy, Whashington 1990

Portugal foi um "país precoce". Tem as fronteiras mais antigas da Europa, foi o primeiro estado Nação na Ibéria, foi primeiro nas descobertas, foi o primeiro povo europeu a estabelecer um império ultramarino, ou a criar feiras industriais. Teve uma significativa mas breve vocação, entre 1415 e 1578, de povo universal.

A diversidade de exposições da experiência Portuguesa é analisada em vasta literatura de desigual qualidade. Um tema comum, no princípio do Séc. XX, é a explicação do carácter nacional, uma convicção de que os Portugueses possuem um carácter nacional diferente com modelos de comportamento e atitudes comuns a partir do séc. XVI ou mesmo antes, e que muitos criticos consideram ser inimigas de um moderno estilo Europeu.

A escola

"modernista" de historiadores e pensadores rejeita a "explicação do carácter

nacional", dizendo que esta análise é especulativa, moralizante e não científica. Influenciados por historiadores Franceses e pela historiografia da escola dos "Annales" este grupo de pensadores que inclui observadores como Joel Serrão, Vitorino Magalhães Godinho e A.R. de Oliveira Marques todos eles, até certo ponto, seguidores da escola de análise sócio económica racionalista e tendencialmente socialista. Este grupo prefere explicar os problemas nacionais no âmbito das circunstâncias económicas e sociais, estruturas e tendências sem considerar a cultura politica, que interessa aos tradicionalistas, ou condutas e atitudes políticas. Alguns estudiosos deste grupo ....consideram que a histórica fraqueza de Portugal, além da posição e do tamanho, se baseia na luta de classes, comportamentos burgueses e forças económicas estrangeiras, como parte de uma imaginária construção de uma chamada Conspiração capitalista.

Magalhães Godinho opina que existem "duas culturas" em Portugal: a antiga cultura oral,dos semialfabetizados das áreas rurais, ou recentemente chegados ás cidades com uma mentalidade antiquada, e a cultura de uma elite de pensamento moderno, urbana e alfabetizada. Contudo nenhuma delas possui "uma total visão dos problemas nacionais". Na mesma obra, Helder Macedo, refere-se a Portugal como pais dos paradoxos. Assim, a língua Portuguesa é falada por 160 milhões de pessoas e é língua oficial de 7 Estados. A Literatura Luso-Afro-Brasileira está entre as 4 ou 5 grandes literaturas Mundiais. Contudo, a percentagem de analfabetos em Portugal ronda os 15%, no Brasil os 30% e em África é desconhecida mas decerto superior a 50%. Ou seja, conforme os critérios adoptados a língua Portuguesa pode ser considerada o meio de expressão de nações cultas do Mundo ou relegada para o mundo subdesenvolvido.

JOSÉ ADELINO MALTÊZ

ln Sobre a Estratégia Cultural portuguesa in Separata do Boletim da AI da CP n° 18, 1991.

Em primeiro lugar, existe, no restrito âmbito da República portuguesa, uma natural crise na determinação do sentido da nossa identidade nacional, neste sincrético momento de interregno, entre o traumático fim do ciclo do Império e o ambiente de "pais das maravilhas",que parece rodear o processo de participação na construção da unidade europeia, pela integração institucional na CEE, na CECA e na'EURATOM, já formalmente designadas pela categoria unificante de Comunidade Europeia. Em abono de "Sancho Pança", importa assinalar que essa cnse talvez seja mais provincianamente portucalense do que propriamente portuguesa, tratando-se mais de uma crise dos modos de expressão formal ou de determinação simbólica da identidade nacional do que de uma verdadeira crise de substancial identidade. Trata-se mais da crise da nação que foi ficando do que da crise do Portugal que partiu. De uma crise mais historicista do que de historicidade, que talvez tenha mais a ver com os livros das memórias e com as vias de acesso ás torres dos tombos do que com as estruturais saudades de futuro Com efeito, a crise identificacionista não é daquele Portugal Total de que falava Gilberto Freyre, mas apenas de certos intelectuais de Portugal Europeu. Daqueles pretensos "bempensantes" que ocupam o chamado aparelho cultural e, por essa circunstância, pensam absorver todo o Portugal através de novas mesas censórias que, mesmo quando não dependem do aparelho de Estado, nem por isso, deixam de praticar o concentracionarismo. Que tem mais a ver com uma

continuada guerra civil ideológica no domínio da

historiografia, do que com uma qualquer quebra axiológica relativamente lealdade básica da à

comunidade dos portugueses que, segundo Eduardo Lourenço, até padeceriam de uma "superidentidade".

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