Homo mobilis: la nueva era de la movilidad (Recensión)

August 14, 2017 | Autor: P. Revistas Comun... | Categoría: TICS, Mobilidade Urbana, Resenha, Resenhas, Homo Mobilis, Religância
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Descripción

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homo mobilis: la nueva era de la movilidad Georges, Amar (2011) Ed.: La Crujía Buenos Aires, 166 páginas doi: 10.15213/redes.n10.p395

marina dourado lustosa cunha

A revolução da mobilidade é estudada por Georges Amar em seu livro “Homo mobilis: la nueva era de la movilidad”, publicado originalmente em francês e lançado em espanhol pela editora argentina La Crujía em 2011, mas ainda sem tradução para o português. O autor, um estudioso dos temas relativos à cidade e à mobilidade sob uma visão interdisciplinar, analisa o fenômeno da mobilidade sob o enfoque da qualidade de vida, do intercâmbio social e da temporalidade, observando a influência do transporte e das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs), apresentando o conceito de “religância” como o centro da mudança de paradigma da mobilidade. O livro é dividido em seis capítulos, além da introdução e da conclusão, nos quais Georges Amar discorre sobre a mobilidade como direito universal e como ela mudou de sentido e de valor ao longo do tempo, defendendoa inovaçãocomo guia natural para as transformações da vida móvel aliadas ao desenvolvimento sustentável. O autor inicia o livro apresentando o novo paradigma da mobilidade, evidenciando que esta, de maneira ampla na situação tradicional e atual, é cada vez menos sustentável, pois vive-se uma época na qual é possível acompanhar a evolução exponencial do custo dos combustíveis e a crescente saturação do transporte público. Porém, este cenário desanimador é, segundo o livro, um poderoso estímulo à inovação, graças ao rápido desenvolvimento das TICs aliado à crise ecológica da mobilidade. Chegou-se a um ponto no qual é inevitável ter que refletir, compreender e buscar soluções. Nas páginas seguintes o autor apresenta suas perspectivas para um regime de intensa inovação a partir de uma análise da evolução dos meios de transporte e de como ocorre a mutaçãode seus usos;ilustrando como se partiu do transporte até chegar à mobilidade. Nesse ponto os pensamentos de Georges Amar convergem com os de Zygmunt Bauman (2012), que redes.com no 10 | 395

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concorda com o fato de que a história é marcada pelo rápido progresso dos meios de transporte e o consequente aumento no volume da mobilidade, mas não como resultado damultiplicação do número dos meios de transporte existentes, e sim da invenção e da produção de novos meios de transporte. Desta forma, apresentado o cenário inicial, Georges Amar complementa que a mobilidade determina o modo de vida e de funcionamento das sociedades, afirmando que a mobilidade é cada vez mais acriação de relações e de oportunidades, em contraponto ao que foi antigamente:apenas uma movimentação por grandes distâncias, a uma velocidade cada vez maior. Ou seja, a “boa mobilidade” era medida por quão rápido, distante e frequentemente ocorriam os deslocamentos, em oposição ao que gradualmente se observa como novos valores: a riqueza das experiências, das descobertas e das oportunidades proporcionadas ou favorecidas pelos deslocamentos; peças essenciais do conceito de “religância”. A mobilidade então e compreendida como sendo ao mesmo tempo coletiva e individual, e o novo indivíduo, o “homo mobilis”, é um ser comunicador, cocriador e coprodutor de sua própria mobilidade, que vai além do transporte em seu sentido físico. Por um lado, esta compreensão converge novamente comas reflexões de Bauman (2012), que escreve sobre o transporte da informação que é ligado apenas de maneira secundária e marginal ao movimento de corpos físicos, evidenciando que a marca da modernidade é justamente a “ampliação do volume e do alcance da mobilidade”. Por outro, diverge ao colocar que essa ampliação, inevitável e consequentemente, enfraquece a influência da localidade e das redes locais de interação. Georges Amar defende que, apesar de haver trocas mais frequentes e em maior volume entre outros cidadãos, outras cidades e outras culturas, essa criatividade é necessária, e cita Gregort Bateson ao mencionar que a primeira condição para o desenvolvimento sustentável é o compartilhamento de experiências, saberes, emoções e ideias. Além disso, o autor analisa exemplos concretos de diferentes locais do mundo, como as paradas de ônibus de Curitiba, que se assemelham a estações de metrô, o sistema de aluguel de bicicletas em Paris, nos quais as estações são também pontos de referência e locais de encontro, além dos “pédibus”, que agrupam pessoas caminhando, normalmente estudantes acompanhados por um condutor responsável, com rotas e horários definidos. A eles o autor denomina “transmobilidade”, ou seja, a união de características de diferentes meios de transporte que fortalecem as redes locais de interação, mas não necessariamente prendem o Homo mobilis a elas. Como “pessoa ampliada” e coprodutor de sua própria mobilidade, ele pode visua396 | issn 1696-2079

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lizar e escolher seus próprios caminhos, além de suas experiências. Ele é um viajante empoderado, que pode gerir sua mobilidade em tempo real. Com um smartphone, é possível ter acesso a aplicativos de carona coletiva, que permitem a pessoas com rotas em comum unirem-se para compartilhar um veículo, além de poder baixar aplicativos que permitem ter uma visão ampla da cidade e de como se movimentar por ela, tanto de ônibus quanto de carro, sendo que os usuários podem conversar e alertar outros passageiros, também registrando suas opiniões ao longo do trajeto. As possibilidades de interação com a cidade e com outras pessoas foram ampliadas, contribuindo para o enriquecimento da experiência local e global do Homo mobilis. A nova mobilidade, aliada ao que se tem atualmente, também permite explorar a cidade, não necessariamente seguindo trajetos predeterminados, mas oferecendo ao viajante uma visão ampla da cidade, permitindo realizar novas descobertas por si mesmo, de forma não programada: “a mobilidade é um browsing urbano”. Nesse sentido, as soluções para a mobilidade são compreendidas de forma sistêmica, integrando tanto a dimensão móvel, como os veículos, as vias e a velocidade; e a imóvel, como estações de trem e de ônibus, espaços públicos e as relações com o território, devendo apoiar-se nos princípios do crowdsourcing, ou seja, em transformar a multidão em recurso. Por fim, estas soluções devem ser examinadas em três níveis: “pela passagem do transporte à mobilidade”, ou seja, do trânsito à religância; pela “passagem do hardware ao software”, compreendendo o poder das interfaces; e “pela transformação dos atores, das estratégias e das empresas operadoras de serviços de mobilidade”, visto que as novas formas e infraestruturas da mobilidade serão simultaneamente imateriais, ou seja, digitais, mas também corporais. Desta forma, a mobilidade e a inovação apresentam-se como caminhos para a religância. referências bibliográficas BAUMAN, Z. (2012). Ensaios sobre o conceito de cultura, Rio de Janeiro: Zahar.

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